Invisíveis como Borboletas Azuis escrita por BeaTSam, tehkookiehosh


Capítulo 4
Verso 03: Dope




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Stella's P.O.V.

Eu estou terminando de arrumar meus fios vermelhos quando ouço batidas na porta, grito um entra e J-Hope entra no meu quarto.

– Eu e os meninos vamos ter que ficar ensaiando, tem algum problema você ir sozinha? – Pergunta com um pouco de receio, eu sorrio de forma reconfortante pra ele.

– Não, sem problemas, só não vão quebrar a sala. – Brinco e ele sorri aliviado deixando o meu quarto.

Pego a minha bolsa e sigo para o aeroporto, lembro que uma hora ou outra terei que falar com a minha irmã novamente, aquele pensamento me agoniza até o momento em que eu penso “um pé atrás do outro, uma coisa de cada vez, faça o que você precisa fazer agora, seja simpática e esqueça dos seus problemas pelo menos uma vez na vida”; suspiro, coloco Simple Plan pra tocar um pouco, estou com saudade do teen against deles, sigo um pouco menos preocupada e mais contente para o aeroporto.

Uma hora e meia depois o voo de Samantha finalmente aterrissa. Levanto-me do banco onde eu me encontrava sentada por esse meio tempo e ergo a plaquinha com o logo da empresa. Quando finalmente a avisto, a primeira coisa que penso é, “ela é bem diferente do que eu esperava”...

*******

Sam's P.O.V.

Estou há umas dez horas no terceiro avião. Completamente entediada.

Completamente animada.

Completamente nauseada.

Completamente feliz.

Completamente dolorida.

Completamente ansiosa.

Se pudesse, eu descia desse avião e ia até Seul a pé para chegar mais rápido. É, acho que não é uma ideia muito viável. Embora ache que o piloto bem que deveria acelerar antes que morra aqui mesmo de cada batimento que o meu coração pula ao nos aproximarmos da capital da Coreia. Aos nos aproximarmos do meu sonho.

Sinto-me levemente enjoada, incapacitada. Todas essas 39 horas de viagem não me fizeram bem. Tentei me distrair a viagem toda compondo música, mas percebi a irritante dor de cabeça que isso me causa aqui em cima. Parece que quanto maior a altitude, mais os meus neurônios fritam dentro da estufa que eu chamo de crânio. As letras que eu estava escrevendo mal fazem sentido! As rimas eram forçadas, o tema era raso, o ritmo era nulo. Acho que compor nas alturas é um privilégio de poucos.

Ou só eu que sou incompetente mesmo.

Comecei a me preocupar quando as quinhentas músicas no meu celular começaram a repetir. Cheguei à conclusão de que cada hora no avião corresponde a um minuto no mundo real. Dormir aqui é uma dádiva, uma mágica que devora as lentas horas que se arrastam. O embalo do movimento do avião, a falta de algo para fazer, a ligeira vertigem, tudo isso pesa nas minhas pestanas. Mas então chega aquela poltrona desconfortável e começa a gritar:

– Você acha mesmo que eu vou te deixar dormir aqui? Acorda, queridinha! Vou fazer sua coluna doer mais que um parto se você tentar!

– E se, por acaso, o avião toma uma verdade supersônica e nós chegamos em Seul daqui a um minuto? É perfeitamente possível. – minha ansiedade complementa. – Você vai ser esquecida no avião e vai deixar os garotos esperando. Seu sonho vai ser destruído.

E essa foi a triste história de como mal consegui dormir no avião. Acho que estou a tanto tempo entediada que começo a delirar. No momento, assisto uma daqueles filmes clichês que passam na Sessão da Tarde. A que ponto cheguei? Estou até rindo dessa porcaria...

Minha irmã fica roncando alto a viagem toda! Viajar com ela ou sozinha dá no mesmo! Pelo menos pare de me chutar enquanto dorme!

Estou quase desistindo da minha sanidade quando ouço o aviso:

– Nossa tripulação pede que retornem sua poltrona para a posição vertical, atem seus cintos e fechem as bandejas a sua frente. Preparando para procedimento de pouso.

Puta que pariu! Finalmente! Seul, cheguei!

Mas, espera um pouco, isso quer dizer que eu vou encontrar com o BTS em alguns minutos... Apenas esse pensamento faz com que o coração dispare. Alguém, por favor, deixa uma ambulância de aviso prévio! Sério.

Ah, é! Tenho que acordar a minha irmã!

– Sara, acorda logo, porra! Chegamos! – minha voz sai um pouco (muito) mais alta do que calculei.

Ainda bem que aqui ninguém entende o que estamos falando.

– Não enche, caralho... – ela resmunga. – Só mais cinco minutos...

– Você já teve trinta e nove horas para dormir! Levanta logo o rabo dessa poltrona!

– Mas a gente ainda nem... – nós duas somos chacoalhadas com o baque das rodas do avião no chão. - ... Pousou.

– Yay!

O aviso para desatar o cinto mal aparece e já corro para a saída com a mala na mão. Somos uma das primeiras a sair graças a minha pressa. Deixo a minha irmã pegando as malas porque lembro de um pequeno detalhe: a minha aparência. No banheiro do aeroporto, percebo que estou ainda menos apresentável que a minha irmã. Mesmo a escova de bolso não consegue dar jeito no meu cabelo. Invejo aquelas celebridade que conseguem sair bonitas de um voo desses.

Agora que entra o meu jeitinho brasileiro: ponho meu boné para fingir que tudo aquilo fazia parte de um bem arquitetado look despojado. Minha blusa amassada, minhas olheiras, meu cabelo desgrenhado, tudo muito planejado. Só que não. Ah, é, Samantha! Não se esqueça dos óculos escuros gigantes! Toda estrela que se prese usa óculos escuros chamativos quando sai de um voo, mesmo que esteja chovendo!

Ao sair do banheiro, finalmente percebo o que a minha afobação camuflou: está muito frio! Era para estar aqui começando o verão e no Rio, o inverno, porém todos nós sabemos que o frio do Rio não passa de 15 graus. Definitivamente, a minha blusa com manga ¾ de algodão não está dando conta. Puxo da mala o meu melhor casaco de moletom e me enfio ali dentro. Tão quentinho...

Reencontro com uma irmã furiosa por tê-la deixado para trás. O que eu posso fazer? Não é ela quem vai ter que falar com os sete garotos mais perfeitos da Terra. Atravessamos o portão e logo avisto a plaquinha da Big Hit. Quem a segura é uma garota que aparenta ter a mesma idade que eu. Nunca posso ter certeza, porque, como todos sabem, coreanos são seres imortais. Celebridades principalmente.

Ela parece ser alguma espécie de trainee, deduzo por suas roupas casuais, porém arrumadas. Meu Deus! Eu nunca vi um cabelo tão vermelho na minha vida! Espero que ela fale inglês. Ela fala comigo primeiro:

– Oi! Eu sou a representante da Big Hit, Stella. Sou uma trainee de lá. Você é Samantha Campos, do canal BeaTSam, não é?

Surpreendo-me com seu português. Caramba, tem uma coreana falando português fluente na minha frente. Acho que agora eu posso ter certeza de que isso tudo não é real.

– Sim... – tento esconder o meu espanto. - Mas pode me chamar só de Sam. É mais simples. Essa aqui é a minha irmã, Sara.

– E aí? – Sara fala enquanto acena com a cabeça.

– Vamos! – Stella chama. – A van está nos esperando.

A van até que é bem discreta. Cinza, com o logo da Big Hit do lado, não muito chamativo. Ajudo a trainee a botar a bagagem na mala e entro, escolhendo logo a janela da última fileira de acentos. Ela se senta na minha frente e a minha irmã, na outra janela da mesma fileira que eu. E a van dá a partida.

Junto com o vento que sopra da janela, sinto a realidade da situação socar o meu rosto com força, assustando-me de modo bom. Às vezes, é difícil de acreditar que isso não é um sonho. Estou em Seul. Andando nas ruas de Seul. Respirando o ar de Seul. Indo encontrar o BTS. Indo fazer uma colaboração com o BTS. Indo conhecer pessoalmente o BTS. Não quero nunca acordar.

Para afastar o nervosismo, resolvo puxar assunto com a Stella:

– Seu português é muito bom.

– Ah, é que eu já morei no Brasil. Meu pai é brasileiro e a minha mãe filha de coreano, por isso vim para cá quando eu tinha 15 anos. Muito nervosa para ver os garotos?

– Está tão óbvio assim?

– Um pouco. – ela ri. – Calma, eles são tão legais quanto parecem ser. Qualquer coisa, pode perguntar para mim. Eles me pediram para te ajudar enquanto estiver aqui.

– Valeu.

Passamos rapidamente no hotel só para deixar as malas (incluindo a minha irmã). Agora, esse caminho que estamos seguindo até a Big Hit é, ao mesmo tempo, longo e curto. Minha cabeça grita alegre em ansiedade, mas meu coração responde com batimentos acelerados que ameaçam me impedir de vê-los.

Ai meu Deus, o que eu faço? Chegamos na sede da Big Hit. Saio da van. Como é que se anda mesmo? Acho que esqueci.

Os corredores tão logos formam labirintos na minha mente. Concentre-se, Samantha. Sem fangirlizar, ou você vai ferrar tudo. Seja profissional. Stella abre a porta e me espera passar para fechá-la.

Sete pares de olhos viram-se na minha direção.

Respirar? Alguma vez eu soube fazer isso?

Jungkook, V, Jimin, Rap Monter, J-Hope, Suga, Jin. Todos em pé na minha frente me observando. Meu cérebro demora um pouco para funcionar. Stella percebe e me ajuda:

– Essa é a Samantha do BeaTSam. Ela é brasileira, acabou de chegar do Rio.

– Prazer em te conhecer – dizem em uníssono.

Todos se curvam ligeiramente. Entro em desespero. O que eu faço? Eu tenho que fazer o mesmo? E se eu fizer errado sem querer, vai ser desrespeitoso? Viro minha cabeça com urgência para Stella, mas ela apenas ri baixinho. Socorro! S.O.S! Mayday!

– Ah, não precisa fazer nada. – Rap Monster sorri. – Você é nossa convidada, não precisa se preocupar.

Bang Sihyuk PD entra na sala junto com uma tradutora. Percebo que, nesse momento, apenas Rap Monster e Jin estão prestando atenção na conversa. Todos os outros começam as digitar rapidamente alguma coisa no celular e fazerem perguntas entre eles. Quer dizer, quase todos. De vez em quando, o olhar do Jungkook se desvia para algum ponto longínquo atrás de mim.

– Olá! – Bang Sihyuk começa a falar. – Que bom que pôde vir! Você leu todos os termos não é?

Os barulhos de dedos teclando algo no celular cessam.

– Sim.

– Que ótimo! Você vai ficar aqui por volta de um mês. A melodia da música já está pronta, mas eu queria que você escrevesse a letra da sua parte. Acho que seria bom ter o lado das A.R.M.Y.’s na música de aniversário. É claro que se ficar difícil demais, pode pedir para outra pessoa fazer isso, é só uma ideia. Para isso, acho que seria bom você se reunir algumas vezes com o Suga, o Rap Monster e os outros compositores para a letra ficar coerente. É só ficar aqui por perto que vocês vão arrumar algum tempo para se encontrar.

– Ok.

– Também acho que seria bom se você gravasse alguns vlogs do seu canal aqui na Coreia. Claro, sem dar pistas do que estamos planejando. Pense em algo divertido. Agora, me desculpe, mas eu tenho que resolver mais algumas coisas. Seja bem-vinda.


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