Chuva de Lágrimas escrita por Skadi, Ana Gomez


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, lindos e lindas!
É um prazer conhecê-los e tê-los aqui lendo nossa história. Meu nome é Jaciara, mas prefiro que me chamem de Jaci, por favor. Estarei junto com a Ana, trazendo essa história para vocês e esperamos do fundo dos nossos corações que gostem.
Aproveitem!
Até mais..



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Era para ser uma noite calma em Forks, com as pessoas passeando pela rua e aproveitando os bons restaurantes que a cidade tinha para oferecer, mas acontecia justamente o contrário. Uma tempestade das grandes se aproximava e trazia consigo a ameaça de destruição. Os ventos fortes, que faziam as árvores se curvarem, deixava os habitantes receosos.

Isabella Swan olhou para seu relógio de pulso pela terceira vez em menos de dez minutos, suas mãos segurando a bolsa com força. Sua paciência se esgotava cada vez mais e ela olhou para a rua procurando o causador de seus problemas momentâneos. Philip, seu motorista, deveria ter chegado há uma boa meia hora, mas ao invés disso lá estava, ela mal humorada e sem guarda chuva para se proteger do temporal que se aproximava.

— Philip, mas que merda! Vai começar a chover e até agora nenhum sinal seu — reclamou ao telefone, enquanto andava de um lado para o outro. — Tenho uma reunião em menos de uma hora. Por favor, assim que ouvir essa mensagem, retorne a ligação.

Ela deu um pulo quando um trovão, o mais alto que já tinha escutado, soou e as primeiras gotas começaram a cair.

— Droga, droga, droga!

Justo naquele dia tinha decidido deixar o guarda chuva em casa, afinal, o dia tinha começado ensolarado. Pensava que para alguém que sempre morou ali, ela já devia estar costumada ao tempo maluco de Forks, mas a cidade sempre conseguia se sair melhor.

O prédio com estrutura de concreto, belas janelas de vidro escuro e apenas cinco andares, erguia-se atrás dela como um gigante imponente. Podia voltar para lá naquele exato momento e se refugiar contra os pesados pingos de chuva, mas decidiu esperar apenas mais um pouco pelo sedan preto que Philip dirigia. Seus esforços foram recompensados quando avistou o dito carro virar à esquina e a característica buzina que seu motorista gostava de fazer.

Sem que percebesse, um suspiro aliviado passou por seus lábios e o aperto na alça da bolsa relaxou.

— Desculpe a demora, senhorita Isabella — Philip falou assim que desceu para abrir a porta para ela. Um sorriso pequeno e sincero brincando em sua boca, quase totalmente escondido pelo bigode loiro escuro espesso. — Foi imperdoável de minha parte, mas...

— Isso não importa — ela respondeu, entrando como um furacão e se acomodando no banco de couro.

Seus olhos da cor de chocolate com avelãs — marrom com pontos dourados — não se demoraram nem mesmo olhando para o motorista, estavam grudados primeiro no relógio e depois na tela do celular.

— Já sabe para onde ir — falou assim que o homem deu partida na ignição. — Preciso estar lá ainda hoje se quiser fechar negócio.

Philip mas que imediato se dirigiu ao local que sua patroa deveria estar.

O Coreaid & Associados, localizado na parte mais nobre da cidade, e do qual Isabella era uma das donas e a chefe dos médicos, podia ser considerado o maior hospital do continente norte americano. Era uma construção de grande porte; três torres interligadas por ambientes compartilhados, em um total de 48 pavimentos de até 165 metros de altura, com 140 m² de área construída e 75 mil m² de área privativa para locação.

Somente a garagem tem exatamente quinze andares, três deles no subsolo — com 1.425 vagas de estacionamento. E com amplos elevadores inteligentes e expressos. O hospital tem duzentos leitos, dos quais trina são equipados com Unidades de Terapia Intensiva, além de vinte e duas salas de cirurgia.

Já a parte do hotel tem trezentos e cinquenta apartamentos para atender todo tipo de hóspede que vier inclusive pacientes vindos de outras cidades que estiverem em tratamento no hospital. São mais de mil funcionários contribuindo para que tudo ocorra como planejado.

Para a parte de escritórios e clínicas, foram reservados cinquenta e cinco mil metros quadrados de área privativa, que pode comportar entre até seiscentas salas, dependendo de como for utilizado pelos locadores. O shopping ocupará cinco andares e terá 15 mil m² de área, com cem lojas comerciais. Também tem uma parte destinada ao laboratório de análises clínicas e centro diagnóstico. Os ambientes são ligados um ao outro, com acesso de um pavimento para o outro. Na parte médica, por exemplo, esta é uma estratégia que propõe facilitar o acesso do paciente a todos os médicos. A maior parte se encontra no primeiro andar, onde dez salas são destinadas a advocacia e a presidência.

Há dois anos ela decidira criar seu patrimônio apesar de ter inúmeros bens em seu nome. Após se formar na melhor faculdade de medicina de Hollywood, finalmente decidiu voltar a sua cidade natal e nela construir seu próprio império.

Ao entrar no hospital, Isabella gentilmente cumprimentou sua secretária, Sue, e assinou um documento que seu assistente, Sam, lhe entregou. Ela pegou o elevador, contente por o mesmo estar vazio e assim que chegou ao andar certo correu para sua sala. Um suspiro passo por seus lábios enquanto colocava a bolsa em cima da mesa e andava até a grande parede de vidro.

A chuva caia forte agora e o alívio por ter conseguido chegar sem maiores problemas, e com sua roupa seca, inundou seu corpo. Depois de alguns segundo perdida na vista à sua frente, tomou o folego e caminhou até a sala de reuniões que ficava ao lado da sua.

— Srta. Swan, sua reunião começará em cinco minutos — Sue comunicou, abrindo a grande porta de madeira.

— Obrigada, Sue. Onde está Jasper? — perguntou, sentando na cadeira na ponta da mesa, pegando a pasta e avaliando rapidamente as propostas impressas no papel.

— Está no elevador, em alguns minutos estará aqui — informou Sue, logo em seguida saindo da sala deixando-a sozinha.

Alguns minutos mais tarde, e todos os acionistas se encontravam em suas cadeiras. Isabella analisava o rosto dos quinze e sorria ao notar a admiração deles crescer enquanto detalhava seu novo projeto. Jasper Hale, seu sócio, estava ao seu lado e durante o discurso dela, acrescentou detalhes que apesar de pequenos, deixaram a apresentação grandiosa.

— Desculpe interrompe-los, mas devo dizer que tenho uma dúvida quanto ao novo procedimento para paciente que têm uma doença hereditária. Seria possível a nova geração que nascer não conter indícios do histórico da anterior?

— Como previsto, já sabíamos que essas dúvidas apareceriam. Usaremos uma cobaia humana voluntária para comprovar que essas doenças serão minimizadas, e se podermos, extintas de uma vez – Jasper disse sério.

— Esse é um dos nossos projetos, acho que vocês ficaram mais impressionados ao que iremos apresenta-los em breve — afirmou ela.

Os acionistas olham para Isabella e logo em seguida encaram Jasper, e um novo assunto surge, dando espaço as perguntas e uma curiosidade enorme. Com um aceno de cabeça de Isabella, Sam começou a encher novamente os copos com água.

Depois de alguns minutos ouvindo os homens batendo na mesma tecla e discutindo sobre algo totalmente irrelevante, ela se levanta, o barulho de suas mãos batendo contra a mesa de madeira ecoando pela, agora, silenciosa sala.

— Parem! — ordenou, com voz firme e cheia de autoridade. — Não acham que já passou do limite? Sei que estão agoniados para saber o que está por vir, e apesar de não ser uma vidente com direito a bola de cristal, garanto que sei muito bem o que estou fazendo. Não foi atoa que construí este hospital, e se não estou enganada, ele só continua crescendo.

— Nos perdoe – um dos homens, o mais novo, falou.

Ela o reconheceu como o filho mais novo de William Connor, Alex. O rapaz tinha apenas vinte e cinco anos, mal terminou a faculdade de administração, assumiu a empresa do pai, de fornecimento de material hospitalar. O velho William tinha falecido há apenas três anos e quem vinha comandando a Connor’s era seu irmão, Reginald, que não tinha ficado nem um pouco satisfeito quando o sobrinho assumiu a presidência como Bill havia determinado em seu testamento.

Alex Connor, de fato, era um rapaz de sorte. Alto, porte físico de alguém que malha todo dia, cabelos castanhos ondulados, olhos pretos e um sorriso encantador que conseguiria conquistar qualquer mulher. Mas para Isabella, era somente mais um de seus funcionários.

— Não há nada que perdoar Sr. Connor, só gostaria que não duvidassem da minha capacidade — disse ela, baixando o tom de voz. Seu rosto estava sério, porém seus lábios ameaçavam se quebrar em um sorriso vitorioso ao ver todos eles engolirem seco.

— Tenho certeza que eles não cogitaram essa possibilidade — Jasper falou, suas palavras ameaçadoras disfarçadas por um tom de humor. — Não é mesmo senhores? — Jasper murmurou, os encarando com um olhar intimidador.

— Claro que não — todos responderam juntos.

Terminada a reunião e sentindo como se fosse bem mais velha do que realmente era, Isabella saiu acompanhada de Jasper. Seus ombros estavam tensos, seus pés e costas doíam, e ela podia sentir uma dor de cabeça se formando. Seus olhos ficaram atentos aos pequenos ponteiros do relógio de pulso.

Sete horas. Ligou para Philip, um pouco animada por finalmente ter se livrado dos pomposos acionistas. Sam e Sue estavam parados um ao lado do outro perto dos elevadores, ele com a bolsa dela nas mãos e ele com o casaco. Isabella sorriu ao pegar cada um dos itens.

— Obrigada — disse educadamente. Com um aceno de cabeça para eles, entrou no elevador.

O saguão estava cheio de pessoas, que como ela, estavam saindo do trabalho agora. Ainda chovia de leve e a luz dos postes faziam as gotas de água brilharem na grande parede de vidro da fachada do prédio.

— Srta. Swan, para onde? — Philip a esperava na porta, com o guarda chuva aberto e seu costumeiro sorriso gentil.

— Para casa, Phill — respondeu, tentando devolver o sorriso.

A rua da sua casa estava escura, um breu. O carro andava devagar, com cautela, já que apesar do farol estar aceso, a visibilidade era horrível por causa da chuva que aumentara de novo.

Quando Phill parou o carro em frente ao grande portão de ferro que dava acesso a casa, Isabella tirou os olhos da tela do celular.

— Não há energia, senho7rita — ele disse, olhando-a pelo retrovisor por alguns segundos antes de se inclinar por sobre o banco do passageiro e abrir o porta luvas, procurando alguma coisa em seu interior.

Enquanto ele fazia isso, Isabella já tinha aberto e batido a porta, sua bolsa sendo usada como proteção contra os grossos pingos que continuavam a cair. Rapidamente, o mais rápido que alguém podia andar com saltos agulha, ela andou até a pequena guarita que ficava um dos seguranças.

Ela fechou a mão e bateu contra o vidro da guarita, apenas para ficar frustrada quando nenhuma resposta surgiu. O guarda já devia ter notado que ela estava ali e aberto o portão, mas tarde de mais lembrou que havia dado folga para os empregados. Era fim de semana e não havia necessidade de mantê-los trabalhando se ela podia fazer a própria comida e colocar a própria roupa para lavar.

Virou-se para chamar Philip e algo chamou sua atenção. Um pouco longe e ainda assim, incrivelmente perto, uma silhueta se formava logo a sua frente, seus passos eram tão pesados que a água que se acumulava em poças espirrava alto. Com o coração acelerado, olhou para o carro, na vã esperança de que Philip percebesse o pânico que ela estava sentindo. Tentou fazer um sinal com a mão, mas nada, nem se levantar da posição reclinada sobre o banco, o motorista levantou.

A pessoa que se aproximava devia ser um ladrão ou talvez um mendigo, ela pensou, tirando os fios molhados do seu antes perfeitamente arrumado cabelo, da frente do rosto. Com a bolsa não mais servindo como proteção contra a chuva, ela esfregou os olhos, tentando se livrar da água em seus cílios e com pânico ainda maior percebeu que o homem havia se aproximado ainda mais.

Os ombros dele estavam tortos, o esquerdo pendendo como se algo muito pesado estivesse sendo carregado. Seu cabelo estava molhado demais e com a pouca luz era difícil identificar a cor, mas era grande e chegava à altura de seu queixo. Seus olhos, também escurecidos estavam apertados, provavelmente para conseguir enxergar através dos grossos pingos que caíam. Sua barba era grande, e ela conseguia notar as olheiras que deixavam seu rosto com um ar cadavérico. Suas roupas só provavam para Isabella que ele realmente era um mendigo, a camiseta rasgada assim como a calça, ambas molhadas demais e grudadas ao corpo esquelético.

Ela deu um passo para trás quando ele levantou as duas mãos, como se estivesse fazendo uma oração.

Droga, Philip! Deixe o maldito carro aí e venha aqui! — ela pensou com raiva, sem ousar desviar os olhos do mendigo.

O odor que chegou até suas narinas fez seu estômago embrulhar. Se com a chuva caindo daquela forma o cheiro dele era tão repugnante, imagina durante um dia quente? Não conseguia nem imaginar.

— Senhora... — a voz rouca e quebrada foi interrompida por um acesso de tosses.

— Por favor, não chegue perto! — Isabella achou estranho o medo que estava na sua própria voz e arregalou os olhos. O homem estava curvado, as mãos nos joelhos e pelo jeito como seu corpo se movia, ele estava com dificuldade para respirar. Uma pneumonia estava se formando e ela não pode evitar a preocupação.

— N-Não v-vou roubar você — uma risada baixa cheia de desespero soou misturada com a tosse. — E-Estou com frio. Faço qualquer coisa, o que a senhora quiser. Basta dizer e farei. Apenas... Apenas me dê um cobertor. Está tão f-frio.

— Um cobertor? — a surpresa a fez repetir de forma patética. O homem meneou a cabeça para cima e para baixo lentamente. — Hnm... S-Sim.

— Senhorita Swan? — a súbita falta da água gelada caindo na sua cabeça fez com que ela olhasse para o lado.

Philip estava ao seu lado, um guarda chuva grande protegendo os dois e a lanterna, que parecia como um holofote, virada na direção do mendigo. O último tentava proteger os olhos da luz forte com as mãos sujas de lama e sabe-se lá o que mais. Quando Isabella olhou para seu motorista, os lábios dele lábios estavam tão finos e escondidos pelo bigode, que parecia que não tinha boca. E depois voltou os olhos para mendigo.

— Ele está lhe incomodando, senhorita? Senhorita? Senhorita? — apenas quando ele a chamou pela terceira vez foi que ela saiu de seu torpor.

Antes de falar qualquer coisa, limpou a garganta discretamente e arrumou sua postura.

— Está tudo bem, Phill — respondeu, abaixando o braço que segurava a lanterna, a fim de permitir que as córneas do outro homem continuassem intactas. — Ele só quer um cobertor para afastar o frio.


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Notas finais do capítulo

Heey *-*
Esperamos que tenham gostado!
Até a próxima.
Com amor,
Jaci & Ana