Chuva de Lágrimas escrita por Skadi, Ana Gomez


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, meus amores! Antes de tudo, queremos desejar-lhes um Feliz Ano Novo! Que 2018 para vocês chegue cheio de muito amor, paz, prosperidade, saúde, felicidade e tudo de bom! Este é o nosso presente para as leitoras mais lindas do mundo! Se quiserem nos presentear com comentários, também aceitamos, viu?! kkkk
Ah, aproveitando a deixa queremos agradecer por aqui duas meninas maravilhosas que recomendaram Chuva de Lágrimas: Camis Monteiro e Natália Souza, muito obrigada mesmo de todo nosso coração. Ficamos muito felizes quando recebemos as notificações e foi o melhor sentimento em meio aos problemas pelos quais passamos. Obrigada mesmo, tá?
Sem mais delongas, deixarei que leiam.
Panda ♡



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Capítulo 21 

O dia tinha sido mais que exaustivo. Depois de passarem um tempo conversando, Edward e o pai, visitaram alguns abrigos de animais em Forks, mas não encontraram pista alguma sobre o paradeiro de Jake. Lembrando que o último lugar onde o viu foi na praça, no dia da facada, Edward chegou a ir até lá, no entanto, o resultado acabou sendo o mesmo.  

Retornaram ao hotel, ele desanimado e o pai com dores pelo corpo.  

Marcaram de sair com Esme, mas ele não se sentia no clima. Pediu desculpas e foi para o quarto, queria apenas tomar um banho e talvez dormir um pouco. Então arrastou os pés pelo carpete em direção ao banheiro. Depois de deixar que a água quente relaxasse os músculos tensos de seus ombros e costas, parou em frente ao espelho. Com a mão direita, se livrou da imagem embaçada por causa do vapor, e a passou pelos fios curtos do cabelo.  

Sorriu, lembrando como a mãe tinha insistido para ela mesma o cortar, Edward não foi capaz de recusar o pedido, somente o pensamento de deixá-la triste já o fazia ficar ansioso. No final das contas, Esme acabou por se sair bem, melhor do que esperava, e o fez sentir o quanto ela p amava. Depois o entregou nas mãos de Carlisle e o mandou ir ao barbeiro para arrumar um penteado. 

Ele sorriu, focando o olhar no seu reflexo, em seu rosto. Tinha ganhado peso, fruto do árduo esforço  de Esme na cozinha, e sua aparência melhorou bastante. Com mais alguns meses e ficaria idêntico ao Edward das fotografias espalhadas pela casa de Washington. Sacudiu a cabeça usando uma toalha para tirar o excesso de água do cabelo.  

O quarto era iluminado pelo abajur ao lado da cama, que dava um ar aconchegante aos cobertores brancos. Ele alongou o corpo, formando um arco, os ossos estralaram e grunhiu. Colocou uma calça de flanela, leve e confortável, e se jogou sobre o colchão. Não demorou muito para que seus olhos se fechassem.  

 O quarto, diferente daquele de Washington, estava banhado na luz azulada do início da manhã. Toda a imagem se encontrava meio embaçada, mas ele conseguia ver claramente as duas pessoas na cama de casal. Uma delas, percebeu, era ele mesmo quando mais novo. A outra, Alice, sua irmã.   

— Alice, tira o braço de cima de mim — a voz rouca e embargada de sono soou com um pequeno eco nas últimas palavras. Edward conseguia ver sua versão jovem empurrar o corpo da irmã, numa tentativa de tirá-la de cima dele.   Alice! 

 Edward, eu quero dormir. Cala a boca  o resmungo fez como que os dois sorrissem, o Edward que assistia de longe e o que passava pela situação.  

Alice puxou o edredom logo em seguida e se virou, ele pensou ter visto um pequeno sorriso nos lábios dela, mas deixou de lado. Aparentemente não tinha se importado com a mal criação da irmã quando aquilo acontecera, não havia porque se importar agora.  

 Você já está dormindo, na minha cama, no meu quarto, com o meu edredom e atrapalhando meu sono  ele murmurou de volta, surpreso, mas sem raiva.  

Edward se aproximou da cama quando sua outra versão se levantou e andou até a sacada, abrindo as portas de vidro. Alice se enrolou ainda mais no cobertor e suspirou. Ele parecia tão exausto até mesmo naquela época, com olheiras leves se formando abaixo dos olhos.  

A passos lentos, como se estivesse com medo de acordar a menina, Edward também seguiu até a sacada. O som das ondas quebrando nas pedras chegou aos seus ouvidos antes da paisagem em si. O sol estava nascendo, lançando filetes de raios dourados sobre o mar. O mundo parecia imerso em uma fina camada de névoa por conta da maresia. Não devia passar das seis da manhã, nem mesmo as gaivotas estavam acordadas. Edward sentiu pena de si mesmo por ter tido o sono interrompido. 

Observou—se apoiar as mãos no peitoril de madeira e respirar fundo o ar fresco. Se perguntou o que o levaram a pensar que estar sem camisa aquela hora da manhã, expondo o corpo ao vento frio, era algo bom de se fazer. Inconscientemente saiu do caminho quando seu “clone” virou e retornou por onde tinha vindo. Ele abriu a porta e desceu as escadas devagarinhoEdward franziu a testa, curioso para saber o que ia aprontar daquela vez.  

A casa era bonita, o corrimão contornando a escada cheio de enfeites de Natal, os batentes das portas e ele encontrou até mesmo um pinheiro ao lado da lareira na sala principal. Sua cabeça latejou um pouco quando se esforçou para conseguir ver os detalhes. Edward continuou seguindo o rapaz ativo que parecia ter sido. O viu parar próximo à porta da cozinha e cruzar os braços. Por cima de seu ombro conseguiu ver um homem  seu avô, percebeu  com uma mochila cheia e uma fatia de pão doce na mão. Ele exibia um sorriso amarelo e ofereceu o lanche para o neto. 

 

— Boa noite, filho — Esme o cumprimentou assim que ele apareceu na sala.  

O quarto de hotel que o pai tinha escolhido fora a suíte presidencial. Edward ficou muito surpreso quando entrou, esperando ver apenas 2 camas de casal contra uma parede e um banheiro disponível, mas não foi bem assim. Existia uma sala, equipada com televisão e sofás confortáveis, até mesmo uma mesa de jantar próxima à enorme janela; e dois quartos, cada um uma suíte em si. Tinha permanecido parado na porta por quase cinco minutos apenas absorvendo tudo aquilo, o que o trouxe de volta ao mundo foi a risada baixa de Carlisle. 

— Bom noite, mãe — ele respondeu, passando as mãos pelo rosto na tentativa de afastar o sono. — Espera, que horas são?  

— Oito e quarenta, querido — ela respondeu.  

Edward levantou a cabeça, a mãe sorria para ele enquanto terminava de calçar o sapato de salto.  

— Vocês ainda não saíram? Por quanto tempo dormi?  

— Menos de duas horas — ela se aproximou e arrumou o cabelo dele. — Tem certeza que não quer sair com a gente? Seu pai encontrou um restaurante francês que fica aqui pertinho, podemos ir andando, o que acha?  

Edward olhou para o rosto maquiado da mãe e suspirou. Talvez nunca fosse conseguir negar algo a Esme. Será que o pai se sentia assim também?  

— Tudo bem, vou colocar uma roupa e já volto — ele murmurou, virando e voltando para o quarto.  

Não levou muito tempo para se arrumar, colocou uma calça de brim em um tom escuro de marrom, uma camisa social azul de manga, um suéter carmim por cima e calçou um sapato marrom. Carlisle e Esme olhavam pela janela enquanto o esperavam, Edward ficou em silêncio vendo-os balançar levemente de um lado para o outro, abraçados. Limpou a garganta, se sentindo um pouco culpado por interrompê-los.  

— Vamos comer? — Carlisle perguntou, indo até o sofá para pegar os casacos. Ajudou Esme a colocar o dela e depois vestiu o seu. — Estou faminto! Edward me fez treinar para uma maratona hoje.  

— Vista o seu, Ed.  

Ele olhou para a mãe, confuso, depois para onde ela indicava.  

— Você está lindo, filho — ela comentou, olhando-o de cima a baixo, quando ele terminou de se colocar o sobretudo. — Eu sabia que ficaria perfeito em você. Verde escuro sempre foi sua cor preferida.  

— Obrigado — ele murmurou, sorrindo, indo até Esme e a envolvendo em seus braços. — A senhora também está linda.   

... 

Charlie virou para a direita, esticando o braço na tentativa de abraçar o corpo quente da esposa, mas encontrou apenas lençóis frios. Levantou a cabeça, procurando a forma dela pelo quarto. Deitou novamente, suspirando. Onde será que Renée tinha se metido?    

Ele fechou os olhos e, ao abri-los novamente, quase bateu a cabeça na cabeceira da cama. De todas as coisas que esperava encontrar, o cachorro — Jake, não era uma delas. Mas lá estava a peça, com as orelhas em pé, o rabo balançando. Tarde demais conseguiu decifrar a intenção por trás de sua súbita aparição, a língua áspera do bichinho passou por seu rosto, deixando um rastro de saliva.  

— Argh! — Charlie resmungou, se afastando. — Jake!  

O latido o fez pressionar o travesseiro nos ouvidos. Encarou o teto,  perguntando a si mesmo se havia irritado Renée de alguma forma durante o dia, para que ela deixasse o bagunceiro entrar no quarto deles. Resmungou ao se levantar e levou outro susto quando sentiu o chão gelado, o que era estranho já que lembrava claramente da existência de um tapete ali. Jake latiu novamente e Charlie fechou os olhos. Não podia ser o que pensava que era! Ele esticou a mão para acender o abajur e olhou para os pés.  

— Dessa vez, você teve sorte — murmurou, acariciando entre as orelhas de quem há apenas alguns segundos foi seu suspeito primário. O tapete tinha sido empurrado para debaixo da cama e não encharcado de xixi como pensou.  — Sabe onde minha esposa está?  

Jake pulou da cama e correu em direção à porta. Charlie levantou e o seguiu.  

Encontrou as duas mulheres de sua vida no lugar mais inesperado de todos e da forma mais inesperada. O relacionamento delas tinha melhorado bastante no último mês, ele se sentia imensamente grato por isso, mas a cena a sua frente acontecia pela primeira em muito tempo. Renée estava deitada sobre as pernas de Isabella, ambas adormecidas. Charlie sorriu, dando meia volta e indo para a sala. A filha costumava deixar mantas grossas espalhadas pelo sofá quando o inverno chegava, então não foi difícil achar duas.  

Pegou-as e retornou, cobriu Renée primeiro e depois envolveu os ombros de Isabella. Decidiu não as acordar, sentiriam um pouco de dor no corpo, mas pelo menos o momento estaria gravado em suas memórias. Ele sorriu mais uma vez, cruzou os braços e ficou observando-as por mais alguns minutos, Jake  estava ao seu lado, a cabeça apoiada nas patas e o rabo balançando de leve.  

De bom humor, Charlie foi até a cozinha, cumprimentando em silêncio os poucos funcionários com quem cruzou. Pediu a copeira para preparar um belo café da manhã e o servir no jardim externo. Olhando pela janela não encontrou nenhuma nuvem cinza no céu, então estava livre de problemas.  

Isabella e Renée, por coincidência acordaram assim que o último prato foi posicionado sobre a mesa. Ele gargalhou ao contemplar as caretas que faziam à medida que mexiam o corpo.  

— Bom dia!  

Sua voz alta fez com que tremessem, assustadas. Ele ergueu uma xícara de café com mão esquerda e acenou a pata de Jake com a direita. O cachorro latiu e as duas mulheres sorriram.  

 

... 

O dia amanheceu um pouco ensolarado, as nuvens tinham dado uma trégua e nem mesmo choveu durante a madrugada. Conforme a manhã avançava, mais o sol aparecia. Enquanto corria, Edward deixava os pensamentos fluírem soltos por sua cabeça e antes que percebesse, novamente se encontrava em frente à casa de Isabella. Dessa vez, sentou-se no banco e enfiou as mãos no bolso do moletom. Sabia que devia dar os poucos passos que o separavam da campainha, sabia que devia dizer para ela quem era e agradecer por tudo que ela fez por ele.  

Suspirou, recostando completamente no banco e jogando a cabeça para trás. O céu tinha um tom de azul misturado com cinza, lhe lembrou de algumas das almofadas na casa dela. Ela gostava da cor azul. Jake tinha adorado usá-las de brinquedo. Edward deu um sorriso triste. Sentia falta do companheiro. Do seu latido e de como ele o entendia. Voltou a olhar para o grande portão de ferro e se levantou de supetão. Atravessou a rua, com passos lentos, porém decididos, até estar frente ao interfone.  

Apertou o botão antes que se arrependesse e virou as costas. Bateu os pés no chão, ansioso. Sua mãe tinha dito que quando ele se sentia nervoso com algo, costumava mexer as pernas, como se não conseguisse controlar o próprio corpo.  

— Quem é? — a voz, claramente de uma mulher, fez com que ele engolisse seco uma, duas, três vezes. Seu coração ligeiramente acelerado.  

Será que ela o reconheceria? Esta era a maior dúvida que tinha. Sua aparência mudou tanto que nem ele mesmo conseguia reconhecer direito o rosto que via todos os dias em frente ao espelho. Respirou fundo, seus ombros estavam tensos e a coluna completamente ereta.  

— Doutora Isabella? — Ele falou antes de virar completamente.  

— Não, sou a mãe dela — a mulher, parada do outro lado do portão de visitas, falou. — Isabella já foi para o trabalho, posso ajudá-lo?  

Edward sentiu o nó em seu estômago apertar aos poucos. Não era ela.  

— Olá? Posso ajudá-lo? — Ela repetiu, chamando-o.  

Ele retomou o foco e sacudiu a cabeça, negando. Justo quando tomou coragem... Olhou para a mãe dela, lembrando do dia que a conheceu. Se nem mesmo essa senhora conseguiu notar que ele era aquele mesmo mendigo, a doutora conseguiria? Em parte, isso o deixaria contente, mas não queria que a doutora pensasse que havia mentido.  

— Não, e-eu volto outra hora — Edward murmurou. — Obrigado.  

Sentiu os olhos dela sobre si enquanto se afastava, puxou o capuz do moletom por sobre a cabeça e começou a correr de novo.  

... 

  Renée cruzou os braços frente ao corpo e continuou  a figura se distanciando. Sempre foi curiosa e gostaria muito saber de onde aquele rapaz bonito conhecia sua filha. Não costumava ver Isabella sair para encontrar amigos, nem mesmo com colegas do hospital. Encostou na parede ao lado do portão depois de fechá-lo. Tinha que lembrar de perguntar para a filha quem ele era.  

— Jake está pronto para passear — Charlie gritou, sacudindo a coleira do cachorro quando acenou para eloa. Renée sorriu, vendo o marido correr até onde estava acompanhado do mascote. — Quem era?  

— Alguém procurando por nossa filha. Está pronto mesmo, garoto? — Renée brincou, se abaixando para arrumar a roupa no corpo de Jake.  

 — Não vai com a gente? — Charlie perguntou, beijando a esposa.  

— Depois de ter dormido naquele balanço toda torta, acha que consigo encarar uma caminhada?  — Ela fez careta, massageando o pescoço com a ponta dos dedos. — Não faço ideia de como Isabella conseguiu ir trabalhar.  

— Ela é forte como eu. Voltamos mais tarde — Charlie a beijou novamente, dessa vez na bochecha, e saiu com Jake.  

... 

Horas depois... 

Ela havia incluído o próprio nome no quadro de plantões da emergência essa noite. Gostava de ficar no escritório, mas gostava ainda mais de poder exercer a medicina, de cuidar de pacientes. Seus funcionários acharam estranho no início, não entendiam bem o por que dela estar ali, médicos com cargos tão alto quanto o dela não costumavam fazer isso.  

Depois de se trocar, colocar o uniforme verde e o jaleco, desceu até o primeiro andar. Seu plantão começou fazia cinco minutos, um atraso pequeno que mesmo assim a incomodava. Enquanto caminhava com pressa pelos corredores, prendeu o cabelo com um elástico e colocou o celular no silencioso.  

O pronto socorro não estava tão agitado quanto pensou que estaria. Alguns enfermeiros arrumavam as macas e organizavam prontuários.  

— Boa noite, Lauren — Isabella cumprimentou ao se aproximar da bancada.  

A jovem enfermeira interrompeu a conversa com a colega e se virou. Seus olhos se arregalaram um pouco ao notar quem havia chegado.  

— Boa noite, Dra. Swan.  

— Já disse que pode me chamar apenas de Isabella — ela sorriu de leve, pegando a prancheta a direita.  

Os casos mais recentes ficavam ali, esperando que um médico estivesse disponível para analisá-los. Isabella passou os olhos pelas informações, mas algo a distraiu.  

— E eles vão arcar com as despesas do atendimento? — Lauren cochichava para a mulher com quem conversava antes de Isabella chegar..  

— Pelo visto, sim. — Foi a resposta. — Por isso que eu te digo sempre, Lauren, ainda existem pessoas boas nesse mundo perdido.  

— É realmente uma surpresa, dois homens bonitos e tão bem vestidos como aqueles, trazerem um mendigo para a emergência.   

Um mendigo?  

A imagem do mendigo doente que abrigara em sua casa passou rapidamente pela mente de Isabella. Será que o dono de Jake finalmente apareceu? Algo sério devia ter acontecido com ele, do jeito que amava o cachorro, aquele homem não teria deixado o bichinho vagando pelas ruas daquele jeito.  

— Eles já foram atendidos?  

Isabella interrompeu a conversa das duas mulheres novamente.  

— Quem? — Lauren perguntou, confusa.  

— Os homens com o mendigo.  

— Ah, ainda não. Acabaram de ser encaminhados para o consultório 2 — Lauren procurou pela ficha em meio a pilha e a entregou para Isabella. — Como aconteceu a troca de plantão, os médicos que chegaram pegaram os casos mais sérios primeiro.  

— Todo caso que vem para a emergência é sério — Isabella murmurou em tom de reprimenda. Leu com rapidez as informações básicas e suspirou. Tinha quase certeza que era o dono de Jake. — Eu fico com este.  

Lauren nem mesmo teve a chance de respondê-la, Isabella já havia se afastado.  

Um pouco ansiosa, ela bateu na porta da sala em que estavam e anunciou sua entrada. Fez com que Phil desse tantas voltas na cidade enquanto o procuravam e agora a chance daquele paciente ser ele a faziam ficar um pouco aliviada. 

Isabella se surpreendeu ao dar de cara com um homem bem vestido a sua frente. Ele tinha cabelo loiro natural, que brilhava em um tom dourado até mesmo debaixo da luz branca que iluminava o consultório; os olhos a fitavam com curiosidade, com pequenas rugas se formando entre as sobrancelhas. 

— Boa noite. Sou a doutora Isabella Swan e os estarei atendendo hoje — ela sorriu de leve. Chegou perto da mesa no canto e depositou a prancheta com cuidado em cima dela, depois pegou as luvas de látex e começou a vesti-las. 

— Obrigado por atender o amigo do meu filho. Sou Carlisle Cullen.  

Carlisle respondeu educadamente, desfazendo um dos botões do terno para se sentar.  

Ela achou estranho que o fato do amigo do filho dele ser um mendigo, mas bem, quem era ela para dizer alguma coisa? Ele não deixava de ser humano e, mesmo que por apenas alguns dias, teve como amigo um morador de rua também.  

— Edward teve que atender um telefonema, por isso não está aqui. — O senhor Cullen retomou a fala.  

— Tudo bem. — Isabella foi até a maca, com esperança de ver o rosto dele no homem deitado.  

Mas não viu o que queria quando começou a examinar o mendigo virando a cabeça dele com delicadeza em sua direção. Os olhos não eram azuis como o dele, não tinham aquela inocência que ela testemunhou em primeira mão.   

Um tanto desanimada, continuou o atendimento, fazendo as perguntas necessárias a Carlisle e ao seu paciente. Alguns minutos depois, uma batida na porta do consultório atraiu a atenção de Isabella.  

— Doutora, acidente de carro. Uma criança ferida em estado grave, a ambulância chega em dez minutos.  

— Certo. Amélia, leve-os para a triagem e continue os procedimentos. — Ela instruiu, olhando para Carlisle em seguida. — Senhor Cullen, sinto muito por deixá-los.  

Isabella não espero que ele respondesse, saiu dali e correu para a frente da emergência. 

  

Sua equipe estava se preparando para receber as vítimas quando ela o viu parado do lado de fora, em meio as pilastras de sustentação do prédio. Tinha acabado de desligar o celular e um sorriso pequeno brincava em seus lábios. Isabella o observou passar a mão pelo cabelo loiro acinzentado, desfazendo o penteado. O rosto anguloso parecia mais pálido em contraste com o terno azul marinho; e os olhos... Os olhos eram do mesmo tom de azul dos dele, ela não se esqueceria daquela cor. Será que... Isabella deu um passo em sua direção, pronta para perguntar se ele era realmente quem ela estava pensando.  

Mas ele a encarou de volta e ela parou. O sorriso dele congelou por alguns segundos e então aumentou. Ela arfou, surpresa. Como? Como?  

— Doutora, a ambulância chegou.  

Chamaram, fazendo-a desviar a atenção para o carro que estacionava, para as pessoas em movimento. Isabella virou a fim de ao menos dizer para que ele a esperasse, encontrando olhar dele brilhando com compreensão, e entendeu que ele a esperaria. E, então, se juntou aos outros para salvar a vida daquela criança.  


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Notas finais do capítulo

E aí? Espero vê-las nos comentários, apareçam por lá, nem que seja só pra dizer um "gostei". Obrigada por lerem e semana que vem tem mais.
Um grande abraço de panda e até mais ver.
Com amor,
Jaci ♡
Ah, boas festas!!!