Invisíveis como Borboletas Azuis escrita por BeaTSam, tehkookiehosh


Capítulo 12
Verso 11: Jump!




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Chego no quarto de hotel já com o cachecol em mãos que peguei na recepção. Finalmente poderei olhar o Rap Monster nos olhos de novo! Sara já foi para a faculdade... Espero que ela tenha esquecido o dinheiro para o almoço e morra de fome! Talvez assim ela aprenda a me acordar assim que alguém da empresa liga!

Vasculho o amontoado de roupas que virou a minha mala à procura de algo confortável o suficiente para uma partida de basquete. Então lembro do conselho do Jimin: costuma esquentar de tarde por aqui.

Para a desgraça da minha irmã, a louca por moda, escolho o meu uniforme preto do Chicago Bulls que ela insiste em queimar. Ué? Se ela pode torcer para o Vasco, eu posso torcer para o Chicago Bulls! Aliás, o uniforme é tão confortável! Sem falar que os membros do BTS por si só não podem ser considerados fiéis seguidores das passarelas. Eles não vão nem ligar...

Contudo, tenho medo de seguir completamente o conselho do Jimin por isso ponho uma camisa de manga comprida preta por baixo. Prefiro não sentir frio.

Ainda tenho bastante tempo até o horário que o Senhor Agente falou que ia liberá-los. Mesmo assim, resolvo ir logo em direção à quadra. Sabe como é, né? Com o meu senso de direção eu posso acabar voltando para o Brasil no meio do caminho sem nem perceber.

Ando devagar, deleitando-me a cada respiração. Pássaros diferentes, borboletas diferentes, flores diferentes, até mesmo as pedras da calçada são diferentes. Os letreiros coloridos das lojas formam mosaicos capitalistas. Uau. A pessoa que planejou essas ruas deve ter realmente quebrado a cabeça isso aqui.

A quadra que o Senhor Agente falou fica sobre uma colina... Já não basta esse caminho todo, ainda tenho que subir um terreno íngreme! Vou me cansar antes mesmo do jogo! Pelo menos lá ninguém vai nos ver jogando, a não ser que algum desses velhinhos que passam por mim enquanto fazem sua corrida matinal seja fã do BTS.

Finalmente acho a bendita quadra. Toda cercada por grades, abro seu portão e me acomodo no chão. O ar daqui é tão bom... Deitar aqui me traz uma paz interior inexplicável. Acho que a gente deveria tirar mais tempo para ver o mundo do chão, só assim dá para ver a plenitude do céu. Checo meu celular. Ainda falta uma meia hora para eles chegarem... E o chilrear dos pássaros é tão melódico...

Acordo com os gritos animados do Jimin durante sua caminhada. Assim que este chega (o primeiro, provavelmente porque correu), ele me nota e pergunta:

– O que você está fazendo?

– Socializando com o chão para que ele seja bonzinho e não me machuque na hora do jogo... Ou simplesmente dormindo mesmo.

Ele ri. Que fofinho! Dá vontade de botar num pote!

– Levanta logo, Sam! O resto do pessoal está chegando!

Ah, que preguiça! Pesarosamente, levanto meu tronco, meu traseiro, estico minhas pernas e voilà! Estou de pé! (Só não sei por quanto tempo)

Assim como Jimin disse, todos os outros membros surgiram logo depois junto com a Stella um pouco enfezada demais. Será que se eu cumprimentá-la ela vai me bater? Como é que uma garota tão fofa consegue ser tão assustadora?

Para a minha surpresa, ela é a primeira a me cumprimentar, com um abraço, excessivamente alegre.

– E, aí? Falando sério, de longe dá para confundir você com um garoto facilmente com essa roupa. Aposto que você daria um garoto mais legal que esses aqui.

Pela troca de olhares tensa entre Jungkook e Stella, percebo que tem algo de errado. Acho melhor não me meter...

– Que isso... Eles são deuses gregos. Não posso nem me comparar. – Sam, rápido! Mude de assunto antes que essa bomba exploda na sua mão! – Você veio aqui para jogar?

– Nem... Esportes não são a minha praia. Estou aqui só para torcer mesmo. Go, Sam!

Assim que ela se senta, procuro pelo Rap Monster.

– Obrigada pelo cachecol. Foi bem útil. E desculpa por não ter devolvido antes.

Sinto os olhos do Jimin sobre as minhas costas, me chamando silenciosamente de pervertida. Eu não sou pervertida! É um engano!

– Sem problemas. Se ficar com frio de novo, é só me avisar. – Rap Monster sorri, exibindo as covinhas.

Uau, tem vários staffs aqui. Parece que eles vão filmar o jogo... Eu tenho que mandar bem então.

– Hey, pessoal! – Rap Monster chama. – Vamos escolher time. Quem vai escolher?

– Min Suga! – ele grita, ao levantar o braço e dar um passo para frente.

– Também quero escolher o time. – digo.

– Ah. Ok, então. Já que você é nossa convidada, você começa escolhendo. – o líder explica.

Aponto para o Jimin. Todos olham estranho para mim. A escolha óbvia era o Jungkook, mas eu preciso muito do Jimin agora. Assim que ele chega ao meu lado, sussurro:

– Como é que eu falo o nome do pessoal sem ser desrespeitosa? Eu falo oppa ou não? Socorro!

– Você é estrangeira, não precisa. Só se quiser.

– Ufa! Porque em português existe uma palavra muito parecida só que com outro significado, seria estranho...

– Sério?

Nesse meio tempo, Suga já tinha escolhido o Jungkook. Acho que o menos pior para escolher é o J-Hope, talvez. Não o Rapmon ou o Jin sejam lá muito bons em esportes, e eu mal falei com o V, ficaria uma situação meio desconfortável... Mesmo que o Hobie não seja um jogador da NBA, ele é bem legal comigo.

– J-Hope. – volto-me de novo para o Jimin. – Sim! É uma interjeição. É equivalente a hey em inglês.

– Sobre o que vocês estão falando? – Hobie se intromete.

– Sobre palavras em coreano que tem significados engraçados em português. – Jimin explica. – Oppa é uma dessas, sabia?

– Quais mais?

– Seus próprios nomes! Vocês não têm ideia de quantas piadas com os nomes de vocês eu tive que ouvir no Brasil!

– Sério? – respondem em uníssono.

– Sim! Piadas com o seu nome, Jimin, são clássicos! Em português, nós pronunciamos a letra D junto com a vogal i (ou e, no caso do Rio de Janeiro) com o som de ji. Por isso, o termo de mim soa exatamente como o seu nome! Seria algo tipo of me em inglês.

– Não é possível! As pessoas riem do meu nome no Brasil?

– Só algumas.

Não me olhe com essa cara! Eu sei que você não está triste de verdade, Jimin! Hobie solta uma gargalhada tão estridente que meus ouvidos doem. Eles se amam, certeza.

Droga. Só agora que eu me dou conta de estão esperando eu escolher há séculos! Foi mal, pessoal! Suga escolheu o Rap Monster, provavelmente para me dar a chance de escolher o V e o jogo não ficar tão desequilibrado. Mas este e o Jungkook não param de conversar, não vou ser eu a separá-los. Escolho Jin e o meu time fecha.

– Para falar a verdade, você não é o único, Jimin. O V e o Suga sofrem do mesmo problema no Brasil. Principalmente o Suga.

– Como assim? – J-Hope e Jimin respondem. Eles não perdem uma chance de zoar o hyung deles. Estou começando a achar que eles nasceram no país errado...

– Suga por si só já é uma palavra engraçada no português. É um verbo que significa sugar. Mas tudo piora quando ele fala o sobrenome na frente. Min Suga tem a mesma pronúncia que “me enxuga”.

Jimin joga a cabeça para trás, rindo. Agora eu entendo o que o Rapmon e o Suga querem dizer quando falam que eles são barulhentos. São mesmo. Eu não deveria ter dito isso... O pobre Min Suga vai sofrer na mão desses dois.

– Então, Jimin, posso te chamar de Chimchim? É menos estranho para mim.

– Oh! Ok!

– Podem me chamar de Sam também, para facilitar a pronúncia. Samantha é muito complicado.

– Entendido.

– Você pode me chamar Hobie Hobie também! Não é fofo?

– É.

Assim que eu respondo, Jimin me olha pálido, toda a cor sumiu do seu rosto.

– Você vai mesmo chama-lo assim? – ele sua voz treme de medo enquanto pergunta.

– Sim, por quê?

– NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOO! Você vai criar um monstro! Não faça isso! Ele vai fazer aegyo até a nossa morte! É extremamente irritante!

O modo aegyo do J-Hope é ativado automaticamente. O Jimin foge pela quadra até que os outros membros se tocam que deveriam começar a partida. É óbvio, no outro time, quem vai pular é o Suga. Jimin se oferece.

– Não seria melhor o mais alto pular? O impulso do Suga é grande.

Todos nos viramos para o Jin.

– Nem olhem para mim, eu vou ficar lá trás, só torcendo.

– Mas você está jogando! – protesto.

– Isso é o que eles querem que os telespectadores pensem. Go, go, Sam!

Deixa para lá. Vejamos as outras opções: Jimin e, os meus olhos param no J-Hope. Ele está sorrindo com a possibilidade de disputar a bola, já que é o segundo mais alto. Ele está tão feliz... Seus olhos até brilham de ansiedade...

– Jimin, você é a nossa melhor opção mesmo. – afirmo.

Como já era previsto, o Suga joga a bola para o seu time. O Jimin e o J-Hope até tentam, mas, em dez segundos, a bola já entrou no aro.

– Deixa comigo. – Jimin me consola. – Eu vou salvar o time, não precisa se preocupar.

Seria bom se eles passassem para mim! O Jin mal está jogando; o Jimin é um ótimo dançarino jogando basquete; e o J-Hope é o J-Hope. Se eles lembrassem que eu também estou jogando, eu poderia ajudar em alguma coisa.

Depois de uns 6 pontos, finalmente a minha chance aparece. O Jimin tenta arremessar, mas a bola rebate na tabela com tanta força que vem diretamente para mim, que nem passei da linha de três pontos ainda. Todos eles estavam muito ocupados (empurrando) marcando uns aos outros debaixo da tabela, então nem perco tempo e arremesso.

Perfeito. Três pontos.

Eles demoram um pouco para perceber o que aconteceu, mas quando percebem o jogo para. Todos me encaram, atônitos. Juro que, se seus queixos não fossem presos ao crânio, eles estariam no chão. Longos segundos de silêncio se seguiram, até que finalmente caiu a ficha do J-Hope e, em seguida, dos outros. Ele vem tão rápido em minha direção que tenho minhas dúvidas se ele não teletransportou. E todos do meu time vêm numa enxurrada de toca aquis e danças estranhas comemorar os pontos.

O tempo que o Suga demora para se tocar do que está acontecendo é o mesmo que eu levo para fazer mais uma cesta de 3 pontos. A vantagem deles é quase nula agora. E, no mínimo duas pessoas estão me marcando a cada passo. Isso vai ser divertido!

O Suga tenta me marcar, sem sucesso. A essa altura, nossa vantagem já cresceu muito! Assim que recuperamos a bola depois de uma tentativa de cesta do Jungkook, atravesso a quadra em direção à tabela deles, até que o Suga, que tinha ficado para trás, bloqueia meu caminho. Minha primeira reação é passar a bola para o outro braço por entre os meus pés. Truquezinho ensinado por umas garotas mais velhas do time de basquete da escola. “Não precisa ser boa, só parecer ser.” Nunca ouvi palavras mais sábias.

Logo que faço o meu movimento, percebo o olhar do Suga. Neste momento, ele quer me desafiar. “Danem-se ou outros membros! Agora isso é um duelo!” é o que eu presumo que ele queira dizer. Tudo bem então. Sorrio, aceitando o desafio. Mas não pense que eu vou facilitar...

No segundo seguinte, a bola não está mais em minhas mãos e Suga não está mais na minha frente. Olho para trás. Mais 2 pontos para o Suga. Como é que alguém quase da mesma altura que eu consegue pular tão alto? Ele praticamente voa!

Assim se segue o nosso duelo. É claro que não vou descartar a ajuda do Jimin e do J-Hope, ele me salvam na maioria das vezes, sem mesmo perceberem. Cada ponto nosso, são estrelas, mortais, dancinhas e tudo que tem direito (o J-Hope já pulou tantas vezes no Jimin que me surpreende que eles ainda não tenham se beijado). A vantagem das duas equipes diminuiu, estando empatadas a maior parte do jogo.

Isso é refrescante! Toda essa correria, todas essas zueras, todo mundo está se divertindo. Até o Suga! Muitas vezes durante as nossas “brigas” eu “driblo” ele de alguma maneira inusitada, tanto que ele já até entrou na brincadeira e fica passando a bola de um braço para o outro por trás da sua cabeça. Está tudo tão confuso e divertido que até o J-Hope já marcou ponto! O J-Hope!

Até a Stella já inventou uma dancinha para torcer para o meu time! Só que o celular dela toca no meio da partida e ela tem que sair. Que fofo! O toque dela é I Need U! O meu time até tenta se juntar para dançar o refrão, mas ela sai antes mesmo que eles conseguissem.

E o jogo prossegue. Só que tem algo estranho... Todo mundo continua se divertido, porém o Jungkook desanimou... Parou de correr, não está mais marcando o pessoal, errando feio todos os arremessos... Será que ele está cansado ou sem fôlego? Pensa direito, Sam! Ele é um dos principais dançarinos e vocalistas do BTS, ele não estaria cansado por algo assim. Ele está triste por alguma coisa? Acho que sim, seus olhos estão marejados, encarando o portão por onde Stella saiu. E parece que o V também sabe o que é, pela quantidade de sussurros entre os dois.

Eu estava tão preocupada com o Jungkook que nem percebi que o Suga tinha tentado um cesta de 3 pontos. Ainda bem que ele errou! Contudo, agora a bola está vindo bem na minha direção e vou ter que disputar com o Kookie. Por que o maknae tem que ser tão alto? Nós dois pulamos ao mesmo tempo. Mas, o Jungkook se desequilibra.

Tudo acontece muito rápido. Caímos, encontrando o chão de concreto. Nossa, como esse treco arranha! Estava um pouco atrás antes da queda, então ele cai justamente em cima do meu braço.

Toda essa confusão me atordoa por um tempo, assim como ao Jungkook, mas este se senta assim que percebe que caiu por cima de mim. Minha primeira precaução é mover o braço onde o Jungkook caiu. Ufa, não quebrou, nem torceu, nem nada. Só está um pouco arranhado pelo concreto, nada demais. No entanto, a maior surpresa aguardava à minha frente.

Os outros membros já tinham nos cercado para ver o que aconteceu, desesperados. Na blusa inteiramente branca de Jungkook, uma grande macha vermelha se espalhou.


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