Casada com Edward Cullen II escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 24
Capítulo 23




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Capítulo 23

 

Pov Edward.

Mentir para minha esposa do jeito que eu menti... Nunca havia me sentido tão covarde como agora. Olhar para as minhas mãos e inventar uma desculpa... Foi à coisa mais vergonha, de todas as coisas vergonhosas, que eu já fiz. E isso porque eu já tinha feito MUITAS coisas vergonhosas. Eu não pude suportar a hipótese de não tê-la. Ela nunca me perdoaria se eu lhe dissesse, então... Eu menti.

As últimas palavras de Jasper me tomavam a mente... “A verdade sempre aparece no final”, e esse era o fato que eu temeria. E de imaginar que não me lembrava de nada e saber que há alguém que se lembra de tudo, me deixa mais angustiado ainda. Lauren... Ela sabe. Ela e Jasper sabem. O suficiente para eu não aguentar o medo e a insegurança que já me rodeiam.

xXx

Fiquei fitando a geladeira por minutos a fio. O copo de cristal que eu segurava, enquanto pegava uma jarra com água. Eu me servi fechando-a, eu deixei o copo na pia. E continuei olhando o objeto.

Voltei para o quarto fitando intensamente o relógio da parede, que me dizia que era tarde demais para continuar pensando nas minhas idiotices. Sentei-me na cama, observando minha esposa. Bella tinha sua testa franzida, que brilhava numa fina camada de suor. Ela se mexeu um pouco, soltando um gemido baixo e eu me levantei para ligar o ar-condicionado. Foi só então que eu vi a mancha vermelha no lençol.

Tentei chamar minha esposa, que fez um muxoxo, mas não abriu seus olhos. Controlei a respiração, tentando não estar suficientemente em pânico para agir.

— Bella, por favor... — Sussurrei, sentindo meus olhos queimarem um pouco.

Sem muito esforço eu consegui levantá-la um pouco. Ela estava queimando e agora parecia agonizar. Levantei-a nos meus braços, carregando-a para fora do quarto.

— George! Leah! — Meus gritos saíram descontrolados, enquanto eu ouvia passos longínquos, já no andar de baixo.

— O que houve? — Eu vi a garota com a qual eu havia crescido, que agora ocupava o lugar de sua mãe em minha casa. — Eu vou chamar o motorista. Leve-a para o carro.

Eu estava no banco de trás do carro com a minha esposa, segurando-a firmemente em meus braços, enquanto entoava preces silenciosas. Nosso segurança dirigia com rapidez para o hospital mais próximo.

Eu a ouvi sussurrar algo, mas não pude compreender. É como se ela estivesse em constante delírio.

Parando o carro na emergência, saí com Bella em meu colo, gritando por socorro. Rapidamente enfermeiros e maqueiros nos ajudaram. Levaram-na em uma maca rapidamente.

— O que aconteceu, senhor? — Um dos funcionários meu perguntou.

— Ela está grávida... Está sangrando. Não respondia enquanto eu a chamava... Por favor...

Foi a informação necessária para o homem sair do meu lado e acompanhar o comboio que seguia com minha esposa.

Eu me vi parado, sozinho na recepção da emergência. Poucas pessoas estavam ali sentadas, com o rosto abalado e expressão de cansaço.

Passei a mão pelo cabelo sabendo exatamente de quem era a culpa do que estava acontecendo. Era minha.

Preenchi uma ficha rápido na recepção e me sentei em uma das cadeiras disponíveis na sala fria, pensando seriamente em qual seria meu passo agora.

Eu me levantei, voltando para a recepção, pensando que não poderia suportar esse momento sozinho. Pedi para usar o telefone e disquei o número com certa dificuldade para lembrar. A voz sonolenta que me cumprimentou parecia bastante irritadiça. Eu suspirei, pensando no que diria para ela.

— Renée? — Chamei minha sogra.

O silêncio do outro lado predominou por alguns instantes e eu soube que ela fizera o reconhecimento. A culpa transcendeu quando eu a ouvi respirar, provavelmente temerosa em responder.

— Edward, aconteceu algo? — Sua pergunta era quase que esperada por mim. Assim como seu tom brando, quase que despreocupado, que eu sabia que era bem forçado.

— Estou... No hospital com a Bella... — Eu murmurei.

O resfolegar da minha sogra fizera companhia para o meu.

— Ela... Está bem?

— Eu não sei. — Assumi. Meus olhos queimaram, quando meu coração acelerou em verdadeiro pânico — Ninguém me diz nada.

— Mas o que aconteceu? Você quer que eu vá ficar com você? — Eu queria dizer que sim, mas...

— Não, não precisa. Eu só... Achei que deveria avisar — Eu só não queria passar por isso sozinho, pensei. A culpa me consumia até a espinha — Ela estava febril e teve um sangramento...

— Você fez bem em me avisar. Eu vou me trocar e estarei aí o mais rápido possível.

Eu passei o endereço para Renée, conseguindo ficar um pouco mais tranquilo.

Voltei a me sentar, segurando minhas mãos de uma maneira apertada, enquanto meus olhos se fechavam e meus lábios sussurravam palavras para Deus. Eu não era um bom filho, sabia disso. Eu era um péssimo marido... E céus, provavelmente seria um péssimo pai para essa criança. Mas eu os amava, do meu jeito torto e errôneo. Eu os amava tanto... Que eu só os prejudicava com meu jeito. Havia parte de mim que gritava consciente que eu destruiria minha filha. Mas a outra parte, a parte maior e egoísta, dizia para eu ficar e continuar ao lado deles. Independente do dano final.

Eu me levantei algum tempo depois quando um homem de jaleco saiu pelas portas que identificavam a entrada da emergência.

— Isabella Cullen? — Ele falou em voz alta, procurando por quem fosse o acompanhante.

— Aqui!

Eu andei até o médico um pouco ofegante, enquanto eu só o via com um olhar tranquilo.

— Bom dia, eu sou o médico responsável por Isabella. É a sua esposa? — Ele perguntou, estendendo sua mão para mim. — Mason Hunter.

— Edward Cullen. — Murmurei ao apertar — Sim, é a minha esposa. Como ela está? E o meu filho?

— Está tudo bem com os dois agora. — O médico disse. — Mas ela parecia muito agitada. Eu não sei o quadro gestacional dela, mas... Sua esposa esteve prestes a sofrer um aborto.

Segurei meu ar, encarando o médico. Eu assenti, tentando não desabar na frente dele.

— Ela tomou uma injeção de Inibina e Ultrogestan, o que eu recomendo seguirem-se por esses meses complicados da gestação. O sangramento foi reparado e ela agora ela dorme em observação.

Eu assenti, sem saber realmente o que dizer ou perguntar. O médico me olhou como se quisesse dizer algo ou perguntar alguma coisa que iria além do seu oficio, mas eu o vi apenas voltar a sua postura rígida e comprimir seus lábios, guardando para si qualquer que fosse o comentário.

 — Eu posso vê-la? — Perguntei esperançoso.

O médico assentiu após um segundos em silêncio.

— Ela está em observação em um sono tranquilo no CTI. Você pode vê-la através do vidro, mas só por alguns minutos. Se tudo correr bem e ela apresentar um quadro de melhora, pode receber alta pela manhã.

O médico me disse para segui-lo, e eu fui. Só então, depois de minutos, eu reparei que as pessoas me encaravam além do necessário. E eu sabia o porque agora. Estava de chinelo de borracha, calça de moletom preta e camisa regata cinza. Nitidamente alguém que estava na cama e acordou de repente para o hospital. E por incrível que pareça, as pessoas em meio aos seus próprios problemas pareciam achar algum tipo de diversão desrespeitosa nisso.

Segui pela emergência, até um elevador no fundo do corredor e longe da multidão de curiosos que ali estavam. Vi o médico apertar o botão nove e senti a caixa de aço se movimentar numa velocidade razoável. Em menos de um minuto, em nenhuma parada regular, nós estávamos no nono andar.

— A pressão... Arterial? — Eu perguntei ao médico, enquanto seguíamos por outro corredor.

Esse era bem iluminado, frio, vazio e silencioso. O médico digitou algum código que abriu a porta de aço que nos separava do que era a CTI. Segui por um corredor que davam para quartos com paredes de vidro, e ao final dele estava a minha esposa.

A agonia terrível que em atingiu caiu como uma pedra na minha cabeça. Aquilo era culpa minha.

— A pressão está normal... — O médico disse e eu assenti.

Bella estava deitada, seus lábios estavam com mais cor agora. Reparei na maquina que controlava seus batimentos que tudo estava perfeitamente de acordo com o que o médico havia dito. Em um ritmo normal seu coração batia, sua pressão estava boa e sua feição tranquila.

— Ela ficará bem? — Perguntei ao médico, temendo pela resposta.

— Se ela se cuidar, sim, ficará.

E aquela responsabilidade... Era toda minha.

xXx

Dias depois.

— Ela declinou, foi gentil, mas disse que Jasper prefere ficar em casa e comer pizza. — Bella me disse, lançando um olhar triste.

Ela estava triste desde que recebera alta no hospital, dias atrás. As únicas visitas que recebera fora de sua mãe duas vezes no mesmo dia. Suas amigas ligaram e passaram algumas horas a fio fofocando pelo telefone, mas elas logo davam alguma desculpa para não virem, o que no fundo, para mim era um alívio. O meu pânico em pensar que Jasper poderia ter dito algo para Alice e então sabendo que ela poderia vir aqui e contar algo para Bella... Isso me deixava sem dormir a noite. Então, quanto mais suas amigas diziam que não podiam vê-la, mas aliviado eu ficava. Por mais que isso deixasse minha esposa triste.

A culpa iria me consumir, sabia disso. Eu olhava nos olhos tristes dela e me perguntava como estava sendo capaz de suportar o peso das minhas próprias mentiras.

— Você sabe como é o Jasper...

— Ela disse que acha que vocês brigaram, vocês brigaram? — Bella me perguntou, mas parecia que ela já sabia a resposta disso.

— Jasper e eu somos assim. — Digo a ela, encarando-a brevemente. — Você e Alice não ficaram sem se falar no ano passado?

— Foi diferente. — Ela disse e eu assenti. Sim, havia sido diferente. — Eu vou tentar com a Rosalie.

Ela me avisou, eu a vi discar o número do telefone e me arrependi de ter sugerido jantar fora, para distrai-la, já que ela havia passado os últimos dias de repouso na cama, aplicando injeções dolorosas na barriga, a qual ela carinhosamente apelidou de “injeções do amor” já que era isso que fazia nosso bebê ficar seguro lá dentro.

— Por que não só nós dois? — Eu sugeri, enquanto ela tirava o telefone do ouvido — Rosalie está brava comigo e Emmett não vai comprar a briga.

Ela bufou, interrompendo a chamada.

— Vai ser divertido... — Eu incentivei, vendo-a assentir.

Ela parecia muito mais chateada agora.

A vi assentir e se virar rumando para o banheiro, me deixando sozinho no quarto.


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