Invisíveis como Borboletas Azuis escrita por BeaTSam, tehkookiehosh


Capítulo 29
Verso 28: 95 Graduation




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Jungkook P.O.V.

Já faz mais de um dia que a Stella entrou no avião para o Brasil. Não tem viagem direta para lá, então os primeiros voos já passaram. Agora ela deve estar no mais longo, que dura quase um dia, espero.

Jungkook: Como foi a viagem?

Jungkook: Está tudo bem?

Jungkook: Já chegou?

Jungkook: Aconteceu alguma coisa?

Jungkook: Qualquer coisa, pode falar comigo. Eu vou sempre te apoiar.

Essas mesmas mensagens estampam o meu chat há horas. Sim, eu fui muito apressado. Quando as enviei, era impossível que ela já tivesse aterrissado, mas agora... Agora, quero acreditar que ela ainda está no avião, onde ninguém pode machucá-la.

Eu sei que ela não está, já se passou muito tempo.

Não, não. Ela está lá, o voo só deve ter atrasado um pouco. Talvez até tenha desembarcado, mas não achou internet para me responder. É bem provável.

Merda nenhuma. Isso é tudo mentira. Meu coração berra que ela já chegou lá. Com certeza, sem dúvida nenhuma. Já encontrou a família e está agora num canto chorando, alheia a tudo. Isso porque eu sou um babaca que viaja enquanto ela está passando pelo momento mais difícil de sua vida. Eu deveria estar lá do lado dela. Ao menos vendo-a partir, ao menos vendo-a chegar.

No entanto, estou aqui. Será que ela pensa que eu prefiro o trabalho a ela? Sou um lixo. Por que eu ainda estou aqui? Deveria arrumar alguma desculpa e sair daqui o mais rápido possível.

Desistir disso tudo? Não dá. Tenho que ficar aqui com o Bangtan, estou preso aqui. Não tenho a coragem de deixar tudo para trás. Ela precisa da minha ajuda, mas tudo o que posso fazer é mandar essas mensagens que talvez serão visualizadas. Não mereço seu amor. Não mereço nem dizer que a amo.

— Jeon Jungkookie! – Jimin me chama. – Não acha que deveria desligar um pouco esse celular? Isso não vai fazer com que ela responda mais rápido. Tente se distrair com outras coisas, você esteve assim o dia todo.

— Me deixa em paz. Eu faço o que eu quiser.

Não estou com a menor paciência para esse tipo de comentário. E se ela estiver precisando de ajuda? Se eu demorar mesmo que um segundo para responder já vai ser muito.

Droga, nem sei mais o que estou fazendo! Eu não queria ser assim com o Jimin, essas palavras me dão um gosto ruim na boca. Ao mesmo tempo, sinto uma raiva dentro de mim. Ele sabe que não estou bem e ainda vem com esse tipo de comentário!

Escolhas são muito difíceis. Esforcei-me bastante para chegar até aqui, mas será que vale a pena se a Stella agoniza longe de mim? Estou cansado disso tudo! Só quero uma vida normal!

Ir para a escola sem ter um bando de flashes me atordoando, ter um restaurante no futuro, poder namorar abertamente com quem eu quisesse, ter dois filhos, um restaurante onde eu pudesse cantar para quem eu amo aos sábados. Por que eu não posso ter uma vida normal? Por que não posso passar a vida ao lado de quem amo?

Por que não posso voltar atrás?

Cansei! Não aguento mais isso! Qual é a graça de viver assim?! Se é que isso pode ser chamado viver!

A porta está ao lado do lugar da cama onde estou sentado. Se estendo o braço, consigo encostar na maçaneta. Mas por que está tão longe? Milhares e milhares quilômetros...

Tão longe que nem consigo ver.

ALGUÉM! QUAL QUER UM! POR FAVOR, ME AJUDE!

Eu não aguento mais. Não aguento mais, não aguento mais. Não aguento, não aguento mais. Por favor, eu não aguento mais. Não aguento mais. Não, não aguento mais. Não aguento mais. Nem mais um pouco, eu não aguento mais.

Eu só quero ser feliz! Estou cansado. Fisicamente, psicologicamente.

As pessoas da minha idade só querem aproveitar seu último ano de colégio, mas eu não tenho esse privilégio. Minhas memórias da adolescência serão de quartos de hotéis, casas cheias e muito cansaço.

Esse era o meu sonho, não era? Nem um pouco melhor que um pesadelo.

Que tipo de criança tola sonha com isso? Não deveriam deixar um idiota como eu fazer escolhas tão cedo assim.

— Jungkook! Jungkook! – Hoseok-hyung berra o meu nome, mesmo que todos estejamos na mesma merda de quarto do hotel.

— O que é? – Rosno.

— Parece que um avião caiu no oceano. Ao que parece, era de Roma para o Rio de Janeiro, não era esse o trajeto da Stella?

— Hã?

Não é possível.

Stella, eu...

Não quero acreditar.

Eu... Me arrependo.

Muito.

De tudo.

Levanto-me da cadeira e viro meu rosto imediatamente na direção do hyung, encontrando seu riso.

Era mentira.

Respira... conte até dez...

Era mentira.

Era mentira.

Era mentira.

— Que brincadeira de merda! – Esbravejo. – Não teve a menor graça. Nem a mínima. Gostaria que eu fizesse o mesmo com você? Vai se fuder! Isso não foi nem um pouco engraçado. Já estou por aqui com essas brincadeirinhas idiotas! Me deixa no meu canto e vai tomar conta da sua vida! Quer saber? Isso só contribui com a minha decisão! Vocês ainda verão o dia que eu sairei por aquela porta!

— Jeon Jungkook! – Namjoon-hyung me adverte tão alto que acorda o Yoongi-hyung.

Nem ligo. Apenas sento de novo, fazendo birra. Isso passou dos limites. Minhas palavras perfuraram fundo o peito de cada um deles, já que ninguém se atreve a falar. Bem feito, é culpa deles também, mesmo que não seja.

Agora o J-Hope vai ficar de mal humor o resto do dia, pelo o que eu conheço. Que se foda. Não suporto mais essas brincadeiras. Quem ele pensa que é para ficar me tratando assim? Ele não aguenta quando os outros se irritam. Sendo assim, não deveria fazer essas “brincadeiras”. Falou o que quis, agora vai ter que escutar.

Pelo menos, isso serviu de alguma coisa. Se antes eu tinha dúvida, agora tenho certeza. E se a Stella tivesse realmente morrido? Nada disso valeria a pena. Nam a fama, nem as entrevistas, nem os shows. Se não estou com as pessoas que amo quando elas precisam, a vida não vale a pena.

Deveria ver com advogados como sair da empresa assim que voltasse para Coreia? Ou é melhor começar aqui mesmo?

Não... A Stella está na empresa. Não posso fugir assim só porque está difícil. E quando ela estiver no meu lugar, famosa e fazendo sucesso? Preciso estar ao seu lado. Não vou abandoná-la aos lobos famintos, mas primeiro, eu tenho que sobreviver a eles.

Ela precisa de mim.

Não devo conhecer o Hoseok direito, já que só se passaram alguns minutos e ele já gargalha animadamente com o Jimin, até me assusta. Odeio a risada dele, é irritante demais para os meus ouvidos. Será que ele não tem bom senso? Ninguém aqui quer rir num momento desses. Um membro ameaça sair do grupo e você reage assim? Eu deveria sair mesmo. Ou tentar carreira solo, sei que sou bom o suficiente para isso.

 A raiva queima dentro de mim. Pensei que eles me apreciassem como membro, pelo menos eles que passaram tantas madrugadas treinando comigo. Estava completamente enganado, eles não se importam comigo.

Nem.

Um.

Pouquinho.

Estou sozinho. Mesmo os que eu julgava meus amigos mais próximos não se incomodam. Queria tanto, mas tanto que pelo menos ressentissem o que fizeram... Nem isso. Um berro seria melhor do que essas gargalhadas. Porque sei que não estão fazendo isso para me irritar, os risos não são direcionados a mim. Eles simplesmente... não... ligam.

Tento entender do que riem tanto. Parece que é algum vídeo de música que eles estão vendo no celular, mas não dá para ouvir direito daqui. Que se foda. Não precisam de mim para se divertir.

Para afastar-me disso tudo, coloco meus fones de ouvido no volume máximo, mas o celular toca. STELLA!

Não, é só o Taehyung-hyung me mandando mensagem mesmo.

Taehyung: Peça desculpas para o Hoseok. O que ele fez foi errado, mas você sabe que exagerou também.

Reviro os olhos. Não é possível! Até ele! Achava que ele seria o único a ficar meu lado, no entanto não há ninguém. Só há essa criança assustada num mundo de adultos

Taehyung: Sei que está preocupado com a Stella. Mas não acha que ela ficaria preocupada também se saíssem notícia de que você está brigado? Todo mundo já está cansado demais. Uma discussão dessas não vai levar a nada. Não fique pensando em sair do grupo. Estou aqui por você. Vou te apoiar qualquer que seja a sua decisão, só não diga coisas assim de maneira tão precipitada.

Ele sorri para mim do outro lado do quarto. Está certo, não é assim que vou resolver as coisas. Afinal, tenho que continuar na empresa pela Stella, não a dexarei sozinha. Aproximo-me devagar deles e peço desculpas, meio à contragosto.

— Ok – recebo uma resposta igualmente seca.

— O que vocês estão vendo? – Taehyung surge para me ajudar.

— Ah! As noonas do staff me mandaram esse vídeo. – Jimin abre um sorriso largo. – Olha só! É a Sam cantando em francês! E tocando teclado! – Ele aperta o play para me mostrar. – Até agora, eu nunca tinha ouvido a Sam cantar. A voz dela é tão linda! É aveludada, mas os agudos são tão perfeitos! É como se ressoasse em mim, não com agudos perfurantes, mas com graves cheios. É tão diferente! Nem sei como descrever direito... Olha só essa interpretação! Até fiquei arrepiado! E ela só tem 16 anos! É inexplicável! Eu poderia ficar um dia inteiro só a escutando cantar e não me cansaria de ouvir.

Não quero assistir o vídeo. Não, eu só quero esperar uma nova mensagem, qualquer coisa que acalmasse o meu coração.  No entanto, sinto que, se sair daqui agora, tudo só vai piorar. Não estou afim de suportar um Hoseok ainda mais mal-humorado durante o resto da viagem.

Não vou conseguir sair dessa prisão de qualquer maneira...

— Jimin, você está falando tanto que eu não consigo ouvir a música. – Taehyung reclama.

— Foi mal – ele cora, percebendo o quanto disse.

Observando com mais atenção o vídeo, quem está ao lado dela é a Stella. Com certeza, eu nunca confundiria aquele cabelo vermelho. Ela precisa de ajuda, está tão cabisbaixa... Enquanto isso, eu... Eu sou um inútil, pensando apenas nos meus problemas.

— O que mais me surpreende é ouvi-la cantando em francês – confessa Hoseok. – Eu já tinha a ouvido cantando, mas francês! Quantas línguas essa garota sabe?

Sam?! Será que nenhum de vocês percebe que a Stella não está bem? Quão cegos vocês podem ser?! Só tenho que esperar uma deixa para voltar para o meu canto... Estou sufocando só de estar aqui.

— Ah, é uma música em francês? – Namjoon hyung pergunta, tirando um de seus fones de ouvido. – Você pode me passar esse vídeo, Jimin? É que eu estou acompanhando o twitter da Sam para ver as recomendações de música, que são muito boas. Há alguns dias atrás, ela recomendou uma música francesa, deve ser a mesma.

Mais por tédio que por interesse, saco o celular do bolso e checo o twitter dela. Acho a tal recomendação de música:

“A música da vez é Papaoutai, do Stromae.

Stromae é um cantor belga cujo pai era ruandês. Ele começou como rapper, mas foi a música house que o encantou, criando assim, um som único. Eu, particularmente, o acho um gênio da música. Ao mesmo tempo que ele é pop, ele tem uma profundidade ímpar nas músicas. Sua expressão artística é algo surreal.

A música Papaoutai foi escrita para o pai, o qual viu apenas vinte vezes em toda a vida. O pai de Stromae morreu no Genocídio de Ruanda, mas a música fala apenas sobre a irresponsabilidade do pai em não estar presente na vida do filho.

Recomendo hoje essa música não só para vocês, mas para uma amiga minha que, infelizmente, compreende todo o significado dessa letra.”

Ela sabe! Ela com certeza sabe sobre a família da Stella. Minha primeira reação é enviar uma mensagem para a Sam, confirmando o que eu já tinha certeza. Talvez ela possa me ajudar a ajudar a Stella. Pelo menos isso eu posso fazer agora.

— O que vocês estão fazendo? – Jin hyung se aproxima.

— Nós só estamos vendo o canal da Sam. – Hoseok hyung explica. – Qual música nós vemos primeiro? Danger? I Need U? Run?

— Coloca Butterfly na versão em inglês! – Jin sugere.

— Não, não! Olha ali! Tem um show gravado! Vamos ver! – Jimin grita, mesmo que todos nós estejamos perto o suficiente para ouvir um sussurro...

J-Hope acaba ouvindo Jimin (também, gritando desse jeito, quem não ouviria?). Não estou muito no clima para isso, mas resolvo dar uma chance para a apresentação. Afinal, ela me ajudou aquele dia no basquete. Ela não é culpada pelo que está acontecendo comigo.

O lugar é meio humilde, não parece ser uma casa de show. Deve ser alguma convenção. As luzes não são boas, a qualidade do som não é das melhores, o isolamento acústico nem existe... No entanto, a confiança dela faz com que tudo pareça da melhor qualidade. A Sam tem uma boa presença de palco: mesmo que ela não dance, o público está bem animado. Tenho que admitir: a Sam tem carisma. A música não é lá da mais famosas, Hold me Tight, mas todos cantam usando seus celulares para iluminar. É simples, porém deve ser um palco aconchegante.

Detesto dizer, mas concordo com o Jimin, gosto bastante da voz dela, por mais que eu prefira vozes mais brilhantes como a da Stella. É uma versão acústica, só com o piano de fundo. É uma interpretação diferente. Enquanto a nossa versão é mais desesperada, a dela é mais triste. É bom de se escutar, acho que faria o mesmo que todo mundo se estivesse na plateia.

Essa atmosfera, esse palco... Todos cantam como um só. Para ir até o Brasil, é disso que tenho que desistir. Eu estaria pronto para largar isso tudo pela Stella? Mesmo todos esses gritos me tentando a ficar.

Toda essa felicidade...

— A Sam é muito mais nova que eu, mas não consigo nem me comparar a ela na técnica vocal. – Jin comenta.

— Jin-hyung! Não fique falando essas coisas! – Jimin adverte.

— Só estava falando a verdade, todo mundo aqui sabe disso.

Não adianta contrariar. O hyung não tem a menor confiança no próprio canto e não vou gastar o meu tempo dizendo o contrário. Ele já tem fãs demais lhe elogiando, não precisa que eu faça o mesmo. Então, todos ficamos em silêncio, rezando para que o vento leve esse comentário embora. Depois da briga, ninguém mais está com humor para ouvir discursinho autodepreciativo.

De repente, surge algo de diferente no vídeo. Ela se abaixa, aproximando-se da plateia, cuja gritaria afasta a imagem serena de alguns segundos atrás. O alvoroço é tanto que mal dá para entender o que está acontecendo. Tudo o que percebo é a mudança de voz, ouço agora a voz esganiçada de alguma pré-adolescente. O vídeo acaba por aqui.

— Ei, Jimin! – Hoseok reclama.

Contudo, nem adianta, foi muito rápido. Debruçando-se sobre todos nós, ele clicou num outro vídeo, aparentemente a mesma apresentação.

Esse começa onde o outro terminou. Mas está tão perto que dá para ver cada detalhe do seu rosto. Para a minha surpresa, consigo identificar um batom acobreado de maquiagem, cada marquinha do seu rosto ali exposta para quem quisesse ver.

Não demora muito para ela voltar a cantar. Mesmo estando tão perto de todo mundo, ela não perdeu o sentimento que tinha no começo da música. É assustador: várias mãos estão sobre seus braços, joelhos, pés. A multidão quer engoli-la. No entanto, nada muda em sua expressão, pelo contrário, ela parece estar ainda mais confiante. E é nessa confusão toda em que a nota mais aguda da música é executada perfeitamente.

Uau. A energia do palco, a energia da plateia, a energia da própria Sam é algo surreal. O show pega fogo! Isso traz uma certa nostalgia... Quero me apresentar num palco desses também, sem ter medo do público. Essa é a verdadeira essência de ser cantor, todo esse ardor que a música traz.

Eu amo isso.

No entanto, sei que esse é um palco que só se pode ter no Brasil. Saudades de lá. As fãs têm uma aura diferente lá, nem sei explicar. Só sei que meu coração aguarda ansiosamente reencontrar esse palco.

Engraçado, como um lugar que traz memorias tão boas para mim pode trazer memórias tão ruins para a Stella?

Antes mesmo que eu comece a elucubrar novamente, Taehyung interrompe todos com uma pergunta inesperada:

— O que vocês acham da Sam?

Está aí uma coisa que nunca parei para pensar. Não conversei muito com ela já que estive muito ocupado esses dias, então não posso falar muita coisa, mas ela me ajudou naquele dia do basquete. Até hoje, não consegui me desculpar apropriadamente por aquilo, ela acabou se machucando por minha culpa. No entanto, foi por causa daquilo que... Ah, é! Foi naquele dia... Foi quando tudo começou. O único alívio que tive durante todas essas semanas. Só de lembrar, já sinto meu rosto corar.

Agora já não sei se deveria agradecer ou me desculpar! Ou os dois! De qualquer maneira, ela foi bem legal comigo. Sem falar que admiro muito a maneira que ela encara a música, às vezes duvido se sou tão apaixonado pelo que faço assim. Acho que é isso o que penso.

— Ela é bem divertida. É alguém que eu gosto de ter por perto – Hoseok é o primeiro a falar. – Fico muito feliz por ela gostar tanto da gente. As coisas que ela fala fazem com que eu sinta que sou especial. Tipo, “ah, eu sou muito especial para alguém, ao ponto dela se importar comigo desse jeito”. Esse pensamento me vem à cabeça de vez em quando. Eu só queria poder retribuir um pouco desse carinho todo.

— Ela é como um bichinho de estimação. – Jin afirma, meio avoado.

Todo mundo para o que está fazendo e ri esperando a explicação do hyung sobre essa afirmação. Acho que o hyung deveria pensar mais no que ele fala... Algumas frases são meio esquisitas ou pegam mal. Nesse caso, os dois.

— Bichinho de estimação? Como assim? – Até o Taehyung estranhou.

— Ah! Não me olhem desse jeito! – Ele se envergonha. – Já vou explicar o que eu quis dizer com isso, então não me olhem como se eu fosse um esquisitão!

“Mas você é...”. O silêncio fala mais que mil palavras.

— O que eu queria dizer era: a Sam é fofinha com aqueles olhos brilhantes e sempre quer ajudar os outros. Mas ela não cuida de si mesma, se você não lembrá-la de comer, ela não come, tipo um bichinho de estimação.

Jin hyung, você continua esquisito por pensar numa comparação tão absurda.

— Querem ver? Coloquem em qualquer um desses vídeos dela para eu confirmar uma coisa.

J-Hope clica no cover de Tomorrow. Não consigo ver nada demais, porém o Jin hyung encara a tela do celular como se tivesse resolvido um dos mistérios dos livros de Sherlock Homes.

— Olha só! Ela está cheia de band-aids! No vídeo do show também!

— É, ela deve ser desastrada – concluo.

— Na verdade, não. Acho que deve ser algo a mais. A frequência que esses machucados aparecem não é normal. Ela não faz coreografia nenhuma. Quais seriam os movivos para eles surgirem? – Jin se preocupa.

Pensando bem, daquela vez ela se machucou por minha culpa. Será que todos esses band-aids são por ajudar os outros? Se estou certo, o Jin hyung tem razão para se preocupar.

— Essa visão é diferente da minha – Namjoon hyung discorda, do outro lado do quarto.

Estranho... O Namjoon não costuma entrar nesse tipo de discussão, deve achar isso fútil.

— A Sam lembra a mim mesmo quando mais novo – ele continua. – As minhas preocupações, as minhas esperanças, os meus sonhos, o meu amor pela música. É tudo tão parecido... Sinto como se tivesse que ajudar, assim como tiveram pessoas que me apoiaram para eu chegar onde estou. Se depender de mim, ela vai realizar os seus sonhos e inspirar outras pessoas.

— A Sam é super legal! – Jimin surge do nada. – Ela fala umas coisas que por mais que todo mundo fale isso para mim, as palavras dela têm um peso diferente. Deve ser porque ela acredita no que diz, não é apenas um discurso decorado. Também têm as coisas que ela fala do Brasil, é tão engraçado! E ela se preocupa com todo mundo, isso é bem maneiro.

— Você gosta dela, por acaso? – Implico.

— Eu... eu... eu... – inesperadamente, ele começa a gaguejar e corar violentamente. – Eu... Não.

Entre nós, não havia segredos. Estamos há tanto tempo juntos que sinto que os membros são como irmãos – daqueles bem chatos, que você não suporta. Não apenas eu, mas todos perceberam o que o Jimin (não) quis dizer com isso. Ele provavelmente já pensou na hipótese, mas não tem certeza. Ou talvez tenha medo de falar isso na frente dos outros membros e mais alguém gostar dela. Ele é tão fácil de ler...

No entanto, o que mais me surpreendeu não foi a sua reação, foi a reação dos outros membros. Já estava preparando duas ou três piadas maldosas para me vingar, mas tudo ficou tão quieto. Pensei que fossem zoar, como fizeram comigo, porém, tirando umas risadinhas aqui e ali, tudo ficou quieto.

— O que eu acho – Taehyung pigarreia, irritado – é que nós mal a conhecemos. Faz sentido pensarmos todas essas coisas de alguém que conhecemos há poucos dias? Não sei vocês, mas acho isso um pouco estranho. Não consigo me sentir confortável com alguém assim. Ainda não sabemos que tipo de pessoa ela é! Vai que ela só quer vazar informações pessoais nossas? A nossa única obrigação é trabalhar com ela durante um mês, nada mais. Só falo isso porque me preocupo com vocês e com o Bangtan. Não quero que tudo vá por água abaixo desse jeito.

Entendo a preocupação do Taehyung. Também estranho um pouco isso, mas não consigo vê-la como alguém má. Espero estar certo.

O comentário só fez perdurar o silêncio no quarto de hotel. Finalmente consegui a deixa para voltar para o meu canto, mas, por algum motivo, preferia que não tivesse sido dessa maneira.


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Notas finais do capítulo

Desculpe por demorar a responder os comentários ultimamente. Estou ficando bastante ocupada e estou focando meu tempo livre em escrever novos capítulos. Desculpe por isso. Mesmo assim eu continuo lendo todos os comentários! Eles me ajudam demais e inspiram novos capítulos! Obrigada mesmo!



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