Chuva de Lágrimas escrita por Skadi, Ana Gomez


Capítulo 21
Cápitulo 20


Notas iniciais do capítulo

Oi leitoras lindas, hoje eu e a Jaci queríamos dar para vocês um capítulo de presente de Natal. Já que é véspera né?!
Esse capítulo está recheado de amor e carinho ♡ esperamos de coração que vocês possam apreciar a leitura e deixar um comentário aqui com a sua opinião a respeito de tudo. Iremos responder todos, não importa o tamanho. Quanto maior, melhor.
Feliz Natal meninas, que seja cheio de bênçãos e alegrias. ❤ Beijos, Ana e Jaci.



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O ar gelado transformava suas respirações em pequenas nuvens enquanto Edward e Carlisle, ofegantes depois da corrida, atravessavam a rua.
— Está com fome?
Edward perguntou ao se virar para olhar o rosto do pai, as mãos indo direto para os bolsos.
— Um pouco. Tem algum lugar em mente? — Carlisle sorriu notando o filho franzir as sobrancelhas e procurar algo com os olhos.
— Sim, vou te levar em uma cafeteria que tem o melhor cappuccino de Forks — ele respondeu com a voz cheia de ânimo.
Estava animado ao ver a expressão curiosa que o pai fez, algo lhe dizia que Carlisle provavelmente nunca havia provado nada como o que iria lhe apresentar. A cafeteria não era longe, na esquina do quarteirão que estavam. A caminhada foi tranquila, conversaram sobre coisas amenas e sobre as desculpas que podiam dar para Esme na tentativa de fugir da tarde de compras que ela tinha planejado.
Quando ambos entraram no ambiente tranquilo e aconchegante da loja, as mulheres viraram o pescoço na direção da porta. Uma delas, Edward notou, estava acompanhada de um rapaz mais velho e, para não demonstrar muito sua reação, pegou com delicadeza a xícara de café à sua frente e a levou aos lábios.
Carlisle cutucou Edward com o cotovelo enquanto se aproximavam do balcão na entrada e sussurrou:
— Estou velho, mas não morto.
Edward devolveu a cutucada, com um sorriso:
— Se a mamãe visse isso, estaria.
Certamente o pai era um homem bonito, que atraía olhares por onde fosse, mas só de ouvir sobre imaginar a reação da esposa, Edward o viu tremer. Deu uma risada baixa que disfarçou com um pigarro para que o pai não notasse. Após darem seus nomes, uma das garçonetes os direcionou para uma das partes mais reservadas e quietas do salão.
— Bom dia. Meu nome é Lena, quando resolverem pedir é só chamar — a moça falou suavemente, entregando o menu para eles.
— Nós já sabemos o que vamos querer. Dois cappuccinos e dois croissants, por favor — Edward.
— Tudo bem — ela sorriu —, logo trarei seu pedido.
— Já veio aqui antes?
Carlisle perguntou apesar de já saber a resposta. Viu os olhos do filho se perderem nas memórias e ficou em silêncio, aguardando.
Edward visitava novamente as memórias de quando acordou, tinha procurado nos bolsos da jaqueta por algum documento que desse pistas de quem era. Achara alguns trocados, que usou para comprar algo quente para beber. Recebera mais olhares naquele dia do que com o pai há pouco. Estava diferente, sem barba, os dentes mais bonitos, apesar da bandagem na cabeça, gotas de sangue na roupa e rasgos na roupa. Quando deixou a emergência e andou pelas ruas sem destino, acabara parando nessa cafeteria. O cheiro do café lhe trouxe uma sensação tão familiar, como se já houvesse estado ali antes.
— Me senti atraído pelo cheiro e acabei chegando aqui... — ele apoiou os cotovelos na mesa, brincando com um guardanapo de papel entre os dedos.
— Isso foi depois do acidente? — Carlisle puxou as mangas do casaco para cima.
— Sim, logo após acordar no hospital.
— Tem alguma lembrança sobre o acidente?
— Venho sonhando com algumas coisas, imagens rápidas demais para entender, mas uma delas eu consegui — Carlisle inclinou o corpo para frente quando Edward começou a falar. — Vejo duas silhuetas se afastando para longe de mim.
— Então alguém fez isso com você — a raiva se tornou clara no tom de voz de Carlisle e seus punhos se cerraram. — Não podemos deixar essa pessoa impune!
— Pai, depois de perceber que perdi a memória... — Edward hesitou por um momento, pensando em toda dor que sentiu ao morar nas ruas por causa daquele acidente. E imaginar que alguém o provocara e não prestou socorro... era mais que frustrante. — Foi difícil, ainda é. Me sinto perdido.
— E aquela mulher... não vai procurá-la? Sua mãe quer agradecer por ela ter cuidado de você.
Edward prendeu o olhar em um vaso branco transbordando com margaridas no beiral da janela à sua direita. Não era época de flores e elas pareciam um tanto deslocadas, como ele tinha se sentido quando chegou naquela casa gigante.
— Não sei... — murmurou, deixando os pedaços do guardanapo caírem na superfície de madeira.
— Faça tudo no seu tempo, Ed, cada um tem seu tempo. — Carlisle sorriu.
Recolheu os restos do brinquedo do filho no canto e encostou completamente na cadeira, com os braços cruzados. Estava tão ansioso quanto Esme para conhecer a médica que abrigou Edward, mas entendia que respeitar a decisão dele era mais importante.
— O que quero nesse momento é encontrar Jake — Edward respirou fundo, tirando a toca da cabeça e a largando na cadeira ao lado. O cabelo se tornou ainda mais bagunçado quando passou os dedos por entre os fios. — E também aquela xícara fumegante de cappuccino que está vindo para cá.
Ele riu baixo quando o pai virou o corpo e seguiu Lena com os olhos até ela chegar na mesa.
— Obrigado — Carlisle agradeceu. — O cheiro está bom.
— E quente também — Edward gargalhou quando o viu tomar um gole sem assoprar e queimar a ponta da língua. — Eu avisei.
— Quando? — Carlisle exclamou com os olhos arregalados, procurando qualquer coisa pra fazer a dor passar.
— Quando eu disse xícara fumegante.
— Aquilo não foi um aviso.
— Foi sim!
— Sabe que existe a possibilidade dele ter sido levado para um abrigo ou até mesmo adotado, não é? — Carlisle tomou cuidado ao tomar outro gole do cappuccino. Parte da língua já estava dormente e ele não tinha nem provado o croissant.
— Sei, sei disso — Edward suspirou, pegando outro guardanapo. — Mas quero procurá-lo mesmo assim.
— Se é o que quer, faremos de tudo para achá-lo.
Edward deixou que as palavras do pai acalmassem seu coração por hora.

...

Esme deu mais uma volta pela loja, examinando com cuidado os sobretudos. Queria presentear Edward, mas não sabia qual escolher. O filho parecia o mesmo de antes do acidente, mas ao mesmo tempo, tão diferente. Depois de passar por tudo que ele passou, não era de se surpreender que sua personalidade mudasse, que seus gostos mudassem. Ela sorriu, sentindo o tecido macio entre os dedos. Talvez ele se sentisse confortável nesse... Será que a cor preferida dele continuava sendo verde escuro? Ela tirou o cabide da arara e caminhou calmamente até o caixa.
— Bom dia — a atendente a cumprimentou com entusiasmo, o cabelo louro preso em um rabo de cavalo balançando de um lado ao outro enquanto dobrava a peça.
— Bom dia. Por favor, embale para presente.
Pegou o cartão de crédito na carteira e pagou pelo casaco. Ainda tinha uma hora para passear pelas lojas antes de encontrar seus dois rapazes para jantar. O restaurante do hotel era bom, longe dela reclamar, mas já que estavam viajando, por que não conhecer novos lugares?
Mas, ao se aproximar da porta, algo chamou sua atenção. Uma moça, talvez um pouco mais velha que Alice, estava levemente inclinada sobre uma vitrine de abotoaduras. O cabelo preso em um coque, com alguns fios soltos, emoldurando o formato de seu rosto. A roupa que vestia lhe dava um ar refinado; a saia em um tom claro de rosa delimitava a cintura fina, o suéter de cashmere protegia o pescoço delicado. No braço direito apoiava a bolsa e o sobretudo.
No entanto, o que mais a surpreendera foi o cachorro que imitava a jovem mulher. Parado ao lado dela, com as patas apoiadas no vidro.
— Essa aqui combina com o papai — escutou-a dizer, apontando para um dos objetos aninhados contra o veludo negro do expositor. — O que acha?
Esme não conseguiu evitar o riso quando o latido do animal ressoou pela loja. Colocou a mão rapidamente sobre os lábios e olhou ao redor, na tentativa de disfarçar que observava a interação e também para ver se alguém mais tinha notado.
— Também acho que não... — A mulher deu um passo para o lado. — Essa aqui?
— A com o diamante amarelo é uma excelente escolha, ficaria perfeita se usada com um terno azul — Esme falou, cobrindo a distância entre si mesma e a dupla. Sorriu quando a outra mulher levantou a cabeça um pouco surpresa. — Desculpe me meter. Vocês dois pareciam tão perdidos.
— Obrigada, meu parceiro de compras aqui — ela apontou para o cachorro —, não está conseguindo se decidir.
— Bom, são todas muito bonitas — Esme murmurou, analisando mais uma vez as joias aninhadas no veludo negro do expositor.
— Realmente. Mas acho que vou seguir sua sugestão e levarei a de diamantes. Meu pai definitivamente vai amar elas.
— Sou Esme Cullen.
— Isabella Swan. É um prazer conhecê-la.
Que nome familiar, Esme pensou. Já tinha o escutado em algum lugar. Ficou em silêncio enquanto Isabella chamava uma das vendedoras. O cachorro estava com a cabeça inclinada olhando para ela, os olhos brilhando com curiosidade. Ela acenou para ele como se estivesse brincando com um bebê e ele latiu em resposta, deixando a língua para fora. Se aproximou dela com cautela, sentindo os cheiros diferentes. Esme se perguntou se ele conseguiria identificar o perfume que usava, e riu de si mesma logo em seguida.
Dobrou os joelhos até estar na mesma altura que ele e o deixou cheirar sua mão, depois o acariciou com suavidade atrás da orelha.
— Jake gostou da senhora.
Esme sorriu para Isabella que acabara de voltar.
— Meu filho ia adorá-lo — comentou ao se levantar. — Me chame de Esme, querida. Ainda sou jovem para receber o título de senhora.
— Claro, Esme — Isabella assentiu.
Tinha gostado dela, decidiu, e do bichinho também.
— Gostaria de tomar um café?
Convidou-a assim que saíram. Alice não os acompanhou nessa viagem com Edward, então, Esme acabou por ficar sem companhia na hora de fazer compras. Não que seus rapazes fossem ranzinzas, mas simplesmente não gostavam de entrar em diversos lugares e ficar horas escolhendo coisas a dedo. Ela preferia não os forçar, o que resultava em se divertir sozinha, como naquela tarde.
— Seria um prazer — Isabella respondeu com um sorriso.

...

Uma das coisas que Isabella não gostava em si mesma era o hábito que tinha de acordar no meio da noite para tomar água. Seu pai contou que uma vez, quando pequena, foi encontrada por ele dormindo em frente à geladeira, seu corpo pequeno banhado pela luz que vinha da porta aberta, as mãos fechadas em torno de um copo e da jarra de água. Ela fez de tudo para se livrar disso enquanto crescia, mas não adiantou. Pelo menos agora não acabava pegando no sono no chão.
Enquanto andava pelos corredores da casa, descia as escadas e ia até a cozinha, abraçava o corpo para tentar se manter aquecida. O último mês tinha sido tão diferente, sua vida tinha ficado diferente. Pegou um pouco de água e bebeu com calma, não tinha pressa para voltar a dormir. Observou pela janela os escassos flocos de neve caindo suavemente no gramado. Não havia adiantado em nada a chuva mais cedo.
Perguntou a si mesma se Esme teria chegado bem no hotel, se acabou sendo ensopada pela chuva como a própria Isabella. Torceu para que não, gostou da mulher. Gostou do tempo que passaram perambulando pela galeria e quando sentaram para conversar no pequeno café. Só reparou que esqueceu de perguntar o número do seu telefone quando já a ajuda pegar um táxi e acenava. Se encontrariam novamente, se assim tivesse que ser.
Estava desligando as luzes quando ouviu, bem baixo, uma voz cantarolando. Seguiu o som cadenciado até o jardim de inverno — lugar que se tornara o mais utilizado na casa nos últimos dias —, deixando os olhos se adaptarem a escuridão e os pés desnudos ao piso de pedra gelado.
Renée estava sentada em um banco de ferro que servia de balanço. Isabella o encontrou em uma venda de garagem quando viajava a negócios há alguns anos e não conseguiu deixar de comprá-lo. Tinha detalhes tão bonitos; flores retorcidas formavam os encostos de braço e o apoio para as costas. Mandou fixa-lo virado para a porta de vidro que levava ao jardim externo. Sua mãe olhava para o céu, focada nas pequenas e escassas estrelas que salpicavam a imensidão negra. Como todo o ambiente era contornado por paredes e tetos de vidro, Isabella achou a cena mágica.
A melodia suave e com tom melancólico ecoava pelo ar. Uma canção de ninar, Isabella reconheceu, a que Renée costumava cantar quando sentia falta da própria mãe. Ela se aproximou com cuidado, evitando ao máximo fazer qualquer barulho, para não interromper. Lágrimas deslizavam lentamente pelo rosto delicado de Renée enquanto memórias do passado invadiam seus pensamentos. Era estranho como notara apenas naquele instante o quão mal se sentia ao ver a mãe triste.
— Mãe? — Chamou-a um pouco hesitante. Renée demorou alguns segundos para responder, mas Isabella não se importou, entendia que ela precisava se recompor.
— Oi, querida — um soluço foi reprimido quando Renée respondeu.
Isabella chegou mais perto dela, esticando as mãos para ajeitar o cobertor de forma que cobrisse melhor o pescoço da mãe. Depois, com bastante delicadeza, acariciou sua cabeça.
— Eu lembro dessa música. Uma das preferidas da vovó — seus olhos arderam, mas ela forçou as lágrimas a não caírem.
— Seu avô me contou que ela aprendeu a cantar assim que descobriu que estava grávida de mim. Que cantou quando eu era um bebê recém nascido e conforme fui crescendo. Me lembro de deitar no colo dela, de sentir seus dedos passarem pelo meu cabelo e dormir ouvindo sua voz.
Isabella sentou ao seu lado no banco, dando um impulso leve com as pernas para fazê-lo balançar. Depois olhou para a mãe e tocou de leve em seus próprios joelhos, indicando que ela podia se deitar se quisesse. Renée sorriu chorosa e aceitou o convite.
— Sinto falta dela — Isabella murmurou.
— Eu também.
O perfume doce de Renée se misturava ao das flores ao redor das duas conforme Isabella passa os dedos pelo cabelo da mãe, como a avó costumava fazer. Suas próprias lágrimas venceram o controle que as mantinha no lugar e caíram, como gotas de cristal, por seu rosto. Precisou limpar a garganta algumas vezes antes de começar a cantar a mesma canção que a mãe estava cantando antes.


...

Jasper se levantou antes da irmã, o que era algo difícil de se conseguir, já que a Rosalie sempre foi muito ativa e geralmente estava de pé primeiro que todos. Ele se espreguiçou enquanto andava até a janela, alongando os braços o máximo que conseguia, apenas para ver o sol nascer atrás das montanhas. Sempre que fazia isso, tinha a sensação de que estava se enchendo de energias positivas.
Quando os primeiros raios de sol tocaram o jardim, um sorriso brotou em seus lábios. Aparentemente, ainda não se livrariam do frio. Rosalie ficou tão feliz quando a chuva derreteu um pouco da neve no dia anterior. Ela não gostava muito do inverno, algo relacionado com as guerras de bola de neve que travaram quando crianças. Talvez fosse bom reviver as memórias qualquer dia desses.
Caminhou pelo chão aquecido do quarto até o banheiro. Tinha coisas para fazer no hospital, alguns documentos para revisar e queria acabar com isso logo. Tirou a calça de moletom que usara de pijama e ligou o chuveiro. Esperou que o vapor formasse nuvens para deixar a água cair sobre o corpo.
Considerava esse o momento mais relaxante, quando seus pensamentos e emoções fluíam melhor. O que mais passou por sua cabeça no último mês fora a questão de formar uma família. Rosalie o pressionava constantemente sobre ter sobrinhos, mas principalmente sobre querer que ele se apaixonasse por alguém bom, que o a masse e preenchesse o vazio que o tornara no Casa Nova de Forks. Ele riu quando ela mencionou o apelido a primeira vez. Explicou para a irmã que quando encontrasse a mulher que seria a mãe de seus filhos, Rosalie seria a primeira a saber.
Isabella foi mencionada durante a conversa. Jasper a achava maravilhosa, apesar da atitude fria que costumava exibir. Tinham muitas coisas em comum. Ele gostou do beijo que trocaram, mas queria algo diferente. Queria que seu coração acelerasse, que a sua mulher gostasse de algumas coisas diferentes das que ele gostava, para poder ter o prazer de ser ensinado por ela. Então foi um alívio quando seu envolvimento relâmpago com Isabella não resultou em nada, poderia continuar sendo apenas o amigo e sócio dela, sem sentimentos complicados.
Terminou o banho alguns minutos depois, apesar de que gostaria de ficar mais. Colocou o roupão e depois foi até o closet, usando uma toalha branca felpuda pra secar o cabelo loiro. Escolheu roupas confortáveis, afinal não ia passar o dia inteiro no hospital, uma blusa com mangas longas de linho azul e uma calça de algodão branca. Substituiu a toalha pelo secador e o pente, arrumando o cabelo como gostava. Calçou o presente de natal que Rosalie lhe deu — pantufas com estampas pequenas de rena e pinheiros enfeitados— e saiu do quarto em direção à cozinha.
Meredith já está lá, com o avental azul por cima do suéter verde, cantarolando baixinho como costumava fazer ao cozinhar.
— Bom dia, Sr. Jasper — ela cumprimentou assim que o viu.
— Bom dia — sorriu, indo até a cafeteira.
— Acabou de ficar pronto, o açúcar está do lado direito junto com o creme — ela abriu um dos armários e tirou duas canecas.
Jasper agradeceu quando ela lhe estendeu a sua e colocou a de Rosalie na bancada. Ele deu uma risadinha, lembrando da cara que a irmã fez quando ele disse que aquilo era seu presente de natal.
— O que vai querer comer hoje, Sr. Jasper?
— Hmm... — O som do bebida quente preenchendo o copo vazio lhe deu água na boca. Colocou um cubo de açúcar e uma colher de creme e sorveu um gole. Fechou os olhos enquanto apreciava o sabor gostoso do café e pensava no que ia pedir para Meredith preparar. — Hoje não vou te dar trabalho.
— Nossa, o que aconteceu? Está de ressaca?
Jasper riu, indo se sentar em um dos bancos altos que contornavam a ilha de mármore.
— Acho que acordei ansiando a normalidade.
— Não está doente, está? — Meredith perguntou desconfiada, mas suas mãos já começavam a preparar o café da manhã.
— Sua irmã ainda está dormindo?
— Quando passei pelo quarto dela, jurei ter ouvido um ronco — ele recebeu o prato com ovos mexidos sorrindo. O cheiro era delicioso e combinado com as fatias de bacon que começavam a ficar douradas na frigideira, se tornava o perfeito aroma matinal.
— Devo levar o dela no quarto ou...?
— Não será necessário, Meredith, já estou aqui... Eu acho — a voz rouca de Rosalie inundou a cozinha junto com o barulho dos pés sendo arrastados no chão.
Ela se sentou ao seu lado e deixou a cabeça cair nos braços cruzados em cima do mármore. O cabelo, mais loiro que o dele, caiu em ondas. Ela só se mexeu quando Meredith colocou a caneca cheia de café na sua frente.
— Ainda não acredito que você achou que isso era a minha cara, Jazz — Rosalie fazia careta encarando o objeto em sua mão.
— Bom, você nunca gostou muito da temporada natalina — ele tentou se manter sério.
— E, por causa disso, faz sentido me dar uma caneca na forma da cabeça do Grinch?
Jasper não aguentou mais segurar e sua gargalhada fez com que o rosto de Rosalie ficasse vermelho de raiva. Meredith, que terminava de colocar a comida em outro prato, deu um sorriso e balançou a cabeça.
— Você é um péssimo irmão — a loira reclamou, roubando uma fatia de bacon de Jasper. — Você acordou mais cedo que eu.
— Tenho que passar no hospital daqui a pouco, quer vir comigo?
— Não — ela bocejou, arrumando a postura para começar a comer. — Fiquei mais da metade da noite acordada estudando, acho que vou dormi um pouco mais. E você, caro irmão, devia deixar o trabalho um pouco de lado. Quero meus sobrinhos.
— Sabe que mesmo que eu me case — entregou o prato e o copo para Meredith colocar na pia, piscando para ela. — Obrigado. Não vou te dar sobrinhos logo de cara, não é?
— Jazz, diminua um pouco o nível dos seus critérios, eles estão altos demais. Olha só, a Meredith, por exemplo — Rosalie sussurrou, indicando com a cabeça a mulher. — Vocês se dão bem e eu gosto dela.
Jasper seguiu o gesto da irmã e analisou Meredith. O suéter verde destacava a pele amendoada dela; a trança que prendia o cabelo elaborada fazia com que as os fios mais claros fossem destacados e seus olhos escuros cheios de inteligência. Ela era alta e esguia, bonita.
— Tenho certeza que o homem que fisgar Meredith vai ter muita sorte, irmãzinha, mas não serei o sortudo.
— Tudo bem... Tome cuidado dirigindo, a previsão é de neve.
Jasper se inclinou e deu um beijo na testa de Rosalie.
— Durma bem, irmãzinha.


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Notas finais do capítulo

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