Invisíveis como Borboletas Azuis escrita por BeaTSam, tehkookiehosh


Capítulo 7
Verso 06: Coffee


Notas iniciais do capítulo

Sam P.O.V.



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Uau. Está tão frio que eu nem sei mais se estou tremendo de nervosismo ou falta de calor. Estamos caminhando em direção a uma cafeteria que eles conhecem, ao que parece, não muito longe daqui. Até que as ruas lembram um pouco as do Brasil... Como será que a mamãe deve estar?

– Sam! – Stella me chama de volta para a Coreia. – Sua boca está roxa! Você está tremendo!

Todos param a se viram na minha direção. Tento dar uma explicação, mas a minha voz sai tremida:

– É-é que eu n-não estou m-muito ac-costumada com frio. Aqui es-está mais frio q-que qualquer inverno q-que j-já peguei no R-Rio.

– Mas nem está frio! – J-Hope exclama. – Nós estamos na primavera!

Encolho-me ainda mais, esfregando os braços numa vã tentativa de me aquecer. Percebendo o meu sofrimento, Rap Monster tira o cachecol que ele estava usando para esconder seu rosto e me entrega. Só de enrolá-lo no meu pescoço, já sinto o frio me largando.

– Ponha suas mãos no bolso. Assim elas não vão esfriar tanto.

– Obrigada.- respondo, puxando o cachecol um pouco mais para cima. – Mas você não vai ser reconhecido assim?

– Não tem problema. Nós vamos para um lugar que já está acostumado com a gente. Não vai acontecer nada.

Lá de trás, Suga finalmente resolve falar:

– Não precisa ficar envergonhada, todos nós já passamos por algo assim. Tipo quando mostraram a minha audição ao vivo. Man, eu não sabia onde me esconder. E estava em rede nacional! Eu pequenininho com aquele cabelo zoado fazendo rap com uma atitude extrovertida de quem nem imaginava que pagaria mico em rede nacional! Caramba, fico envergonhado só de pensar!

– Nossa, lembra aquela pegadinha no elevador? - J-Hope começa a contar. –Eu estava dançando no chão quando aquela noona entrou! Ah! Enfiei o meu rosto naquela máscara porque não tinha mais onde me esconder! Eu quase morri ali!

– Vocês estão reclamando por pouca coisa! – Rap Monster protestou. – Eu fiquei seminu no meio do Music Bank! A camiseta rasgou completamente! E eu tinha que continuar, se não ia estragar o trabalho duro de todo mundo! Ah... Cara! Está na internet para quem quiser ver! E ainda tem alguns artigos que desenterram isso! Isso vai me perseguir para sempre! – ele grita enquanto esconde seu rosto nas mãos.

– É, eu acho que ninguém consegue bater o Namjoon-ie no quesito vergonha alheia. – Suga constata.

– Hyung!

– Você pode até escolher: os cabelos zoados que ele usava no pre-debut; o aegyo estranho dele; as vezes que ele foi chamado de fashion terrorist por causa dessas roupas ridículas... Ele é a vergonha alheia em pessoa! – Suga remói o passado de seu dongsaeng.

– Ah! Hyung! As minhas roupas são bonitas! – as palavras faltam a sua boca. – Ah, droga! Você está me fazendo ficar envergonhado!

Suga olha para mim, procurando cumplicidade, e ri. Acho que estou mais confortável agora.

Não demoramos muito para chegar à cafeteria. Pedimos alguns cafés com o dinheiro, mas Stella sai assim que termina seu mocaccino. Ela disse que era algo urgente... Espero que esteja tudo bem.

Vamos em direção às mesas que ficam ao fundo. Então era isso que eles queriam dizer! Esse café tem um espaço para aniversários cercado por vidros , que além disso, fica numa posição que não pode ser vista da entrada! É por isso que eles estavam tão despreocupados em relação aos rostos! Enquanto terminamos nossas bebidas, percebo que a rádio ao entrou no que parecem ser comerciais. Em seguida, começa a ecoar Bang Bang Bang, do Big Bang.

– O que houve? – Suga larga seu macchiato, surpreso ao ouvir a minha repentina risada para o nada.

– Eu sei que é muito óbvio mas, - digo em meio a gargalhadas. – eu não consigo acreditar que estou ouvindo k-pop no rádio. Não riam! Isso é muito surreal! Big Bang está tocando na rádio!

Com um pulo, J-Hope se levanta e começa a dançar do meu lado. Aos poucos, os outros dois também começam a mexer os braços. Apoio me na mesa e escondo o meu rosto nos braços. Meu Deus! A minha barriga dói de tanto rir! Toda vez que espio par ver se eles continuam fazendo aqueles passos estranhos, encontro o rosto animado de J-Hope e meu ataque de riso volta! Acho que eu vou literalmente morrer de tanto rir!

Ainda bem que a música só tem três minutos, não sei se o meu coração aguentaria por mais tempo. Mesmo depois da canção ser substituída por Cinderella, do CNBLUE, todos nós ainda rimos. Nossa, há quanto tempo não rio assim! J-Hope se acalma e senta.

– Desculpa, mas isso é tão estranho. É como se dissesse “aqui é a Coreia” e tornasse tudo mais real.

– Sei como você se sente. – Rap Monster diz. – Depois que estreamos, levei muitos meses para assimilar todas aquelas fãs gritando o meu nome, as minhas músicas no rádio. Parecia um sonho. Foi louco.

–Vamos começar logo pessoal. – Suga interrompe. – O tema dessa música são os fãs. O que vocês pensam sobre isso?

– Eu sou fã de várias pessoas ainda hoje. Meus sunbaenims do street dance são o máximo. Ah, mas as A.R.M.Y.’s são o máximo! - J-Hope declara. – Eu sempre fico surpreso com todos esses projetos que vocês criam! Eu sou tão amado!

– Eu também amo as A.R.M.Y.’s. – Suga concorda. – Elas são o maior motivo para eu estar aqui onde estou, devo muito a elas. Eu nem sei como retribuir. Todos os presentes, todas as cartas que chegam todos os dias. É incrível que gostem tanto de alguém como eu. Mas, às vezes, eu fico muito chateado. Eu já vi muitos dos membros terem que terminar com as namoradas para que o fã-clube não descobrisse. A maioria dos membros gosta de alguém agora e não podem fazer nada... A não ser que eles queiram a garota que eles gostam estressada por ter que lidar com umas garotinhas de 14 anos, que se dizem suas esposas sem mesmo os conhecerem pessoalmente, a xingando todos os dias. Não são todas assim, mas essas meio idiotas existem em número significante.

Os outros dois estão mais pensativos, provavelmente lembrando de experiências passadas. Suga está apenas dizendo a verdade, mesmo que doa por saber que somos nós quem lhes causa esse sofrimento. Eles são humanos também... Não são sobre-humanos, muito menos deuses ou anjos. Eles sofrem, eles erram, eles se magoam.

– Parece que eu fiz o clima daqui ficar pesado... Foi mal pessoal. – Suga muda de assunto rapidamente. – Então, tem uma coisa que eu sempre quis perguntar para uma A.R.M.Y.: por que você se tornou nossa fã?

Um ligeiro sorriso brinca nos lábios do loiro enquanto percebo que um brilho de inquietude surgir nos olhos dos três. Eles realmente estão curiosos.

– Eu nunca tinha sido fã de ninguém antes. Não desse jeito. Nem entendia como alguém conseguia ser fã de alguém que nem o conhece. Até que eu comecei a ouvir a música de vocês. A princípio, eu achei a melodia legal, as coreografias impressionantes, os rap no ponto, e os vocais maravilhosos. Contudo, foi quando eu li a tradução das letras que eu me apaixonei.

A esse ponto, todos já se debruçam um pouco mais para frente para ouvir a história, mas o meu nervosismo nem dá as caras. Estou me afogando em memórias, nenhuma boia irá me salvar. Meus olhos fitam o infinito escondido sob as ranhuras da mesa de madeira.

– Eu nem acreditei quando descobri que tinha alguém que pensava da mesma forma que eu, mesmo que essas pessoas estivessem do outro lado do mundo. Ouvir aquelas músicas faz com que eu sinta como se estivesse sozinha. Depois de um tempo, aquelas letras me encorajaram a desenterrar as rimas que eu não mostrava para ninguém e fazer algo com elas. Eu tenho tanto para falar, por que eu estava me calando? A única pessoa que pode me libertar sou eu.

Cada palavra, cada sílaba, cada letra mais difícil que a outra. Está difícil esconder a emoção, engolir o choro. Eu, a grande mentirosa, estou vomitando a verdade que guardei dentro de mim, toda as minhas vulnerabilidades.

– E vocês me ensinaram a ver isso. Todas aquelas entrevistas, vídeos, músicas. A cada coisa nova que eu lia sobre vocês, mais eu ficava inspirada pelo esforço que vocês fazem pelos seus sonhos. Até que eu percebi que dependia mais de vocês do que queria. Mentira. Eu quero depender mais ainda. Assim, eu posso apoiar esse peso em vez de guarda-lo só para mim. Obrigada. Por tudo.

E a primeira lágrima cai sobre a mesa. Levo minha mão ao rosto, mas me surpreendo ao perceber que está seco. A lágrima não foi minha, foi de J-Hope.

– Está chorando, Hobi? – Suga zomba, numa vã tentativa de esconder a emoção na sua voz.

– Não enche, hyung! – ele seca as lágrimas furiosamente. – Eu já tinha lido coisas assim no fan café, mas ouvir alguém falando é diferente. Ah, cara, não dá!

E ele se entrega ao pranto. Rap Monster suspira ao ver o estado de J-Hope e se vira para mim, a seriedade estampada no seu rosto.

– Eu te inspiro a seguir os seus sonhos?

– Sim.- respondo, encarando os olhos negros e profundos do líder do BTS.

– As nossas músicas, elas realmente têm esse poder?

– É claro, eu não sou a única!

Ele se quieta um pouco, tornando os soluços do J-Hope e o rádio os únicos barulhos da sala. Rap Monster parece analisar cuidadosamente cada palavra que eu disse, absorvendo seus significados aos poucos. Passam-se alguns minutos até que ele resolve falar algo:

– Obrigado por ter dito isso tudo. Ser o sonho de alguém, isso é uma honra. – ele sorri em agradecimento.

– Mas sou eu quem deveria estar agradecendo!

Rap Monster já se preparava para argumentar quando J-Hope o interrompe:

– Samantha, chega mais perto.

Perplexa com seu pedido, me aproximo mais um pouco dele. Ele puxa uma das minhas mão para acobertá-la nas suas e fita os meus olhos. Observo-o mais de perto. Sua cara limpa, seus olhos inchados e seu nariz ligeiramente vermelho o afastam de sua imagem no palco, porém ele está ali, não J-Hope, mas Jung Hoseok. Ele é tão doce...

– Você pode contar comigo, tudo bem? Siga seu sonho, ok? Pode se apoiar em mim, tá? Você e todas as outras A.R.M.Y.’s, ok?

– Hoseok-ah, não faça promessas que você não pode cumprir! – Suga dispara do outro lado da mesa.

– Quieto! – ele se vira rapidamente para o loiro, mas logo se volta para mim. - Pode depender de mim o quanto quiser, tá? O seu oppa vai sempre estar aqui para te ajudar, entendeu?

Aceno a cabeça afirmativamente a cada pergunta que ele me faz. Acho que isso o acalma um pouquinho. E a mim também. Um sorriso singelo já estampa meu rosto (uma consequência da enorme quantidade de carinho que estou recebendo) quando o alarme do celular dele o avisa do treino de dança que ele não pode faltar.

Sai reclamando aos quatro ventos do seu estado dizendo que não estava apresentável e que nem começou a compor a letra. Tão fofo... Obrigada, Hobi.

Yes, you’re my hope. Sim, você é a minha esperança.


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