Um casal de namorados, debruçados sobre um caderno velho. Ele vinha de escola pública, ela estava para sair de um ensino médio em uma escola renomada; ainda que como bolsista. Porém, era ele explicava física para ela, algo sobre a conservação de energia, as leis de Newton. Dúvidas tão simples para outras pessoas, mas tão complexas na mente da garota.

— Não estou entendendo — repetiu, mordendo o próprio lábio em expressão pensativa.

— É simples, só pensar que quando você está com preguiça vai continuar com preguiça até que alguém reclame.

Ela sorriu e ele complementou:

— Agora pensa na reclamação como a força externa e na preguiça como um estado de repouso. O que temos?

— Primeira Lei de Newton.

— Exato.

Ficaram em silêncio, até que ela suspirou, fazendo-o arquear uma sobrancelha. A garota baixou a cabeça, envergonhada, e falou baixinho:

— Não sei se vou passar.

— Hey! — ele protestou, passando a mão pelo seu rosto. — Não fica assim, pequena. Vai sim, eu acredito em você.

Quis protestar, contudo, ao encarar aquele sorriso confiante, desistiu. Terminou sorrindo também, enquanto sentia um beijo tenro em sua testa.

De todas as qualidades dele, a mais presada era a capacidade de reiterar a fé em si mesma.