A primeira parada foi em uma loja de vestidos, Bianca queria dar um presente para a mãe, Marcelo a acompanhava observando a alegria da moça que estava especialmente linda e leve nesse dia.

—Olha esse que lindo! – ela levantou um vestido florido. –E essas cores, ela vai amar...

—Com toda certeza, vai gostar muito. E você? Não vai levar um?

—Ah, sei lá... Eu tenho tanta roupa...

—Mas essa é de Paris é diferente.

—Verdade...

—Vem, vamos eu ajudo você a escolher. – ele a puxou pela mão.

Passaram nos corredores pegando diversos vestidos diferentes de modo que Bianca entrou no provador com cerca de oito vestidos. Marcelo sentou num sofá próximo e ficou aguardando a moça provar os vestidos.

A cada prova, ela abria a cortina e mostrava o “look” para Marcelo que ficava cada minuto mais encantado com a beleza dela. Todos os vestidos ficaram ótimos mas o último o deixou de queixo caído. Era todo preto com uma renda delicada nos ombros e na parte de baixo, a pele dele se destacava com o tecido escuro e o contorno do corpo ficava evidente.

—E então?

—Você está... Está linda. - ele estava sem palavras.

—Hum, pena o valor, Jesus, não levaria nunca, muito caro. -ela se olhou no espelho rodando para ver como ficava.

—Mas está perfeita deveria levar.

Marcelo chegou por trás dela e se olharam no reflexo do espelho.

—Obrigada, mas... Realmente é muito caro, vou levar aquele primeiro listradinho.

—Você ficou linda com todos, pode levar qualquer um...

Ela se virou encontrando os olhos dele, por um breve momento se perderam naqueles olhares sem palavras, só uma respiração acelerando segundo a segundo.

—Eu vou me trocar... – Bianca cortou o clima e o deixou ali com uma sensação de frio quando ela saiu de perto dele.

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Passearam pelos pontos turísticos mais visitados de Paris, tiraram diversas fotos e passaram nas lojinhas de souvenir comprar lembrancinhas para todos de casa.

—Eu fico lendo esses livros que falam desses cafés nas esquinas e sempre desejei estar em um deles e aqui estou.

Eles tinham parado perto do hotel em uma cafeteria com as cadeiras se estendendo ao longo da calçada e de onde podiam ver as pessoas transitando apressadas.

—Paris tem uma magia mesmo né, primeiro dia que passamos juntos e que não discutimos uma só vez. - ele brincou.

—Verdade... Mas ainda dá tempo!

—Não, não por favor, não quero brigar com você... Pelo menos não hoje.

Ela riu do jeito dele.

—Então vamos deixar as brigas para amanhã...

—Eu tenho um gênio difícil, meu pai diz isso o tempo todo... Celo você perde a cabeça por bobagem... Celo precisa ser mais calmo... Mas sei lá, as vezes não dá tempo e já falei algo que não queria e acabo criando uma briga.

—Eu sei...

—Não só com você, com todo mundo... Coitada da Cida, minha secretaria, acho que sempre acabo explodindo com ela. – Marcelo falava e ao mesmo tempo brincava com um guardanapo de papel.

—Você não herdou esse gênio do seu pai, tio Otávio é tão paciencioso, carinhoso...

—Ei, eu sou carinhoso também! - Marcelo falou olhando para ela. - Falando assim parece que eu sou um homem sem coração.

—Não, não é nesse sentido de coração, é nas atitudes.

—Eu acho que puxei minha mãe, ela é meio assim, por isso que não deu certo com meu pai.

—E os opostos não se atraem?

—Acho que os opostos sim, mas os extremos não!

—Pode ser... - Bianca também ficou pensativa.

—Mas você não pode falar muito de mim hein, não é fácil esse seu gênio.

—Meu pai diz que minha mãe, eu e Juju viemos com o mesmo modelo de ser, todas geniosas, mas acho que é mais diante de uma situação que exige isso sabe, não fico quieta mesmo, ainda mais quando envolve minha filha.

—Linha dura, quando saiu do carro aquele dia... Não consegui te segurar.

—Aquele dia você me ofendeu...

—Eu sei... Fico agindo que nem um babaca quando sinto... - Marcelo se conteve antes de falar mas percebeu que ela entendeu o que ele diria pelo sorriso que abriu. – Sinto raiva!

—Raiva? Sei... Me pareceu outro sentimento...

—Não sei do que está falando e está escurecendo, vamos amanhã é cedo nossa primeira reunião.

—Vamos... - ela segurou o riso.

Marcelo sentiu ciúmes dela com o assédio de Iam, mas admitir não era fácil.

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Seguiram o caminho em silêncio sentindo a brisa da noite no rosto. Cada um preso em seu próprio pensamento mas consciente da energia que os envolvia.

—E sua mãe, casou de novo? - Bianca perguntou de repente para puxar assunto.

—Casou, com um cara bacana, mas meu pai nunca mais quis ninguém.

—As vezes ficar sozinho é a melhor coisa.

—Eu sinto falta de ter alguém...

—Você sabe da minha vida amorosa com saldo negativo nesses anos todos, e a sua?

—A minha? – sorriu sem olhar para ela, ainda estavam andando. – Bom, meu saldo negativo é de dois anos para cá.

—Mentira!

—Verdade, tudo bem, negativo para relacionamentos, talvez noutro sentido seja um pouco menos.

Ela ficou pensativa.

—Você teve uma namorada por muito tempo né?

—É mas não deu certo. Ela não queria as mesmas coisas que eu...

—Extremos???- perguntou referindo-se a algo que ele tinha dito antes.

—É, eu queria uma família sabe, eu cresci nessa de um período com o pai outro com a mãe, não é uma coisa legal, queria ser como meus amigos. Mas ela era atenta ao lado profissional, ganhou uma bolsa e nem pestanejou para aceitar, uma bolsa de estudos na Irlanda.

—Mas você é um cara bem envolvido com seu trabalho.

—É eu fiquei assim ao longo desses dois anos, me dediquei tanto aos meus estudos, a minha formação, acho que peguei o que menos gostava dela e coloquei em mim...

—Tem que ter um meio termo eu acho...

—É verdade, mas eu gosto muito de trabalhar na empresa, gosto de verdade, me da prazer quando assinamos um contrato valioso e acho uma pena estarmos falindo.

—É uma pena mesmo, isso nos leva a importância da nossa viagem, conseguir que Iam nos dê o dinheiro para reerguermos a empresa.

Marcelo olhou para ela procurando algum traço de interesse ao falar sobre Iam, mas não achou nada.

—Se você tivesse comprado aquele vestido com toda certeza ganharíamos o dinheiro...

Bianca parou de andar o encarando e antes mesmo dele concluir foi dizendo:

—Sério? Achei que do teu ponto de vista sem roupa seria mais fácil! -Falando isso ela apressou os passos, deu graça por terem deixado as sacolas na recepção, quando entrou no hotel procurou o primeiro elevador vago e apertou no seu andar mas antes da porta fechar Marcelo estava junto dela.

—Ei Bianca, nem deixou eu concluir minha frase...

—Não precisei. - falou carrancuda.

—Pára com isso! Eu ia dizer que ele ia ficar tão encantado que nos daria o dinheiro, não quis te ofender.

Ela não disse nada, ficou olhando para os botões colorindo a medida que chegava o andar deles.

—Por favor, não faz assim. - ele segurou o braço dela.- Bianca... Poxa estava tudo tão bem... Olha só...

O andar deles chegou e ela foi saindo sem olhar para ele.

—Eu morro de ciúmes daquele babaca! - Marcelo falou num folego só. - E eu sei que você não vai se vender, não é essa a questão, ele não vai nos dar dinheiro se você não for a mais acessível das mulheres, e não digo ir para cama com ele, embora seja essa a intenção que ele tem, digo de estar disponível para no mínimo flertar com ele, nunca vi falar que Iam não conseguiu o que queria!

Bianca que havia parado quando ele declarou seus ciúmes se virou buscando contato visual.

—Será que você não consegue ver algum potencial profissional em mim? Pelo amor de Deus, acha que meu pai me mandou aqui para que? Para dormir com esse cara? Para ser dama de companhia dele? Flertar com ele? Não seu idiota! Meu pai sabe que sou boa no que faço. Represento bem a empresa, cresci lá dentro, com ele e com o tio Otávio, Iam é um boa vida, pode até ter intenção de me levar para o quarto dele e quem sabe eu até fosse, afinal sou livre e desimpedida e ele é um cara lindo, mas jamais, jamais faria isso para termos a chance de ter esse dinheiro, se sai com ele foi realmente para fazer um papel agradável e nada mais!

Marcelo ficou imóvel escutando o desabafo dela e quando ela falou que iria para cama com ele sentiu seu coração apertar.

—E já chega dessas acusações para cima de mim!

—Eu sinto muito...

—E só não vou te dar um soco na cara, saiba que fiz aula de autodefesa, porque gostei de escutar que tem ciúmes de mim! E boa noite!

Bianca virou e continuou o caminho para seu quarto um sorriso calmo no rosto. Marcelo ficou parado por um breve momento, assimilando tudo que ela havia dito, após o pequeno do lapso, correu atrás dela, a puxou pela cintura fazendo com que olhasse em seus olhos, uma troca de olhar que fez parar o tempo, como se só estivessem os dois naquele lugar sentindo aquela força que atraia um ao outro.

Marcelo admirou os traços leves do rosto da moça, os olhos enormes demostrando o desejo que ela também estava sentindo e quando deu por si estava pressionando Bianca contra a parede e sua boca desgovernada a beijava intensamente, ela por sua vez retribuiu com urgência e puxando o mais para si.

Entraram no quarto dele aos beijos e com mãos urgentes se despiram. A pele dela já com marcas vermelhas das mãos que percorriam todo seu corpo. Não houve tempo para pensar, refletir os dois só queriam se tocar, estar junto naquela mesma sintonia. Parecia que o mundo tinha parado e podiam ouvir as batidas do coração um do outro, era mais forte que eles, era inevitável e era necessário. Quando ele deitou sobre ela na cama, uma serenidade tomou conta de seus atos, lembrou que aquele momento poderia ficar registrado como a primeira vez dos dois, então com delicadeza explorou os sentidos dela, beijando cada centímetro do seu corpo, deixando ela mole nos seus braços. Cada gemido e suspiro eram compartilhados numa gostosa sinfonia e quando já não sabia onde começava um e terminava o outro se renderam aquele fogo e a noite ficou pequena para tanta troca de prazer.