Invisíveis como Borboletas Azuis escrita por BeaTSam, tehkookiehosh


Capítulo 10
Verso 09: Outro - Propose


Notas iniciais do capítulo

Agora sim! Tudo está na ordem certa! De novo, desculpa por toda essa bagunça! Obrigada pelos comentários, eu fico realmente feliz em lê-los! Obrigada por continuar acompanhando a fanfic, ela é muito importante para mim!



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Sam P.O.V.

A multidão chama meu nome. As luzes dos holofotes fritam o palco que já estava pegando fogo. Minha voz ecoa pelas caixas de som do estádio. Está quase chegando o refrão. Das bocas do público surge um grito:

– Sam!

– Só mais cinco minutos, mana! O sonho está tão bom!

– Sam, acorda logo porra!

– Só mais cinco minutinhos! Eu quero saber como o sonho termina!

– Ok, então eu vou avisar para o agente do BTS que você não vai pra Big Hit hoje.

– É O QUE???? – saio do meu estado de letargia e levanto num salto.

– Ele ligou há uns vinte minutos pedindo para que você chegasse lá cedo.

– Por que você não avisou antes?

Corro até as malas desempacotando tudo até achar uma roupa quentinha. Nossa, o que é isso? Algo caiu no chão enquanto eu corria. É o cachecol do Rap Monster! Eu esqueci de devolver ontem! Droga! Estava tão cansada que nem percebi e até dormi com isso! Espero que ele não pense que sou uma fã louca que fica roubando coisas dele. Sabe, o Brasil não tem uma fama muito boa no exterior...

– Quanto tempo será que demora para lavar e secar isso?

– Se eu pedir agora e com urgência, umas duas horas. E vai sair mais caro.

– Não importa. Eu tenho que usar o dinheiro que eu consigo com o canal em alguma coisa, né?

Tomo o banho mais rápido da minha vida enquanto a minha irmã desce a fim de pedir para lavarem o cachecol. Visto dois casacos de moletom (hihihi! Esse frio não me pega mais!) e uma calça jeans quentinha. Abrir a porta, preparar, já!

Disparo até a Big Hit. As pessoas no meu caminho, quando não estão me olhando feio, estão atordoadas com a minha pressa. Chego na empresa dentro de cinco minutos.

– Com licença, a senhorita poderia dizer-me onde está o agente do BTS, por favor? – pergunto à secretária, usando toda a educação que mamãe me deu.

– Ah... É uma pena, mas ele está em reunião agora.

– Oh... – solto a vogal junto a um suspiro. – Eu espero então...

Vago sem rumo pelos corredores. Eu sou uma idiota mesmo. A ligação tinha sido meia hora antes. Ao que parece, a desgraçada só se lembrou de me avisar vinte minutos depois porque estava ocupada se arrumando! Argh! Por que ela tem que demorar tanto só pra escolher uma roupa?

Agora, estou eu aqui, a trouxa que acordou cinco horas da manhã para ficar esperando. Cara, que sono! Eu poderia dormir aqui mesmo...

– Samantha! – Mais uma pessoa me chamando. Será que eu não posso dormir em paz?!

Estreito os meus olhos cansados para forçar a visão de uma figura humana. Droga... Só agora que eu percebi que, naquela correria, eu esqueci de colocar as minhas lentes. Mas essa silhueta musculosa na minha frente só podia ser o Jimin. Jimin?! O quê?!

– Jimin! Por que você está aqui?

– Banheiro... – ele aponta para a porta atrás de mim.

Viro-me bruscamente e a minha pouca visão consegue identificar a plaquinha universal de banheiro masculino. Não é possível! Eu estava quase dormindo do lado do banheiro masculino e nem percebi!

– Isso estava ali desde quando? – falo um pouco alto demais.

– Acho que desde sempre... – ele sussurra em coreano.

– Como assim?! Eu juro que há dez minutos atrás era só uma porta comum! – ele ri (mesmo que surpreso por eu ter entendido o que ele disse) das minhas respostas atabalhoadas. – Ei! Não pense que eu sou algum tipo de pervertida! Não tinha aquela placa ali, eu juro!

A cada frase que esses caquinhos que eu chamo de mente construíam, mais sua risada crescia, até o ponto que eu só queria cavar um buraco no chão e enfiar a minha cabeça.

– De qualquer maneira, - tento mudar de assunto desesperadamente, a única ideia boa que eu tive nesses últimos cinco minutos. – não foi isso o que eu quis dizer. Por que você está aqui na Big Hit a essa hora?

– Ah, isso! Nós estamos tendo prática de dança mais cedo hoje. – seu inglês é enrolado quase incompreensível.- E você? Veio... – ele esquece a palavra então põe a mão sobre seus olhos, formando um ângulo de 90 graus, enquanto balança a cabeça de um lado para o outro. Acho que ele quer dizer espiar.- alguém no banheiro?

– Não! Eu nunca faria isso! O agente de vocês me chamou. Ele disse que tinha alguma coisa de importante para falar comigo. Mas ele está em reunião agora, então eu tenho que esperar.

– Então você aproveitou para ficar por aqui.... Esperta você, hein? – não adianta só rir da minha cara, sua frase ainda tem que ser uma mistura expressões em coreano e inglês que quase não consigo compreender!

– Eu já disse que não é isso! – choramingo.

– Tudo bem, eu vou acreditar em você dessa vez. – ele se senta ao meu lado, esquecendo-se completamente do motivo que o trouxe aqui. – E, aí? Está se dando bem com o pessoal?

– Sim, todo mundo é muito simpático.

Está aqui declarado que, de agora em diante, eu vou traduzir do Jiminês para o português, a fim de facilitar a compreensão de qualquer ser humano que esteja lendo isso (espero que eu ao menos consiga entender o que ele quer dizer). Meu Deus! Nunca vi alguém falar tão enrolado! É coreano, inglês, mímica, tudo numa mesma frase! Pelo menos ele entende o que eu falo. Acho.

– Que bom! – os cantos de sua boca puxam inconscientemente os cantos de seus olhos. E, inconscientemente, prendem meu olhar.

Nunca fui Jimin biased. Mas, agora, diante da visão de seu sorriso, me sinto forçada a admitir: eles são magistralmente mais bonitos pessoalmente. As marcas que se formam no fim de seus olhos, o nariz que se eleva um pouco sob influência da risada crescente, as linhas que este puxa, tangenciando sua boca, mesmo se traçassem um rosto perfeito à régua, este não chegaria perto da beleza natural do rosto limpo do Jimin ao sorrir. Quem me dera ter aquele sorriso para iluminar todas as noites que passo em claro compondo...

Resisto à tentação de puxar o celular do bolso, tirar uma foto e eternizar o mais belo presente direcionado a mim. Espero não estar deixando transparecer o quão encantada estou diante dessa visão... Para mim, uma eternidade se passa ao memorizar cada milímetro do riso quase pueril que eu chamo de angelical. Para Jimin, três segundos se passam ao ponderar sobre um novo assunto para continuar a conversa.

– Aliás, você entende coreano? – o sorriso desaparece enquanto fala, contudo suas sequelas ainda são notáveis.

– Só um pouco. – confesso tímida, ainda me questionando se ele não percebeu há pouco a minha perplexidade perante seus encantos. – mas não quero sair espalhando isso por aí para que ninguém entenda errado. Só sei reconhecer algumas expressões. Nem montar uma frase eu sei. Não conseguiria conversar com ninguém em coreano. Sem falar que só sei isso porque eu sou uma desocupada que vê tanto dorama que já aprendeu algumas palavras. Prefiro que as pessoas não saibam disso...

– Ok! – ele ri. Ah! De novo não! Nem sei mais se o meu coração aguenta isso... – Esse vai ser o nosso segredo então! Eu juro que não vou contar para ninguém! Você já viu Boys Over Flowers?

– Sim.

– E Who Are You: School 2015? O Sungjae-sunbaenim trabalho nesse!

– Sim! Eu acompanhei desde que lançou! Era muito bom! No entanto, eu sempre tenho o azar de torcer para o cara que fica sozinho! É muito triste isso!

Ele ri, mas ri tanto que cogito chamar uma ambulância. Jimin, nem era para ser engraçado! Só para quando fita a minha mão apoiada no chão... Olho e não tem nada demais, no entanto ele estava estarrecido. Chamo a ambulância ou não? Eis a questão...

– Suas unhas estão roxas! – ele finalmente esclarece sua surpresa, apontando e cobrindo a boca com gestos amplos, aliás, como sempre são. – Não é possível! Hoje nem está frio!

– Acho que você se esqueceu de um detalhe: eu vim do Rio. Lá, a gente veste casaco de neve com 15° C!

– Sério? É tão quente assim?

– Cinquenta graus no verão está bom para você?

– Caramba! Ainda bem que a gente só foi para o Brasil no inverno! Mas você parece estar congelando... Espera aí. Isso são dois casacos?

– Eu já estou virando um picolé aqui! Olha só! – quase encosto a minha mão em seu braço, porém felizmente o bom senso me avisa a tempo de que estou em outro país. – Posso... Encostar em você? Eu não entendo muito bem sobre os costumes daqui...

– Tudo bem. Você é estrangeira, eu entendo. Os costumes do Brasil devem ser muito diferentes mesmo. Eu não me incomodo se você encostar em mim, mas você deveria tomar cuidado com isso. Tem gente que realmente não gosta. Mas isso só vale para os meninos, ok? Aqui, isso é visto como sinal de namoro, entendeu?

– Sim. Obrigada! – encosto as costas da minha mão em seu braço e ele se arrepia.

– Sua mão está muito gelada! Como assim?! Nem frio está! Você estava segurando gelo ou algo assim?! Se eu não soubesse que era você, eu poderia pensar que era a morte querendo me levar!

– Vou tentar ficar com as mãos no bolso, mas não sei se isso vai adiantar.

– Vou te dar uma dica: de tarde vai esquentar muito. É sempre assim nessa época. Então eu acho melhor você trocar de roupa.

– Valeu. Eu estou meio perdida aqui. São costumes tão diferentes que eu tenho medo de dar um passo e desrespeitar algum costume.

– Não esquenta! Você é estrangeira, o pessoal vai pegar leve com você. Mas eu vou te ajudar com isso. Qualquer dúvida é só perguntar!

Seus movimentos são sempre tão amplos... Ele é o tipo de pessoa que consegue ocupar todo espaço onde vai. É inexplicável. Sinto como se ele fosse um porto-seguro nessas novas águas. Seu jeito doce, até mesmo exagerado de falar me deixa confortável. Acho que agora entendo porque os outros membros falam tão bem dele nas entrevistas. É como se a diferença de idade entre nós não existisse quando falamos. Ele é realmente um fake maknae.

– Obrigada. – digo, sinceramente. – É tão estranho esse costume de não se tocar... No Brasil é completamente diferente!

– Como é lá então?

– A gente age como se todo mundo se conhecesse há anos! Já aconteceu comigo inúmeras vezes de uma pessoa que está na fila do supermercado ou n ponto de ônibus puxar assunto comigo e começar a me relatar a vida dela, seus problemas, tudo!

– É mesmo? E as pessoas nem se conhecem?

Assinto com a cabeça.

– Isso não faz o menor sentido! Quem contaria seus problemas para alguém que acabou de conhecer?!

– Assim como para mim não faz o menor sentido pessoas de sexos diferentes evitarem se tocar.

– Justo.

– Ei, Jiminie! – uma voz cansada surge do final do corredor.

– Agente!

– Por que você esta aqui cabulando o treino? Volta já para a sala de dança!

– Eu só estava indo para o banheiro... – diz, relembrando o motivo de estar ali.

– Ah! Jimin! Não conta para o Rap Monster que eu estou aqui, ok?!

– Ok. – ele ri ao fechar a porta com a (recém-colocada) plaquinha de banheiro masculino atrás de si.

Após balançar a cabeça em negativa si mesmo, o Senhor Agente me leva até sua sala do outro lado do corredor.

O design da sala é moderno com sua porta de vidro e as paredes em ângulos arrojados, contudo toda a intensão de que projetou aquela sala foi por água abaixo por causa do vendaval de papeis que parece ter passado pela sala. Nem culpo o Senhor Agente, com aquela quantidade de papel toda, nem o virginiano mais metódico conseguiria lidar com aquilo.

Sinto que a aparência da sala reflete a do Senhor Agente em si. É um homem baixo e franzino que trabalha demais. Sei por causa de suas olheiras, sua barba por fazer e suas roupas aparentemente escolhidas e vestidas na pressa. Sua aparência não é a de um homem bonito, mas a de um homem que tem orgulho do que faz.

Ele puxa a cadeira em frente à sua mesa e gesticula para que eu me sente. Assim que se ajeita do outro lado da mesa, ele começa a explicar:

– Para começar, gostaria de relembra-la que nada da vida pessoal de qualquer um da empresa deve ser revelado em hipótese alguma. Caso isso aconteça, será cobrada uma multa de 50 mil dólares por violação do contrato. É ruim ter que dizer isso, mas eu me preocupo com os meus meninos.

Cinquenta mil dólares... Eu não teria dinheiro para pagar isso nem ferrando. Ainda bem que eu nunca vazaria nenhuma informação pessoal deles. Não vou magoar meus próprios ídolos.

– Continuando, ontem eu não tive a oportunidade de contar a você o principal objetivo de você estar aqui. E, não, não é a gravação da música. Se fosse só isso, nós poderíamos fazer como em “Fantastic” e gravar cada um num canto para depois juntar. Nós chamamos você aqui porque ultimamente os garotos estão muito estressados, brigando frequentemente, produzindo mal, etc. É normal, tendo em conta todas as turnês, os programas de televisão e o novo álbum. Cogitamos até dar um tempo de férias para eles, mas esse momento é crítico, cheio de shows importantes que vão aumentar e muito a popularidade do BTS. Foi então que tivemos essa ideia. Um estagiário viu um vídeo seu no Youtube e nós pensamos: por que não? Trazer uma pessoa de cultura diferente pode refrescar os ares por aqui.

– Espera, deixa eu ver se entendi. Vocês me chamaram aqui para animar o ambiente em vez de gravar uma música?

– Não, você está entendendo tudo errado. Nós te chamamos aqui para as duas coisas. Entendeu? Dois coelhos com uma flecha só. E eu acho que não estou pedindo muita coisa. Só quero que você se divirta um pouco com os garotos! Falando a verdade, eu os acompanho desde antes deles estrearem. Eles sempre foram garotos sonhadores, vê-los tão para baixo esses dias tem me deixado de coração partido. Eu não quero ver a luz nos olhos dessas crianças se apagar por causa do sucesso. Você também é fã deles, você deve entender. Pode me pedir para afrouxar a agenda deles se precisar, é só avisar. Eu vou te ajudar nisso. E então o que você me diz?

– Eu topo. Só me responde uma coisa: onde fica a quadra de basquete mais próxima daqui para a gente usar?


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