Secret of Wind escrita por Jooy Jones


Capítulo 6
Imprinting


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Aí está mais um capítulo de Secret of Wind.
Espero que gostem ;)



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Jacob POV

Eu estava na praia de La Push, prestes a saltar de costas no penhasco. O vento bagunçava meus cabelos e pela primeira vez em muito tempo, uma sensação de paz inundava-me. Ela estava ali sorrindo docilmente para mim, o sorriso que eu tanto amava. O sorriso que me faria fazer qualquer coisa só para estar com ela. Então, ela deu um passo em minha direção. As nuvens que antes cobriam o Sol se afastavam agora, trazendo com a luz uma sensação boa de calor. Olhei-a novamente. Sua pele brilhava como cristais. Seus olhos em um tom vermelho. Sua roupa suja de sangue. Uma sanguessuga. “Bella!” tentava gritar, mas minha voz não saía. Minha visão foi bloqueada por ele. O homem que tinha tornado minha vida um inferno. Os olhos igualmente vermelhos. Suas mãos frias, contrastando com minha pele quente e morena, tocaram meu peito. Ele havia me empurrado. Eu estava caindo penhasco abaixo. E então, eu vi. Não conseguia ver seu rosto. Apenas grandes e misteriosos olhos azuis gritando o meu nome. Ouvi uma batida. Provavelmente, meu corpo batendo nas rochas. Outra batida. Meu nome continuava sendo gritado.

– JACOB! – gritou meu pai, batendo mais uma vez na porta de meu quarto. Saltei da cama em um pulo. Eu estava suado e meu coração batia acelerado. – GAROTO, SE VOCÊ NÃO ABRIR ESSA PORTA AGORA, EU...

– Se continuar assim vai acabar tendo um infarto – falei, abrindo a porta.

– Se continuar desse jeito definitivamente vou ter um infarto. Sabe que horas são? – perguntou Billy com um olhar repreensivo, que eu andava frequentemente recebendo. – Já é meio dia!

– Está cedo ainda. – Joguei-me na cama novamente. Já era a segunda vez que ele me acordava hoje. A primeira era para tentar me convencer a voltar ao colégio, o que eu sempre recusava prontamente. Ele nunca desistia.

– Jacob, isso tem que acabar! Você não sai mais, não vai para o colégio, não ajuda mais seu bando... – Revirei os olhos, cansado daquela conversa. Eu realmente gostava de ser um lobo. Gostava da força, da velocidade, de matar vampiros, mas acredite, não é nada legal ser um, quando se é obrigado a compartilhar sua mente com mais sete pessoas. Sete pessoas infernizando sua cabeça com comentários como “você deveria esquecê-la”, “vou te arrumar um encontro”, “não sei como ela preferiu um sanguessuga” – aquilo era demais para mim. Por isso, não a vi e nem me transformei desde que meus ossos foram quebrados. Sabia que todos estavam preocupados. Meu pai, Sam, o bando e Bella também. Mas todos eles estavam respeitando o meu tempo. -... Deveria ir procurá-los – concluiu meu pai o sermão matinal.

Eu realmente estava considerando a proposta de meu pai. Nada ali estava adiantando. Por mais que me mantivesse afastado, não conseguia esquecê-la. Nem em meus sonhos ela me dava um descanso. Talvez eu apenas devesse parar de sentir pena de mim mesmo e agir como um homem. Talvez ela tenha mudado de ideia sobre o casamento. Talvez eu ainda tivesse uma chance.

Tomei banho e fui direto para a cozinha procurar algo para comer. Encontrei apenas refrigerantes e biscoitos. Dava para o gasto. Levei a comida para o galpão – se tinha algo que me distrairia, com certeza seria consertar a lata velha que meu pai insistia haver solução.

Não sei por quanto tempo trabalhei naquilo, mas quando dei por mim o Sol já estava quase se pondo. Guardei as ferramentas de qualquer modo, quando a presença de alguém na porta me chamou a atenção.

– Jake?

– O que está fazendo aqui, Seth?

– Precisamos de você. Sam está te esperando. – Dito isso o segui apressado para a casa de Sam.

Assim que cheguei, olhares surpresos e curiosos me encararam. Leah foi a primeira a se pronunciar.

– Olha só! A bela adormecida resolveu sair de sua toca mágica e de seu sono eterno? – Revirei os olhos diante do comentário.

– O que querem?

– Jacob, estamos com alguns problemas – Sam disse.

– Que problemas? – A careta que ele fazia me deixou curioso.

– Uma nova moradora se instalou em La Push – falou incerto. O que estava realmente acontecendo?

– E daí?

– Cara, não sabemos o que ela é! – terminou um Jared impaciente.

– Como assim não sabem o que ela é? – Ok. Aquilo sim era surpreendente.

– Ela tem a pele branca, um cheiro insuportável de vampiro...

– E qual é a dúvida? – Se um vampiro estava ao redor de La Push, precisávamos eliminá-lo e rápido.

– Ela é humana, Jake! – disse Jared cismado. Eu não estava entendendo aonde eles queriam chegar. Ela era humana ou vampira afinal? Vendo meu olhar de confusão, Sam se apressou em continuar.

– Ela respira e seu coração bate como qualquer outra pessoa normal.

– Talvez ela só tenha chegado perto de um vampiro – falei dando de ombros.

– Em primeiro lugar, cabeção, se ela fosse uma humana e chegasse perto de um vampiro, ela não sobreviveria para contar a história. Em segundo lugar, o cheiro dela está impregnado com cheiro de sanguessuga. – disse Leah.

– Ele talvez esteja certo, Leah. Quer dizer, Bella fedia tanto quanto essa criatura – comentou Jared, recebendo um olhar repreensivo de todos ali. Ele me encarou com arrependimento e pena ao se tocar do que tinha falado. Senti meu corpo estremecer. Meus punhos estavam cerrados. Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa Embry falou:

– Nenhum ser humano comum seria capaz de arremessar um cara de 80 kg com apenas um soco.

– Como?

– Jake, a garota arremessou o seu amiguinho Brad para o outro lado do estacionamento. – Eu não poderia ficar mais chocado do que estava agora. Brad era jogador de basquete e meu rival desde que entrei no colégio da reserva. O cara era enorme. Se já era difícil um homem derrubá-lo, imagine uma garota.

– E se ela for uma transmorfa? Só que na versão vampiresca? – supôs Quil.

– Não dá para se transformar e destransformar em vampiro, idiota! Eles são criaturas mortas. Ela teria que morrer e ressuscitar a cada transformação. Além disso, o coração dela estava batendo, mesmo quando estava fedendo – disse Leah.

– Seth, você foi o que esteve mais próximo dela. O que acha? – perguntou Sam sério.

– Ela é legal. – disse dando de ombros. – Eu só a ajudei a achar seu armário, me pareceu uma garota comum. E no dia, ela não estava fedendo tanto assim.

– Meio humana e meio vampira? – tentou Jared.

– Não existe isso. Ela teria que ter um dos pais vampiro e o outro humano. Quer dizer, quais as probabilidades disso acontecer? – E foi nesse momento que todos me encararam. Mesmo sem estar transformado, sabia exatamente o que estavam pensando. Se Bella e Edward estavam juntos, por que um filho dessa mistura não poderia existir?

– Isso é impossível – falei convicto. Imaginar Bella e Edward fazendo coisas inadequadas já era demasiado ruim. Ter um filho? Aquilo já era ridículo. – Vocês estão imaginando coisas demais... Onde está a garota?

– Esse é o problema – retomou Sam. – A criatura cruzou a fronteira. Não sabemos onde ela está, e nem o que está fazendo.

– Talvez os Cullen...

– Jared! – repreendeu Quil.

– Não vamos meter os Cullen nisso. – Eu nem estava ouvindo mais. A simples menção desse nome já me deixava enjoado. Levantei-me e parti para casa. Maldita hora em que achei que sair assim poderia ser uma boa ideia.

Entrei em casa molhado pela forte chuva que caía. Aquilo já era o suficiente para deixar meu dia ainda pior. Notei meu pai em frente à mesa, encarando-me com pena. Alguma coisa estava errada.

– Parece que descobriu antes de mim, não é?

– Descobri o quê? – falei aproximando-me. Ele arregalou os olhos surpreso. – Billy!

– Nós recebemos uma carta hoje...

– Uma carta?

– Um... convite de casamento. – Todos os músculos do meu corpo travaram. Apertei meus punhos com força e comecei a sentir minha mão adormecer.

– Há um bilhete dentro endereçado a você. Eu não li.

Ele puxou um envelope grosso cor de marfim e entregou-me. O abri, lendo as palavras que não queria ler. Confirmando o que não queria admitir.

Aquelas malditas letras brilhantes piscavam como luzes de neon sob meus olhos, claramente zombando de todo esse papel de palhaço que eu estava fazendo. De repente, o ar estava sumindo, meu corpo estava tremendo. Continuar naquele lugar estava me dando claustrofobia. Eu precisava sair dali. Precisava fugir. Precisava de ar. Transformei-me assim que pus os pés para fora de casa, ouvindo o grito de meu pai chamando o meu nome.

Corri pela floresta. Memórias invadiam minha cabeça. Memórias que agora doíam mais que qualquer dor física. E pensamentos também. Pensamentos que não eram meus. Jacob para aonde vai? Jacob não pode fugir. Jacob está sendo infantil. Bom, quem se importava? Ela não se importava.

As árvores passavam como vultos por mim. O vento frio batia em meu rosto como violentas chicotadas. Não importava o quanto eu corresse, nunca parecia o suficiente.

Percebi, no entanto, que não estava sozinho. O que seria aquilo? Definitivamente não era uma árvore. Apurei meus olfatos e senti... Vampiro. Ótimo. Seria ótimo ter em que descontar minha raiva agora. Avancei sobre a criatura derrubando-a contra a terra molhada. Minhas patas fincadas sobre seus ombros. E então aconteceu...

Era como a ação da gravidade. Não era mais a terra que estava me segurando, era ela. Tudo que importava naquele momento estava ali, em minha frente. Faria qualquer coisa, seria qualquer coisa por ela.

Os olhos azuis encaravam-me assustados. Conseguia ouvir seu coração batendo acelerado.

Parece que temos um grande problema.

Isso sim é o que eu chamo de reviravolta dramática.

Ele tinha que ter um imprinting justo pela criatura?

Saí de cima dela, observando cada movimento que fazia. Ela levantou-se devagar. O olhar assustado ia sendo tomado por um olhar de adoração, e abriu um sorriso genuíno, que fez meu coração dar um salto dentro de meu peito. Ela era linda. Pele branca, cabelos ondulados até pouco abaixo dos ombros. Devia ter em torno de 1,60m. E olhos azuis. Lindos e grandes olhos azuis.

– Nossa! – falou maravilhada esticando a mão cautelosamente para tocar meus pelos.

Jacob, não se deixe influenciar, não sabemos o que ela é.

Como se isso fosse adiantar alguma coisa.

– Você é enorme! Sr. Jones ficaria louco se te visse!

Isso vai ser um problema.

Ela vai contar nosso segredo.

– Mas não posso contar, não é? Quer dizer, é um dever cuidar da natureza. Seria horrível se fizessem algo com você. – O poder do imprinting era mesmo impressionante. Ela me encantava só em respirar! Sua mão delicada tocou meus pelos e eu podia jurar que cada um deles se eriçou.

– Você é uma gracinha, Sr. Lobo! – Isso foi o suficiente para um barulho infernal começar em minha cabeça. A gargalhada escandalosa de Embry era a que mais se evidenciava.

Sr. Lobo? Jacob vai virar cãozinho de estimação. Rosnei em reposta.

Já chega. A criatura não fará mal a Jacob. Transformem-se! Agora! A voz autoritária de Sam fez todas as outras vozes se calarem. E um, por um, os pensamentos foram embora.

– Você é quentinho também – continuou a menina.

Ela estava encharcada, e seus dentes tremiam com o frio. Ela aproximou-se mais de mim. Meus músculos ficaram rígidos, mas quando ela ficou na ponta dos pés e enlaçou seus braços ao redor de meu pescoço peludo, meu corpo inteiro relaxou, como um passe de mágica.

Eu não sabia exatamente no que aquilo tudo iria me levar. Eu nem ao menos sabia se ela era humana, mas ter um imprinting naquele momento, só podia significar que eu deveria continuar aqui, e que eu deveria continuar com ela.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Finalmente Jacob apareceu na fic! Aposto que estavam ansiosos para vê-lo. Um imprinting pela criatura estranha? O que será que vai acontecer depois?
Contem-me o que acharam! Mandem reviews!
Beijooos JJ!