Casada com Edward Cullen II escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 15
Capítulo 14




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Capítulo 14

Pov Bella

Alguém teria que dizer que era uma piada.

Tudo estava perfeito. Lua de mel perfeita. Noites incríveis. Dias melhores ainda. E agora... Isso? Algo sempre no caminho? Mas dessa vez... O preço foi alto demais. Um pai? Não podia ser verdade!

Eu queria morrer junto. Como se perde alguém que se ama tanto? Ele tinha seu jeito de me amar, mas eu não posso dizer que ele não me amou. Que ele não cuidou de mim e me educou. E agora... Apenas se foi. Eu não verei meu pai. Ele não me disse adeus. Que droga, Charlie, como você pôde fazer algo assim com sua única filha?

Enquanto eu ouvia Edward bater com uma força bruta na porta, com voz de desespero, implorando para estar comigo, pensava o quanto nem ele poderia me consolar. Eu havia quebrado tudo que estava ao meu alcance. Deitei no chão frio, deixei que as lágrimas rolassem livremente, tentando arrumar alguma explicação para os últimos acontecimentos.

— Bella, abra... Por favor — Edward continuava a pedir — Nós temos um avião para ás sete, amor. Você precisa comer algo. Me deixe entrar e ajudar você.

Edward continuou a falar. Eu sabia que sua paciência alcançaria o seu limite em pouco tempo. Apesar do homem diferente que ele havia se tornado, ainda era apenas um homem. Um homem mais velho.

Deixei o banheiro enrolada em uma toalha, após um banho frio. Eu recebi um silêncio longo como resposta, mas para minha surpresa ele havia separado um vestido azul, acompanhado de uma sapatilha que eu sabia que era confortável. Eu deixei que ele fizesse seu papel de marido, enquanto me ajudava a vestir a roupa, como se eu estivesse incapacitada. Edward inclusive usou um pente para domar meus cabelos e os enrolou com um elástico preto. E eu sabia que agora estava pronta para ir para casa e ver meu pai.

Entendia a capacidade de Edward querer atenção. Vivia brincando, foi por isso que eu coloquei um sorriso no rosto, compreendendo que essa era a desculpa para interromper a lua de mel. No fundo, ele estava preocupado com a empresa, então voltar para casa usando Charlie havia sido uma boa sacada, que eu demoraria um tempo para perdoar, mas no fim, compreenderia. Como sempre.

— Nós podemos ir — Eu sorri calmamente, pegando minha bolsa.

— Bella, você está bem? — Mas ele me perguntou, sua voz soou baixa, mantendo o personagem.

— Ótima, Edward, e quero ver meu pai. Nós podemos contar como é a França.

Andei sem ele, não fitei a imagem do homem paralisado como uma estátua no quarto. Eu ouvi seus passos atrás de mim alguns segundos depois. Nós estávamos em um carro que nos esperava após sairmos do elevador.

Eu aceitei o que a nossa comissária nos ofereceu durante nosso voo. Eu tinha os olhos de Edward sobre mim durante todas as horas, enquanto eu fitava a imensidão de azul pela nossa janela.

Ao desembarcar, a primeira imagem fora de Alice, ela estava ao lado de Jasper e eu fitei seu vestido preto. Mas nada se comparou quando seu abraço fora acompanhado por lágrimas, então, como uma cortina pesada, um véu caiu perante meus olhos. Bem no fundo da minha mente, que ecoava os soluços de Alice.

— Qual motivo do choro? — Questionei a ela.

— O que houve com você? — Ela me devolveu.

— Eu estou bem, Alice. Nós fizemos uma boa viagem e houve sexo. Não entendo o motivo do seu choro.

— Pare com isso Bella — A voz estridente saiu pelos lábios da mulher pequena — Sua mãe está em prantos, e sinceramente, não deixarei você se aproximar dela dessa forma.

Ela parecia estar com raiva.

Alice secou suas lágrimas com grosseria, seus olhos pareciam chamuscar. Ela comprimiu seus lábios e sua feição ficou séria demais.

— Eu já sei que foi uma desculpa estupida de Edward. Estamos de volta, então não precisa entrar nesse jogo sujo.

— O seu pai morreu nessa madrugada. Sua mãe está muito mal, ela quer morrer também — Disse Alice, em tom sério — Eu não quero que você só se dê conta disso quando o encarar dentro de um caixão, minha amiga.

Vi a mesma emoção passar pelos seus olhos novamente, quando eles se encheram de lágrimas e ela não conseguiu segurá-las. Então eu sabia o que estava vindo, minhas próprias lágrimas. Alice segurou meu ombro com força, então eu chorei. Não havia gritos ou coisas sendo quebradas nesse momento. Era só um choro silencioso.

xXx

O tempo passava de uma forma dolorosa enquanto estávamos em um velório. Via Renée contemplar para todos o seu papel de viúva inconsolável, enquanto eu preferia me manter a distância. Ainda havia muito sentimento para ser processado, e apesar de ver com meus próprios olhos, algo em meu cérebro queria ignorar essa informação. Eu estava em uma tremenda crise de consciência. Ora chorava, ora fingia não me importar e na maioria do tempo meu peito fervia em raiva.

Não perguntei a Renée o que aconteceu, como foi e quando ela descobriu que Charlie havia me deixado. Eu queria explicações na verdade, mas e se ela não as tivesse? Meu pai era um homem saudável. Ele fazia controle de sua saúde quase que mensalmente. Ele não tinha vícios... Ele não fumava, ou bebia com muita frequência. Bom... Isso na sua velhice, mas sua juventude havia sido regada a cigarros e bebidas alcóolicas, e por mais que ninguém me diga, eu sei que havia drogas envolvidas. Drogas pesadas. Foi dessa forma que eu fui concebida, eles se quer sabiam que eu sabia, mas eu ouvia as brigas na madrugada, quando Renée se arrependia de seu casamento e da surpresa desagradável que era eu. Depois de mim, Charlie mudou seus hábitos completamente. Às vezes ele era meu pai e minha mãe, enquanto eu o via se desgastar pelos anos... Enquanto minha mãe era beneficiada pelo tempo, com ele era o contrário. E agora... O tempo o levou.

Eu deixei a capela antes que o sepultamento fosse concluído. Eu não fiquei para ouvir o sermão do padre, por mais que Edward tentasse me convencer que eu não poderia deixar minha mãe sozinha. Isolada em um apartamento após isso, ele alegou que ela poderia cometer algum tipo de insanidade. E foi assim que eu a trouxe comigo, para minha nova casa, ajudando-a com tudo que eu podia.

Ainda naquela noite, enquanto eu a instalava e a ajudava com um remédio para dormir, pude visualizar seu semblante triste. Como se algo tivesse morrido dentro dela. Eu pensei no meu pai e no quanto ele ficaria decepcionado se eu me entregasse dessa forma, mas no fundo eu compreendia muito bem. O que morreu em minha mãe, morreu em mim também. Sinto como se tratores tivessem me atropelado e dado ré.

— Eu sinto muito, Bella — Encontrei Alice no corredor, depois que Renée adormeceu.

— Ela dormiu — Disse debilmente, fechando a porta do quarto.

— Que bom. Você deveria tomar um banho e dormir um pouco também.

Eu assenti, mas era a última coisa que eu queria. Mas eu não poderia nem queria contradizer ninguém nesse momento. A última coisa que eu precisava era tomar algum remédio para driblar minha dor. Eu não queria dormir, eu queria ficar acordada e sentir aquilo. Até que fosse embora. Então eu neguei, ignorando o gesto de antes.

— Sua mãe me contou mais ou menos o que aconteceu... — Alice iniciou o assunto com cautela — Charlie havia descoberto uma doença cardíaca. Estava em tratamento, mas com a idade avançada outros problemas começaram aparecer.

— Ele nunca me disse nada... — Comentei, com incredulidade, enquanto sentia meus olhos molharem novamente.

— Seu pai não queria te ver sofrendo. Ele resistiu enquanto pôde, ele queria ver você feliz e em paz.

Alice baixou sua cabeça, e eu sabia que ela iria chorar novamente. Aliás, ela não conseguia segurar-se em momento nenhum. Por isso eu mesma respirei fundo, chorar só ocasionaria mais choro.

Esse era Charlie – primeiro estava à necessidade de sua vida, depois, sua própria vida.

— É egoísmo — Murmurei com raiva.

— A vida é egoísta, Bella e seu pai estava sofrendo com o tratamento. Agora ele está livre de toda dor e...

— Por favor, pare — Pedi, vi Alice engolir o próprio choro.

— Eu vou chamar o Edward...

Eu a vi andar para a direção contrária, enquanto eu andava para meu quarto.

DIAS DEPOIS.

A falta era grande. Eu entendi o que meu pai passou, tentei me conformar, apegando-me nos fios de esperança que eu ainda tinha. Quando eu recebia alguma visita, ouvia que ele estava em um lugar melhor. Que seu sofrimento havia acabado e que agora as coisas ficaram melhores para ele. Isso entrava em minha mente, enganando meu coração, aliviando meu sofrimento, mas toda vez que a saudade batia, eu esquecia.

Amei meu pai. Ele sabia, eu sei disso, sei também que ele me amava muito. Foi o pai que pôde ser. E eu estava carregando isso comigo, enquanto me sustentava por Renée. Ela parecia estar em uma depressão profunda, recusando comida ou bebida. Voltando a ser uma criança.

Edward era meu único pilar, e eu sabia que sem ele estaria em um estado pior que minha mãe. Ele era minha coluna, minha base, e tudo que eu precisava ele me oferecia sem eu precisar pedir. E quando eu tentava agradecer por isso, ele sorria dizendo: “não é isso que os maridos fazem?”.

Eu abri os olhos nessa manhã, sentindo-me indisposta. Queria dormir mais, porém eu ouvia os barulhos incessantes enquanto sabia que meu marido estava se arrumando para ir ao trabalho. E era seu primeiro dia de volta, depois de tudo que aconteceu. Ele tentava me esconder, mas com um espiada conseguia perceber que ele estava animado com isso, no mínimo seria seus momentos de normalidade.

Eu me levantei, ignorando a animação. Caminhei para o banheiro, ignorando o terno azul que ele vestia. Bonito demais, caro demais.

Lavei meu rosto e escovei os dentes, voltando para o quarto.

— Não precisava ter levantado — Ele disse, observando-me.

— Já estava na hora — Disse sorrindo falsamente, e ele suspirou.

Nós descemos juntos para o café da manhã. O meu primeiro café da manhã na casa nova. Aliás, eu estava me sentindo um pouco perdida por acordar tão cedo e ainda observar o lugar. Descer e fazer algo que foi natural por um bom tempo para este homem e eu. Este mesmo homem que me encara em silêncio, como se soubesse que sou uma bomba relógio.

— Você volta que horas? — Eu perguntei algum tempo depois. Eu sentia que se não falasse nada, seriamos como dois estranhos compartilhando uma mesa.

 — Queria voltar a tempo do almoço, mas primeiro dia... Impossível. Talvez pelas quatro esteja de volta.

— Hm — Limpei a garganta o encarando.

Não queria dizer que eu não queria ficar sozinha. Renée parecia um fantasma, não saia de seu quarto.

— Você pode ligar pra a Alice ou outra amiga — Ele sugeriu, neguei.

— Vou ficar aqui e esperar você.

Vi Edward se levantar, disfarçando sua feição preocupada. Ele deu a volta na mesa, até ficar do meu lado e beijou minha testa lentamente.

— Fique bem — Disse.

— Ficarei, tenha um bom dia, querido.

Eu murmurei para mim mesma, após Edward ter saído pela porta da sala. Respirei fundo, fitando George que me encarava de longe.

— Pode pedir para retirarem a mesa, G...

Eu disse antes de me levantar. Sabia bem que o faria: voltaria para o quarto e continuaria a fingir que isso não passava de um horrível pesadelo.

Um barulho ensurdecer que vinha da porta do quarto tirou-me de um sonho ruim. Observei o relógio no criado mudo, dando-me conta que já passava das três da tarde.

— Oi? — Respondi afoita.

— A senhora tem visitas... — A voz de George me respondeu.

Visitas? Respirei fundo. Eu não respondi, mas eu sabia que ele já estava andando para longe. Acontece que nem George aguentava por muito tempo meu mal humor quando Edward não estava por perto.

Eu me arrastei para o closet, buscando o primeiro vestido que encontrei, e tratando de amenizar minha aparência de sono com água gelada no lavabo. Aparentemente apresentável, eu abri a porta do quarto, pronta para encarar a visita indesejável.

Rosalie estava um pouco desconfortável na sala de estar. E pela primeira vez a via sem seu sorriso insistente no rosto. E ela ficava realmente sombria sem ele. Acho que Rose deveria sorrir sempre. Tristeza ou desconforto não combinava com ela. Ao seu lado, estava Emmett. Ele também parecia igualmente desconfortável com a situação. Foi o primeiro a me cumprimentar, com dizeres de “sinto muito”, em seguida, Jared, um pouco frio e distante.

— Nós não pretendemos demorar — Rosalie disse, encarando-me nada sutil.

— Tudo bem... — Tentei sorrir, ao indicar o sofá, ambos ficaram de pé ainda, me encarando como se eu fosse um abajur brilhante — Vocês sabem quando as aulas retornam?

— Próxima semana — Jared comentou e eu assenti.

Era uma distração e eu estava pronta para isso, ao menos achava.

O celular de Rosalie tocou e ela pediu licença para atender, os dois homens ao meu lado ficaram mais desconfortáveis do que já estavam, enquanto eu via a loira tocar duas ou três palavras e então se aproximar.

— Nós precisamos ir agora, Bella — Murmurou um pouco sem jeito — Desculpe por não avisar. É que estávamos por perto, então só queríamos dizer oi.

— Não tem problemas... Vocês podem voltar sempre.

— Certo, obrigada. E bom, você pode ficar Jared, Emmett e eu temos esse compromisso agora, mas você... Pode ficar, se a Bella quiser.

— Por mim tudo bem — Disse para eles — Talvez Jared possa me dar algumas dicas de como lidar com isso.

— Eu... Não entendi...

Dei de ombros, levando Emmett e Rose até a porta, enquanto estático, Jared apenas observava.

— Ouvi alguns comentários de que você já passou por algo similar... –

— Eu nunca passei por isso — Ele me cortou drasticamente — Não alimente o ciclo de fofoca, Isabella.

Ao dizer isso, ele passou por mim com rapidez, dirigindo-se para a saída. Este era Jared, e finalmente eu conhecia alguém mais bipolar que eu.


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