Um Amor Invertido escrita por kelzinha, marinaflima


Capítulo 11
Encrencados


Notas iniciais do capítulo

N/AMari: Eu adorei esse capítulo! Eu e a kelzinha nos divertimos muito pensando em como escrevê-lo! Deixa de papo né! Nos vemos nas notas finais.

BOA LEITURA!



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POV CLAIRE

 

Foi muito mais fácil enfrentar os meus vizinhos fofoqueiros ao lado do Quil. Nós paramos na Starbucks para tomar nosso café da manha antes de viajarmos para Nova York e assim como eu havia presumido, todos os olhares da cidade estavam fixos em nós dois. Quil parecia não se importar com os futricos e olhares críticos na nossa direção, pelo contrario, ele parecia mesmo estar se divertindo. Notei que algumas garotas o encaravam demonstrando certo... Interesse? Sim, Quil estava chamando a atenção das mulheres por sua beleza. Claro, que ele chamaria... Raramente alguém de fora visitava esse fim de mundo chamado Broxville. Quil era bonito, estiloso e demonstrava não ter problemas com dinheiro, ao contrário de mim. Agora mais do que nunca, não tinha dinheiro nem para pagar minhas contas, pois graças a mim mesma estava desempregada.

 

Eu não havia pensado ainda no que ia fazer da minha vida, mas, em ultimo caso eu me renderia ao meu próprio fracasso e pediria dinheiro aos meus pais. Só de pensar nessa hipótese meu estomago embrulhou.  Direcionei meus olhos novamente para o grupo de garotas na mesa em nossa frente, elas ainda cochichavam, riam e acenavam para o Quil, que respondeu com um aceno oferecendo o copo de achocalatado que estava tomando, eles estavam flertando o que me deixou um pouco incomodada.

 

- Hãhã... Pigarreei, chamando a atenção dele.  – Desculpe atrapalhar o seu momento paquera com as vagabundas da torcida, mas acho que estamos casados e isso não pega bem para minha reputação.

 

- Eu não estou paquerando ninguém, apenas estou sendo gentil com as minhas fãs. Disse ele tranquilamente ao sorrir para mim.

 

- Suas fãs? Esta se achando né, seu pevertido?  Dei uma mordida no meu misto e fechei a cara. Ele já estava se sentindo um artista.

 

- Claire, eu... Quando ele ia falar alguma coisa, a garota se levantou da mesa e se aproximou de nós com guardanapo de papel e uma caneta nas mãos.

 

- Você não é o Quil Ateara de Nova York? Perguntou animada. Ele estufou o peito presunçoso e eu revirei os olhos.   - Não foi você que levou um chifre da sua namorada na frente de todo mundo durante um show? Eu vi seu vídeo na internet...   Quil imediatamente se encolheu, desmanchando toda a presunção de seu rosto para assumir um olhar constrangido. Eu disfarcei o sorriso imaginando a quantidade de acessos que teria esse vídeo.   – Ownnn coitadinho, eu nem acredito que estou frente a frente com você, saiba que se me der uma chance e quiser ficar comigo jamais farei isso com você viu, gato? Indagou dando lhe uma piscada.   - Sou muito sua fã, será que você poderia me dar um autógrafo...  Ela pegou o guardanapo que estava em suas mãos e esfregou sedutoramente em seu busto.  – Bem aqui?    Finalizou se debruçando em cima dele, revelando boa parte de seus seios. Eu arregalei os olhos, perplexa com aquela cena e irritadamente mantive a minha cara fechada.

 

- Cla-claro, qua-qual é o se-se-seu no-no-no-no...  Quil gaguejava mais que o “David Brasil” e aquilo definitivamente já estava me dando nos nervos. Emburrada, dei um belo pisão em seu pé incentivando-o a terminar a maldita frase logo.   - Nome?  Concluiu sem desviar os olhos dos peitos siliconados da garota. Ela nem precisava dizer quem era, pois eu já sabia muito bem o seu nome. Melanie era uma das vagabundas lideres de torcida, que o Seth adorava pegar. Assim que o Quil assinou em seu busto, Melanie se afastou da mesa rebolando, sem nem ao menos olhar pra minha cara, aliás, ela ignorou minha presença o tempo todo que permaneceu em nossa frente, agindo como se eu não estivesse ali.  VACA!

 

- Acho melhor irmos embora, já não bastasse às velhas fofoqueiras me julgando, ainda tenho que aturar essas necessitadas no cio me irritando?

 

- Calma Claire, você é muito estressada, relaxe, vamos terminar de tomar nosso café.  – Quil encarou-me satisfeito, como se tivesse reprimindo o sorriso zombeteiro com a minha cara.

 

- Claire? Olhei para trás onde ouvi o som do meu nome e me deparei com Fred, o cara mais lindo dessa cidade depois do Seth. Ele nunca havia falado comigo antes. Eu apenas olhei pra ele com a expressão confusa.   – Claire, eu preciso te dizer que você estava muito GOSTOSA ontem à noite e... bem... eu queria te convidar pra sair comigo qualquer dia desses...  Eu estava tão chocada que nem consegui responder.  – Gata, eu garanto que você não vai se decepcionar, o meu é beeeeem MAIOR que o do Seth.   Hã? Ele estava mesmo se referindo ao tamanho do seu pênis? Quil automaticamente arrancou o sorriso divertido de seu rosto para assumir uma fisionomia mais séria.

 

- É, acho que você tem razão! Definitivamente acho melhor mesmo nós irmos embora agora...   Ele se levantou da mesa rapidamente abriu a carteira e jogou uma nota de 20 dólares em cima da mesa.  – Vamos...  Disse irritado.

 

- Nos vemos depois Fred...  Sorri propositalmente provocativa para o garoto que ficou parado sem entender nada.

 

- Posso saber o que foi isso? Indagou ainda nervoso.

 

- Ué, só estou sendo gentil com os meus fãs...  Falei provocando-o. Quil e eu nos encaramos por alguns segundos com a expressão seria e depois foi inevitável cairmos numa gargalhada sem entender ao certo o motivo do nosso piti um com o outro.

 

- Eu acho que esse negócio de casamento esta mesmo afetando as nossas cabeças...  Disse ele ainda sorrindo.  – Nos já estamos ate brigando como um casal de verdade...

 

- Também acho! Onde esta seu carro?

 

- A ultima vez que eu me lembro dele, havia o estacionado na frente daquele bar de ontem.

 

- Ahhh não! Por favor, não estou afim de voltar lá e encarar meu ex chefe depois de tudo. Você poderia pegá-lo enquanto te espero aqui?

 

- Claro, claro... Ele ficou me olhando como se estivesse esperando alguma coisa.

 

- O que foi Quil?

 

- Er... Onde é o bar mesmo?   Eu sorri da cara de cão sem dono dele e expliquei o caminho.

 

xx   xx

 

Fazia muito tempo que eu não ia para Nova York e pra ser sincera, acho que desde que me obcequei com essa idéia de ficar com o Seth que eu não faço mais nada da minha vida. Quil até que era uma companhia bem agradável, tinha um senso humor incrível. Era capaz de me dazer rir apenas com o seu sorriso.

 

Falamos sobre muitas coisas - inclusive sobre nossas famílias e o nosso trabalho( no meu caso ex trabalho). Era estranho o quanto eu me sentia confortável em conversar com ele sobre qualquer assunto. Acredito que Quil tenha realmente razão quando disse que pelo menos no meio de toda essa confusão descobrimos uma grande amizade. Ele me contou sobre como foi difícil tomar a decisão de deixar para trás seu avô em La Push, para tentar o sucesso com a música em Nova York. Ele só conseguiu graças ao apoio que teve de Jacob, seu melhor amigo e empresário.

 

- Eu sempre tive uma paixão oculta pela música, sabia? Eu gosto de fazer composições, mas nunca as mostrei pra ninguém, nunca levei jeito pra coisa...  Revelei constrangida.

 

- Não foi isso que pareceu ontem... Sorriu debochado.

 

- Eu sei que sou uma catástrofe cantando, por isso eu disse que minha paixão é OCULTA, idiota!  Falei magoada, eu sabia que não levava jeito pra coisa, mas isso não significava que ele poderia tirar sarro de mim quando quisesse!

 

- Ficou maluca? Claire sua voz é linda!

 

- Se você for ficar me zuando desse jeito eu vou voltar pra Bronxvile...

 

- Eu não estou zuando, estou falando sério! Porque não acredita em mim?

 

- Excesso de álcool no seu sangue? Ah ta...  Ele abriu um sorriso torto e sacudiu a cabeça negativamente.

 

- Sua boba, eu não estava tão bêbado na hora da sua apresentação... Quando eu fui retrucar o comentário, Quil me interrompeu.   – Vamos, quero te mostrar um lugar antes de irmos ao meu apartamento.

 

- Que lugar?

 

- Você vai ver... Quil estacionou o carro em frente a um enorme prédio no centro de Manhattan.  – Esta preparada? Perguntou animado.

 

- Er... Pra que? Disse eu extremamente confusa.

 

- Te apresentarei agora o melhor lugar de Nova York... Ele desceu do carro e deu a volta abrindo a porta para eu sair. Em seguida, Quil guiou-me para o interior daquele grande prédio, senti meu queixo cair com a visão do local.

 

- Uau! Eu tinha que me controlar pra não babar, o lugar era lindo!

 

- Legal, não?  Indagou apoiando os braços no meu ombro.  – Claire, bem vinda ao Music Palace!  Eu ainda estava chocada. Tudo referente a musica eu podia encontrar naquele lugar, dos artistas mais clássicos com Elton John. Ai, como eu queria ter dinheiro hoje! Com certeza levaria todos os CDs e DVDs favoritos que não encontro naquele fim de mundo onde eu moro. Bufei com esse pensamento.

 

- O que foi Claire, não gostou?

 

- Não, eu amei! É uma pena que não posso escolher nenhum pra eu levar...

 

- E porque não?  Indagou juntando as sobrancelhas.

 

- Quil esqueceu que só estamos aqui hoje, porque eu estou desempregada?

 

- Quem disse que você não poderá escolher nenhum desses?  Encarei-o confusa.  – Digamos que seja... Um presente de casamento.

 

- Esta falando sério?

 

- Claro Claire, pode escolher o CD ou DVD que quiser, mas vamos logo se não vai ficar muito tarde. Ainda precisamos passar no meu apartamento pra arrumar minhas coisas...

 

- OK! Eu estava eufórica, eram tantos CDS e DVDs que eu nem sabia por onde começar. O Quil também era pão duro né? Eu aqui nesse palácio da musica e ele fala para eu escolher só um cdzinho? Ok! Claire não reclama sua mal agradecida, o rapaz foi super gentil com você e ainda fica resmungando? Lembre-se que se não fosse por ele você estaria saindo daqui só chupando o dedo.

 

Nós já tínhamos andando por várias de sessões e eu ainda não havia me decidido qual CD que eu iria levar. Conforme íamos passando, Quil apontava os seus artistas preferidos e eu os meus. Agora nós estávamos num setor que era só de musicas bregas, era um pior que o outro.

 

- Claire porque você não escolhe esse aqui?  Parece legal... Zombou ele me apontando um CD de uma dupla esquisita chamada  “Coitadinho e Judiação”.

 

- Ah claro, meu sonho é levar um CD desse, principalmente nos dias que eu estiver depressiva e precisar de um incentivo pra me matar... Respondi divertida fazendo-o gargalhar ainda mais.

 

- Quil? Chamou uma voz feminina. Notei que Quil começou a suar e seu corpo enrijeceu antes mesmo de viramos para ver quem estava lhe chamando.

 

- Le-leah... Ele suspirou com dificuldade depois de alguns segundos.

 

– Quil, meu amor! Oh graças a Deus! Você não faz idéia do quanto fiquei preocupada com você depois daquele mal entendido de ontem.  Disse correndo ao encontro do MEU marido. - Liguei pro songo-mongo do Jacob várias vezes, mas o inútil também não tinha noticias suas, onde você esteve?  Ela disparou a falar que nem uma matraca, ignorando completamente minha presença ao lado dele. Já era a segunda vez hoje que eu era ignorada por uma vagabunda. Fala sério!

 

- Eu imagino mesmo o quanto você deve ter ficado preocupada comigo se consolando na cama do Sam... Quil cuspiu as palavras com sarcasmo.

 

- Quil, nós vamos nos casar não podemos deixar uma bobagem dessas estragar o nosso amor...  Dramatizou com os olhos cheios de lágrimas.  – Amor, ontem foi o Sam que me agarrou, eu juro! Eu estava na pista de dança esperando você se apresentar e ele ficou dando em cima de mim o tempo inteiro, quando eu disse que não queria nada, ele me puxou bem na hora que as luzes se acenderam...  Ela era pior do que eu pensava, conseguia mentir com mais convicção do que se estivesse falando a verdade. Será que o Quil nunca percebeu isso?

 

- LEAH BASTA!  Disse Quil empurrando-a visivelmente alterado, fazendo as pessoas voltarem seus olhares para a cena que ali se passava. – Por favor, nem mais uma palavra! Esqueça essa história de NOSSO AMOR, isso sempre foi uma grande mentira, ACABOU!   Indagou rispidamente.

 

- Quil, eu sei que agora você esta de cabeça quente, mas pense em tudo que vivemos juntos nesses dois anos de namoro...  Disse Leah num tom persuasivo tentando se aproximar novamente. Minha vontade era de gritar, “Quil não caia nessa! Ela quer te manipular!”, mas eu sabia que essa era uma conversa que eles precisavam ter e eu não era nada para me meter na vida deles desse jeito.   – Amor, você acha que todas as nossas noites de amor foram mesmo uma mentira?  Todas as nossas caricias, nossos momentos. Lembra do dia em que viajamos para Malibu quando completamos 1 ano de namoro? Quil não respondeu nada, ele parecia realmente abalado com as coisas que essa biscate estava falando. Ela não perdeu tempo, começou a fazer carícias no rosto do Quil, que estava de braços cruzados como uma criança emburrada, exigindo uma maior aproximação.  – Você lembra quando prometemos que estaríamos juntos pra sempre? Eu duvido que você tenha me esquecido da noite para o dia...

 

- Le-ah, por favor, vá embora... Pediu ele num sussurro.  Eu juro que estava tentando não fazer nada, mas não sei por que, ver aquela vaca torturar o Quil daquele jeito, estava me torturando também. Ele era um cara muito legal pra ser tão enganado assim por uma dissimulada.

 

- Hã... Pigarreei chamando a atenção pra mim.  – Então é ela Quil?  Questionei debochada ao entrelaçar meu braço no dele. Pela primeira vez em todo esse tempo ela olhou pra mim, na verdade, ela fuzilou meu braço enroscado no Quil.

 

- Eu o que? Quem é você? E o que está fazendo agarrada ao meu noivo?  Questionou nitidamente irritada. Yes! 1x0 pra mim.

 

- Bem, acho que precisamos esclarecer algumas coisinhas querida...  Quil me encarou confuso e quando ele ameaçou dizer alguma coisa eu levantei meu dedo interrompendo-o.  – Primeiro, eu perguntei a ele se é você a mulher que assumiu ser uma vagabunda perante todos, mas acho que já sei a resposta considerando seu estilo... Afirmei medindo Leah de cima a baixo parando o olhar em sua saia modelo “tapa-sexo”, não precisava muito esforço para enxergar o útero dela, com uma saia tão curta. (N/A: 2x0 Claire)  – Segundo, eu sou a ATUAL ESPOSA do seu EX NOIVO... Eu levantei nossas alianças na frente dela para comprovar o que eu estava dizendo.   - Portanto fica na sua, (N/A: 3x0 Claire) e por ultimo, você me perguntou o que estou fazendo com ele, certo? Então eu te respondo... ISSO!    Num impulso puxei o Quil pra mais perto de mim e colei nossos lábios num selinho demorado. Ele ficou completamente sem reação, nossas línguas não se encontraram, não foi um beijo de verdade, mas foi o suficiente pra deixar a lambisgóia morrendo de raiva.

 

- QUIL! Berrou irritada.  – O que essa piranha esta falando é mentira não é?  Quil estava catatônico, não sei se pelo choque da minha atitude pelo choque da reação de sua ex. Eu dei um cutucão nele para que dissesse alguma coisa.

 

- Er... eu... bem... Tu... er...nós... vós...eles...digo...hãhã... Quil pigarreou sem conseguir dizer absolutamente nada de útil. De novo tive que interferir, ele estava prestes a estragar todo o disfarce.

 

- Bem, como você já percebeu, meu marido ainda está muito emocionado como nosso casamento e agora nós precisamos acertar os detalhes da nossa lua de mel, com licença... Tentei passar por ela puxando o Quil comigo.

 

- Opa, não tão rápido! Disse ela me segurando pelo braço.  – Quil, você não vai sair daqui enquanto não me contar o que esta acontecendo. O que significa essa aliança dourada no dedo de vocês? Quil cadê a NOSSA aliança? Por que essa caipira esta dizendo que vocês estão casados? Leah parou de falar por alguns em seguida arregalou os olhos assustada.  – EU JÁ ENTENDI! Quil, você esta usando drogas! Ontem você saiu e se envolveu com essa drogada na rua, está sobre efeito de remédios anti-depressivos e...

 

- Hahahaha, a única droga que ele usou até ontem foi você querida, mas graças a mim, hoje ele está liberto desse MALDITO vício. Bom querida, eu realmente adoraria ficar aqui e continuar essa agradável conversa com você, mas agora eu e meu marido temos que ir...

 

- Vocês vão pagar muito caro por isso, principalmente você Quil Ateara. Eu não vou te deixar em paz... Ela ameaçou e passou por nós quase levando minha bolsa.  Ficamos quietos por alguns segundos até que eu resolvi quebrar o silêncio entre nós.

 

- Simpática ela, não acha?

 

- Quer saber realmente o que eu acho?  Falou passando a mão na cabeça. – Eu vou ao banheiro, já volto.  Por impulso pensei em acompanhá-lo, mas não seria bem-vinda no banheiro masculino, então decidi ficar encostada em um balcão de atendimento desativado.

 

Uma garotinha loirinha apareceu dando pulinhos pelos corredores. Quando me viu, seus olhinhos azuis brilharam como se eu fosse o último dos brigadeiros de uma loja de doce, se aproximou de mim puxando barra da minha blusa.

 

- Ô Tia! TIIIIIIIIIIAAAAAAAAAAAAAAÁ!

 

- Oi querida, precisa de ajuda? Você se perdeu da sua mãe?  Falei com a maior paciência do mundo.

 

- Não preciso DESSE tipo de ajuda.

 

- O que você quer anjinho?  Não pude evitar sorrir, uma criança que se acha tão esperta...

 

- Me dá o CD da Beyoncé?

 

- Desculpa querida, não posso.

 

- Tudo bem, pode ser o da Lady Gaga então.  Mas que menininha mais pidona!

 

- Você não entendeu né? Vou explicar de novo...

 

- ME DÁ, ME DÁ, ME DÁAAA! EU QUERO O CD DA LADY GAGA, EU QUERO, EU QUEROOO!  Como uma criança que nem me conhece pode pedir um CD e ainda fazer birra assim tão fácil? Nem parentes nós somos! Juntei toda a paciência que me restava, coloquei a bolsa em cima do balcão e me abaixei para ficar do tamanho do demônio.

 

- Escute bem querida, não vou falar outra vez ok? Eu NÃO vou comprar nada pra você porque eu NÃO tenho dinheiro!

 

- NOSSA VOCÊ É POBRE! A garotinha gritou tão alto que fez todos olharem pra nós. Não satisfeita, começou a cantarolar. – A TIA É POBRE, NÃO TEM DINHEIRO, MORA DE BAIXO DA PONTE, NÃO TOMA BANHO!  Você...  decidi tapar a boca da individua antes que ela insinuasse algo mais grave a meu respeito.

 

As pessoas me olhavam com compaixão, alguns com pena. AAAH, mas aquela menininha ia ter que calar a boca!

 

- Vem aqui sua peste, vamos ver quem não toma banho!  Nada abalada, a loirinha apenas colocou as mãos na cintura.

 

- Duvi-de-ô-dó! Você nem sabe correr, sua BURRA!  Tomada pela raiva corri sem pensar atrás dela. A criatura das trevas me fez percorrer quase toda a loja, mas quando eu estava prestes a pega-la trombei com um segurança.

 

- Algum problema senhorita?  Falou num tom ríspido cruzando seus enormes braços.

 

- Hã... nenhum!Por acaso você viu uma menininha loirinha, um anjinho em forma de gente?  Dei meu melhor sorriso para ver se o segurança cola na minha.

 

- Não vi.  Respondeu fechando ainda mais a cara, mesmo eu pensando que isso não fosse possível.

 

- Hm... Obrigada...?  Virei-me, desistindo de procurar o pequeno demônio. Fui em direção de onde Quil havia me deixado para ir ao banheiro. Só de pensar em que ele estava sofrendo já me dava um aperto no coração e uma vontade de pega-lo no colo. Isso pode ter soado estranho, mas ele é um cara legal e não merece sofrer pela VACA da Leah.

 

Chegando ao balcão pude ouvir meu celular tocar, corri desesperada para atendê-lo abrindo rapidamente o bolso de fora da minha bolsa.

 

- Alô?

 

- ALELUIA! Não atende mais o celular não Claire?   Pra variar, Nessie estava irritada do outro lado da linha.

 

- Ah, eu? Estou ótima Nessie, obrigada por perguntar! Muito sensível da sua parte.  Falei fingindo indignação.

 

- Corta essa Claire, eu preciso te contar uma coisa muito importante, é uma coisa horrível que aconteceu comigo! Eu pensei que nunca fosse acontecer mas...

 

- Ah você não sabe, apareceu uma menina aqui, lindinha me pedindo um CD da Lady Gaga. O DEMÔNIO me fez correr a loja inteira atrás dela.  De longe Quil acenou pra mim, visivelmente melhor.

 

- Claire, é sério, preciso te contar. Eu...   Quil sorria pra mim, tentando não transparecer a confusão que o consumia, mas eu sabia que dentro dele, tudo estava uma bagunça, afinal ele ainda deveria gostar da tal da Leah.

 

- Nessie, eu te ligo depois tá? Tchau amiga.  Desliguei o celular antes do Quil chegar.

 

- E aí? Já escolheu o CD?

 

- Quer saber? Não quero CD nenhum, vamos embora daqui! Peguei no braço do Quil arrastando-o pra fora da loja. Depois de toda a cena com a ex-noiva e o ocorrido com o demônio mirim, nós dois merecíamos um descanso. Mesmo sem o meu CD, eu saí de lá satisfeita. Não é todo dia que se dispensa uma piranha e uma criança com classe, ou nem tanta assim, o negócio é que foi eficiente.

 

Estávamos saindo do Music Palace, quando um daqueles detectores que ficam na porta da loja começou a apitar descontroladamente. Minha primeira reação foi olhar para o lado e ver se tinha mais alguém saindo, em seguida, resolvi dar um passo pra trás e tente passar de novo, afinal, deveria ser um mal entendido ou sei lá o quê. Tentei passar de novo como se nada tivesse acontecido, mas o troço parecia não querer colaborar e voltou apitar nervosamente.

 

- Com licença, a senhora vai ter que me acompanhar.  Disse um segurança vindo de não sei de onde agarrando meu braço com força.

 

- Desculpa, deve ser um mal entendido... Interferiu Quil tranquilamente.

 

- Eu não comprei nada da loja... Argumentei constrangida.

 

- Acompanhe-me senhora, ou terei que chamar a polícia.  Ele parecia não acreditar em mim.

 

- Moço, eu não peguei nada.  Olhei suplicante para o Quil, e o cretino apenas sorriu. Sim, ele sorriu! O segurança arrogante pareceu não acreditar e continuou tentando me arrastar pra dentro da loja.

 

- Ok, já que há resistência, vou ter que olhar a sua bolsa senhora.   Acho que ele falou pra tentar ser mais gentil, pois nem autorizei e ele já estava arrancando-a de minhas mãos.

 

- Sai pra lá seu OGRO! Sua mãe nunca te disse que bolsa de mulher não se olha? Eu já disse que não peguei NADA!  Ficamos ali, disputando a bolsa pelas alças, hora puxando pra um lado, hora puxando pro outro. Como no cabo de guerra, o mais forte sempre vence, e eu não sou o tipo de mulher que... Como posso dizer? Que tem um pênis, ou que tem a força de um ser com um.

 

- CHAMEM A POLÍCIA! Temos uma mulher descontrolada aqui.   Em seguida, o ”dócil” segurança abriu minha bolsa e despejou tudo que tinha nela no chão. É sério, foi assim.

 

- Olha aqui seu segurançazinho de quinta categoria, a minha... amiga já disse que não pegou nada daqui! Não é preciso olhar a bolsa dela e nem despejar tudo no chão.   Disse Quil postando-se à minha frente.

 

O segurança apenas sorriu debochado e abaixou para pegar alguma coisa no emaranhado que havia despejado de minha bolsa. Pegou um DVD cuja capa era uma mulher fazendo bico de joelhos, com um rapaz nu em pé na sua frente. OMG! Isso não esta acontecendo...

 

- Não pegou nada não é?  Disse zombeteiro.  – Garganta profunda, o manual do sexo oral.

 

- Claire, não sabia que você curtia esse tipo de filme.  Disse Quil surpreso. – Se você queria comprar esse não precisava ter roubado, eu teria pagado pra você.

 

Tudo bem, cadê as câmeras escondidas? Estou em algum reality show ou algo parecido? Não é possível, um filme PORNÔ na minha bolsa?

 

- Quil, eu não curto esse tipo de filme e já disse que não peguei NADA dessa loja! Mas que saco! Será que dá pra acreditar em mim?   Olhei-o suplicante, e por algum motivo, sabia que ele acreditaria em mim.

 

- Tudo bem, eu acredito em você.

 

- Sinto muito lhe informar, mas a senhora terá de me acompanhar.  Falou o troglodita de terno.

 

- Olha aqui moço, alguém deve ter colocado isso na minha bolsa enquanto eu corria atrás do mini demônio... quero dizer, da menininha que queria o CD da Lady Gaga.

 

- Alguém viu você correndo atrás da menininha?  Disse o segurança descrente. Apenas neguei com a cabeça. – Sabe de alguém que colocaria um filme pornô de dez dólares na sua bolsa?   Nesse momento, lá estava ela dando 5 pratas pra criatura das trevas fã de Lady Gaga.  Leah passou sorrindo para nós, até deu um cínico “tchauzinho”, e parece que eu fui a única a perceber.

 

- Eu já sei quem foi senhor Segurança.   Falei firme. – Foi a Leah, ela está ali ó!  Quando apontei, a cretina não estava mais lá. Olhei desesperada pela loja e a demôniazinha também já havia ido. Eu realmente estava encrencada.

 

- Boa tentativa.  Ironizou o segurança. – Mas a senhora vai ter que me acompanhar.

 

- Olha, eu já falei que não a lugar algum.  Eu não peguei nada, não estou mentindo!

 

- Ninguém mente não é Soarez?  Debochou olhando para seu companheiro de trabalho, virou as costas e começou a andar. – Leve-a para a gerência, logo a polícia está aí pra prender a tarada sem-teto.

 

Ah, mas ele realmente não conhecia a fúria de Claire Hale. Se ele achava que iria me chamar de mentirosa, ladra, tarada e sem teto em uma única sentença estava muito enganado. Uma fúria incontrolável me tomou aos poucos, fazendo-me tremer. Como numa guerra medieval, corri gritando para o campo de batalha. Sorte que eu não tinha uma faca ou algo parecido, pois não teria me responsabilizado pelos meus atos.

 

Quando me vi, estava montada nas costas do segurança, segurando-o pela cabeça e dando-lhe tapas inúteis. O troglodita atacado estava sem ver, e com certeza ficaria surdo se eu não parasse de gritar.

 

 

 

POV. QUIL.

 

 

Tudo bem, ser chamada de tarada sem-teto não deve ser fácil, mas montar num segurança com o braço tão curto que não consegue coçar o saco, me parece muito injusto.

 

Se alguém olhasse de fora, não saberia dizer se a Claire estava possuída ou tirando o capeta do corpo do segurança. Ela jogava a cabeça dele pra frente e pra trás, tentando em vão com que ele perdesse o equilíbrio e gritava como nunca. Poderia apostar que ela ficaria rouca por dias se não parasse. O segurança atacado pedia ajuda e não parecia muito seguro de que sairia vivo dali. Os outros companheiros de trabalho do cara estavam como eu: atônitos.

 

Alguém tinha que fazer alguma coisa! Imagina se aquele cara cai pra trás!? Ele vai esmagar a Claire! Sem pensar duas vezes fui tentar tira - lá do cangote do segurança, o que não deu muito resultado.

 

- Ajudem-me! Vão ficar parados aí olhando?  Falei nervoso. Onde já se viu, eles são a equipe da SE-GU-RAN-ÇA! E pelo que vejo, Claire não está em segurança montada naquele cara.

 

Uns dois vieram tentar apartar a... briga, mas Claire não estava disposta a desistir facilmente. Aquela menina deve ter feito aulas de karatê ou algo parecido, pois quem se aproximava, levava uns bons tabefes. Não pude deixar de sorrir, ela era incrível, mas toda garota precisa de um super herói...

 

Claire começou a perder força, estava se soltando do troglodita. Ele percebendo a situação apenas se sacudiu um pouco, fazendo-a cair de vez. Quem disse que a garota parou de gritar? Isso só a fez gritar mais alto ainda, como se ainda fosse possível.

 

O segurança sorriu debochado quando Claire levantou para atacá-lo novamente, e sem piedade nenhuma a jogou no chão com toda a força. Tudo bem, a Claire extrapolou, mas isso não significa que ele tenha o direito de tratá-la dessa maneira.

 

- Olha aqui seu troglodita de merda. Quem você acha que é pra bater na MINHA mulher?  Disse visivelmente alterado. – Pelo visto sua mãe não lhe ensinou nada. Em mulher não se bate nem com flor! Só um covarde como você teria tamanha coragem de fazer isso!   Claire cutucou meu ombro, sussurrando pra eu parar com isso. Ignorei-a, esse cara iria aprender na marra que não se deve maltratar uma mulher.

 

- Quil, acho melhor a gente...

 

- Não Claire, o meu lance é com ele agora.   Cortei-a arregaçando as mangas. Vocês pensam que ela desistiu? A louca continuou me cutucando! Vou salvar a moral dela e ainda quer me impedir? Deixa eu ter meus momentos de glória caramba...

 

- Quil, eu to falando sério, acho melhor você p....

 

- Claire, já disse que estou fazendo porque quero.   Posicionei minhas mãos como um lutador de boxe, intimidando o segurança machão. – Quem é o machão agora? Vai chamar a polícia neném? Posso apostar que eles são um bando de cagões assim como você!

 

- Quil, pelo amor! Pare com isso!   Disse Claire meio desesperada. Eu sei que ela pensava que eu iria me machucar, mas não conhecia minhas técnicas marciais, eu aplico o “dragão-morte-certa” muito bem.

 

- Vocês seguranças se acham os donos dos lugares, assim como os policiais. Quando deveriam manter a ordem e zelar pelos clientes comem rosquinhas.   Continuei alfinetando, tortura psicológica é a alma do negócio. – Pura INCOMPETÊNCIA!   Claire passou a me cutucar novamente, dessa vez com uma intensidade maior. – Que foi Claire? Me deixa acabar com a raça desse segurança metido a policial que a gente já vai embora...  Minhas últimas palavras não passaram de um sussurro. Não era a Claire que estava me cutucando, era um policial pelo menos dez vezes o tamanho do segurança que eu queria bater.

 

- Um bando de cagões não é? É isso que você acha dos policiais?  Disse batendo o enorme cassetete na mão direita. O cara tinha tanta força que em um sopro eu voava.

 

- N-nãaao magnânimo senhor policial. Eu acho os policiais as criaturas mais inteligentes da face da Terra, acho que a vossa senhoria interpretou errado a minha frase....

 

- Shell, detenha esses dois arruaceiros. E dê um tratamento especial a esse aqui.   Falou apontando pra mim com o cassetete enquanto o outro vinha com as algemas.

 

- Quil, deter? O que eles vão fazer conosco?  Claire estava desesperada, mas não tanto quanto eu.

 

- Vamos ser presos Claire, nós vamos pra cadeia.   Eu estava torcendo pra que o tratamento especial incluísse banheira de espuma e massagem tailandesa, pois me disseram uma vez que esse tal tratamento tem a ver com minhocas. Espero do fundo do meu coração que não seja uma metáfora.

 

 

 

               continua...


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Notas finais do capítulo

N/A/mari:
Oi gente, tudo bom?
Demorou mas chegou! UFA!
E aí, o que acharam do capítulo? Gostou, amou, detestou ou sei lá o quê.... MANDA REVIEW!
Só assim saberemos se acertamos ou não ok!?

Prometo responder tooooooodo mundo a partir desse capítulo!


Beijos e mandem reviews mesmo ok?