Como Matar Alguém escrita por kirasren


Capítulo 1
The Girl Who Cried Wolf


Notas iniciais do capítulo

[REESCRITO]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/648437/chapter/1

Rachel era muito bonita. Cabelos pretos, olhos azuis. Pele muito clara. (Qualquer um podia compará-la a uma Branca de Neve). Não muito magra, não muito gorda. Bem baixinha. Um sorriso brilhante que com certeza fazia dezenas de garotos – e garotas – derreterem.

E, além de ser bonita no exterior, Rachel também era uma pessoa bonita. Por isso, todos gostavam dela.

Então, esse provavelmente era o motivo para que metade do colégio enlouquecesse quando a notícia que Daniel, namorado de Rachel, tinha a traído com uma de suas colegas do time de futebol. Os rumores eram que Rachel havia o flagrado quase transando com ela em alguma das cabines do banheiro feminino.

(Honestamente, que estupidez! Os hormônios dele estavam tão forte assim que ele teve a coragem de fazer isso no meio do intervalo do colégio?! Ele sabia que ela estaria lá! Por favor, né).

Então foi quando eu consegui acompanhar a história de fato.

Vi a pequena Rachel saindo furiosa do banheiro, com lágrimas em seus olhos e indo diretamente para a cantina, onde ela sabia que seria o centro das atenções. E, de fato, foi mesmo! Daniel veio atrás dela e não demorou muito para todos que estavam presentes no pátio começarem a grudar os olhos na discussão deles.

— Eu não quero mais te ouvir, Daniel! — ela gritou, fazendo Daniel parar de segui-la e encara-la em silêncio, perplexo. — Já deu, eu já cansei! Se você sentisse muito mesmo nem teria ficado com ela. Do fundo do meu coração, vai se foder.

Vários “o”s poderiam ser ouvidos do público, como se fossem para aplaudir Rachel. Mas ela não agradeceu, nem deu um sorrisinho de lado, ela saiu dali enxugando suas lágrimas com sua mala nas costas.

Não demorou muito para cercarem Daniel e, além de impedi-lo de seguir Rachel e continuar se desculpando inutilmente, encherem-no de perguntas – se não fossem os amigos dele, que o mandavam um “muito bem” e riam da situação.

Rolei meus olhos com aquela cena e fui para a direção que Rachel havia corrido para. Sabia o que ia fazer ali.

Caminhei até o lado de fora do colégio. Olhei para os lados, procurando a garota. Encontrei-a sentada ao lado do portão, com sua mochila do seu lado, abraçando seus joelhos e provavelmente chorando. Joguei minha mochila no chão e me sentei ao seu lado, fazendo-a soluçar mais uma vez e levantar seu olhar, irritada.

— Daniel, eu já disse-! — ela olhou para mim e, quando percebeu que não era Daniel, fez uma expressão confusa. — Desculpa, quem é você?

— Martin. Tony Martin. — eu disse, com um sorriso de lado.

— Peres. Rachel Peres. — ela respondeu, dando os ombros levemente e tornando sua visão para frente.

Soltei uma risada fraca, ainda olhando para ela.

— Você acabou de imitar minha imitação do James Bond?

— É, acho que imitei.

Ela suspirou, ainda abraçando os joelhos. Apoiou sua cabeça em cima deles e olhou para mim com aqueles grandes olhos azuis. Forcei um sorriso e ela fez o mesmo. Ela parecia cansada – e provavelmente estava. Mordi meu lábio, tentando dar o primeiro passo:

— Então, você está livre essa sexta? A gente podia assistir alguma coisa junto.

O rosto de Rachel se fechou inteiramente. Ela levantou a cabeça. Abriu a boca, como se estivesse surpresa, desviou o olhar e riu sarcasticamente. Virou seu rosto para mim novamente, ainda com uma expressão totalmente irritada.

— Você tá zoando com a minha cara?! Por acaso você viu pelo o que eu acabei de passar?

Ah, ela era dramática. Teria que me adaptar a isso.

— Ah, não, não era desse jeito. — eu respondi, mudando minha postura e comportamento para ela se convencer. — Dá pra ver que você tá cansada e eu vi o que aconteceu. Então estava pensando de passar algum tempo longe de problemas. Mas se você não quiser, tudo bem, sinto muito por perguntar desse jeito.

Ela bufou novamente. Ajeitou-se uma posição mais confortável, não mais abraçando os joelhos e com as costas encostadas á parede ao lado do portão. Passou a mão pelos cabelos, os colocando para trás e olhou para mim de novo. Depois de alguns longos segundos com uma expressão constante, ela finalmente se pronunciou:

— Eu nem te conheço. — eu iria falar, mas ela me interrompeu antes que eu pudesse, falando mais para ela mesmo do que para mim. — Quer saber? Dane-se! Eu vou sim ao seu cinema, Tony. Pode me esperar sexta.

Ela virou-se para sua mochila, que estava do outro lado para pegar um caderno. Abri minha boca várias vezes, mas não encontrei as palavras certas, então apenas calei-a. Ela escreveu seu número e endereço no papel, o arrancou e estendeu-o para mim.

Mas, antes que eu pudesse pegar, ela alertou:

— Não me magoe. Não faça nada estúpido. Não seja um psicopata.

Sorri com a fala, pegando o papel de suas mãos e respondendo:

— Vou tentar.

Ela guardou o caderno e fechou sua mochila. Pegou-a e colocou-a em suas costas saindo de lá provavelmente para ir direto para sua casa. Guardei o pedaço de papel no bolso da minha mala, também a pegando, mas indo para dentro do colégio.

Até sexta, Rachel.

××

Para a minha surpresa, Rachel realmente foi para o colégio no dia seguinte.

Daniel a seguiu o dia inteiro. Ela, com razão, não dava muita bola. Teve essa cena ótima que Rachel e as amigas estavam na fila para o almoço e Daniel estava logo atrás, pedindo e implorando por desculpas, mas sendo completamente ignorado pela conversa das garotas. Então, ele deve ter ouvido algo que Rachel disse sobre o dia anterior, porque começou a procurar alguém desesperadamente pelo pátio.

Se ainda não adivinhou, eu sou o alguém.

Ele me achou sentado em algum canto, então furiosamente foi até onde eu estava. Largou sua mochila no chão, fazendo barulho a propósito para eu virar e vê-lo. Fiz isso e ele se sentou do meu lado, ficando em silêncio por um grande pedaço de tempo, até que eu perguntasse:

— Posso te ajudar?

— Saia de perto de Rachel.

Arqueei as sobrancelhas e segurei a vontade de rir. 

Arqueei as sobrancelhas e segurei a vontade de rir. Olhei novamente para Rachel, que já estava no começo da fila, e voltei minha expressão sarcasticamente confusa para o garoto na minha frente.

— Ah, eu não sei. É um espaço bem grande daqui até lá.

— Eu não to brincando, cara! Saia de perto dela ou você vai se arrepender. — ele suspirou e olhou para ela também. — Eu me arrependi. Eu preciso dela de volta.

Aparentemente Rachel, de onde estava, percebeu o que estava acontecendo e se distanciou de suas amigas. Chegou à frente de nós dois e sentou-se com seu almoço na cadeira em minha frente. Sorriu amplamente para mim, falando:

— Oi, Tony.

Daniel olhou surpreso para ela, depois de nós no entreolharmos. Andou até o outro lado da mesa, para poder sentar ao seu lado, o que a fez revirar os olhos. Ele começou a falar de como se arrependera e sentia falta dela e etc. Mas era como se ele nem estivesse ali, porque Rachel simplesmente começou a comer seu almoço e, depois de uma garfada, começou a falar comigo.

— Então, o cinema de sexta ainda tá marcado?

— Sim, com certeza. — olhei para Daniel, que já parecia ter perdido as esperanças, e para ela novamente. — Quer algum filme específico?

— Ah, a gente vai totalmente assistir Mulher Maravilha.

Daniel saiu dali quando percebeu que não tinha chance, batendo os pés pelo corredor. Rachel continuou a comer seu almoço e, quando terminou, saiu dali me dando um último “tchau”.

Aquela seria uma longa semana.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!