Chuva de Lágrimas escrita por Skadi, Ana Gomez


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Ana mandou mensagem procês!

~> Hey, estou de volta. Nossa fanfic está de volta! Peço mil e uma desculpas pela demora, e não ter respondido todos os comentários. Tanto eu como a Jaci, tivemos inúmeros problemas.Isso não e uma desculpa, mais só para mante-los cientes que não foi por querer. Quero sempre agradecer a cada leitora que nos acompanhou até aqui, somos muito gratas a todo carinho que tem pela história e por nós. Peço que não deixe de acompanhar, vem fortes emoções por aí! Beijos, da Ana G.

Agora eu, Jaci, pandinha ♥
Desejo a todas uma boa leitura. Faço das palavras da Ana ali em cima, as minhas. Obrigada por tudo, obrigada por serem simplesmente vocês! ♥ Suas lindas!
Até mais ver!



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Talvez ainda estivesse no seu quarto, deitada em sua cama e tendo um daqueles sonhos que nunca se sabe se vai continuar sendo bom ou se vai se transformar em um pesadelo. Enquanto andava atrás de seus chefes, Jessica tentava entender como era possível duas pessoas combinarem tanto uma com a outra daquele jeito.

O Sr. Hale abriu a porta da sala de reuniões do andar como se ela fosse feita de plástico e não de um vidro grosso e pesado. Esperou pacientemente, com uma das mãos no bolso, enquanto Srta. Swan passava e depois Jessica — que por mais que tentasse, não conseguia parar de olhar para o louro.

Ao dar um pequeno tropeção ao entrar, sendo rapidamente amparada pela mão quente de dedos longos, ela finalmente percebeu que deveria focar sua atenção nas coisas que aconteciam ao seu redor e não somente na beleza do chefe.

Aquela sala não lhe era desconhecida exteriormente, mas nunca havia participado de uma reunião ali, Angela era quem geralmente distribuía todos os documentos e ficava de prontidão caso precisassem. Jessica notou o pequeno sorriso que Jasper e Isabella trocaram, primeiro quando ele puxou a cadeira para que a sócia sentasse e, depois, para a novata diretamente em frente a eles.

— Presumo que já saiba quem somos — a morena começou, reclinando a cadeira levemente.

— Gostaria que relaxasse, parece tensa. Não estamos aqui para demiti-la ou algo do tipo — Jasper adicionou com gentileza, apoiando os cotovelos na mesa e entrelaçando seus dedos. Um sorriso brincalhão, mas que passava tranquilidade para Jessica, brincando em seus lábios avermelhados.

— Obrigada — ela respondeu, mantendo a coluna ereta, tentando mostrar que não estava se sentindo levemente intimidada pelo casal que exalava poder. — Se me permitem perguntar, isso — mexeu a mão sinalizando a sala —, acontece com todos os funcionários?

— Sim. O Sr. Hale e eu sempre escolhemos muito bem nossos funcionários, queremos os melhores — disse Isabella, olhando para suas unhas perfeitamente feitas, mas livres de esmalte. — E exigimos o melhor, caso contrário, nossa gentileza desaparece.

Jessica engoliu seco ao notar o quão naturalmente a outra mulher falava.

— Compreendo — murmurou, fitando ambos nos olhos. — Farei tudo a meu alcance para ultrapassar as expectativas.

— Excelente — Jasper exclamou, deixando o corpo encostar completamente na cadeira, seu sorriso ficando ainda maior. — Quando avaliei seu currículo notei que trabalhou em um escritório de advocacia durante o colegial.

— Ah, sim. Meu tio e meu pai eram sócios. Como sempre tive facilidade com números e administração em geral, sempre que saía da escola, organizava as coisas no escritório.

— Então você sabe como se deve correr um escritório de advogados... — Jasper murmurou, com um sorriso no canto da boca, cruzando as pernas de forma elegante. Tudo que ele fazia era elegante, na verdade, não havia como negar. — Hoje você tirou a sorte grande.

Jessica fechou as mãos, sentindo as unhas perfeitamente feitas cortarem a pele macia, a leve dor lhe dando uma pequena chance de resistir ao charme de seu chefe. Os dentes cândidos como a neve, o formato de sua boca ao sorrir, era simplesmente sensual demais. Ela apertou as mãos novamente, tentando se concentrar, e respirou fundo.

— Tenho certeza que trabalhar com Angela deve ter sido extremamente divertido, porém estou precisando de alguém que tenha conhecimento em ambas as áreas em que atuo: administração e advocacia. — Jasper continuou murmurando, deixando sua posição reclinada na cadeira, apoiando os cotovelos na mesa e o queixo nas mãos. — Quero que trabalhe comigo, Jessica.

— Só queremos o melhor, Srta. Stanley — Isabella falou, se levantando.

— Sou a melhor no que faço — Jessica respondeu, relaxando as mãos. Tentando ao máximo exibir a confiança que sentia em relação as suas habilidades.

Isabella observava a jovem mulher sentada do outro lado da mesa com curiosidade e um pouco de respeito. Via um pouco de si mesma na outra, a vontade de ser bem sucedida e a confiança com que falou que era a melhor no que fazia. Mas havia notado como as mãos dela tinham estado apertadas antes, teria sido pela entrevista? Pelas perguntas? Não, duvidava que tivesse algo a ver com isso, não perguntaram nada de mais. Talvez...?

Virando o rosto levemente, Isabella descobriu o porquê da tensão que a jovem Jessica tinha sentido. Jasper, com o queixo apoiado nas mãos, deixava a cabeça cair delicadamente para o lado, seus olhos azuis meio fechados como se estivesse com sono, um sorriso preguiçoso e brincalhão em seus lábios.

Ele realmente não tinha jeito. Era de sua personalidade, tinha certeza.

— Trabalhar com Jasper significa trabalhar diretamente comigo em alguns momentos — Isabella sorriu, pegando a bolsa e empurrando a cadeira de volta a seu lugar. — O que nos leva à regra principal: tudo que diz respeito a nós é de completo sigilo. Jasper e eu não apreciamos nossas vidas pessoais sendo misturada ao trabalho.

Jessica franziu a testa, pensativa, mas logo voltou ao seu semblante calmo e balança a cabeça, concordando.

Isabella deixou um de seus pequenos sorrisos tomar o canto dos lábios por alguns segundos. Isso era bom, já podia riscar uma preocupação da sua lista. Se bem que ainda ficaria de olho na outra mulher por algum tempo, afinal de contas, sabia como era ser tentada. Jasper se levantou também, levando seu doce tempo para fechar o terno. Sem trocarem mais uma palavra entre si, eles saíram da sala de reuniões. Ainda tinham uma porção de lojas para supervisionar e Isabella não gostava de perder tempo.

Mais tarde, no conforto silencioso de sua sala, quando não havia mais cirurgias em que sua presença fosse necessária, Isabella observava Forks pela janela. A cidade que era mais que bela aos seus olhos cansados, brilhava cheia de vida. As luzes dos poucos edifícios que existiam estavam em sua maioria apagadas, mas as dos restaurantes, dos bares, e das ruas se mantinham acesas e ela tinha certeza de que quando passasse por esses lugares na hora de ir embora, conseguiria ouvir a risada e a conversa das pessoas.

Não conseguia deixar de se sentir um pouco triste quando pensava nisso. Houve uma época, há alguns anos, que Isabella teria gostado de sentar em um dos bares apenas para ouvir a música tocar no rádio, apenas para aproveitar o momento. Isso tinha ficado para trás, porém, como todo o resto.

Passando as mãos nos braços como se estivesse tentando se aquecer, ela tentou afastar a sensação de vazio que a inundou repentinamente. Não devia estar se lembrando do passado quando o presente era seu foco. Tinha coisas a resolver, tinha que decidir o que fazer em relação ao mendigo em sua casa, tinha que decidir o que faria com sua própria vida. Se ao menos alguém pudesse lhe dizer como prosseguir...

O toque alto do celular a assustou e mesmo que estivesse sozinha, ela se sentiu um pouco envergonhada pela demonstração de vulnerabilidade. Pegou o aparelho da mesa e atendeu.

— Alô — murmurou, continuando a observar a cidade.

— Bells? — seu coração parou ao ouvir a voz conhecida do outro lado da linha. Seria impossível não reconhecer, mesmo que seis anos tivessem passado.

— Jacob? — sua própria voz tremeu, seus olhos se fechando, as lembranças que tinha afastado há alguns segundos, inundando sua mente.

A última vez que o viu ele estava sendo retirado a força por seguranças do internato em que sua mãe tinha a matriculado há quase duas semanas. Aquele foi um dos momentos mais desesperadores da vida de Isabella, o momento em que ela mais se sentiu inútil, impotente diante das decisões de sua mãe em todos os quesitos de sua vida. Ela chorou, realmente chorou aquele dia, como se uma parte sua estivesse sendo arrancada. Foi doloroso, tão doloroso que ela sentia o coração sendo apertado com força dentro de seu peito. Ela arfava, buscando desesperadamente ar para preencher seus pulmões. Estava tendo um ataque de pânico e nem mesmo percebia, como poderia?

— Oi. Eu não devia estar ligando, prometi que não a procuraria mais... — fez-se silêncio. — Preciso te ver, Bells.

A surpresa tomou conta e ela lutou contra a falta de ar. Ele queria mesmo vê-la? Mesmo depois de tudo que tinha passado quando estava ao seu lado? Isabella balançou a cabeça em negação. Não conseguia simplesmente confiar que aquilo estava realmente acontecendo. Estava cansada, cansada do dia atarefado e sua mente estava lhe pregando peças. Só podia ser isso. Seu cérebro não estava recebendo a quantidade correta de oxigênio, não estava pensando direito.

— Isso é mesmo verdade? — murmurou, incrédula.

— Sim — ele respondeu e ela escutou sua risada baixa.

O quanto havia desejado vê-lo? Não sabia dizer, não sabia somar os dias e noites, que pareciam intermináveis. Teve que criar um escudo ao redor de si mesma na tentativa de não ter que sentir aquela dor novamente, de não sentir como se seu mundo estivesse sendo quebrado em milhares de pequenos fragmentos. Levantar e não fraquejar, jamais olhar para trás. Era o que repetia para si mesma toda manhã ao se olhar no espelho. E por mais que conseguisse passar para os outros a imagem de que estava tudo bem, não estava. Isabella não tinha certeza se algum dia estaria bem, mas sua única alternativa era colocar um sorriso no rosto e fingir. Essa era sua realidade, seu cotidiano, estava acostumada a fazer isso. Como, então, podia estar querendo que alguém a segurasse para que não caísse naquele exato momento? Como? Como? Como?

Forks continuava a brilhar com vida e Isabella continuava a tentar abraçar o corpo com o braço direito, tentando manter todos os seus pedaços no lugar. Sentia-se fraca e as luzes lá fora pareciam ficar mais fortes. Por alguns instantes, lhe pareceu que elas roubavam sua força, mas era apenas uma ilusão de sua mente confusa. Talvez estivesse começando a ficar louca. Era uma possibilidade, o estresse e tanta responsabilidade em cima de uma pessoa pode acabar por deixar a mesma em uma bagunça mental. As pernas bambas fraquejaram e seu corpo desceu de encontro ao chão. O celular caiu longe do alcance de sua mão e se ela estivesse prestando atenção, teria ouvido a voz metálica cheia de preocupação do amigo de longa data do outro lado da linha. Mas, com as mãos profundamente enterradas no cabelo castanho avermelhado, Isabella não conseguia ouvir nem mesmo o próprio coração bater.

Era como se uma bomba tivesse caído bem próxima de onde estava e uma surdez temporária foi o resultado.

Queria tanto que estivesse sonhando, que essa noite chuvosa não passasse de uma criação de sua imaginação fértil e cansada. Queria poder apagar o telefonema, a voz, o rosto que veio tão claro como o relâmpago que acabara de cruzar o céu escuro de Forks, anunciando a chuva costumeira, queria simplesmente esquecer os motivos pelo qual ele tinha sido arrancado de sua vida. Fechou as pálpebras com força, tentando impedir que as mãos fantasmas dos seguranças que a tinham segurado aquele dia voltassem para lhe assombrar.

Tinha se sentido tão fraca, tão impotente. Odiou cada segundo.

Quando Jasper abriu a porta da sala de Isabella depois de não receber resposta alguma às suas batidas, se deparou com algo que nunca pensou possível. Sua parceira de trabalho estava sentada no chão, próximo à parede de vidro do outro lado do escritório. Trabalhava com a morena há anos e tinham passado bastante tempo juntos, mas ele nunca a havia visto tão humana quanto agora. Cautelosa e silenciosamente, decidiu caminhar até ela.

Seu corpo pequeno não balançava, o que para ele significava que ela não estava chorando —seu rosto também estava livre da maquiagem borrada que costuma aparecer quando mulheres choram. O silêncio era um tanto perturbador, a imagem que ela formava era perturbadora. Isabella tinha o olhar fixo em algo lá fora, seu cabelo estava bagunçado, a roupa amassada e os ombros curvados de leve para a frente. O que teria acontecido para que ela ficasse naquele estado?

Jasper sentia a curiosidade borbulhar, mas sabia que aquele não era o momento apropriado para perguntar nada. Isabella precisava se sentir segura, como se nada tivesse acontecido. Sim, tentaria o seu máximo a agir normalmente.

Ele se abaixou ao lado dela, com delicadeza colocou uma das mechas de seu cabelo bagunçado atrás da orelha dela e sorriu quando ela o olhou vagarosamente. Parecia tão mais velha do que realmente era que o incomodou. Aquilo não era certo!

— Está tudo bem? — ele perguntou, deixando seus dedos deslizarem pelos fios escuros para depois pousar a mão no ombro dela.

— Nada — ela respondeu, se afastando, mantendo a cabeça baixa enquanto tentava se levantar.

Jasper segurou seu pulso com cuidado, sentindo como ela estava fraca pela pouca resistência que ofereceu ao toque dele, e com pouco esforço a ajudou a ficar de pé. Estava confuso, curioso. Qualquer um estaria após vê-la daquela forma, mas se manteve calado.

Ele a deixou sozinha por alguns segundos enquanto andava pela sala recolhendo a bolsa, o celular e o casaco dela.

— Venha — colocou o sobretudo por sobre os ombros dela e depois seu próprio braço, trazendo-a para perto de si. — Apesar de estar começando a chover, ainda temos um jantar marcado. Vamos no meu carro, como havíamos planejado, certo?

Isabella sentia-se grata a ele por respeitar o seu momento de fragilidade e não enchê-la de perguntas como qualquer outra pessoa faria. Ele a deixava confortável, lhe permitia um tempo para se recuperar sem que ela precisasse pedir.

A descida até o estacionamento do prédio foi até rápida, considerando seu estado de desatenção. O espaço era enorme e dezenas de carros estavam espalhados pelas vagas disponíveis. Caminharam mais alguns metros antes que Jasper apertasse o botão de destrancar em sua chave. Mesmo estando um pouco aérea, Isabella sorriu um pouco ao notar os faróis do Bugatti Veyron preto piscarem rapidamente.

Ele sorriu ao abrir a porta para que ela entrasse e aguardou até ela estar sentada para poder fechar. Deu a volta e entrou também, dando partida na ignição. Apoiou o braço direito na cabeceira do banco dela e saiu da vaga quase em esforço nenhum e seguiu rumo à saída.

Decidindo prestar atenção apenas no que estava acontecendo naquele exato momento, Isabella tentou imaginar a expressão de surpresa que Jasper certamente teria caso algum dia visse a coleção de automóveis que ela tinha em sua garagem. Quem sabe, algum dia, ela mostrasse a ele.

— É um bom carro para quem gosta de velocidade — ela sussurrou, enquanto amarrava o cabelo em um coque e prendia o cinto de segurança.

— Bem, eles são divertidos. Desde criança gosto de correr, mas os planos de meus pais foram outros e acabei me tornando advogado — ele a olhou e sorriu travesso. — Nada mais justo do que ter algumas relíquias em casa agora que posso. Esse aqui é uma aquisição recente.

— Também tenho uma coleção em casa, não imaginava que você também teria — ela murmurou, abrindo a janela do carro um pouco e colocando a ponta dos dedos para fora, sentindo as gotas geladas do início da chuva tocarem sua pele. — Não me olhe assim. Ter Phillip não significa que eu não dirija.

Jasper ignorou o pedido e voltou seus olhos curiosos para ela por alguns segundos. Isabella sorria levemente.

Apesar de o céu estar cheio de nuvens, elas não estavam cobrindo a lua, que banhava as árvores com seu brilho prateado.

— Posso perguntar uma coisa? — ele murmura, prestando atenção na estrada novamente. Isabella balança a cabeça em sinal afirmativo, fechando a janela e secando a mão no casaco. — Os boatos são verdadeiros?

— Existem tantos boatos sobre mim, Jasper — ela sussurrou, um pouco de sarcasmo misturado à sua voz cansada. — Precisa ser mais específico.

— Sobre você ter vivido a maior parte da sua vida em um internato.

— Ah, esse boato — Isabella olhou para ele. O rosto garboso iluminado precariamente pela luz vermelha do painel. — Na maior parte, sim. Passei tempo suficiente isolada do mundo nessas escolas que para alguns é um sonho. Foi bom em alguns aspectos, mas em outros, tenho cicatrizes que nem o tempo pôde amenizar.

Ele ficou tentado a olhar o corpo dela de cima a baixo para ver se encontrava alguma cicatriz, mas estaria sendo idiota se o fizesse. Sabia que ela quis dizer emocionalmente, mas seu instinto de proteção em relação à morena era grande. Poderia forçar um pouco e tentar aprofundar o assunto, mas seria indelicado de sua parte, então Jasper se contentou com a resposta dela. Não era hora para falar sobre coisas que a deixariam mal.

— Chegamos — ele disse, virando o volante para parar em frente ao portão. Isabella fez um sinal com as mãos quando o segurança apareceu e logo estavam entrando e estacionando em frente à casa.

Como o cavaleiro que já tinha provado ser, ele desligou o carro e depois de descer o contornou até poder abrir a porta para ela. Isabella ainda tinha a roupa amassada e o casaco tinha mudado de lugar, agora em seu braço. O cabelo preso deixava seu pescoço parecer mais longo e ele se pegou imaginando se sua mão era grande o bastante para preencher o espaço de seu ombro até o maxilar. Talvez fosse, talvez não. Talvez ele tivesse a chance para tirar a prova no fim da noite. Seu costumeiro sorriso travesso toma seus lábios e ele encosta na lateral do carro.

— Fico pronta em meia hora. Consegue esperar?

— Provavelmente.

— Que resposta mais vaga, Sr. Hale — ele dá de ombros, colocando as mãos nos bolsos da calça. — Pode entrar se quiser.

— A aguardarei aqui mesmo, Srta. Swan — Isabella balança a cabeça e entra na casa.

Tudo, aparentemente, está calmo enquanto seus pés a guiam até a mesa redonda entre as escadas. Devia estar realmente muito aérea às coisas que aconteciam ao seu redor depois daquela... Não, não podia pensar naquilo agora.

Depois de colocar o casaco em cima da mesa e sua bolsa — notando brevemente um pedaço de tecido azul claro no chão, mas preferindo ignorar — ela se preparou para ir até seu quarto, mas foi impedida por quem menos esperava e da forma que menos esperava.

— Esse bicho imundo! Veja, ele está sujando o sofá todo! — a voz alterada de sua mãe, que ficava estridente quando ela estava assim, alcançou seus ouvidos assim que colocou o pé no primeiro degrau.

Isabella sentiu suas mãos ficarem geladas e o coração bater mais rápido. O que diabos ela estava fazendo na sua casa?

— Renée — a voz grave e autoritária de seu pai fez sua introdução.

Droga, droga, droga, droga! Ela repetia em pensamento. O que devia fazer? Olhou para a porta da frente, grata pela casa ter um excelente isolamento acústico assim Jasper não ouviria nada. Meio preocupada e apreensiva, Isabella mudou seu caminho e foi até a sala de estar, o coração ainda saltando no peito, tentando ao máximo manter sua costumeira máscara de calma no rosto.

— O que vocês estão fazendo aqui? — perguntou assim que entrou no cômodo. Seus pais estavam parados a alguns metros do sofá, vestidos em suas roupas finas e de marca, impecavelmente arrumados.

Charlie e Renée Swan formavam um belo e impressionante casal e Isabella era a perfeita combinação entre os dois.

Ele, com seu cabelo castanho escuro e seus olhos com quase o mesmo tom, faziam qualquer um se sentir intimidado. Seus ombros largam ressaltavam sua postura e o porte de rei que Isabella falava que ele tinha desde quando era mais nova, nunca na frente dele, é claro. O terno de corte italiano em um grafite bem escuro faziam sua pele parecer ainda mais alva do que o normal.

Isabella tinha puxado o brilho avermelhado de seu cabelo de sua mãe. O tempo havia sido gentil com Renée, para sua idade ela se mantinha como uma mulher muito bonita sem precisar intervenção cirúrgica. Mantinha sempre a coluna ereta como se ainda fosse a bailarina de seus tempos de moça, algo do qual tinha muito orgulho de ter sido. O cabelo ruivo cortado alguns centímetros acima de seu ombro a deixava ainda mais bonita e seus olhos verdes se destacavam como as esmeraldas que balançavam levemente em seus brincos. Seu vestido, feito especialmente para ela por algum estilista que Isabella provavelmente já havia visitado antes, mas não fez questão de prestar atenção no nome, era tão branco quanto neve e delineava perfeitamente seu corpo.

Dois anos. Dois benditos anos desde a última vez que os vira.

— Como você pode deixar um animal desses entrar na casa, Isabella? — sua mãe nem ao menos se deu o trabalho de fingir estar feliz por vê-la. Virando a cabeça para onde Renée apontava, ela encontrou o olhar assustado do mendigo, que sentava tenso na ponta do sofá, com Jake ao seu lado.

Sabia que devia tê-lo mandado embora mais cedo. Não, não devia pensar assim. Os olhos azuis a imploravam algo, algo que ela não conseguia identificar. Havia tanta confusão neles. O que fazer? O que ela deveria fazer? Meu Deus, como as coisas podiam ser tão caóticas em um dia só?

— Pela porta da frente, mãe — ela falou azeda.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Entendiante? Deixem suas sinceras opiniões, Ana e eu verdadeiramente responderemos todos os seus comentários. Acreditem!
Um beijão.
Até mais ver.
Com amor,
Ana & Jaci ♥