Entre irmãos. escrita por Lena


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, do fundo do meu ♥.



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— Nós estamos atrasados, Pê! O táxi pode chegar a qualquer momento. — era para a voz da loira ter soado em uma recriminação, mas não foi assim. O tom que deveria repreender deixou escapar um baixo gemido.

Os lábios do namorado que distribuíam beijos molhados em todo o seu colo e seios, desciam de uma forma que a fazia perguntar a si mesma por que diabos o oxigênio lhe parecia escasso. Aquela era a principal razão para tal falha naquela simples tarefa de o afastar.

As mãos hábeis já haviam livrado-se das últimas peças que a cobria. Ele já estava sem nada há muito tempo, desde que saíra do banho mais precisamente.

— É por essa razão que vai ser rápido, meu amor. — o toque firme em sua cintura a fez estremecer e assentir de uma forma apressada.

E quando sentiu sua ereção pressionar o alto de seu ventre, ela arqueoou as costas a fim de apreciar ainda mais o toque. Karina fez de tudo para conter o gemido alto que ameaçou romper seus lábios quando sentiu ele a preencher. Sem nenhum aviso nem nada. E quando Pedro começou as investidas, ela não se conteve e soltou o gemido que tanto guardada. Não tão alto, mas o suficiente para ele sorrir satisfeito e cobrir sua boca com a dele, em um beijo. Ela fez menção de movimentar seu quadril a fim de conseguir um prazer ainda maior, mas ele a repreendeu. Gostava da pequena tortura que ele a fazia sentir. Pedro diminuía o ritmo e voltava lentamente em provocação. Era bom. E, afinal, ambos gostavam!

Quando o casal estava próximo do ápice, uma alta e sonora buzina foi ouvida. O tal táxi, pensaram.

Tentando esquecer o taxista impaciente que os esperavam, ele forçou seu corpo ainda mais no dela. E foi o primeiro a alcançar o céu. Fechou os olhos, sentindo todas aquelas ondas prazerosas o invadirem. E quando se deu por recuperado, forçou seu corpo a continuar o trabalho, para segundos depois ela alcançar o paraíso. Soube o exato momento em que Karina chegara. O forte arranhão em suas costas largas que o fez quase urrar de prazer, e, de novo, a buzina impaciente, o alertaram que ela havia atingido o orgasmo.

— Eu vou pedir pra ele esperar um pouco. — informou, sabendo que ela ainda iria tomar uma ducha. A viu assentir ainda de olhos fechados e sorriu sem controlar — Eu te amo, Karina!

— Também amo você, Pedro! — lhe respondeu sincera, abrindo finalmente os olhos e encontrando os dele que lhe transbordavam amor.

Ele plantou um selinho nos lábios rosados da namorada antes de se levantar.

Pedro recolheu algumas roupas da mala, e se vestiu de forma apressada já xingando mentalmente de todos os nomes impróprios o maldito taxista que insistia em apertar buzina que já lhe fazia sua dor de cabeça dar as caras.

A loira prendeu seu cabelo em um coque frouxo enquanto levantava-se da cama ainda desprovida de qualquer tecido. Foi direto para o banheiro, onde passou alguns minutos apreciando as gotas mornas que lavavam seu corpo. Saiu de lá enrolada na toalha branca enquanto buscava em uma de suas malas o vestido que havia comprado especialmente para a ocasião.

Iria conhecer a família de seu namorado.

E poderia jurar: nem no dia que tivera que apresentar o mais importante e valioso trabalho de seu curso de Direito para todos os seus mais temidos professores estivera tão nervosa daquele jeito. O simples pensar lhe causava tremores involuntários. Era como se algo pudesse dar errado a qualquer segundo. Mas não iria. Era apenas a família de seu namorado. Só isso. Repetia a si mesma.

E foi com esse pensamento inúmeras vezes que terminou de se arrumar algum tempo depois. Caminhou até o espelho para analisar o trabalho.

O vestido de um azul escuro, rendado que vinha até pouco antes de seus joelhos e que tinha um discreto decote, lhe caíra perfeitamente bem. Se ajustando de uma forma graciosa em todas as curvas do corpo da garota. Karina pensou em desfazer o coque e deixar os enormes fios soltos, mas gostara tanto dele e da forma que algumas mechas lhe cobriam a testa que decidiu não mexer em nada. Optara por uma maquiagem leve e um batom um pouco mais forte. A cor vinho contrastava perfeitamente com sua pele alva.

— Você está linda! — a voz doce e familiar lhe invadiu os ouvidos, e logo em seguida sua figura apareceu refletida no grande espelho. Ele também estava lindo! A blusa social preta, a calça jeans em uma lavagem escura e os cabelos levemente bagunçados lhe provara isso.

— Obrigada! Você também. — inclinou um pouco a cabeça, dando um selinho no namorado.

— Vamos? — ele chamou enquanto buscava as malas que estavam no chão. Ka assentiu e o seguiu enquanto calçava apressadamente os saltos e o ajudava na tarefa.

Assim que pôs os pés na calçada respirou de forma profunda enquanto apreciava os fracos e tão acolhedores raios solares lhe invadirem a pele.

Pedro guardara com a ajuda do taxista as diversas malas. O homem que aparentava ter pouco mais de cinquenta anos não parecia em nada feliz com a demora dos dois, ela constatou. Karina lhe sorriu em um misto de agradecimento e constrangimento quando seus olhos encontraram os do senhor. Ele não a devolveu o sorriso, apenas entrou no carro esperando que eles fizessem o mesmo o mais rápido que pudessem. A garota pensou em lhe responder de uma forma mal educada ou então lhe lançar o dedo do meio, mas decidiu que não valia a pena. Ele não acabaria com sua paz!

— Relaxa, Ka! — pediu Pedro, sussurrando em seu ouvido — Tenho certeza que se ele soubesse o motivo do nosso atraso nos entenderia perfeitamente. — disse simplesmente. Ela sentiu seu rosto enrubescer comentário.

Pedro abriu a porta do carro para que ela entrasse, fazendo uma reverência. Ela o devolveu o gesto como uma verdadeira dama. E ele sorriu antes de capturar seus lábios em um beijo. Quando a buzina os impediram de aprofundar o contato, eles bufaram e reviraram os olhos em sincronia.

O casal sentou no banco de trás. Ka se aninhou no peito quente do namorado, ouvindo as batidas de seu coração. Pedro explicou de forma breve o endereço da casa de seus pais.

Pelo que o namorado lhe contara antes, em cerca de uma hora estariam no mansão da família Ramos. Um lugar de que ela amava só por ouvir falar. Era um pouco afastado da cidade, mas ainda assim aconchegante e luxuoso. Perfeito para passar as férias. E era isso que iriam fazer. Aproveitar o descanso que a faculdade os dera. Dois meses inteiros longe do caos do campus da universidade.

Quando Pedro fez o convite, Karina ficou receosa. Mas afinal, já estava mais do que na hora de conhecer a família de seu namorado. O encontro já poderia acontecer sem problema algum. E mesmo tentando bancar a madura, ela estava desesperadamente nervosa. Parecia uma estúpida adolescente não uma mulher de 23 anos.

A loira passou a brincar com a gola da blusa do namorado, permitindo admirá-lo e sorrir sem conter.

Pedro e Karina namoravam há pouco mais de dois anos. Se conheceram na faculdade, e como faziam o mesmo curso e dividiam a mesma sala, logo ficaram amigos, e quando viram já estavam embarcando em uma relação amorosa. Eram felizes e se amavam, qualquer um poderia ver aquilo!

Foram todas aquelas lembranças que lhe fizeram companhia a viagem toda. E quando chegaram, ela só notou graças ao pequeno chacoalhar que Pedro lhe dera, a alertando.

Ka saiu do carro, dando de cara com a enorme mansão a sua frente. Era linda, mais até do que imaginava e do que lhe foi contado! Um sonho de consumo, sem dúvidas. O ar rústico contrastava de uma forma perfeita com o ambiente que os cercava, o que tornava a beleza ainda mais avassaladora. A loira estava tão encantada que nem sequer viu o táxi indo embora, apenas o namorado lhe sorrindo e as diversas malas ao seu lado lhe avisaram isso.

Ela o ajudou com algumas das bagagens enquanto andavam até a porta de entrada. Bastou ele apertar uma vez a campanhia para uma senhora de curtos fios brancos, os atenderem. Pelo seu traje parecia uma das empregadas da casa.

— Dona velha, meu amor! — Pedro fez graça enquanto soltava as malas por ali mesmo e caminhava até a senhora para aconchegá-la em seu abraço.

A namorada sorriu dócil ao ver a cena dos dois, e também soltou as bagagens por ali.

— Velha é a sua avó, moleque! — devolveu em uma falsa irritação ao se afastar. O casal sorriu com aquilo.

Pedro buscou a mão da garota, a arrastando até o hall da sala, onde o casal os esperavam. Delma e René! Ficou orgulhosa de si mesma ao lembrar.

A linda mulher de fios longos e pretos foi a primeira a se pronunciar.

— Meu filho, que saudades suas! — ela quase pulou, o cercando em seus braços do jeito que só uma mãe pode fazer. Ka sorriu dócil ao ver a cena.

Pê também sentira muitas saudades da mãe. Já fazia pouco mais de um ano que não a via. E agora que tinha a chance, iria recuperar o tempo perdido.

Assim que sua mãe separou-se dele, um homem um pouco mais velho que ela e com uma baita pose de galã cercou Pedro em seus braços sem dizer uma palavra sequer.

— Também senti sua falta, pai. — o garoto tomou inciativa.

O homem apenas assentiu várias vezes tentando controlar as lágrimas que ameaçavam rolar de seus olhos. René era duro na queda, mas sentia tanto qualquer um.

Apreciavam a pequena e quase inexistente quentura que vinha das lenhas que criptavam na lareira por alguns instantes.

— Delma, René... — começou ele com uma expectativa exagerada depois de toda aquela calorosa recepção — Essa é Karina, minha namorada. Karina, esses são meus pais. — Pedro a puxou para seus braços, a aninhando ali e beijando o alto de sua testa.

A loira sorriu nervosa repreendendo a si mesma por tal ato.

A mãe de Pedro fora até ela e a cumprimentou com um beijo receptivo. O homem mais velho lhe ofereceu a mão em cumprimento de uma maneira mais formal.

— Então essa é a famosa Karina Duarte. — René foi o primeiro a se pronunciar depois que se afastaram.

E deixar seu pensamento escapar foi quase impossível para a garota.

— Famosa? — perguntou, desviando seus olhos dos dele para encarar o namorado que lhe sorriu simplesmente, dando de ombros.

— Ele fala de você o tempo todo quando nos liga. — Delma comentou casualmente. Pela inquietude de Pedro, ela sabia que ele não estava gostando do rumo da conversa — Gosta muito de ti!

— Eu também gosto muito dele. — garantiu-lhe, o acalmando.

E quando a mais velha ousou comentar algo novamente a respeito dos dois, Pê a interrompeu.

— O Ricardo já chegou? — perguntou ele de uma forma ríspida, se arrependendo em seguida por falar do irmão.

Por alguma razão que ela não sabia e nunca perguntou, Pedro e o irmão mais velho, aquele que passou cerca de cinco anos fora do Brasil estudando, não compartilhavam a tal irmandade que ela esperava. E aquilo ainda era uma incógnita até mesmo para ela. Nunca soube a razão para tantos desentendimentos.

O rangir da porta a fez estremecer, mas mais do que o rangir, a voz que invadiu o ambiente lhe causara intensos calafrios. Não é possível, não pode ser...

— Cá estou, irmãozinho. Não vai ser dessa vez que vai se livrar de mim.

A maldita voz familiar carregada pelo também maldito sarcasmo a fez estancar no lugar, de costas para o tal desconhecido.

— Continua o mesmo idiota de sempre... — comentou Pedro mais para si mesmo que pra qualquer um ali — Ah! — pareceu lembrar de algo importante — Karina, esse é Ricardo. Ricardo, essa é Karina, minha namorada. — e ali, ela se viu obrigada a virar. Da forma mais normal que conseguira.

Os fios acabaram se desprendendo do coque, caindo sobre suas costas e ombros; forçou os olhos que antes estavam fixado no chão de madeira a levantarem e encontrarem a imensidão negra. Estava frente a frente com seu passado.

O moreno que acabara de entrar estava tão surpreso e abalado quanto ela. Mas soube disfarçar muito bem como sempre fazia com o maldito sorriso de lado que brincava em seus lábios.

Ele largou as malas no topo da escada e se dirigiu até onde todos estavam.

— Ricardo não, irmão. — encarou Pedro — Me chame de Cobra, por favor, Karina. — pediu enquanto a abraçava e plantava um beijo em seu rosto. Os lábios quentes deslizaram de uma forma rápida até seu ouvido — Mas acho que cê já tá a pá de todas as minhas preferências, né? — sussurrou tão baixo que apenas ela escutara, se afastou e lhe lançou seu melhor sorriso a ele.

O coração da loira batia tão rápido quanto um dia achou ser possível. Para a sua sorte, ninguém pareceu notar nada.

As apresentações, afinal, eram totalmente dispensáveis. Cobra e Karina se conheciam há muito tempo. E há muito tempo também não se viam.

E aqueles dois meses de repente pareceram anos para a garota ao pensar no inferno que acabara de entrar sem se dar conta.

Karina talvez não soubesse, mas estaria entre irmãos. E em todos os sentidos.


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Notas finais do capítulo

Se gostarem, me deixem saber! Eu iria amar saber de que lado estão!
Beijos e até!