Sterben escrita por Pamisa Chan


Capítulo 5
Akzeptanz


Notas iniciais do capítulo

THIS IS THE END
HOLD YOUR BREATH AND COOOOOOOUNT TO TEN...
Ok, people. Finalmente chegamos ao final dessa fic flopadinha :3
Foram 5 capítulos curtos, mas cheios de emoção e sentimentos.
Espero que gostem do final!
Aliás, ouçam esta música enquanto leem:
https://www.youtube.com/watch?v=CL0u9_gNUX0

Quinta e última fase: Aceitação.



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Um homem tocou a campainha. Eu ainda não havia pegado no sono, e dificilmente pegaria. Estava muito ansiosa. Ouvi minha mãe atender e conversar com ele por alguns minutos, provavelmente explicando o que aconteceu durante esses últimos dias terríveis que passei. Pude ouvir, então, ela se aproximando do meu quarto. Ela bateu na porta e em seguida abriu. "Querida, o Sr. Hortmann está aí. Venha conversar com ele, por favor.", disse e saiu. Eu não tinha a mínima vontade de sair de onde estava, mas o fiz, por Lucy.

Quando cheguei na sala, o homem estava sentado no sofá, com uma xícara de chá na mão. Ele era de estatura média, cabelos negros e curtos, olhos cor de mel, possuía um bigode preto e usava óculos sem armação. Ele trajava um terno preto e sapatos marrom escuro. Aproximei-me dele com cautela, talvez um pouco receosa e sentei-me à sua frente. O cheiro doce do chá estava por toda a sala e me deixava enjoada, porém, ignorei.

Minha mãe chegou na sala e se despediu de mim, dizendo que iria ao mercado e voltaria mais tarde, para nos deixar à vontade. Trocamos beijos no rosto de despedida e ela partiu. Em seguida, olhei para o psicólogo, ou psiquiatra, não sabia ao certo. "Então... senhorita Léna Fankhauser, certo? Bom, podemos começar?" Ele me encheu de perguntas. Não da mesma maneira que os idiotas que falavam francês na delegacia. As perguntas dele eram delicadas, demonstravam genuíno interesse em mim e no meu bem estar. Eu de certa forma me senti bem perto daquele homem, o Sr. Hortmann.

As visitas continuaram por um bom tempo, já faz mais de um ano. Eu inclusive comecei a tomar remédios, fazer tratamento pra me curar da depressão. Algumas vezes lembrava de Lucy e tinha recaídas, duvidava de tudo, me enraivecia, me desesperava, chorava... Cheguei a tentar suicídio uma vez. Mas minha mãe e o Sr. Hortmann estiveram lá por mim e não deixaram nada de ruim me acontecer.

É difícil lidar com a morte de alguém tão precioso pra você, como sua irmã caçula. Ainda mais quando você é diretamente culpada pela morte dela. Não é fácil simplesmente ignorar os fatos, esquecer tudo e seguir em frente. Há dias em que acordo bem, mas há dias em que sequer me levanto. Dias que sonho com ela, com o acidente... Sr. Hortmann me pediu pra não ficar pensando nisso, mas é inevitável. Embora depressão não seja algo que se cura totalmente, hoje posso dizer que consigo seguir em frente. Não sozinha. Nunca. Minha mãe esteve comigo mais do que nunca desde o ocorrido, e ela tem sido mais compreensiva e protetora do que eu um dia imaginei que ela seria. E o Sr. Hortmann tem sido como um pai para mim. Ele realmente faz jus ao sobrenome.

Hort significa "fortaleza", "baluarte", "refúgio". Mann significa "Homem". O Sr. Hortmann tem sido esta fortaleza para mim, sempre me ajudando a passar por toda a dor, todo o sofrimento. E cada dia eu me sinto melhor, apesar de saber que nunca vou sarar por completo.

Muitos anos se passaram e hoje eu aprendi a conviver com isso, eu já sei sorrir novamente, sem duvidar de tudo, sem odiar tudo, sem me desesperar, sem ser tomada pela tristeza. Agora eu sei aceitar o destino. Não digo concordar com ele, mas sei que não há como mudar as coisas. Aprendi que "o tempo e o imprevisto sobrevêm a todos", mas é possível ser feliz apesar disso. Aprendi a lidar com perdas, aprendi a controlar o que sinto, aprendi a não negar, não me irar, não barganhar, não me deprimir. Aprendi que para tudo há um tempo, e que é possível ser feliz apesar de estar cercado de problemas, e a sua felicidade só depende de você. Talvez dos seus remédios. Mas é você que tem que decidir tomá-los.

Aprendi durante este tempo sem Lucy a aceitar as coisas como elas são, por pior que possam parecer. E descobri que para tudo há uma saída. E desistir não deve ser uma delas. Aprendi a contar com a ajuda das pessoas, vi que amigos são a coisa mais preciosa que pode-se ter na vida. Afinal, minha mãe e o Sr. Hortmann foram os melhores amigos que já tive em toda a minha vida, além de minha querida irmã. E eles foram as pessoas mais essenciais para mim.

Hoje eu sei que posso continuar. Que posso aceitar a vida e ser feliz. E que tudo na vida são fases. E fases sempre passam. Umas são mais fáceis e outras mais difíceis. Mas uma fase sempre nos ensina e nos ajuda a passar pela próxima. Eu aprendi que tudo que você nega, culpa, tenta mudar ou ignora, você atrasa. Mas tudo que você aceita e encara, você conquista. E eu conquistei mais do que jamais esperei em toda minha vida.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Comentem o que acharam ♥
É com orgulho que finalmente vou marcar a opção "Terminada: Sim".
Espero que essa história tenha transmitido alguma mensagem boa pra vocês.
Beijinhos!