Ponto de Impacto escrita por Além do Meu Olhar


Capítulo 8
Impulso incontrolável


Notas iniciais do capítulo

Uma conversa de pertinho deixa Bianca tensa...

Boa leitura!



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–Senhorita Bianca?

–Sim? –Bianca estranhou alguém batendo no seu quarto tão cedo e ao abrir deu de cara com o funcionário do hotel.

–O senhor Marcelo pediu que lhe entregássemos a chave do carro, parece que ele não está muito bem, e não poderá comparecer as reuniões hoje.

–Não está bem? Como assim?

–Não sei senhorita. Ele pediu para trazer a chave.

–Tudo bem, obrigada. –olhou para a porta na sua frente e ficou preocupada.

Eles tinham discutido há dois dias, o clima não estava dos melhores, só falavam coisas relacionadas ao trabalho e estavam indo juntos no carro, fora isso mal se olhavam. Bianca não entendia muito bem, mas estava se sentindo muito mal com isso, por diversas vezes quis cortar o silêncio e fazer alguma observação sobre o tempo: “Será que vai chover hoje?” ou então falar algo sobre a reunião que não fosse necessariamente sobre trabalho: “Você viu como o cara da Irlanda desafiou o Iam, só faltou chamar de incompetente, claro ele nem se compara ao pai...” ou ainda sobre alguma intimidade: “Dormiu bem hoje?” mas nunca tinha coragem, primeiro para evitar a arrogância dele que apesar de inúmeras desculpas que pediu recentemente, aparentemente continuava o mesmo. E segundo por não saber como agir exatamente, desde domingo não conseguia tirar ele da cabeça, por vezes no meio de alguma reunião o pegava olhando fixamente para ela e não tinha como fugir daquele olhar, tinha também certo ciúme no ar, ciúme do Iam e suas investidas insistentes. Ela podia estar errada, mas depois que dormiram juntos alguma coisa mudou entre eles, havia um magnetismo no ar, por diversas vezes teve que se conter para não se jogar nos braços dele, por mais absurdo que fosse isso. Agora ali com aquela chave na mão, um dia cheio de reuniões pela frente só teve um pensamento: “Será que Marcelo vai ficar bem?”

Dor de cabeça, dor no corpo todo, febre e uma tosse chata, esse era o quadro clínico de Marcelo, não havia dormido nada e não tinha forças para ir aturar um monte de reuniões, só tinha uma solução que era ficar de cama. Estava se contorcendo de dor quando o celular tocou- Bianca – pensou em não atender, mas escutar a voz dela afinal, podia lhe fazer bem...

M: Alô...

B: Marcelo sou eu... O que aconteceu?

M: Bianca? Não estou me sentindo bem, mandei a chave para você ir com o carro vou ficar aqui até passar esse mal-estar.

B: Negativo, vou ai te ver...

M: Imagina, o Iam deve estar esperando e depois você não poderia fazer nada...

B: Abre ai que já estou na tua porta.

Marcelo ficou receoso, mas levantou e foi abrir a porta, só com a parte debaixo do pijama teve um pequeno tremor quando os olhos dela passaram no corpo dele admirados.

–O que aconteceu?

–Desde ontem estou me sentindo meio estranho. - ele se apoiou no batente da porta forçando a cabeça a parar de latejar e tentando se concentrar nela a sua frente. - Não dormi nada e hoje estou ainda pior.

–Mas o que está sentindo?- a voz doce e cheia de preocupação o deixou comovido, e o corpo todo se agitou quando ela levantou a mão até sua testa se aproximando mais dele. -Está com febre?

–Dor pelo corpo todo, um peso sabe, estou com uma tosse chata, e um chiado no peito, acho que deve ser um resfriado...

–Está com febre certamente, vou pegar um termômetro na minha mala já volto, deixa a porta aberta e volta para cama.

Ela falou e já foi virando para seu quarto.

–Não Bianca... Deixa para lá, você precisa ir e ...

–Você está louco, não vou te deixar sozinho aqui! Faz oque mandei que eu já volto.

Ele não teve escolha, deixou a porta encostada e voltou para cama, ficou esperando com ansiedade a volta dela. Poucos minutos depois estava com um termômetro embaixo do braço.

–O que está fazendo. - perguntou enquanto a via fazendo uma ligação.

–Shiiiii... Iam? Olá, tudo, tudo, comigo, mas com o Marcelo... é acordou sentindo-se muito mal, não posso deixar ele aqui sozinho, está com muita febre... Ah eu acho ótimo, se não for um incomodo, sim... sim, claro, aguardo... Outro.

–O que ele disse?

–Que sim, devo ficar com você, e está mandando um médico de confiança dele para te ver.

–Que bobagem...

–Chega de manha Marcelo, eu vou ficar aqui e ponto!

Ele ficou quieto sentindo-se grato por estar doente e ela estar tão perto dele.

_____________

O médico disse que era um resfriado, repouso e alguns analgésicos ele estaria novo em folha. Mesmo assim Bianca não arredou o pé do quarto dele, com o tanto de remédios que tomou dormiu assim que o médico saiu. Ligou para os pais e buscou seu exemplar do Morro dos Ventos Uivantes e se pôs a ler silenciosamente ao lado da cama enquanto escutava a respiração pesada dele.

***

–Não entendo porque Heathcliff era tão apaixonada por Catherine mesmo assim o que ganhava entre eles era o ódio...

Bianca levou um susto quando escutou a voz de Marcelo.

–Oi... -disse abaixando o livro e o encontrando sentado na cama, com as costas apoiadas nos travesseiros. - Está se sentindo melhor?

–Oi... Estou... Acordei já faz uns quinze minutos.

–E porque não me avisou. - ficou confusa.

–Estava tão concentrada não quis te atrapalhar, mas agora estou com fome então não aguentei...

Ela sorriu.

–Vou pedir alguma coisa...

–Que horas são?

–Quatro da tarde.

–Meu Deus, você ficou o dia todo aqui? Eu dormi o dia todo?

–Não exatamente e sim. Eu fui ao meu quarto trocar de roupa e almocei já você dormiu como um bebê.

–Também com todos aqueles remédios...

–Ainda bem que Iam mandou o médico...

–É agora temos mais uma coisa a agradecer Iam... - Marcelo falou sentido.

–Bom me deixa pedir alguma coisa para você comer, depois pensamos nisso. -ela desviou o assunto.

__________

Ela continuou no quarto embora ele já estivesse bem melhor, observou ele comer a sopa que tinham mandado.

–Obrigado por... Obrigado por cuidar de mim Bianca. - falou quando ela o ajudou a colocar o prato na mesinha perto da cama.

–Tudo bem, estamos longe de casa, só temos um ao outro aqui, tenho certeza que se fosse ao contrário cuidaria de mim.

–Cuidaria sim... -disse sincero. - Mesmo assim acho que não mereço.

–Não merece? Que bobagem, por que diz isso?

–Desde que nos encontramos no aeroporto tenho sido um grosso, te tratando tão mal.

Ela se aproximou da cama e sentou na beirada, ficaram bem próximos.

–Marcelo, nunca entendi sua implicância comigo e confesso que ficou bem destacado o quanto me detesta nessa viagem, mas não temos motivos para manter esse clima né?

–Sinto muito, por tudo... - ele falou de repente os olhos marejados a assustando.

–Marcelo?

–Eu lamento por tudo Bianca, por ser um grosso... Lamento por não ser um cara mais compreensivo... E lamento aquela noite... Eu sei que não devemos lembrar disso, mas não sai da minha cabeça o modo que te tratei de manhã, fui um babaca...

–Marcelo, não quero... - ele sentou na cama o rosto quase colado no dela a deixando tensa.

–Por favor, Bianca preciso falar, isso está me matando. O dia que disse aquelas coisas no carro, eu não sei o que aconteceu comigo, me dá raiva o jeito que o Iam fica dando em cima de você, aquele idiota, sei que precisamos do dinheiro dele, mas ele está se aproveitando disso...

–Eu sei me defender!

–Eu sei... - ele voltou o olhos para ela. – Mas não sei o que acontece comigo.

–Vamos esquecer tudo isso...

–Eu queria apagar a noite do bar. - falou depressa. -Não queria ter feito aquilo... Eu não lembro muito bem... Mas me sinto culpado pelo que aconteceu, seja lá o que for...

–Nós dois fizemos aquilo, não é culpa sua, e depois... Sei lá, ainda bem que foi com você e não com o Iam. -ela falou dando um sorriso envergonhado.

–Sério? Eu achei que você tinha odiado mais por ser eu do seu lado... Achei que passou o domingo trancada no quarto por que não queria me ver e...

–Marcelo... -ela não estava escutando muito bem o que ele estava dizendo, só conseguia ver a boca dele se movendo rápida e num impulso incontrolável o beijou.

Marcelo foi pego de surpresa, a boca dela sobre a sua do nada, correspondeu o beijo no mesmo segundo, as mãos pequenas dela em seu rosto, o gosto suave de sua boca, a puxou mais para si deixando suas mãos sobre a pele delicada de suas costas, o beijo contido e cada vez mais profundo, as línguas se testando, se provando. Quando deu um pequeno espaço para recompor o fôlego, ela se afastou o encarando com os olhos enormes assustados.

–Meu Deus, eu não devia... O que fiz?! – Bianca levantou da cama e nervosa foi se afastando.

–Bianca, calma...

–Me desculpe eu agi por impulso. - falando isso saiu do quarto o deixando paralisado sem saber direito como agir.

***

Em casa

Anita leu mais uma vez a mensagem da filha:

B: Mãe, não sei o que está acontecendo comigo... Beijei o Marcelo, numa loucura de momento, nunca agi assim, agora estou toda desconcertada o que faço?

Carinhosa pensou bem antes de responder:

A: Filha, você tem vivido esses anos tão “concertada”, tão segura de seus atos, de suas obrigações. As vezes precisamos de um pouco de loucura para continuarmos lúcidos, Bia, quem sabe seja a hora de você deixar-se desconcertar... Deixar-se viver um pouco para você mesma... Não se aflija por um beijo, ou por outras coisas, não está fazendo nada de errado, está vivendo minha filha. Te amo.


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Notas finais do capítulo

O.o gente #BiancaOusada

Beijos



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