"A vida começa todos os dias." Érico Veríssimo

Há doze anos atrás, um jovem casal recentemente divorciado, firmava um acordo que ao longo dos anos se tornaria terrível. O acordo? Bem, sinceramente não é dos mais inteligentes. Este é um resumo do que eles esperavam ser a última vez que se veriam.

A jovem mãe, recentemente divorciada estava a caminho do aeroporto. Em seus braços estava um bebê com quase oito meses, que dormia tranquilamente. Observando a menininha ela não pode conter as lagrimas que teimavam em cair, os acontecimentos recentes ainda martelavam em sua mente.

Eles se conheceram jovens, ela ainda estava na faculdade, e ele? Trabalhava para a mãe dela. Não muito tempo após se conhecerem viraram amigos, do tipo melhores amigos, não demorou muito tempo e a amizade foi se solidificando cada vez mais até ele finalmente tomou coragem para chama-la pra um encontro. Logo começaram a namorar.

Ele a pediu em casamento, e alguns meses depois da formatura dela se casaram. Foi uma cerimônia simples, que contou apenas com a família e os amigos mais próximos. Pela primeira vez na vida dela a mãe não havia feito uma jogada política, embora a mesma nunca aprovara o casamento da filha.

Não muito tempo depois de casados, veio o maior presente que eles poderiam querer: a jovem estava grávida. Imagina a surpresa que eles tiveram ao descobri na hora do parto que iam ser pais de gêmeas.

Sem dúvida alguma a vida deles era perfeita, não só eram uma família completa como também suas carreiras estavam em ascensão. Talvez esse último fato tenha sido a ruina do casamento, e consequentemente a separação daquela linda família.

Era um fato que ambos amavam aquela família, como também era um fato que eles eram e ainda são apaixonados por suas carreiras. Creio eu que o erro do divórcio seja culpa de ambos, especialmente dele que não deveria de maneira alguma ter dito a ela o que disse.

Com tanto tempo de convivência, ele deveria saber que ela cresceu sabendo cuidar de si mesma, e que não deixaria ninguém lhe dizer o que fazer, nem mesmo o marido. Ele não deveria ter dito a ela aquelas palavras que permanecem na mente dela até hoje.

“Talvez seja melhor a gente se separar” o homem gritou, esse foi sem dúvida o maior erro que ele cometeu, se ele soubesse que as palavras que viriam a seguir teriam tanto peso, ele jamais teria pronunciado isso. “Eu tenho certeza que é o melhor” ela berrou indo em direção ao quarto para fazer sua mala.

Ele tentou voltar no que disse, mas ela nunca voltaria atrás, ela era orgulhosa de mais para isso, assim com ele, e ele sabia.

“Acho que esse trato está bom, assim nenhum de nós precisara se ver novamente” ela disse isso ao assinar os papeis de divórcio e de custodia. Ela já estava na rua, pronta para voltar para casa e pegar suas coisas para ir embora, quando ele a puxou pelo braço “Emily por favor, ainda dá tempo de voltar atrás.” Ela o olhou com toda raiva que estava sentido “Não Aaron não dá, e você mesmo deixou isso bem claro” mas ele ainda insistiu “Não vamos fazer isso Emily, e as meninas? Você vai separa-las” ela revirou os olhos e continuou sarcasticamente “Agora está do jeito que você queria Aaron, elas terão um pai e uma mãe”, “Mas estarão separadas, não ficarão juntas e nem ira conhecer um dos pais.” Ela ficou em silêncio até entrar no seu carro “Isso é o melhor para todos nós Aaron e você sabe, jamais daria certo. Somos orgulhosos de mais.” Dito isso ela o deixou sozinho na calçada.

Logo que chegou em casa ela pegou suas malas, e suas passagens e foi embora, mas não antes de se despedir da garotinha que ficava para trás.

A jovem já não tinha mais certeza que era isso que ela queria fazer, mas não poderia voltar atrás, ela havia dado sua palavra e como sua mãe tinha lhe ensinado há muitos anos atrás, uma Prentiss nunca quebra uma promessa. Ela pegou a bebê mais agitada e a colocou nos braços, “Emma eu prometo que um dia eu voltarei, eu prometo” ela a beijou, a garotinha parecia entender, pois começou a chorar, mas nada que um ninar de mãe não resolvesse. Ela colocou a filha cuidadosamente no berço, e ficou ali observando o bebê, esperando seu agora ex marido a trazer lhe sua outra filha, aquela que viveria com a mãe e jamais saberia sobre o pai. Sim eles havia decidido contar isso a elas quando estivessem mais velhas, mas não agora. Seria difícil explicar toda essa situação para crianças, contudo o que eles não admitiram é que seria difícil para eles se verem novamente.

O homem sentado ali naquela poltrona, tinha um aspecto calmo, mas que escondia perfeitamente o que se passava em sua mente. A bebê em seus braços se mexeu, ela tinha acordado e dava risadas, se ela soubesse o que acontecia não estaria rindo, mas ela era uma criança “Nós estamos separados querida, você terá que ir viver com sua mãe e não poderá ver Emma ou eu durante muito tempo, mas isso não quer dizer que não amamos você” ele não conseguia dizer mais nada “Um dia você vai nos ver novamente, eu prometo. Enquanto isso quero que cuide da sua mãe” a garotinha soltou uma risadinha inocente, ele se levantou e foi leva-la ao encontro da mãe.

“Ainda dá tempo de desistir” ele disse ao entrega-la para a mulher de cabelos negros, “Não, não dá Aaron” ela respirou fundo “Cuide bem dela” Ele a olhou nos olhos “Eu irei Emily, eu prometo”, ela lhe deu um sorriso fraco, lhe entregou a aliança e saiu.

“Tudo tem seu apogeu e seu declínio...

É natural que seja assim, todavia, quando tudo parece convergir para o que supomos o nada, eis que a vida ressurge, triunfante e bela!...

Novas folhas, novas flores, na infinita benção do recomeço!” Chico Xavier