Invisíveis como Borboletas Azuis escrita por BeaTSam, tehkookiehosh


Capítulo 16
Verso 15: Satoori Rap


Notas iniciais do capítulo

Oi! Nós estamos preparando uma surpresa para vocês! Em breve vocês saberão...



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O cheiro do chocolate está insuportavelmente delicioso! Meus cabelos, minhas roupas, em tudo ele está impregnado. Me larga! Meu estômago reclama tão alto que me acorda. Eu dormi por quanto tempo? O que é esse casaco sobre mim? Ou melhor, quem fez isso?

– Acordou? - Jin se aproxima, com a bandeja de brigadeiros em mãos.

Nem dá para controlar: um ronco estrondoso sai da minha barriga.

– Não chegue perto de mim com isso aí. Eu estou com tanta fome que acabaria com a bandeja toda antes mesmo do resto do pessoal chegar.

– Ah, é! – Ele ri. – Você dormiu antes mesmo de eu fazer o sanduíche!

Ah.... Ainda um tanto confusa, olho para o casaco me cobrindo. Não é nada muito quente – é apenas um simples cardigã cinza -, no entanto é tão maleável e aconchegante. É um carinho.

– Sim, fui eu. – Jin responde antes mesmo que eu formule a pergunta. – Você ficava tremendo enquanto dormia, então eu achei que estava com frio. Fiz mal?

– Por que você cuida tão bem de mim? – Atiro minha pergunta nele.

– Hã?

– Não quero parecer grosseira nem nada, mas a gente só se conhece há dois dias. Por que se importa tanto?

– Oh, desculpe se eu te chateei. Não era a minha intenção. É que eu sempre quis ter uma irmã mais nova. Achei que seria divertido. E, além disso, ao ver você resolver os seus problemas e o dos outros sozinha me fez querer ajudar. Ao contrário do que dizem, ser independente não é tão bom assim. Depender dos outros faz parte da vida. É por isso que nascemos em famílias, criamos laços de amizade... Conte com as pessoas ao seu redor. Você vai se sentir muito mais feliz assim – toda seriedade do seu rosto se esvai de um momento para o outro. – Ah, mas é claro que se você não gosta disso, eu paro de te encher.

– Não, não é nada disso. Pensando melhor, eu vou dar uma chance. Eu vou contar com você. Só não se esqueça: “tu te tornarás eternamente responsável por aquilo que cativas”.

– Até Pequeno Príncipe entrou no meio? Você é realmente uma criatura curiosa – sua seriedade volta, contudo, dessa vez, junto a si brinca um leve sorriso em seus lábios. – Ok. Pode contar comigo.

Aceito a mão que ele estica para me ajudar a levantar. Não é uma má ideia depender dos outros. Eu estou tão acostumada em me virar sozinha na escola que nem percebi. Ao que parece, aqui tem pessoas dispostas a serem minhas amigas. Nossa, faz tanto tempo que mal me lembro da última vez que confiei de verdade em alguém. Terminamos de arrumar a mesa bem a tempo da Stella chegar com o resto do Bangtan.

– Tcharam! – Ela aponta para a mesa com movimentos amplos. - Esse foi o lanche brasileiro que eu fiz com o Jin e a Sam! Comam tudo e nem pensem em dizer que não gostaram! Ou eu mato vocês – não sei o que é mais assustador: ela falar isso ou o fato dela falar isso sorrindo.

– Ok, ok! Eu me rendo, Teh. – Jungkook levanta seus braços timidamente em sinal de rendição enquanto atravessa o refeitório, sendo o primeiro a provar os brigadeiros – Uau! Está muito bom! Foi você mesma quem fez isso?

– Bem... na verdade não. O Jin e a Sam que fizeram esse, eu fiz o pavê.

– Ah, tá! Então está explicado porque está bom!

– Ei! – Ela soca seu ombro de leve, ao soar das risadas dos dois.

O humor do Jungkook melhorou bastante desde o jogo de basquete! Parece que eu fiz a escolha certa! Jungkook e Stella, eu shippo! Qual seria o melhor nome para esse casal? JungTella? KookieTeh? Se bem que a Stella parece ser o ativo da relação...

– Sam! – grita uma voz alegre.

Viro-me para o outro lado da mesa e meus olhos encontram o Hobie.

– Isso é delicioso! Como é mesmo o nome disso?

– Brigadeiro.

Burigadéro? – Chimchim se junta a conversa e os dois tentam pronunciar a palavra de todas as maneiras possível, menos a certa, é claro.

Não dá para segurar a risada! O sotaque deles é muito puxado! Busco a Stella para ver sua reação, mas os dois pombinhos estão presos no próprio mundo. De repente, sinto meu bolso vibrar. Na tela do celular, leio: Mãe. Ih! Fudeu! Eu esqueci de ligar para ela assim que eu cheguei aqui! Ela vai me matar! Ou melhor, matar, esfolar, enterrar, ressuscitar, matar de novo e por aí vai! Eu estou ferrada!

Olho para o Jimin e o J-Hope como que pede permissão para atender, afinal de contas, seria muita falta de educação atender assim no meio do jantar. Hobie somente acena como quem diz “vá em frente”, e é o que eu faço.

– Alô, mã-

– Quem você pensa que é?! Eu te criei para me deixar preocupada assim? Eu estava aqui morrendo de medo de você ter sido vendida como escrava, ou de terem vendido seus órgãos no mercado negro! Isso realmente acontece, é só olhar os jornais, sua desmiolada! Como você pôde fazer isso com a sua própria mãe?! Eu te botei no mundo, te criei, te dei educação para você nem mesmo ligar para mim quando chega do outro lado do mundo?! Que filha ingrata eu tenho!

– Me desculpa, mãe.

– Você tem que pedir desculpa mesmo! Uma semana sem celular para você!

– Mas, mãe, eu estou do outro lado do mundo.

– Ah, é. – ela ri aliviada. – Está frio aí? Vista os casacos que eu coloquei na sua mala!

Ela pôs quase todo o meu guarda roupa na mala! Tem roupa para: inverno, verão, chuva, nevasca, furacão, tsunami...

– Está comendo tudo direitinho? Eu sei que você não sabe comer com aqueles pauzinhos, mas é melhor que você não pule por isso! Como você está fazendo?

– Tem uma cozinha aqui na empresa e no hotel, eu estou me virando.

– Eu espero! Sua irmã está cuidando direitinho de você?

– Sim, ela está cuidando de mim o tempo todo – minto.

– O que tem eu? – Jimin pergunta um pouco alto demais, genuinamente curioso.

Não dá! Eu acabo ignorando o que a minha mãe diz e começo a gargalhar alto. A minha barriga está doendo de tanto rir! Ou será de fome? Não importa! Kkkkkkkkkkk

Todos ao redor da mesa me olham como se eu fosse maluca, sendo que o Jimin está tão perdido na situação que está ficando vermelho.

– Eu... – não dá, a cada vez que eu tento falar a risada volta. – ... não disse Jimin, o seu nome... – e mais uma pausa para risada. – Eu disse de mim, aquela expressão do português! Foi mal...

Meu pedido de desculpas não tem o mínimo de credibilidade, já que eu continuo a gargalhar alto. Ainda bem que é o Jimin. Ele começou com um risinho singelo, mas acabou rindo alto comigo, contagiando todo mundo.

– Sam? Sam? O que aconteceu? – a voz da minha mãe no meu ouvido volta.

– Nada demais, mãe, nada demais.

– Tá... Mudando de assunto, como é o gostosão do Rap Monster na vida real?

– Manhê...

Oops, eu esqueci de falar um pequeno detalhe: minha mãe é A.R.M.Y.

– Qual é? Tira umas fotos dele para mim também!

– Manhê!

– Imagina só, eu, a sogra do Rap Monster, aquele lindo! O Jin também serve! Só não vou falar do meu Hobie Hobie porque aquele garoto tem o maior jeito de quem joga para o outro time! Não adianta nem sonhar... Pede para ele mandar um beijo para mim!

– MANHÊ! Você está me envergonhando!

– Ah, deixa disso! É tudo brincadeira (mais ou menos)! Tudo bem, eu já entendi. Não vou tomar mais seu tempo com os garotos. Se cuide direitinho e ligue para mim de vez em quando, ouviu?

– Ok, mãe...

– Mamãe te ama muito, viu?

– Eu também te amo muito, mãe. Tchau.

Mesmo após eu desligar o celular, o pessoal ainda está se recuperando da crise de risos. Aproveito que os esfomeados estão ocupados e vou pegando o máximo de brigadeiros. Finalmente! Que gosto divino! Nem sei mais se o doce está realmente bom ou se é só fome, mas isso nem importa mais. Eu devo ter comido uns 15 brigadeiros quando Jin aparece atrás de mim.

– Não precisa comer com tanta pressa. Eu separei uma travessa só para você.

– Obrigada, Jin! – digo cobrindo a boca, já que eu a enchi de brigadeiro.

– Ah, e tome isso. – ele me entrega um rolo de papel higiênico.

Que. Está. Acontecendo. O que ele quer dizer com isso? Que eu tenho boca suja? Não, isso não faz sentido. WTF?! Que tipo de situação é essa?!

Do outro lado da mesa, eu ouço uma gargalhada solitária em meio às conversas.

– A gente usa isso como guardanapo aqui. – Stella explica.

Meu queixo está no chão. Que choque cultural!

– Calma, não é o mesmo que se usa no banheiro! – Ela ri ainda mais alto (se é que isso é possível). – Alguém tira foto da cara dela, por favor? Eu quero guardar isso para a posteridade!

– Ah! Mil desculpas! – Jin se desespera. - Não foi a minha intenção! Eu tinha esquecido completamente que, no ocidente, eles não fazem isso! Desculpa!

Stella se faz de rir da agonia do pobre Jin. Tento me livrar a minha expressão de completamente pasma surpresa para tentar acalmá-lo:

– Não precisa se desculpar. Como dizem, na Coreia, faça como os coreanos. Obrigada, Jin!

Ele sai meio sem graça, mas acho que resolvi o problema. Logo depois, J-Hope e Jimin me chamam de volta para a conversa:

– E esse aqui? Como se chama?

– Pavê.

– Pabé, pabê... – e lá vão eles tentando de novo... – PaV!

Os dois olham para Taehyung e começa a rir. Trocadilhos com pavê... Pelo menos aqui não vai ter aquele cara chato que sempre faz a piada do “é pavê ou é pá comê?”. Eu confio que a Stella não vá fazer isso... Eu me sinto tão leve sem ter que ouvir a piada mais sem graça de todos os tempos!

– É pavê ou é pá come? – Stella comenta. – Você nem encostou ainda no pavê! Acha que está ruim só porque fui eu que fiz? Não confie nas palavras do Biscoito! Eu cozinho muito bem!

Eu falei cedo demais.

– É sério? Você tinha que fazer logo essa piada?

– Não é todo dia que eu tenho uma chance dessas! – Ela pisca para mim.

Para ela deixar de reclamar, resolvo pegar logo uma fatia do pavê (que por sinal está maravilhoso!) e voltar para os meus brigadeiros.

– Como você consegue comer tanto, Sam? – Chimchim me pergunta.

– Fome.

– Não é isso o que eu quis dizer! Como você consegue comer tanto disso e continuar magra? Isso não faz sentido! O que vocês brasileiros comem geralmente nas refeições?

– Isso muda de pessoa para pessoas, mas é basicamente arroz, feijão, bife e batata frita.

– Não é possível! Você realmente come isso quase toda a refeição?

– Sim, ué.

– Que inveja! Eu queria que o meu metabolismo fosse como o seu! Você pode comer tudo o que quiser sem se preocupar!

– Você também pode. – V diz da outra ponta da mesa. – Claro, não tão exagerado quanto ela, mas você poderia ter comido pelo menos um brigadeiro, Jimin-ie.

– Isso é pura gordura, nem dá para comer. Se eu comer isso, vou ter que ficar um dia inteiro a mais na academia!

– Jimin-ie! Você só vai ter a chance de comer isso uma vez na vida! Você está exagerando demais... Um ou dois não vão te engordar!

– Você só diz isso porque você não é o abs do grupo! Por acaso se você perder o tanquinho as fãs vão parar de gostar de você? Ah, é! Eu tinha me esquecido! Nem tanquinho você tem!

– Eu prefiro muito mais não ter que me importar com esse tipo de coisa! Jimin-ie, as fãs não gostam de você só por causa do seu corpo, deixa de paranoia!

– Diga isso quando as fãs pararem de ir nos shows porque elas não querem ver um gorducho dançando do palco!

A discussão se acalora tanto que ambos começam a falar coreano. Um xingamento ou outro eu consigo identificar, mas eu não entendo o resto da conversa. Talvez eu não devesse ter feito esse jantar... Comida parece ser um assunto delicado para o Jimin..

– PAREM OS DOIS. – Rap Monster se impõe. – Taehyung, pare de perturbar o Jimin. Deixa ele fazer o que quiser e cuide da sua vida. Aqui não é o momento para vocês falarem sobre isso e esse não é o modo como vocês deveriam fazê-lo. E Jimin, a Sam, o Jin e a Stella tiveram muito trabalho para fazer toda essa comida para a gente. Você não deveria falar desse jeito por mais que você não goste. Peça desculpas para eles.

V senta bufando com a bronca do líder, nem um esboço de remorso surge em seu rosto visivelmente irritado. Em compensação, Jimin está tomando consciência de suas palavras, complemente envergonhado com consigo mesmo e desajeitado.

– Desculpa, pessoal. – seus olhos percorrem toda a mesa até se fixarem em mim. – Eu não quis ofender vocês. Desculpa, Seokjin-hyung, Stella, Sam. Vocês se esforçaram muito para fazer isso tudo e eu desprezei vocês... Desculpa.

Ele está nitidamente abalado. Não sabe o que fazer, completamente chateado consigo mesmo. Estava tão envergonhado que:

– Acho que já vou embora. Bateu um sono aqui. Até amanhã!

E ele voa para fora da sala. Eu institivamente me levanto para segui-lo, porém Jin segura meu braço.

– Não vá. Ele precisa ficar sozinho agora.

– Desculpe, mas não dá, isso é tudo culpa minha. Eu preciso ir.

E eu me desvencilho da mão de Jin.


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