Ponto de Impacto escrita por Além do Meu Olhar


Capítulo 5
Sem lembranças


Notas iniciais do capítulo

Uma noite com muita bebida não podia acabar pior... Ou será melhor???


Boa leitura!



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A primeira semana já havia passado Marcelo suspirou, essa noite seria uma das piores, Iam convidou todos para uma rodada de bebidas artesanais, era uma cantina que ficava longe do hotel, Bianca tentou de todas as maneiras se livrar do convite.

–Esse evento é para homens, vou aproveitar para cuidar um pouco de mim, ler, dormir cedo...

–Nada disso, me recuso a não ter sua presença hoje a noite, é para cuidar de nós mesmos, jogar conversa fora, sem o clima de trabalho no ar.

–Iam...

–Nada de desculpas, ande Marcelo, vai ficar ai parado, pelo amor de Deus homem, prefere uma noite toda com um monte de marmanjos? Bianca precisa ir para deixar o ambiente mais bonito.

Marcelo havia dado um sorrido amarelo.

–Claro, Bianca, não faça essa desfeita ao nosso querido Iam.

Ela o fulminou com o olhar e sorriu cálida para Iam.

–Tudo bem, eu irei então, mas vou voltar cedo já digo.

–Como você quiser! Tenho reparado que veio de táxi essa semana, vou mandar o motorista te buscar...

–Não, não precisa, eu estou indo de táxi para fazer turismo mesmo, ninguém conhece Paris melhor que os taxistas.

–Mas uma jovem sozinha a noite em um táxi não é uma coisa boa...

–Eu vou de táxi junto com Bianca, fique tranquilo Iam, hoje vou beber preciso de um motorista também.

–Tudo bem, me sinto um pouco melhor.

Iam sentia-se melhor, mas Bianca não gostou nada daquela ideia.

Mais tarde, quando chegaram ao local marcado se surpreenderam com a beleza do bar, estilizado como em filmes de faroeste.

–Uau, Iam sabe escolher um lugar para beber.

–E onde ela está? - Bianca falou passando os olhos pelo salão. -Não o vejo em lugar nenhum.

–Vamos sentar em uma dessas mesas, será que tem nossos nomes?

Encontraram uma mesa e sentaram.

–Vou ficar meia hora e vou embora.

–Pare de birra Bianca, já chega essa história de não querer mais andar no carro que aluguei. Viu hoje até Iam notou, foi muito desagradável, deve achar que eu que não quero andar com você.

–Bobagem, eu ando como quiser, se quiser alugo uma bicicleta e vou para o prédio, assim quem sabe será menos desagradável para você.

–Meu Deus, nunca podemos conversar em paz...

–Conversar? Olha só meia hora e se ele se atrasar adeus.

–Quer saber vou pedir uma bebida.

Ele levantou indo ao balção. Bianca que tinha escolhido um conjunto de saia e blusa mais informal, ficou analisando o lugar, os outros empresários ainda não tinham chegado, então o espaço estava praticamente vazio.

–Novidade... -Marcelo chegou trazendo dois copos, uma garrafa de tequila e com dificuldade uma pequena vasilha com limões.

–Novidade?

–Iam não poderá vim, parece que recebeu uma ligação não sei de onde e foi ver alguém doente.

–Nossa por isso está vazio, os outros devem ter desistido de vim já que não precisariam puxar o saco dele.

–Pois é, mas já que estamos aqui, eu vou provar essas delícias.

–Faça bom proveito, vou chamar outro táxi e voltar para o hotel.

–Não seja boba, tome um gole para ficar mais alegrinha.

–Você não me acha alegre?

–Só quando está sendo paparicada pelo Iam, quando está comigo não há nada de alegre.

–Talvez você seja o motivo disso!

–Pode ser... Vamos tome um gole dessa tequila está ótima.

Bianca pegou o copo que ele encheu e o limão e resolveu provar, a bebida desceu queimando.

–Nossa, estou surpreso, poucas mulheres conseguem tomar tequila assim.

–Eu já tive meus momentos de bebedeira como qualquer adolescente.

–Certo, então um brinde para as bebedeiras da adolescência?

O copo dela foi enchido novamente e mesmo querendo ir embora, algo a fez ficar e tomar o segundo gole.

Duas horas e muitas bebidas depois os dois estavam bem mais soltos.

–Você não tem namorado? -Marcelo levou o papo descontraído para o lado pessoal.

–Não... Só somos eu e minha filha... E meus pais claro.

–É uma opção para cuidar dela?

–Sim e não... Quero me dedicar a ela, mas também não encontrei alguém que completasse o vazio que sinto desde a morte do Júlio.

–Iiiii não vamos falar coisas tristes...

–E você?

–Namorada? Não... Eu sou um homem solitário. - Marcelo ria sem saber direito o motivo, mas tudo parecia mais engraçado.

–Teu pai também né, o tio Otávio nunca mais quis casar.

–Casar é para os fracos, os fortes ficam sozinhos.

Bianca estava mais saudosa e achou lindo o que ele havia falado.

–Você devia beber mais vezes. - Bianca observou.

–Por que?

–Fica mais leve, sem aquele ar arrogante que carrega.

–Olha quem fala...

–Verdade, se sou antipática com você é pelas suas próprias atitudes, eu sou um espelho meu bem.

–Nossa um espelho, a imagem que vejo refletida em você é bem melhor do que a que vejo em outros espelhos. - a voz dele já estava mais lenta, meio enrolada.

Haviam provado várias bebidas e quando Bianca lembrou que não havia jantado já era tarde o álcool começava a turvar sua visão.

–Estou meio tonta, acho que é melhor chamar um táxi.

–Nãoooo, vamos dançar.

–Dançar? Nem tem música aqui, está louco.

Ele deu uma risada alta.

–Eu canto para você.

–Não sei dançar...

–Eu ensino você. - ele levantou e a pegou pela mão.

Marcelo era fraco para bebidas em geral nunca tomava mais que duas taças de vinho ou duas latas de cerveja em algum evento social, Bianca era fraca para a mistura de diferentes bebidas e com o estômago vazio ficava mais fácil para que o álcool a dominasse.

–Estamos sendo ridículos... Não quero dançar.

–O que você quer então? -Marcelo falou tentando voltar para o lugar deles a pouca distância mas se desequilibrou e teve que se segurar nela para não cair. Quando fez isso o corpo dela ficou perto do seu, sentiu o perfume agridoce dela e o hálito levemente alcoólico de seus lábios.

–Desculpe quase cai... -apertando as mãos na cintura dela.

–Vamos embora. -falou decidida se afastando dele.

–Sim vamos... Antes que façamos um vexame. - ele falou dando uma risada alta.

***

O sol no rosto fez com que Bianca acordasse assustada. Levantou ligeiro e uma tontura a fez cair de novo no travesseiro, ainda deitada olhou ao redor do quarto desconhecido, era um pouco parecido com o seu, mas era outro. Foi então que sentiu as mãos na cintura e olhou para o lado apavorada, Marcelo dormia sereno ao seu lado, ao mesmo tempo percebeu que estava sem uma única peça de roupa e que haviam deitado sobre a cama sem desfazê-la.

Em choque deu um grito.

–Não pode ser! O que estou fazendo aqui e pelada! - levantou rápido e se protegeu com o travesseiro.

–Bianca? -Marcelo acordou com o grito e levou poucos segundos para entender a situação ali naquele quarto.

–O que fizemos?

–Calma Bianca, eu não lembro de muita coisa...

–Nem eu, só lembro de descer do táxi, aiii meu Deus se cobre logo.

Ele puxou o lençol cobrindo a parte de baixo do corpo.

–Agente bebeu demais ontem... E misturou tudo...

–E agora?

–Agora nada. - falou começando a recuperar o seu gênio de sempre. -acordamos juntos e sem roupa, ponto!

–E você fala assim? Dessa maneira?

–Bianca quantos anos você tem? Eu hein que puritana!

–Cala boca seu idiota... - de repente num click ela lembrou de uma coisa. - Usamos camisinha?

Ele também ficou preocupado.

–Não lembro nem como tirei meus sapatos, imagina se coloquei camisinha.

–Meu pai, Marcelo, anda, vai olhar no banheiro se acha algum sinal que nos prevenimos.

–O que?

–Vai logo! - ela estava apertava o travesseiro no corpo.

Marcelo levantou e enrolou-se no lençol foi até o banheiro.

–Três! - gritou de volta.

–Três?

–Três camisinhas no lixeiro.

–Usadas?

–Sim né Bianca!

–Eu não posso ter feito isso com você!

–Eu sei que você preferiria que fosse o Iam... Mas é o que tem né!

Ela não acreditou no que estava ouvindo, deu dois passos para frente e jogou o travesseiro nele, revelando seu corpo.

Marcelo não pode deixar de admirá-la, o corpo magro mas torneado, os seios pequenos, fartos e firmes, ela era realmente muito linda, sentiu seu peito entrar em colapso com o coração batendo acelerado.

–Não olha para mim seu idiota. - ela começou a catar suas roupas pelo quarto, então ele viu que ela estava chorando.

–Bianca, calma, vou achar uma camiseta minha para você colocar rápido.

Remexeu na mala e achou uma que ficaria como uma camisola nela.

–Coloque isso, vai.

Ela pegou a camiseta e vestiu rápido.

–Desculpa o que eu falei... Eu estou meio perdido ainda.

Ela o encarou, os olhos vermelhos, o rosto molhado.

–Tudo bem... Por favor o que aconteceu aqui...

–Fica aqui, não se preocupe, eu não lembro de nada.

–Melhor assim. -falando isso ela pegou suas roupas e saiu deixando Marcelo intrigado com o que estava sentindo.

Em casa

J: Mãe???

B: Oi filhinha, tudo bem?

J: Tudo, estou com saudades...

B: Eu também minha linda, o que está fazendo?

J: Eu estou pintando o livro de colorir que o vovô me deu, ele é todo de princesas mãe!

B: Que legal querida...

J: Você tá chorando mãe?

B: Só um pouquinho... Acordei com saudades de casa... Só isso...

J: Mãe, não fica assim... O vovô diz que cada dia está mais perto de você voltar, embora esteja mais longe da última vez que te vi.

B: Verdade, cada dia mais perto, cada dia mais longe...

J: Mãe quando voltar vamos ficar grudadinhas que nem cola no papel.

B: Sim com toda certeza!

J: Mãezinha a vovó quer falar com você.

B: Tá bom querida, te amo muito, muito, muito!

J: Eu te amo também daqui até a lua!

B: Eu te amo ida e volta meu amor.

A: Filha?

B: Oi mãe...

A: Bianca? Por que está chorando filha?

B: Mãe eu fiz uma besteira... A Juju está ai perto de você?

A: Filha está me deixando preocupada! Não ela foi contar pro Anselmo que você ligou.

B: Mãe... Eu... eu... Dormi com o Marcelo!

A: Minha filha, calma, não é o fim do mundo, você é solteira, ele também, o Otávio sempre fala que ele está sempre sozinho... Filha ele te forçou alguma coisa, porque está chorando assim querida?

B: Mãe, eu não lembro de nada!

A: Está cada vez mais confuso, Bianca o que aconteceu me conte?

Quando desligou Anita fez uma prece para que a filha ficasse bem, desde a morte de Julio não havia tido nem um tipo de relação com homem algum, isso era motivo de preocupação para ela e o marido, pois, era jovem e linda, não tinha que viver uma vida de luto, ainda mais agora com Juju quase uma mocinha, Bianca estava tão abalada e depois da bebedeira não foi o melhor jeito, devia ser importante, a filha não era uma romântica cheia de sonhos, era realista, mesmo assim uma coisa dessas deveria ser mais especial.

–Querida?

–Oi Anselmo, onde está Juju?

–Ficou na sala vendo um filme de princesa que coloquei... Está pensativa... Ela me disse que Bia estava chorando de saudade de casa?

–Ah, meu velho, sua menininha está longe de casa, precisando de colo de mãe...

–Alguma coisa com o Marcelo? Ainda estão brigando?

–Não, acho que é com ela mesma o problema, mas vamos rezar que tudo se encaminhe da melhor forma.

–Tem razão... Sua neta pediu o que tem para o almoço.

–Vou preparar uma pizza que tal?

–Pizza oba!!!! – a pequena chegou na cozinha, surpreendendo os dois.

–Então mãos a obra vocês vão me ajudar.

–Olha só, Juliana o que você me arruma, agora vou ter que ajudar na cozinha!

–Ai, vô deixa de ser preguiçoso! Vamos eu te ajudo, sempre faço pizza com minha mãe.

Os três foram para cozinha rindo e comentando sobre os sabores que fariam.


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Notas finais do capítulo

O.o chocada!

Beijos



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