—Lembro, que no elevador, você derrubou a tua bolsa e se agachou para pegar, quando levantou estava tonta e se segurou em mim para não cair...

—E a gente se beijou... – Bianca começou a lembrar vagamente.

—É depois lembro que não conseguia abrir a porta do seu quarto e ficamos rindo disso, quando eu fui tentar no meu abri com facilidade.

***

—Como pode? Porque não abriu a minha porta?

—Eu não sei, vai ter que dormir no corredor...

—Não, não vou não, vou dormir no seu quarto e você dorme aqui.

—Hum, que tal a gente dormir no meu quarto?

—Os dois? Nãooo.

—Sim vem logo...

***

—Ai você me puxou...

—Desequilibramos e caímos.

—E eu bati minha perna na mesa... Por isso está roxa até hoje.

—Ai não lembro mais...

—Você lembra sim, estou vendo nos seus olhos. - ela deu um tapa no braço dele.

—Não, não lembro mais de verdade! – deu uma risada. – Só lembro de te ajudar a tirar a tua saia rindo relembrando o dia que não conseguíamos fechar o zíper como naquele jantar com Iam.

—Ah, meu Deus, que horror aquilo. -Bianca deu uma gargalhada. – Quanta coisa já aconteceu esses dias. Pensando bem, agente aproveitou... Eu queria poder mudar aquela noite... 

—Já disse isso... Queria que não tivesse acontecido não é mesmo?! – Marcelo falou com voz baixa quase um sussurro.

—Não... - ela virou para ele. – Eu queria que tivesse acontecido diferente sabe, não assim onde eu não lembro o que fiz, nem o que fizemos juntos. Queria que fosse especial, foi a primeira vez em anos, já te disse, eu queria lembrar sabe?

Marcelo ficou mexido com as palavras dela se aproximou vencendo a pequena distância entre eles.

—Para mim saber que foi comigo, é especial. -passou uma das mãos no contorno do rosto dela e com a outra alisou os cabelos.

—Marcelo... Foi especial por ser com você, eu só queria que tivesse sido diferente e não por causa da bebida.

Ele não resistiu e se lançou sobre ela e a beijou com ansiedade, ela logo estava correspondendo, mãos se explorando e forçando a ficarem mais e mais juntos.

Permaneceram no beijo por um tempo que não saberiam determinar, até que ele foi se afastando deixando suaves beijinhos ao longo do rosto dela.

—Bianca, o beijo que você me deu no quarto, foi incrível, e não foi só um beijo, como eu disse, eu só estava tentando te deixar tranquila.

Ela estava toda sorrisos, linda e leve.

—Marcelo... Vamos com calma, não quero agir por impulso e me arrepender depois... - passou suave a mão sobre o rosto dele.

—Desculpa eu te beijei agora por quê...

—Você de repente virou o cara das desculpas? Eu gostei do beijo, só vamos calma.

Ele sorriu e a beijou mais uma vez.

—Como você quiser.

No domingo Marcelo surpreendeu-se ao receber uma mensagem de Bianca.

B: Oi, Marcelo quero ir comprar um presente para Juju e turistar um pouco... Pensei se, bom, pensei se quer ir comigo, ou se quer me levar...

Respondeu na mesma hora.

M: Sim, só me dizer quando estiver pronta. Podemos almoçar em algum lugar né?

B: Sim, meia hora estou pronta.

M: Estarei na porta do teu quarto.

B: Até.

—__________

Marcelo ficou do lado de fora do quarto dela quase quinze minutos depois da hora marcada até que ela abriu a porta. Estava com uma roupa leve, sapatilhas nos pés e um chapéu cor de palha dando um tom informal.

—Desculpa, a rainha do atraso, né?! É que Juju ligou bem agora e estava me dando uma lista de presentinhos para levar.

—Não eu cheguei agora, me atrasei também.

—Mentira, você é a pessoa mais pontual do mundo.

Ele riu concordando.

—Você está linda, nunca tinha te visto assim sem as roupas de trabalho.

Ela vermelhou e sorriu.

—Mas já me viu sem roupa alguma, então... -falou sorrindo brincalhona.

—Não sei do que está falando. -ele riu maroto.

—Certo... Vamos?

—Vamos.

***

Em Casa

—Vó você acha que a mamãe está triste?

—Por que querida?

—Triste porque eu não estou lá com ela para passear em Paris.

Anita sorriu passando a mão nos cabelos da neta.

—Querida, sua mãe não está triste, está com saudades e tenho certeza que sente sua falta para passear junto com ela, mas está acabando faltam só duas semanas.

—Mas parece que faz tanto tempo. - a menina se envolveu nos braços da avó.

—Verdade, quando ficamos longe de quem amamos, parece que as horas não passam para podermos ver novamente...

—Você está com saudades vó?

—Sim, sua mãe é minha melhor amiga, sempre estamos juntas.

—Igual eu e minha mãe!

—Verdade... A gente tem que ser amiga da mãe da gente. Eu sinto não ter mais a minha...

—Vovozinha não fica triste! Eu vou ser sua melhor amiga até a mamãe voltar!

—Que ótimo uma neta amiga é tão bom quanto uma filha amiga.

Anita abraçou a menina com carinho.