Depois de uma semana totalmente entediante, finalmente chegou o sábado. Eu morava com meu padrasto desde que minha mãe tinha morrido, quando eu tinha treze anos. Na verdade, nunca me importei demais com ele dentro de casa; Ele estava sempre ocupado demais com o trabalho no escritório. Bem, quando o meu relógio deu 19h eu me arrumei.

Não coloquei uma coisa formal, eu só iria ver Rachel. E, de qualquer maneira, eu ficava lindo. Eu saí de casa ás 19h30min, e cheguei à casa dela ás 19h45min, a casa nem era tão longe assim. Era um sobrado branco, nada tão luxuoso e rico como poderia ser. Toquei a campainha duas vezes e ela veio atender, estava em um vestidinho regata preto florido com rosas cor-de-rosa e vermelhas, usava também um salto preto. Estava linda, como ela sempre era.

— Ah — Ela disse quando me viu, depois deu um sorriso e completou: —, que bom que veio, Tony. Venha, entre, ainda tenho que pegar minha bolsa.

No momento que ela disse isso, já soube que aquilo iria demorar. Entrei naquele sobrado e ela falou para eu me sentar no sofá, então eu o fiz. Ao contrário do lado de fora da casa, a parte de dentro era totalmente mimada e chique. Para ter ideia, tenho quase certeza de que todas as joias naquele porta-joias eram de ouro ou prata. Rachel demorou dentro de vinte minutos para pegar a bolsa dela, e depois disso ela se despediu de sua mãe e nós fomos embora.

Dentro de meu carro e durante a “viagem” até algum cinema, ela só ficava encostada na janela do automóvel, acompanhando a chuva escorrer pelo vidro e cantando. O nome da música, eu acho, era Drive. Ou alguma coisa assim. Comecei a observá-la melhor em um semáforo vermelho, e ela começou a fitar-me também.

Em meio á aquela situação, ela deu um sorriso e desviou o olhar, tentando não parecer constrangida. Começou a mexer com uma mecha de seu cabelo negro e eu continuei a dirigir, até que ela quebrou o silêncio, perguntando:

— Para qual cinema estamos indo, exatamente?

— Não sei. — Eu respondi. — Pode escolher, você que sugeriu esse encontro.

— Isso é um encontro?! — Ela disse, me encarando com uma cara meio confusa e fofa. Ela riu e eu tive que forçar um riso também. — Vamos ao Cinemark, e vamos assistir A Prova de Fogo.

A encarei e estranhei o fato de ela ter me dado uma ordem, ela deu uma risadinha tímida com isso e então eu voltei minha atenção para a estrada. Quando chegamos ao shopping, Rachel fez o favor de insistir para irmos a algumas lojas de roupa. Eu deixei bem claro que não iria comprar roupas para ela, e ela podia ir para qualquer loja enquanto eu comprava os ingressos. Ela concordou e saiu correndo para alguma loja aleatória.

Comprei os dois ingressos e esperei-a em um banco em frente ao cinema. Ela demorou, novamente, uns vinte minutos e chegou cheia de sacola, com certeza lotadas de roupas e sapatos novos. Para não passar uma má impressão completa, me ofereci para carregá-las, e logicamente ela aceitou. Assim nós fomos ao cinema e o filme todo eu fiz o favor de segurar sua mão, mas ela não pareceu ficar muito surpresa com o ato, mas mesmo assim apertou minha mão de volta.

Quando o filme acabou, tive que ouvir as críticas que Rachel fez do filme. Eu não estava aguentando mais a ouvir tagarelando, então, em meio a um critica dela, eu sugeri:

— Quer ir para minha casa?

Ela, então, finalmente parou de falar e olhou para mim. Ela sorriu e fingiu um “tanto faz”, mas sei que por dentro ela estava morrendo de alegria. Então fomos de volta para o carro e fomos para a minha casa. Meu padrasto não estava em casa, o que facilitou muito.

Quando ela entrou em minha casa, a primeira coisa que fiz foi puxá-la para meu quarto e fechar a porta. Ela me olhou por um momento, ou melhor, me analisou por um momento e eu não perdi e chance e a beijei. Afinal, era para isso que ela estava lá.

Ela não hesitou, e logo se entregou totalmente aos meus lábios. Explorei totalmente sua boca e ela colocou suas mãos em volta de minha nuca. Apertei sua cintura, o que a fez dar um suspiro. Encostei-a na parede e segurei sua coxa. Ela, por sua vez, nos separou e olhou em meus olhos, dizendo:

— Eu vou me arrepender de ter deixado você fazer isso, Tony?

— Talvez. — Eu respondi, depois pensei mais um pouco e concluí: — Provavelmente.

Ela riu e desta vez ela me beijou. Com a mesma intensidade do primeiro beijo, nós continuamos. Deitei-a em minha cama e comecei a despir-me. E assim passamos o resto daquela noite de sábado.

No domingo de manhã, acordei sonolento por causa — da noite anterior, também — de Rachel. Ela se vestia em cima de minha cama, colocando, em vez do vestido da noite passada, ela colocara um suéter branco, com um panda como estampa, uma leg preta e um all-stars preto também. Fez um coque frouxo, o que, digo por mim mesmo, não ficou muito bonito nela.

Sentei-me na cama para poder observá-la melhor. Mesmo não tendo o melhor corpo, como uma top model, não era o pior corpo do mundo. Ela percebeu que eu estava observando-a e bufou.

— Tony, eu não quero que isso tenha sido em vão, por favor. — Ela implorou, com uma voz quase chorosa.

Revirei os olhos e me segurei para não morrer de tédio e bufar com aquele drama. Ela já havia sido usada tantas vezes, por que mais uma iria fazer diferença? Mas não queria vê-la chorar, não ali em minha frente. Então forcei um sorriso e disse:

— Não foi.

Ela sorriu e limpou uma lágrima que ameaçava cair. Então pegou sua bolsa e saiu de meu quarto. Quando saiu, levantei da cama e fui tomar um banho e depois troquei de roupa. Quando saí para a sala, notei que Rachel ainda estava lá fora, talvez esperando o seu mais novo “príncipe” ir lá implorar para ela ficar. Mas eu não era nenhum conto de fadas.

Então eu e meu cavalo branco iríamos demorar um pouco para resgatá-la.