Ponto de Impacto escrita por Além do Meu Olhar


Capítulo 38
Ao seu lado...




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/649498/chapter/38

Os primeiros dias após a separação foram difíceis para ambos, Bianca foi ficar na casa dos pais com a filha que ainda estava alheia ao final do namoro enquanto Marcelo viajou com o pai a negócios.  Mesmo com a distância nem um segundo sequer esqueceram um do outro, as lembranças povoavam a mente de lembranças.

—Filha, essa sua atitude foi radical demais, não deu tempo para que o Marcelo assumisse de coração o carinho pela Juju, embora eu ache que ele não precisasse de tempo algum, apenas reconhecer esse sentimento novo. Ele já teve muita desilusão, se fechou para compromissos sérios.

Anita alisava os cabelos da filha que estava com a cabeça em seu colo, com voz calma ia tentando ajudar a acalmar a dor que estava presente ali.

—Você também não teve tempo para absorver essa nova situação, tanto tempo sem um relacionamento, só vivendo para a Juliana, eu acho isso certo, você criou ela tão bem, mas você tem uma boa rede de apoio, eu e seu pai, o Otávio sempre presente e a família do Júlio fazem de tudo pela neta, às vezes até mais que nós, claro que agora com o Dudu se recuperando, mesmo assim a Lúcia está sempre lá, até aquele pequeno trauma do dia que eles passaram mal foi superado... Filha você precisa lembrar que antes de ser mãe é mulher. Não se prive de viver esse amor.

Bianca deixou as lágrimas rolarem livremente com o carinho gostoso da mãe.

—Eu sou uma covarde mãe! Tive medo sim de ele magoar a minha filha, só que ela já não teve o pai, é tão pequena para entender...

—Entendo... Eu entendo de verdade e fico pensando se fosse eu no seu lugar, não quero interferir nas tuas decisões mas está sofrendo tanto, esse amor que vai sufocar, não vai te fazer bem.

—Vai passar... – levantou e limpou as lágrimas- Vai passar, e esse seu colinho tão gostoso está me ajudando.

***

—Ela mudou para sala do pai.

Marcelo havia chegado ao escritório e encontrado vazio o lado da Bianca. Cida estava ali para explicar tudo.

—Tudo bem Cida, eu imaginei isso... Ela vem hoje?

—Não senhor, ela e o Sr. Anselmo foram fazer uma consultoria, seu pai ligou também não vem hoje, está com aquela virose que pegou na viagem.

—Tudo bem, vamos trabalhar então, qualquer coisa me chame.

Andou até o sofá e ficou ali relembrando o calor do corpo dela, o encaixe perfeito que seus corpos produziam, não sabia mais viver sem ela, ao mesmo tempo estava magoado, tinha agido de forma leviana naqueles dias, mas estava tão apegado na menina, Bianca não tinha direito de julga-lo como improprio para fazer parte da vida delas.

***

Cerca de meia hora depois quando finalmente conseguiu se concentrar e começar a organizar suas coisas, Cida entrou na sala afobada.

—Senhor, a filha da dona Bianca teve um acidente na escola e não conseguem localizar nenhum responsável, ligaram para cá, eu não sei oque fazer...

Bastou ouvir o começo do acontecido para Marcelo levantar e pegar suas chaves, enquanto Cida falava já estava indo em direção à saída.

—Ela está na escola ainda?

—Levaram ela para o hospital central.

—Eu vou até lá, tente achar a dona Anita, ligue para empresa onde eles estão não pare até ter sinal de alguém ok?!

Foi o mais rápido que conseguiu, chegou na recepção e já avistou uma mulher que reconheceu do Dia da Família na escola.

—Bom dia, eu sou- parou um minuto para refletir o que dizer.- Sou amigo da mãe da Juliana.

—Sim, eu sou coordenadora pedagógica. Ela foi levada para fazer alguns exames.

—O que aconteceu? Exames? Ela está muito machucada?

—Se acalme por favor, ela estava descendo uma escada que leva até o ginásio na aula de Educação Física, um colega se desequilibrou e caiu em cima dela que por sua vez batei a cabeça num dos degraus, bateu a boca, e teve um corte.

Ele não sabia descrever o que sentiu mas queria ver a menina o quanto antes.  Foi quase uma hora depois que levaram os dois até um quarto de observação na ala infantil. Ela estava dormindo, enquanto uma enfermeira tirava a temperatura.

—Ela está bem? Por que está assim?

—Ela estava sonolenta, depois dos exames e de alguns testes o doutro receitou um remedinho para dor e ela logo pegou no sono, o corte foi pequeno.

—Mas a roupa dela... Está cheia de sangue! – se assustou quando chegou mais perto.

—É uma área sensível, por menor que seja o corte é normal o fluxo sanguíneo em excesso.  Não temos nem uma roupinha para trocar, seria bom que alguém traga, ela vai ter que ficar em observação por 24 horas. O senhor é o pai?

—Não, mas sou o responsável até a mãe dela chegar. – ele sentou numa cadeira ao lado do leito, a menina parecia tão pequeninha, a boca inchada e um ponto azulado na testa, teve vontade de protegê-la, de impedir que qualquer mal a atingisse.

—Eu vou voltar para a escola e pegar uma muda de roupa, sempre temos algumas peças que ficam esquecidas e usamos quando acontece algum imprevisto.

Ele concordou, assim que ela saiu à menina abriu os olhinhos.

—Marcelo?

—Oi... Tudo bem?

—Eu cai, e saiu muito sangue... Cadê minha mãe?

Ela está vindo meu bem, mas eu vou ficar aqui com você até ela chegar, pode ser?

—Pode... – voltou a dormir imediatamente e ele ficou ao seu lado acariciando o rostinho gelado.

Anita chegou algum tempo depois estava no mercado e quando chegou em casa o telefone tocava sem parar.

—Que susto, essa danadinha ainda vai me matar do coração.- Juju agora de roupa trocada, estava dormindo novamente.

—Nem me fale... Quando vi ela toda suja de sangue, quase tive um treco.

Anita sorriu analisando o carinho com que ele acariciava a mão da menina.

—Ainda bem que eu não vi...

—A coordenadora trouxe a roupinha e me ajudou a trocar. Dona Anita eu não sei o que a senhora pensa sobre mim, mas eu gosto muito da sua filha e da Juju também.

—Eu sei, estou vendo, obrigada por estar aqui!

—Não quero me afastar delas... Eu já fiz um punhado de coisa errada, só que agora é diferente!

—Então não se afaste! Esteja verdadeiramente presente!

Anita falou colocando a mão sobre a mão dele e da neta.

***

Bianca chegou mais tarde, Marcelo já havia ido embora.  

—Mamãe, você está brava comigo?

—Não, meu amor, foi só um acidente, está tudo bem.

—E como o Marcelo?

—Também não, só que, nós não estamos mais namorando, agora somos grandes amigos.

A pequena ficou pensativa.

—Eu gosto de verdade dele mamãe, não vou mais fazer birra!

—Sei disso querida, acontece que é coisa de adulto, agora fica quietinha que vou ler uma história que o vovô trouxe.

—Lê da Branca de Neve...

***

No dia seguinte Bianca foi cedo até a empresa para agradecer Marcelo. Assim que os seus olhos o avistaram sentiu o corpo todo tremer, uma ansiedade imensa e o desejo de se lançar no braços dele novamente.

—Oi... – ele virou surpreso por encontra-la ali tão cedo.

—Oi, a Juju já foi liberada? Está tudo bem?

—Sim, ela está ótima, falante e comilona como sempre. Eu vim te agradecer, mais uma vez socorreu minha filha...

—Não precisa disso Bianca, não precisa agradecer, mas já que veio até aqui...-Ele falou um ríspido- Quero te comunicar que não vou me afastar da Juju!

Ela ficou espantada com o tom, no mesmo instante se recuperou do choque inicial falou um tanto quanto didática.

—Marcelo, eu sei que o que vivemos foi muito forte, e acredite eu ainda estou lidando com a falta que você me faz, só que é uma coisa maior que envolve uma criança e...

—Você não precisa se preocupar, não precisa ter contato comigo, eu não vou interferir na sua vida, eu só quero conviver com a Juju, quero ser um tio, algo assim...

Impaciente Bianca respirou fundo.

—Você vai continuar sendo tio Marcelo, claro, você trabalha aqui comigo, com meu pai.

—Eu quero mais, eu quero levar ela para passear, no cinema, no parque, algo semanal e permanente.

Bianca riu debochada.

—Você não quer uma guarda compartilhada?

—Não seja irônica Bianca, eu não sou pai dela, mas eu criei um laço verdadeiro com a Juju, e não vou me afastar dela, por causa dos seus caprichos!

—Caprichos? Eu sou mãe e...

—Já escutei tudo isso! Eu ontem no hospital conversei com sua mãe, e ela acha muito positivo que eu faça parte da rede de apoio da Juju, é isso que quero. Ajudar no que for preciso e ter uma relação bacana com ela, me apeguei a sua filha.

Ela ficou sem palavras, um misto de coisas passavam em sua cabeça, a mil por hora.

—Bom eu tenho que ir numa reunião agora, se você achar mais fácil, posso combinar com sua mãe os dias que posso ver ela.

Falando isso se despediu e saiu deixando ela ali parada no meio do escritório, Cida sorridente observando tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ponto de Impacto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.