La Push era realmente impressionante! Não imaginava que em uma reserva tão pequena haveria tamanha diversidade biológica. De todas as coisas que eu poderia imaginar, um lobo gigante era o mais inimaginável.

Com certeza aquela espécie nunca tinha sido descrita antes, e isso seria meu passe direto para a faculdade. Já até podia imaginar a cara do Sr. Jones ao presenciar uma criatura tão fascinante. E dócil. Lobos não eram os animais mais amigáveis do mundo. Mas aquele era quase um cão de estimação! Tinha tentado me atacar, é claro, mas havia recuado. Talvez, eu não fosse a sobremesa que ele estivesse esperando.

Mesmo assim, eu não podia dedurá-lo para os cientistas. Provavelmente, ele seria retirado de seu habitat natural para uma jaula. E eu não queria isso. Era meu dever cuidar dele.

Estava agora na banheira relaxando e pensando no dia difícil que havia sido hoje. Um primeiro dia de aula fracassado, o encontro estranho com o lobo gigante e principalmente, a descoberta do casamento de Edward. Ele ia se casar. Edward Cullen ia se casar com uma humana. O que ele tinha visto de bom nela afinal? Arriscar sua própria pele para ficar com uma humana?

Suspirei cansada. Eu esperava que La Push me trouxesse um recomeço, que me desse um pouco de paz. Mas não era isso que as dores constantes em minha cabeça estavam dizendo.

Levantei-me da banheira, sentindo meus ombros um pouco mais leves. Tudo que eu queria agora era tomar meu tranquilizante e apagar a noite toda. Sem pesadelos, sem pensamentos ruins. Só a escuridão.

Pena que isso não durou muito tempo. Assim que saí, uma figura ruiva esperava-me deitada preguiçosamente em minha cama.

– Finalmente! Achei que tivesse descido pela descarga!

– Ignis? O que está fazendo aqui? – perguntei espantada.

– Pensei que seria recebida de uma maneira melhor. - Ela abriu o sorriso sarcástico de sempre. – E eu diria que te ver pelada, não é bem o que eu esperava – falou apontando para meu corpo, coberto apenas com uma toalha. Troquei-me, antes de pular em seus braços finos, para um abraço.

– Ignis! Senti tanto a sua falta! – Ela era mais baixa que eu. Curtos cabelos ruivos destacavam-se sob sua pele branca e sardenta. E apesar da sua aparência fofa, seus olhos castanhos sempre pareciam debochados e desafiadores.

– Chega de grude, garota – falou empurrando-me.

– O que está fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa? Estão me procurando? – Um súbito pânico estava tomando conta de mim. Ignis odiava La Push, ela não iria aparecer ali por nada.

– Você parece nervosa. Pensei que tivesse vindo a este lugar para relaxar.

– Ignis, você não respondeu minha pergunta.

– Eu vim apenas para te ver, Aria. Sabe que me preocupo com você. Desde que tudo aconteceu...

– Não quero falar sobre isso, Ignis – Eu a interrompi.

– Aria, quando vai superar? Quer dizer, já faz anos que...

– Eu já disse que não quero falar sobre isso!

– Ok. Não tocarei mais no assunto – Levantou as mãos em sinal de rendição – E então? Como está sobrevivendo a este fim de mundo? Parece que deu uma repaginada na casa de George.

– Ele não veio com você? – perguntei, sentindo pela primeira vez a falta de sua presença. Ignis e George eram inseparáveis. Era estranho vê-la aqui sem ele.

– Achou mesmo que eu iria trazê-lo? E se ele resolvesse ficar de vez aqui? Era um risco que eu não podia correr.

– La Push não é tão ruim assim. Apesar dos pesares. – Desfiz meu rosto em uma careta.

– Eu te disse que era uma péssima ideia – falou dando de ombros – Nem mesmo seu querido Cullen está ajudando?

– Nem me fale daquele traidor.

– Está com raiva de Edward? – perguntou surpresa. – O que ele fez? Resolveu assumir sua verdadeira natureza e matar humanos? – Eu realmente não sabia como ela mantinha sempre seu tom de voz sarcástico, até mesmo com assuntos mais sérios.

– Não! Claro que não. Quer dizer... – Se ele iria transformar Bella em uma vampira, tecnicamente ele iria matá-la.

– FALA SÉRIO! – gritou em choque. Ignis conhecia Edward e sabia de sua índole. Sempre achou os Cullen caretas demais.

– Ele não está matando ninguém – expliquei cansada. Quanto mais eu rezava para esse dia acabar, mais complicado ele ficava.

– Então?

– Ele vai se casar – disse dando de ombros.

– Realmente, isso é um assassinato. E um suicídio também – Sorriu ironicamente.

– Ele vai se casar com uma humana! – Joguei minhas mãos aos céus teatralmente – Entende o meu dilema? Isso é errado!

– Ele vai transformá-la?

– Edward não quer isso, já a humana...

– Ele continua careta como sempre. E você tem que parar de ser tão dramática, Aria.

– Mas é errado!

– Diga isso para Dina então! Da última vez que a vi, ela estava namorando um duende.

– Oh, por favor, Ignis! Você sabe que se ele a transformar...

– Nada vai acontecer – Interrompeu-me – Qual é, Aria. Ninguém vai descobrir, a menos que você conte.

– E se descobrirem? – perguntei aflita.

– Então diga adeus ao seu coleguinha vampiro – Eu me arrepiei ao ouvir aquilo. Eu não aguentaria ver Edward machucado – Mas não irão descobrir. Quais as chances dele aparecer nesse fim de mundo? Acho que no fundo tudo isso é ciúmes!

– Claro que não! Edward é um grande amigo para mim. Ele é importante tanto quanto George ou Lachlan.

– Falando nisso, Lachlan esteve a sua procura – disse fazendo uma careta.

– Sinto falta dele – Sorri abertamente. Conhecia Lachlan desde criança. Tínhamos uma forte ligação. Assim como Dina, Ignis e... Maya.

– Você tem alguma tara por nerds. Só pode!

– O que ele queria?

– Ele está preocupado, já que você sumiu sem dar sinal de vida.

– Não contou para ele onde eu estava, não é?

– Não – Suspirou cansada – Acho melhor eu partir agora. Não esquente com Edward. Ele sempre faz as escolhas certas.

Ignis me deu um abraço apertado e assim como tinha surgido, desapareceu em um passe de mágica.