Stella’s P.O.V

Eu acordo com o som do despertador as 5:30 da manhã. Levanto, lavo o rosto e me arrumo. Sigo direto para sala de dança, o Sol ainda não está no céu, consigo sentir o frio da manhã misturado com o cheiro de orvalho, forçando-me a parar e apreciar aquele cheiro tão familiar.

Jazzie e Chae ainda não chegaram, também, nós marcamos às 6:30, ainda são 6 horas. Sento no chão e saco meu caderno de composições da pequena mochila que eu trouxe comigo. Nós três escrevemos as letras e fazemos coreografias paras músicas que já estão prontas. A produção musical, porém, só Chae e eu cuidamos já que Jazzie não sabe lidar com essa área muito bem, apesar de tentar ajudar às vezes.

Começo a dar continuidade a uma música que eu já tinha começado a escrever, eu a nomeei como “Smiles”, é capaz de que eu mude depois esse nome, pois é apenas algo provisório. Ao que pareceram 5 minutos para mim, meia hora se passou e as minhas unnies chegam. Ponho-me de pé em um pequeno salto:

– Hey! Bom dia – falo sorrindo.

– Bom dia – Jazzie diz meio grogue.

– Bom dia – Chae boceja.

Eu rio um pouco das duas morrendo de sono ali do meu lado. Nos posicionamos: Chae no meio, eu a sua direita um pouco atrás e Jazzie a sua esquerda na mesma linha em que estou. Começamos a dançar uma música de um girlgroup qualquer. Eu, em geral, não curto muito as coreografias deles, pois não tem variação, é quase um funk carioca da vida. Mas, por causa das duas criaturas que eu chamo de amigas, estarem morrendo em pé de tanto sono, decidimos dançar algo fácil para começar. Quando percebo que elas estão mais acordadas, falo:

– Vamos fazer um dance cover de War Of Hormone?

– Por mim... - Chae dá de ombros (se fosse EXO ela estaria pirando).

– Sim! – Jazzie exclama animada.

Antes de começar, decidimos dividir as partes de cada um dos meninos entre nós. Ficou assim: Jazzie com Jimin e Suga; Chae com Jin, Rap Monster e J-Hope e eu com JungKook e V. Começamos a dançar, o que rendeu boas risadas a nós três. Quando nós nos tocamos já eram 7 horas.

– Acho que podemos ir tomar café da manhã e depois voltar a ensaiar – Chae sugere.

– Eu apoio! – Jazzie apoia a mão sobre a barriga, fazendo cara de sofredora.

– Vamos lá então! – Falo ansiosa para voltar a ensaiar depois, arrancando delas olhar parecido com algo do tipo “Você é doente?!”, o que retribuo com um sorriso e uma piscadela.

Caminhamos para fora da Big Hit e vamos andando calmamente até uma cafeteria ali perto. Recebo uma mensagem da produção da empresa:

“Menechini, sua presença é solicitada em um jogo de basquete do BTS com o canal BeaTSam. Encontre-nos na frente a sala de dança 3 às 14 horas em ponto.

Produção,

Big Hit”

Reviro os olhos em negação. Eu deveria começar a cobrar por ser tradutora de aluguel. Chae e Jazzie estão concentradas em seu café da manhã, que consiste em um muffin e uma xícara de café para cada uma. Como vamos voltar a ensaiar em alguns minutos, precisamos de alguma energia, mas não podemos comer demais para não passar mal.

Terminamos nosso café da manhã e voltamos a ensaiar. Ficamos ensaiando das 8 horas até 12:30. Novamente fazemos uma pausa para comer, no caso, almoçar. Saímos de novo juntas para almoçar. Pegamos uma mesa em um restaurante barato ali perto:

– Gente, eu não vou poder ir para o treino vocal hoje, desculpem-me – abaixo a cabeça.

– Tudo bem, é até bom, pois poderemos treinar a nossa força e confiança sem o vocal principal – Chae sorri para mim.

– Eu vou ter que dar uma de tradutora de novo – falo fingindo raiva, o que provoca risadas nas duas. – E ainda ver os 7 idiotas do BTS jogando basquete – continuo fingindo a raiva e o tédio da minha situação.

– Pelo menos você vai poder ver o seu oppa favorito jogando basquete! Imagine o JungKook jogando basquete, suadinho, com uma camiseta branca colando naquele corpo esbelto... – Jazzie sorri maliciosamente, fazendo Chae quase gargalhar, porém a piada não tem o mesmo efeito em mim. Eu apenas fecho a cara.

– Vou mandar um vídeo do Jin e do Jimin jogando basquete para vocês. – Ironizo.

– Opa! Eu aceito um vídeo do Jin jogando basquete! – Chae replica o sorriso malicioso de Jazzie, me fazendo ficar indignada.

– Também aceito um vídeo do Jimin jogando. Filma ele de costas, por favor?! Quero poder olhar para aquela bunda... – Jazzie diz. Fico mais indignada ainda! As duas começam a rir.

– Teh-ah, você tinha que ter visto a sua cara! – Chae ri.

– Estava impagável! – Jazzie concorda, gargalhando também.

Conto mentalmente até 10 para não pular no pescoço dessas duas, pago meu almoço e me despeço das duas. É 13:15, ainda. Sigo para frente da sala de dança 3, mas, à medida que vou me aproximando, percebo uma figura encostada ali. Penso que deve ser alguém da produção, então dou de ombros. Quando chego mais perto, percebo ser um garoto. Ele ainda não me notou. Logo percebo ser alguém familiar: “Essa não! ” É a primeira coisa que vem na minha cabeça. Me aproximo do menino discretamente, esperando que não fosse quem eu imaginava que era. Porém, a sorte nunca está do meu lado. Ele me encara por algum tempo e seus lábios se curvam em um sorriso, seu lábio superior se torna uma fina linha, seus olhos diminuem um pouco por causa do sorriso, me analisando com um brilho esquisito. Eu me aproximo com a certeza de que estou ficando quase tão vermelha quanto o meu cabelo.

Aigoo! Por que aquelas duas foram encher a minha cabeça com aquelas coisas? Reviro os olhos e sacudo a minha cabeça tentando afastar aqueles pensamentos malditos. Nunca verei JungKook como nada a mais que um amigo.

Encosto ao seu lado e ele aumenta o sorriso. Aish!

– Annyong! – Ele exclama.

– Hey... – Falo meio demasiadamente baixo devido a minha vergonha. Seu sorriso imediatamente some. Ai, não! Ele vai pensar que eu estou triste!

– Aconteceu alguma coisa? – O garoto de cabelos castanho claros pergunta preocupado, me observando com aqueles olhos doces.

– Não, eu estou bem. – Desvio o olhar, ainda corada.

– Stella, eu te conheço a quase dois anos. Sei quando você não está bem. – Ele diz ainda me analisando.

– Oppa, eu estou bem. – Insisto quase perdendo a paciência.

– Não, não está. Eu te conheço.

– Ah é?! Se você me conhece tão bem me diga no que eu estou pensando neste exato momento? – Perco a paciência, provocando-lhe, seu olhar torna-se indignado. Eu nunca tinha elevado o tom de voz com ele.

– Você não está bem, deixe-me te ajudar.

– Como você quer me ajudar? Você não sabe nem metade das coisas das quais já aconteceram comigo!

– Claro! Você não me conta! – Ele se desespera.

– Por que você quer saber? É passado.

– Se fosse passado isso não te afligiria até hoje.

– Eu não quero te contar! Isso me machuca! Não quero você se preocupando comigo! – Quando falo isso, ele ri sem humor. Isso me dá calafrios... Ele me prensa contra a parede, me encurralando. Seu olhar preocupado e raivoso penetra no meu, que permanece desafiador e um pouco assustado.

– É impossível eu não me preocupar com você! O fato de você não me contar isso só me deixa mais nervoso e apreensivo. – Ele fala sustentando o olhar. Eu abro e fecho a boca tentando dizer algo, porém nada sai.

– Eu não pedi para você se preocupar comigo. – Respondo de forma egoísta, fazendo com que ele me analise mais um momento, e o misto de raiva e preocupação em seu olhar dá lugar a apenas um sentimento. Decepção. Isso me deixa desolada. Ele me solta, me olha mais uma vez e sai andando. Apenas deslizo pela parede e começo a chorar.

Dou uma olhada no horário: 15 minutos para as 14 horas. Avisto o banheiro feminino a minha frente, sigo para lá. Lavo o rosto e tento mascarar a minha tristeza com um sorriso inteiramente falso. Me ponho de pé na frente da sala de dança, e a produção me encontra ali algum tempo depois.

E assim nós seguimos para a quadra de basquete onde encontraríamos o aquele grupo de “jogadores”. Só espero que nada de ruim aconteça nesse meio tempo...