Um Amor Invertido escrita por kelzinha, marinaflima


Capítulo 14
Presentes


Notas iniciais do capítulo

Antes de xingarem a gente... Gostariamos de dizer que nao é nada facil escrever uma Fic...


Desculpem pela demora1



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POV CLAIRE

 

Se existia alguém feliz na face da Terra hoje, com certeza era EUZINHA! Eu não podia acreditar que o Fred, sim, o todo delicinha do FRED havia me convidado para um ENCONTRO na sexta à noite. Ele nunca tinha me dado a mínima bola na época da escola e agora simplesmente o gostosão resolveu me notar? Eu não sei o que aconteceu para fazê-lo mudar de idéia ao meu respeito e pra falar a verdade, eu estou pouco me lixando pra isso, eu quero mais é aproveitar essa merecida fase das “vacas gordas” na minha vida.

 

Quil acha que o Fred está só está querendo me comer, eu já prefiro acreditar na teoria que talvez o fato de eu conseguir “me libertar” do “relacionamento imaginário” que eu vinha mantendo com o imbecil do Seth há anos, tenha me ajudado a abrir os olhos para os homens novamente. Levantei as mãos pro céu e agradeci, parece que finalmente as coisas estavam começando a se acertar em minha desastrosa vida amorosa e eu me sentia extasiada com essa possibilidade. Clairezinha minha cara, sua “seca” estão com os dias contados!

 

Eu mal podia conter o mega sorriso estampado em meu rosto nesse exato momento. Belisquei-me umas três vezes para me certificar que não estava apenas sonhando. Diante do meu espelho, eu dançava, rebolava e pulava feito uma retardada enquanto procurava uma roupa para vestir. Eu precisava urgentemente contar todas as novidades para a Renesmee. Minha amiga não iria acreditar na minha coragem em dizer “SIM” para o convite inesperado do Fred, afinal, desde o fracasso do meu último encontro que eu não havia saído com mais ninguém.

 

Lembro-me como se fosse ontem... 

 

Estava tendo um campeonato de basquete aqui em Bronxville, por isso a cidade estava lotada. O time da cidade vizinha resolveu comemorar sua vitória no bar do Seth e enquanto eu atendia a mesa dos garotos, percebi que um deles não parava de me olhar. O cara era uma gracinha, loiro, dos olhos verdes e um corpo definido. Eu sempre fui muito tímida com os homens, o que me impedia de corresponder a qualquer tipo de encarada do garoto. Quando os rapazes pediram a conta eu notei que havia um papel dobrado junto com o dinheiro escrito “Gata, estou te esperando lá fora”.   

 

Eu era tímida, mas não idiota. Então, mais do que depressa inventei uma desculpa esfarrapada pra velha chata da Sue e fui ver o que o cara queria comigo. Quando cheguei à parte externa do bar, ele estava me esperando com um sorriso lindo e me convidou para sair depois do meu expediente naquela noite. Como eu já estava fula da vida com o Seth por mais uma vez ele ter me pedido conselhos sobre como impressionar uma das piranhas que ele estava a fim de comer, encorajei-me a aceitar o convite de Mike. Para variar, nós fomos parar na Starbucks. Essa é a merda de morar em cidade pequena, as opções de lugares para sair são sempre escassas. Mike pediu uma salada para comer e eu como estava sem a mínima fome, apenas escolhi um suco de morango. Até que a noite estava correndo tranquilamente bem. Mike era meio bobo, só falava de basquete e o assunto estava tão interessante a ponto de eu ter cochilado e babado involuntariamente umas duas ou três vezes debruçada em cima da mesa.

 

Quando estávamos prestes a ir embora, ele finalmente resolveu tomar uma atitude. Já fazia um bom tempo que eu não beijava ninguém, na verdade, eu nem me lembrava mais como se fazia isso. Dominada por um nervosismo, eu fiquei sem reação, não conseguia fechar os olhos e na minha cabeça eu só pensava “OMG! O que eu faço agora? Ele vai me beijar!” A boca dele estava a um centímetro da minha quando o inesperado aconteceu...

 

Antes de selar completamente nossos lábios Mike me abriu um leve sorriso, leve o suficiente para eu avistar um pedaço de alface gigante grudado no meio do dente dele. Na hora eu já imaginei na minha cabeça aquela alface sendo transportada para a minha boca por tabela. Sério, foi um pensamento bem nojento! Então para não correr esse risco, muito sutilmente eu interrompi o quase beijo e lhe avisei sobre o intruso no seu dente. Tudo bem, talvez dizer “Mike não é por nada não, mas têm um alfação pregado no seu dente da frente!” não tenha sido lá algo muito sutil de se dizer, mas eu que não iria comer aquela porcaria nem ferrando. Ele por sua vez não sabia onde enfiava a cara de tanta vergonha, foi então que Mike começou a passar a língua no dente desesperadamente na tentativa de retirar o alimento.

 

Eu juro que tentei segurar, mas a cena foi tão engraçada que subitamente me deu ataque de risos onde eu não conseguia mais parar de rir. Conclusão, eu terminei a noite sem beijo, largada na mesa do restaurante sozinha, com uma dor facial e na barriga terrível provocada pelo meu surto de risos.

 

O pior não foi nem isso, o problema foi eu ter contado para a Renesmee o que tinha acontecido e para completar meu fracasso, ela acompanhada da sua fiel companheira a “super sinceridade” não resistiu em chamar o Mike de “Pé de alface” na rua, em poucos minutos o apelido se espalhou pela cidade toda indo parar na boca do time do Fred, adversário de Mike no campeonato e assim, todos começaram a zombar dele por causa disso. Mike é claro, prefere ver uma Playboy da Dercy Gonçalves do que falar comigo novamente depois desse ocorrido.

 

Eu não podia mais deixar minhas atitudes idiotas fracassar com outro encontro. A Nessie precisava me ajudar com o Fred. Aliás, onde aquela “praga” se meteu? Desde o episódio com a “mini-capetinha” no Music Palace que eu não tinha falado mais com ela. Tentei ligar várias vezes para aquela desnaturada me resgatar na cadeia, mas a “bonitinha” não atendeu o celular. Se não fosse pelo Jacob, o empresário do Quil há essa hora eu ainda estaria trancafiada naquele xilindró, fedendo a pinga com esterco, no meio daquele bando de psicopatas. Cruuuuuzes, eu não quero nem pensar nisso!

 

Ah, mas a Nessie iria ouvir um bocado, onde já se viu uma amiga desaparecer desse jeito? Eu a faria se desculpar de joelhos me ajudando no meu encontro com o Fred.  Inicialmente, eu pensei em ligar para ela mais uma vez e contar tudo por telefone mesmo, mas, eu não queria que o Quil ouvisse nossa conversa e me zombasse por precisar pedir conselhos a minha melhor amiga sobre como agir num encontro, por isso resolvi ir pessoalmente ao apartamento dela.

 

Antes de sair, decidi dar uma checada básica no serviço do meu mais novo “hóspede”. Só agora que eu tinha me dado conta que eu não morava mais sozinha. Puta merda! Onde eu estava com a cabeça, quando sugeri que o Quil morasse comigo? Eu só o conheço há dois dias, eu tinha ciência que o nosso casamento repentino foi uma fatalidade do acaso devido o alto índice de álcool em nosso sangue na noite passada. Nós iríamos nos separar em breve, eu não sabia quase nada da vida dele, as únicas coisas que eu podia afirmar com certeza, era que além de meu suposto esposo, ele era músico, tinha uma ex-noiva que era uma vadia psicopata e o mais notável de todos, ele era muito bonito. Pelo menos isso, não é? Era só o que me faltava para completar minha desgraça, dormir bêbada e acordar casada com o Tiririca. (N/A: Pior do que tá não fica! rs)

 

Oh Deus! O que está acontecendo comigo? Onde foi parar a minha sanidade mental? Se meus pais descobrissem que eu tinha aceitado dividir meu apartamento com um desconhecido me matariam! E pior, se eles descobrissem que por acaso esse desconhecido era agora o meu marido, eles me ressuscitariam pra depois me matar de novo! Claire definitivamente, você está frita!

 

Desisti de pensar em meus problemas para pensar no lado bom dessa história. Até que compartilhar as despesas e os ao fazeres domésticos com o Quil não seria ao todo uma má idéia. Sem contar que com essa nova ajuda de custo, eu não iria precisar mais me humilhar tendo que pedir dinheiro aos meus pais, já que agora que estou desempregada.

 

Entrei na cozinha cantarolando toda saltitante quando me deparei com um Quil encostado na pia, com uma baita cara de “limão azedo” enxaguando um dos últimos talheres que ainda restavam sujos. Ok, pensando bem, talvez eu tenha exagerado um pouquinho quando o fiz lavar sozinho toda a minha louça da semana. Ah, mas eu precisava me vingar poxa! Se existia alguém responsável por sujar minha ficha na policia, era ele e aquela bisca dissimulada da ex-noiva dele.

 

Claire, você sabe muito bem que ele foi tão vitima daquela vagaba quanto você!    Gritou minha consciência.

 

Confesso que vê-lo tão cansado diante da pia, foi de cortar o coração. Um tanto arrependida, resolvi ajudá-lo com o restante da louça para tentar me redimir.

 

— Vai Quil, deixa-me te dar uma mãozinha nisso aqui...   Falei solidária, o afastando da pia.  Muito tranquilamente, eu peguei a última colher de sobremesa que ainda restava ensaboada e enxagüei colocando-a no escorredor de louças para secar.  Fechei a torneira e então percebi que o Quil estava me encarando de cenho franzido com uma expressão incrédula no rosto.  – Que foi? Questionei inocentemente.

 

— Nossa Claire, o que mais me admira em você é a sua generosidade!    Falou ele com ironia, ao encarar a pilha de louças que ele já tinha lavado.   – Você não sabe o quanto fico agradecido por ter enxaguado essa colher para me ajudar...  Debochou irritado.

 

— Credo Quil como você é mal agradecido!   Balancei a cabeça negativamente.   – Eu estou aqui toda prestativa e é assim que você me retribui? - abri o meu melhor sorriso e o encarei novamente.   — Mas saiba que nem o seu mau humor vai estragar a minha felicidade hoje...  

 

— Ainda está contente desse jeito por causa daquele otário que te chamou pra sair?  Ele revirou os olhos fazendo pouco caso do assunto.

 

— Quil escuta aqui, o Fred NÃO é nenhum otário entendeu? Muito pelo contrário, ele é o cara mais lindo dessa cidade!  Defendi apontando o dedo na cara dele.  — Eu hein? Que bicho te mordeu? – caminhei até a geladeira e peguei uma maçã.  — Desde que o Fred me chamou pra sair que você está com essa cara de “cu mal lavado”!  — Sorri dando uma mordida despreocupada na minha fruta.  — Sabe Quilzinho, acho que todo seu stress deve ser pela falta de banho...  – Abri um sorri sarcástico antes de olhá-lo novamente.  — Aliás, eu acho bom mesmo você tomar um banho logo, viu? Huuumm, você está fedendo!   Gargalhei franzindo o nariz e abanando o ar perto dele.

 

— Quer saber Claire? Eu estou aqui perdendo meu tempo tentando te alertar sobre esse imbecil aí que está nitidamente querendo se aproveitar de você...  Quil se aproximou de mim lançando um olhar feroz.  — Mas pelo que eu posso notar você está engraçadinha demais para se importar com isso não é mesmo?  Tudo bem, eu não vou mais me meter nessa história... - Ele respirou fundo nitidamente chateado, antes de abrir a boca novamente.  — Eu estou num cansaço da porra e a única coisa que eu quero agora é tomar um banho e tentar relaxar um pouco... Ele arrancou meu avental da Madonna de seu corpo e o atacou com tudo em minhas mãos.  – Quanto ao seu amiguinho faça o que quiser, afinal, eu não tenho NADA A VER COM A SUA VIDA!   Vociferou bruscamente antes de me deixar com a maior cara de bosta da cozinha.

 

Eu fiquei assustada, sem palavras, não esperava essa explosão de raiva vinda por parte dele nesse momento. Confesso que fiquei mais magoada do que imaginava com essa brutalidade do Quil. Eu não tive a intenção de deixá-lo tão irritado assim, na verdade, eu não sei nem o porquê dele ter ficado bravo daquele jeito.   

 

Quil havia sido tão legal comigo com essa história do nosso casamento, ele poderia muito bem ter ido embora sem me dar nenhuma satisfação, mas por algum motivo ele quis ficar e resolver esse problema junto comigo. Quil tinha um coração muito bom, eu soube disso no momento que os nossos olhares se cruzaram ontem quando ele estava me ajudando com o meu braço, depois que eu caí do sofá tentando atacá-lo. Era fácil entender porque aquela biscate da ex-noiva dele o fazia de gato e sapato, ele ainda acreditava na bondade das pessoas.

 

Foi por isso que eu não hesitei em convidá-lo a morar comigo até resolvermos a questão do nosso casamento, eu estranhamente já confiava nele. Quil sem dúvidas seria um ótimo marido, quero dizer... AMIGO. Eu não devia ter o tratado tão mal, talvez eu devesse providenciar um pedido de desculpas mais tarde quando eu voltasse da casa da Nessie. Eu precisava conversar com ela sobre esse assunto também, peguei minha bolsa e quando eu estava prestes a sair o interfone tocou.

 

— Que é Paul?  Atendi irritada. Saco! Eu estava com pressa pra falar com a Nessie.

 

— Dona Claire, tem um senhor aqui embaixo dizendo que precisa lhe entregar uma encomenda...  Falou meu porteiro ignorando minha rispidez.

 

— Encomenda? Mas que encomenda Paul? Eu não encomendei nada, mande-o infeliz embora! Ordenei ainda mais irritada e desliguei o interfone. No mínimo devia ser um daqueles caras que ficam batendo de porta em porta querendo vender bugigangas. 

 

— Claire eu estava quase me esquecendo, o Jacob vai chegar daqui a pouco com as minhas roupas, você poderia pedir para ele colocá-las na porta do banheiro enquanto eu tomo banho, por favor?   Indagou Quil visivelmente mais calmo ao aparecer na sala vestindo apenas sua calça. Por uma fração de segundo me senti meio perdida nas linhas do seu abdômen definido.

 

—Er... Hã... Eu não posso Quil, estou de saída...  Falei friamente tentando esconder meu incomodo com a cena.

 

— Ah...  Suspirou meio decepcionado.

 

— Vou à casa da Renesmee, estou preocupada com o sumiço repentino dela...  Respondi automaticamente. Posso saber por que eu senti necessidade de dar satisfação da onde eu estava indo para ele? Droga! Que vergonha... Ficamos nos encarando em silêncio por uma fração de segundo antes de ele responder.

 

— Hum... Claire eu queria lhe pedir des...

 

TRIIIIMMMM TRIIIIMMMMM

 

O interfone berrou novamente, interrompendo algo que ele iria dizer. Eu juro que qualquer dia desses, eu ainda mato o Paul.

 

— Chora Paul...  Suspirei entediada. – O que é agora?

 

— É o Jacob Claire??? Perguntou Quil curioso. Fiz um sinal com a mão para que ele esperasse meu porteiro falar.

 

— Dona Claire, eu dei o recado para o entregador aqui ir embora, mas ele insiste em dizer que a encomenda é em nome de um tal de Fred, a senhora quer que eu chame a policia para mandá-lo embora novamente?

 

— OMG! A encomenda é em nome de quem Paul???  De repente senti meu coração disparar e comecei a saltitar quem doida no interfone.  — Paul se você mandar ele embora de novo, eu juro que desço aí e te arrebento, mande-o subir IMEDIATAMENTE!  Berrei eufórica.

 

— Mas Dona Claire, eu não estou entendendo, foi à senhora mesma que disse para eu mandar o entregador embora...

 

— Paulzinho, você não precisa entender nada ok?  Apenas mande-o o entregador subir AGORAA!!!  Ordenei com a voz alta.

 

— O que foi Claire? Quil encarou-me completamente confuso.  – É o Jacob? Perguntou de novo. Não porra, não é o Jacob! Tive que me segurar para não ser mal educada com ele novamente.

 

— Não Quil, para calar a sua boquinha MÁ o Fred acabou de mandar entregar um PRESENTE!  Falei toda convencida jogando os cabelos.

 

— Ah é mesmo?   Ele arqueou uma sobrancelha e manteve a expressão serena.   — É realmente muito gentil da parte dele lhe mandar entregar um buquê de flores e uma caixa de bombom para impressionar... Retrucou confiante.

 

— Há- há... E eu posso saber como o senhor sabe o presente que o Fred vai me dar, espertinho?  Cruzei os braços num tom de deboche.

 

— Simples minha CARA Claire, homens sempre mandam flores e caixa de bombom quando pretendem agradar uma mulher. Flores e chocolate é praticamente um convite de “Oi gata eu quero te comer no final da noite”.  Concluiu ele com aquele detestável ar de superioridade. Por um momento eu me lembrei do Seth e de todas as flores e chocolates que ele já me fez escolher para presentear suas conquistas. Instantaneamente senti minhas bochechas ferverem de raiva com essas lembranças. Será que o Quil tinha mesmo razão em relação ao Fred? Não Claire, não o escute!

 

— Pois saiba meu CARO Quil que eu não sou o tipo de mulher que se impressiona assim tão facilmente... Assumi o mesmo tom de superioridade dele, antes de me explicar.    — Uma porque eu ODEIO GANHAR FLORES e outra porque eu estou de regime para comer chocolate...

 

— Por que você não gosta de flores?

 

— É um presente descartável, com o tempo de vida muito curto...  Ele franziu o cenho confuso, mas esperou eu terminar de falar.   —Quando você começa a se acostumar com elas enfeitando a casa, simplesmente murcham. É como se a pessoa que te dá, estivesse falando “vou ficar com você só enquanto essas flores sobreviverem”, ou seja, no máximo duas semanas. Sem contar que eu sou muito alérgica ao cheiro...    Percebi que o Quil se virou para olhar o vaso de flores vazio em cima da minha mesa de jantar e sorriu com algum pensamento interno.  – Por que está rindo?

 

— E você precisa manter o vaso de flores vazio por causa disso?

 

— Eu gosto de ter um vaso de flores, eu só não gosto DAS FLORES...  Respondi naturalmente. Ele balançou a cabeça negativamente e sorriu.

 

— Você é muito esquisita Claire... 

 

DIIIIM DOOOMM DIIIIIMMM DOOOOMM

 

Mais do que depressa, corri para a porta, ajeitei o cabelo e atendi com um enorme sorriso no rosto.

 

— Sim, pois não?

 

— A senhorita Claire Hale, por favor?   Perguntou o entregador com um pacote enorme nas mãos.

 

— Sou eu, sou eu! Vai me passa logo isso aqui, cacete!     Falei ansiosa, quase arrancando o pacote das mãos do rapaz.  Ele me encarou assustado e pude ouvir uma risadinha abafada vindo atrás de mim, era a besta do Quil. O entregador puxou o pacote de minhas mãos novamente e eu quase voei no pescoço dele por causa disso.

 

— Antes a senhora precisa assinar o recebimento Dona Claire...  Disse ele tranquilamente ao me entregar um cupom amarelo.

 

— Que saco, pronto!    Fiz um rabisco qualquer no papel e devolvi para o entregador, impaciente.

 

— Aqui está senhorita Claire... Ele me entregou o pacotão e eu não me contive em virar pra trás e debochar da cara do Quil.

 

— Viu Quil você se ferrou com suas teorias idiotas, eu sabia que o Fred não estava querendo se aproveitar de mim, não me parece ter flores e bombons dentro desse pacote...  Sorri vitoriosa sacudindo meu presente. Ele estava gargalhando mais ainda, o que me deixou sem entender nada.  — Que foi idiota? Está rindo por que agora? Ele acenou com a cabeça em direção a porta e quando eu fui me virar pra ver o que ele estava apontando, enfiei a cara com tudo dentro de um enorme buquê de flores que estava estendido nas mãos do entregador.

 

— O senhor Fred pediu para lhe entregar isso também senhorita Claire...  Ele simplesmente largou o buquê em minhas mãos e automaticamente meu nariz começou a coçar. Maldita alergia!  Em vez de ir embora, percebi que o entregador ficou parado na porta me encarando com cara de “cachorro pidão” e com a mão estendida. Eu hein? Que cara esquisito.

 

— AAAAATCHIIIIMMMMMM!    Puta que pariu, aquele cheiro estava me matando.

 

— Claire eu acho que o garoto está esperando uma gorjeta... Disse Quil ainda entre as gargalhadas. O filho da mãe estava se divertindo as minhas custas.

 

— Ah sim, claro... Arranquei uma rosa do buquê e... AAAAAATCHIIIIIMMMMM... Entreguei ao rapaz, digamos que já regada pelo meu espirro...   Ele me encarou meio enojado e eu sorri timidamente.   – Desculpa aí viu? Tchau obrigada.  Sacudi a mão do cara que estava estendida e fechei a porta.

 

Quando olhei para o Quil novamente ele estava quase tendo um treco de tanto rir.

 

— Quil eu não sei onde está a graça... seu... AAAAATCHIIIIIIIIIMMMMMMM... IDIOTA!  Gritei atacando o buquê com tudo em cima dele.  – Bem feito, agora quem vai limpar essa sujeira é VOCÊ!

 

— Ai Claire, você é hilária...  Resolvi ignorar o comentário dele e tratei de ir logo ao que me interessava. O presente dentro do pacote.

 

— Quil, não pense que só porque você acertou com as flores, você tem alguma razão em relação ao Fred, seu invejoso...  Peguei o cartão que estava pregado na caixa para ler antes de ver o conteúdo.  – Olha só como ele é romântico, mandou-me até um cartão...  Falei animada.  – Vou ler pra você...  Ele cruzou os braços e ficou esperando ainda sorridente.  – Hã-hã... Dei uma pigarreada antes de começar... Querida Claire, envio uma flor para a mais bela das flores, você...   Isso foi um chute no estomago de tão brega! Puta merda!  Resolvi não comentar nada para não deixar o Quil ainda mais convencido, eu não devia ter começado a ler isso em voz alta, droga! Agora vou ter que ler até o final... Uma mulher tão especial como você, merece algo especial, por isso preparei uma surpresinha pra você, espero que goste do presente e USE em nosso encontro de amanhã. Com amor, Fred. Fiquei uns 30 segundos, parada olhando para o cartão com um sorriso bobo no rosto. – Viu Quil?  Suspirei apaixonada. – Ele é tãããããoooooo romanticooo...

 

— Claire, ele é um cafajeste MASTER isso sim...   Afirmou ele com convicção. – Com amor, Fred? Como ele pode dizer com amor se ele NÃO TE AMA???

 

— Ai Quil você implica com tudo, que horror! Daqui a pouco você vai se tornar mais ranzinza que a minha vó, credo! Agora, cale a boca que eu vou abrir o presente...

 

Tirei o laço que embalava o pacote e abri a caixa me deparando com um pequeno pedaço de pano colorido dentro. Franzi o cenho sem entender direito o que era aquilo. - Hummm... Isso por acaso é um...

— Vestido.   Concluiu Quil antes de mim, com o rosto vermelho de segurar o riso de novo.

 

Em silêncio retirei vagarosamente o vestido da caixa, com medo dele ser exatamente como eu tinha visto dentro dela. Porém, para minha total infelicidade ele era três vezes pior. Quase com lágrimas nos olhos, comecei a analisar minuciosamente o produto e cheguei à seguinte conclusão: Ele era mais colorido a banda “Restart”, mais curto do que “estribo de anão”, mais feio que “Indigestão de Torresmo” e mais enfeitado que “penteadeira de travesti”. Definitivamente, eu nem ferrando iria sair de casa vestindo aquela cortina estampada.

 

— Se você pretende continuar vivo, não diga nada, por favor!  Ordenei quando o Quil ameaçou a abrir a boca.

 

— Mas eu não ia dizer nada mesmo... Disse ele divertido.  – Eu só ia lhe informar que estava indo tomar banho...  Ele reprimiu o riso mais uma vez e saiu rapidamente da minha frente. Eu não preciso nem dizer que ele estava gargalhando alto dentro do banheiro.

 

— QUIL SE VOCÊ NÃO FECHAR A MERDA DESSA MATRACA AGORA, EU JURO QUE DESLIGO A CHAVE GERAL DE ENERGIA E FAÇO VOCÊ E SEU PINTO CONGELAR NA ÁGUA GELADA!  Berrei furiosa. Mais essa agora, além de tudo eu ia ter que arrumar uma forma de me livrar de usar essa porcaria de vestido amanhã. Peguei minha bolsa, enfiei o vestido da “Nani People” numa sacola e abri minha porta um pouco mais irritada que antes, dando de cara com o Jacob cheio de malas nas mãos. Cacete! Será possível que eu não vou conseguir sair de casa nunca mais?

 

— Oi Claire!  Disse ele sorridente.

 

— Nossa Jacob, você vai se mudar pra cá também?  Brinquei apontando as cinco malas que ele estava carregando.

 

— Essa daqui é só a parte do Quil acredita?  Eu nunca vi alguém juntar tanta porcaria como ele! Ai sobra pro otário aqui ficar de burro de carga...  Resmungou.

 

— Entendo... O Quil pediu para você deixar as malas dele na porta do banheiro. È só você seguir reto pelo corredor e contar a terceira porta... Indiquei apontando o corredor.

 

— Ok, Claire o que você tem pra comer ai? Estou com uma fome da porra...  

 

— Folgado nada não é Jacob?  Sorri com a cara de pau do empresário do Quil.   – A cozinha é ali a esquerda, pode ficar a vontade. Porque o Paul não avisou nada que você estava subindo?

 

— Porque ele é um tremendo babaca! Alguém já te falou que seu porteiro tem cara de babaca?

 

— Sim, a Renesmee...  Sorri ao me lembrar da semelhança entre os dois.  – Ela fala isso direto, coitado do Paul...

 

— Humm... Renesmee não é aquela sua amiga gostosa que você ficou de me apresentar?

 

— Ai Jacob, olha como você fala!

 

— Ué o que eu disse demais?  

 

— Nada Jacob...

 

— Então quando você vai me apresentar à gatinha?  Questionou interessado.

 

— Estou indo pra casa dela agora, se você quiser ir comigo... 

 

— Opa! Tô dentro!  Respondeu mais do que depressa.

 

— Opa! Tá fora!  Retrucou Quil aparecendo na sala com uma toalha em volta da cintura.  – Você não irá a lugar algum agora Jacob,eu  preciso falar com você...  Quil andou até a porta e abriu uma das malas que ainda estavam nas mãos do Jacob pegando uma camiseta.

 

— Ah Quil, mais tarde a gente conversa, agora eu não posso! A Claire me convidou para conhecer a amiga dela...   Respondeu animado.

 

— Jacob, deixe para conhecer a Renesmee outro dia, eu preciso falar com você e tem que ser AGORA!  Informou Quil com autoridade.

 

— Que saco Quil! Deixe de ser empata foda...

 

— Bom eu estou com pressa e ai Jacob, se decida... Você vai ou não vai?   Intimidei já do lado de fora  do apartamento, apertando o botão do elevador.

 

— VOU! Afirmou Jacob.

 

— NÂO! Contrapôs Quil.

 

— Mas Quil...  Implorou quase suplicante.

 

—EU DISSE NÃO JACOB! 

 

— BOSTA! 

 

— Ok garotos, eu estou indo, mais tarde eu volto... Beijinhos e se comportem... Dei um tchauzinho provocativo para o Jacob, enquanto a porta do elevador se fechava em minha frente. Não pude deixar de sorrir com a cara de desgosto do empresário do Quil. Era como se impedi-lo de conhecer uma mulher fosse mil vezes pior do que se estivessem o torturando numa cadeira elétrica. A Renesmee jamais acreditaria que existe um homem no mundo que é tão absurdamente igual a ela.

 

Eu mal podia esperar para proporcionar o encontro desses dois...

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Sera que a gente merece um review ou uma indicação?