É cada vez mais difícil construir uma boa discussão. As pessoas estão tão apegadas com seus próprios pensamentos que a capacidade de modificar os argumentos é quase nula. Uma vez, conheci uma garota engraçada, era jovem, já tinha tido os seus tantos namorados. Orgulhava-se de sua liberdade sexual e seu cabelo roxo. Uma dessas pessoas que se gabava de ser à frente do seu tempo.

Foi em meio a uma discussão qualquer que ela falou:

“Na Bíblia diz isso.”

Tentei me antepor, trouxe-lhe tantos argumentos quanto pude. Sua resposta?

“Na Bíblia diz isso.”

Cansei-me, falei que a religião dela não influenciava em tantas outras. E mesmo que influenciasse existem diversas interpretações para o tal livro, que podiam estar tão corretas que a dela.

Ela me gritou, revoltada:

“Na Bíblia diz isso!”

A sensação era a de falar com uma parede, ou com um robô. Pensei se ela não tinha um gravador escondido, ou alguma coisa assim. Onde pararíamos naquela discussão? Chegaríamos a algum lugar?

Já não sei, desisti da argumentação lógica, me afastei. Pensei em falar de seus cabelos coloridos e sua controversa liberdade sexual, mas me abstive.

Sabia a resposta.

“Na Bíblia diz isso.”

Poderia ser qualquer outro livro.