Invisíveis como Borboletas Azuis escrita por BeaTSam, tehkookiehosh


Capítulo 23
Verso 22: Trouble




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Stella's POV

 

Nos afastamos do fliperama após Chae sugerir irmos ao cinema 4D de terror que o Suga havia comentando sobre mais cedo. J-Hope parece não ter ligado os pontos, acho que ele não se tocou que o cinema 4D é o mesmo cinema de terror que o Suga falou antes, porém a Sam parece desconfiar de algo. Bom, isso de qualquer maneira, isso não é um problema meu, dou de ombros e continuo seguindo os meus amigos.

Chae e Jazzie conversam entre si, Yoongi, Jin e Namjoon também, porém aparentam seriedade, diferente das minhas amigas. J-Hope, Sam e Jimin riem de algo, de canto de olho percebo Yoongi olhar para a garota, mas logo desvia o olhar. JungKook tenta capturar a atenção de Tae, mas o mesmo parece trancafiado em seu próprio mundo, me identifico com ele por um momento. Visto que meu melhor amigo não consegue atrair a atenção de seu hyung para si, ele vem para cima de mim com piadinhas infames.

— Teh-ah, você parece um pouco pensativa hoje. É porque eu ando rondando os seus pensamentos, não é?! – Eu não vou dizer que não quero responder porque eu quero, quero ser curta e grossa com ele, mas não quero magoá-lo então apenas o ignoro.

JungKook parece ter ficado um tanto desapontado com o fato de ter sido ignorado por mim. Quase fico com pena, mas não estou com cabeça para responder as provocações do garoto agora. Além do mais sempre fui uma péssima atriz, sou horrível tentando esconder as minhas emoções, no final nunca dá certo e acaba parecendo uma careta, então a minha única opção é ignorar tudo.

Meus pensamentos estão sendo arrastados sem dó nem piedade, eles me acertam como uma tempestade de areia num deserto, secos. Eu gostaria de ter o meu caderno de composições comigo, já que ele é a única coisa que tenho para jogar todas as minhas frustrações. Isso está pior que um pesadelo, pior porque não posso acordar. Posso estar sendo idiota por estar sofrendo por algo que nem um grande problema, tenho certeza que se contasse o que eu sinto e o porquê sinto isso para alguém, essa pessoa iria me dizer “existem pessoas com problemas piores que os seus no mundo”, eu estou ciente disso, mas então, por que dói tanto?

Eu nunca pedi por isso, tenho certeza que outras pessoas também não, está aí a nossa semelhança, por que comparar, então? Não quero me martirizar, longe disso, apenas quero que alguém no mundo tenha a capacidade de ouvir sem julgar, comparar. Pois, por mais que a pessoa ache que isso ajuda, na verdade só piora. Queria poder gritar e me trancar num quarto cheio de livros, para nunca ter que encarar a realidade dolorosa que é o mundo.

Pelo menos nos livros você vive num mundo sem dor, sem a humanidade que nos cerca para estragá-lo. Já vi outras pessoas com problemas infinitamente maiores que os meus pensarem dessa forma. O tamanho do problema na verdade não importa, o que importa é como a pessoa se sente. Os meus, engoliram cada gota de sanidade que eu tinha, pois, as únicas pessoas que me restaram para amar foram os meus amigos e o meu avô.

Pode não parecer, mas cada um deles é especial para mim, mesmo que eu seja distante.

Eu me sinto como o César, o imperador de Roma. Não por causa de sua riqueza, nem nada disso, mas simplesmente pelo fato de ele ter sido traído pelo próprio filho. Pela sua família. Pode ser uma comparação absurda, mas na minha cabeça isso faz sentido.

 Sinto uma pessoa me puxar me fazendo despertar de todos esses pensamentos parasitas.

— Stella, você está bem? – Jazzie me pergunta com um olhar preocupado.

— Na medida do possível, sim.

— Eu cansei dessas indiretas! O que está acontecendo com você?! Há uma hora atrás você estava bem, rindo e tudo mais. Agora, você parece um zumbi andando sem rumo com o olhar perdido. O que está havendo?! É algo tão sério que você não pode contar? É algo que vai comprometer outra pessoa? Foi alguma coisa que eu ou Chae fizemos ou dissemos?! – Ela diz com os olhos fixos nos meus, pude ver seus orbes escuros se mexerem levemente, sinal de nervosismo.

— Eu estou bem Jazzie, é sério. Não foi nada com você ou com Chae.

— Eu ainda espero uma resposta clara.

— O motivo para eu ter vindo para a Coreia.

— Hã?!

— É a sua “resposta clara”. O motivo para eu ter me mudado para a Coreia. É a única coisa que eu posso te dizer.

— Está bem, mas já tem quase dois anos que você está aqui. Por que isso ainda é um problema tão grande para você?

— Eu não espero que você entenda isso. Mas, ainda não é o momento certo.

— O momento certo de quê?

— De eu deixar a minha família conhecer a minha vida passada. – Dito isso, sigo andando. Deixando a Jazzie para trás com uma dúvida pairando no ar em que ela respira.

Já estamos na porta do cinema, todos parecem animados, com exceção da Sam, que parece um pouco preocupada com o que pode lhe aguardar num futuro próximo.

Entramos no cinema após comprar os ingressos. Nos sentamos na seguinte ordem: JungKook, eu, Taehyung, Jazzie, Chae, Rap Monster, Jin, Yoongi, Jimin, Sam e J-Hope.

O filme começa e Sam e J-Hope parecem surpresos com o conteúdo do filme, ouço a Jazzie levando sustos ao longo do filme, Chae permanece com um leve sorriso por perceber, Jimin, Sam, J-Hope e Jazzie se assustando tão facilmente, eu normalmente riria.

Quando um fantasma (ou monstro, não sei ao certo porque não estou prestando muita atenção) se aproxima da tela 3D, ouço um grito agudo vindo do outro da fileira de poltronas, alto o suficiente para de me tirar do estado de transe e me forçar a ver o que está acontecendo. É então que percebo: o grito foi do Jimin. Do outro lado, Sam, Jimin e J-Hope, os três estão aninhados entre si, um pior do que o outro. J-Hope está com tanto medo que nem gritar consegue, coitado. As marcas de suas mãos vão ficar marcadas no braço da cadeira, sem dúvidas. Durante o filme, os três se aproximaram sem querer e pulam juntos a cada susto enquanto o Suga finge prestar atenção no filme com um largo sorriso estampado no rosto. Não entendo qual a graça disso tudo.

Apenas permaneço olhando para a tela com um olhar cansado digno de um zumbi. O filme passa, e eu continuo fitando o que está bem em frente a mim, o nada, como se estivesse em um estado profundo de meditação. O que não era mentira, os mesmos pensamentos de mais cedo continuam rondando a minha mente incessantemente. Sabe quando você esgota todas as suas forças não fazendo nada fisicamente, na sua cabeça você não tem mais neurônios para trabalhar? É como sair de uma prova de concurso. Então você se senta e quando alguém te chama você não tem forças para levantar, como se um imã te prendesse ali.

Percebo um ser esguio entrar no meu campo de visão e me sacudir levemente.

— Stella, você precisa sair daí, logo o pessoal da próxima seção vai entrar.

— Eu sei disso. – Respondo o garoto que pouco antes se encontrava ao meu lado. Ele suspira e agacha um pouco no chão para poder ficar mais ou menos do mesmo tamanho que eu, já que permaneço sentada.

— Olha, eu não faço muita ideia do que você está passando, mas eu tenho uns pedaços da história, eu sei que não está sendo fácil para você, mas você pode estar perdendo um dia feliz e divertido ao lado dos seus amigos. Não estou dizendo isso para você parar de se preocupar com os seus problemas, mas tenta esquecer disso por pelo menos algumas horas. Nós vamos passar um tempo fora, e você só vai ter a Sam e as meninas. Eu sei que de todos nós você é mais próxima do JungKook e de mim, mas todos gostam de você. Não os prive da sua companhia. – Então, ele sorri para mim de forma acolhedora. Se levanta e estende uma mão para mim, eu sorrio em agradecimento e pego a mão dele.

No fundo, eu sei que ele está certo. Vou tentar sorrir e esquecer disso, não apenas por mim, mas por eles também. Vou tentar desenterrar a Stella irônica e idiota, já que já foi o tempo da Stella preocupada permanecer em terra.

Logo que nos reaproximamos dos outros, nos deparamos com os três chorões ainda em estado de choque. Sam e Jimin estão mais quietos que o habitual, com seus olhos arregalados. No entanto, J-Hope está todo encolhido com a memória do filme, balançando para frente e para trás e repetindo para si mesmo “é só um filme, isso não é real.... Mesmo que seja muito realista.... E 4D... e... MAMÃE! EU NUNCA MAIS VOU CONSEGUIR DORMIR!”. Pelo menos isso consegue me arrancar uma risada.

— Qual será a próxima atração? – O garoto pergunta como uma forma de anunciar que nós finalmente retornamos para junto ao grupo.

— Montanha-russa. – Jazzie diz com um pouco de hesitação na voz.

— Vamos J-Hope sunbae-nim. Vai ser divertido. – Chae diz para o mais velho que parece sem saber o que responder, quando finalmente abre a boca para responder solta um pequeno espirro.

— Não. – Suga interveem secamente. – O J-Hope tem fobia de alturas, não é algo para se brincar. - Com sua resposta, faz com que um clima tenso se instale na pequena roda.

— Desculpa, Sam – J-Hope se recupera do seu estado anterior ao se dirigir à garota. – O Yoongi está certo. Sou horrível com alturas, chego até a passar mal. Desculpa, mas você vai ter que achar outra pessoa para ir junto com você no carrinho.

— Eu posso ir com você, Sam – Jimin logo se prontifica. – Mas já vou avisando que não sou lá muito corajoso. Talvez eu grite um pouquinhozinho assim ó! – ele junta o polegar e o indicador ao exemplificar o tamanho.

— Tive uma ideia! – Jin anuncia inocentemente com um sorriso no rosto. – Somos sete, não é? Você deve ter um favorito entre nós! Como é que as fãs chamam mesmo...? Acho que é bias....

— Ei! Mas eu já ia com ela! – Jimin reclama.

— Não acha mais justo ela escolher? Ou você não tem confiança em si próprio? – Tae provoca.

Jimin escuta o seu amigo, mas faz bico num protesto silencioso. Aos poucos, os sete começam a fazer aegyo e se aproximar. Até mesmo o Jungkook! Não que eu esteja com ciúmes ou algo assim. E alguém por favor avisa pro Rap Monster parar que tá feio? Isso não é aegyo, é assustador! Não é mais o lugar do carro que está em jogo, eles perecem tratar a posição de ser bias de uma fã algo como um prêmio para ser esfregado na cara dos outros. Em compensação a Sam parece só querer sair dali o mais rápido possível e andar na montanha-russa.

— Erm... hã... Suga! – ela diz, tentando se livrar da bomba em seu colo.

— VIU, PESSOAL? Eu disse que era o melhor! Beijem o chão porque o grande gênio-syub está passando – ele se vangloria em alto e bom som. – Espero que você não tenha medo disso! – Ele se dirige à Sam.

— Medo?! Nós vamos no primeiro carrinho! – que retribui rindo na cara dele.

— Combinado! – Ele ri de volta, finalizando com um “toca aqui”.

Então acabou ficando, Sam e Suga, Jazzie e Chae, Jin e Namjoon, JungKook e Jimin e eu e Tae. Eu pedi para ficar com o V dessa vez para evitar contato com o meu melhor amigo. Já que eu não quero que ele descubra sobre a viagem, o que é o motivo de eu estar sendo tão fria com ele ultimamente. O Tae não fez objeção alguma sobre o meu pedido, parecendo entender os meus motivos para isso. Já que ele, o JungKook e as meninas são as únicas pessoas capazes de ler as minhas expressões, também podendo ter uma ideia dos meus pensamentos. Por isso, eu estou evitando contato com o JungKook.

Seguimos para a montanha-russa, J-Hope se estabelece do lado de fora. Pelo primeira vez sinto que ele se parece comigo em alguma coisa, já que a primeira coisa que faz quando nos afastamos é se perder em seus próprios pensamentos. Parece que a sua habitual animação se esvaiu sem deixar resquícios.

Entramos nos carrinhos, Suga e Sam ficando na minha frente e na de V. Ambos vibram de animação. Por mais que eu saiba que o Yoongi adore montanhas-russas, ainda estranho ele demonstrar isso tão nitidamente. Sorrio para mim mesma, porém sou despertada desses pensamentos por causa de certa pessoa que se encontra meu lado.

— Só não vá vomitar, hein. – Ele diz sorrindo brincalhão.

— Eu não sou tão fraca quanto você pensa. E é mais capaz de você vomitar do que eu. – Respondo a provocação dele.

— Isso é uma aposta?

— Na verdade, não. É apenas o futuro.

— Virou vidente?

— Não, mas eu sei que você em alguns minutos vai estar gritando que nem uma menininha.

— Você quer dizer que nem o Jimin?

— Você pode usar isso como referência. – Sorrio, fazendo ele gargalhar.

Finalmente o brinquedo sai em disparada, ponho meus braços para cima e o garoto ao meu lado grita de animação. Sorrio com imagem infantil dele. Passaram-se mais alguns minutos e finalmente voltamos ao ponto de partida. Sinto que meu cabelo não está em seu melhor estado.

— Eu fiquei com medo por vocês quando vi vocês sairem daqui voando. Ainda bem que eu não fui. – J-Hope mente quando voltamos para perto dele. O tempo inteiro ele ficou com a cara grudada no celular, nem deve ter nos visto.

— Fique tranquilo, porque graças à Zeus ninguém morreu. – Brinco, mas ele não parece dar muita atenção.

— Teh-ah, seu cabelo está um pouco armado. – Chae diz segurando o riso.

— Que bosta! – Exclamo alisando o meu cabelo para ver se ele desarma. As pessoas idiotas que eu chamo de amigos começam a rir e eu dou língua para eles como uma criança. Mas logo paro a birra e começo a rir com eles. Eu definitivamente preciso passar a ignorar meus pensamentos negativos quando estiver junto com as pessoas que eu gosto.

— Para onde vamos agora? – Jazzie pergunta.

— Eu estou com fome. – Jin diz colocando a mão na barriga.

— Eu também. – Jazzie concorda.

— Novidade. – Respondo revirando os olhos, ela me dá língua.

— Tem uma lanchonete aqui dentro do parque. – Rap Monster diz.

— A gente pode ir para lá. – Jin diz concordando.

Os esfomeados correm na frente, mas prefiro seguir meu próprio passo. Um por um, eles vão me passando. Restam-me poucas horas, poucas oportunidades. Amanhã eles viajam bem cedo, nem vou encontrá-los. Se for para contar sobre a viagem, tem que ser agora. Mas por que tem uma vozinha na minha cabeça que insiste em dizer que essa não é a escolha certa. É verdade, não quero preocupar o Biscoito antes de uma viagem longa dessas. Parece que nem me esforçando consigo ficar animada hoje.

Ao contrário do que eu imaginava, ainda tem pessoas mais lerdas que eu. Um pouco atrás, está a Sam com seus olhos vidrados no celular e bem, bem ao longe, J-Hope e Jimin conversam sobre algo que a distância não me permite escutar.

— O que tem de tão interessante nesse celular? – Tento puxar assunto com a brasileira.

— Ah... – a resposta monossilábica não me satisfaz, mas logo percebo que tem algo de importante no aparelho pela urgência que ela movimenta os dedos. Poucos segundos se passam e ela para no caminho, completamente desolada. – O que houve? – pergunto preocupada.

Ela vira a tela do telefone e diz, pálida como se estivesse vendo um filme de terror:

— “#JHopeForaDoBTS” está nos Trend Topics mundiais.


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