Sabe aquele dia especial que você nunca esquece ? Aquele dia que era para ser como qualquer outro, mas que acaba ficando cravado em sua mente para sempre como uma lembrança boa ? Pois é, aquele dia foi mais ou menos assim.

Não era aniversário de namoro, nem dia dos namorados e muito menos natal. Não era uma data comemorativa, mas se tornou um dia muito especial que eu jamais esquecerei.

Estava caminhando pela rua quando passei na frente de uma loja e vi na vitrine algo que lembrou a minha namorada. Era uma boneca de porcelana vestida de bailarina, sorri de canto ao vê-la e pensei que Sakura pudesse gostar.

Comemorei por ainda ter dinheiro da minha mesada e comprei a boneca que nem foi tão cara. Era realmente linda, até eu, que nunca liguei para enfeites, achei realmente belíssima.

Admito que aquele foi o primeiro presente que comprei para a Sakura sem pedir opinião para a minha mãe, afinal, eu não queria errar e não tem nada melhor do que uma mulher pra saber do que outra mulher gosta, certo ?

Com o embrulho cor de rosa nas mãos, fui andando até a casa da rosada, a mãe dela atendeu e me encarou confusa quando viu o presente nas minhas mãos. Sempre fui muito carinhoso com a Sakura, naquela época eu não compreendia o porquê de Mebuki parecer que queria me ver longe de sua filha.

Dei duas batidas no quarto da minha namorada e ouvi sua voz me mandando entrar. Ela estava deitada em sua cama enquanto lia um livro qualquer e que foi colocado sobre o criado mudo no momento que eu, o digníssimo namorado, pus os pés naquele quarto.

- É o meu aniversário e eu não tô sabendo ? - Sakura arqueou uma sobrancelha ao ver o embrulho em minhas mãos. A boneca não era tão pequena assim, não dava pra esconder.

- Não preciso de datas especiais para te presentear - Sentei-me ao seu lado na cama e lhe dei um beijo nos lábios.

- O que é isso ? - Olhou curiosa para o presente e eu lhe entreguei, ansioso para que ela abrisse logo - Nossa, o embrulho é grande.

- Espero que goste... Eu estava passando, vi numa loja e lembrei de você - Sorri meio sem graça - Eu escolhi sozinho.

- Então estou ainda mais curiosa - Falou sorridente enquanto desfazia o laço vermelho.

Logo ela desembrulhou o presente e pegou a caixa onde se encontrava a boneca. Retirou a fita adesiva que a fechava e abriu. Meu coração bateu mais forte quando ela, com toda a delicadeza do mundo, retirou a boneca de porcelana e um brilho maravilhoso surgiu em seus olhos verdes.

Fiquei orgulhoso de mim mesmo, por mais que ela ainda não tivesse dito nada, apenas seu olhar para a boneca era o suficiente para eu saber que ela tinha adorado.

- Sasuke, ela é linda - Sakura falou admirada enquanto passava a mão pelos cabelos da boneca - Eu amei.

- Fico feliz que tenha gostado - Um sorriso bobo se formou em meus lábios por ela ter gostado do primeiro presente que eu escolhi sozinho para ela.

- Você tem bom gosto - A Haruno colocou a bailarina de porcelana sobre o pequeno suporte que tinha o formato de uma rosa e servia para mante-la de pé.

- Eu só lembrei de você quando vi a boneca, então resolvi presentear uma bela bailarina com outra bela bailarina.

- Bobo - Ela me deu um selinho nos lábios - Por coincidência, eu também tenho um presente para você.

Sakura colocou a boneca numa prateleira de vidro que ficava sobre a sua cama, ao lado de uma caixinha de música, vários livros e outros enfeites. Mas, modéstia à parte, a bailarina que eu dei se destacava.

A Haruno abriu uma porta de seu guarda roupa e tirou um embrulho azul e bem pequeno. Fiquei curioso sobre o que teria lá dentro. Logo ela voltou a se sentar sobre a cama e me entregou o presente.

- Hum... O que será que tem aqui dentro ? - Indaguei curioso enquanto abria.

Era um colar dourado, cujo pingente era uma meia lua, e dentro dessa meia lua tinha tipo uma bola brilhante de duas cores. Numa extremidade era rosa e na outra era azul, mas as cores se misturavam no centro.

- Esse colar também me lembrou você... Ou melhor, nós - Ela sorriu docemente, mas eu fiquei sem entender o porquê.

- Perdão, mas eu não compreendi o motivo.

- Essa é a lua - Sakura passou o dedo indicador sobre a meia lua dourada - e esse é o sol - depois passou sobre a bola brilhante e colorida que estava dentro da lua - Sabe, tem uma lenda que diz que a lua e o sol eram apaixonados um pelo outro, mas não podiam ficar juntos pois a lua só aparecia ao nascer do sol. Então, Deus, em sua infinita bondade, criou o eclipse para provar que nesse mundo não existe um amor impossível.

Aquele presente foi o mais lindo que eu já ganhei. Não pelo presente em si, até porque a própria Sakura deveria saber que eu jamais usaria no pescoço um colar com um pingente daquele tamanho, mas o significado foi pra lá de especial. Um presente totalmente simbólico.

- Que bom que o nosso amor foi possível, assim como o do sol e da lua - Sorri e fitei o belo pingente em minhas mãos - Mas você realmente acredita nessa história ?

- Não desacredito - Respondeu e eu desviei meu olhar para ela - Sabe, Sasuke, eu acredito que toda história de amor, verídica ou não, nos ensina algo de bom.

- E o que a nossa história ensina ?

- Que as pessoas podem mudar - Ela levou sua mão até minha bochecha e olhou em meus olhos - Olha só pra você, um garoto rebelde que se tornou o mais doce e carinhoso que eu já conheci.

- Você tem a sua parcela de culpa nessa mudança - Sorri divertidamente e ela repetiu o gesto.

- No início eu tinha dúvidas - Levou sua mão que estava em minha bochecha até o pingente que eu segurava - Mas agora eu tenho certeza de que você, um garoto cuja personalidade não me agradava, é o homem da minha vida - Ela passou o dedo indicador sobre a bola brilhante, mas especificamente no meio, onde as cores se misturavam - Eu sou o rosa e você é o azul...

- Você é perfeita - Coloquei uma mecha de cabelo rosa atrás da orelha dela - Perfeita...

Selamos nossos lábios num beijo apaixonado.

Deixei o colar no criado mudo ao lado da cama dela sem separar nosso beijo. Levei minha mão até sua nuca e ela acariciava levemente o meu rosto, por muito tempo eu me controlei ao lado de Sakura, mas não sabia mais por quanto tempo conseguiria controlar meus hormônios.

Não pensei nas consequências e nem no fato de que a mãe da Sakura estava em casa, pois eu a desejava com todas as minhas forças, pois eu queria tê-la de corpo e alma.

Levei minhas mãos até a barra de sua blusa e a levantei até a altura do seu umbigo, foi quando a razão falou mais alto na mente da Haruno, enquanto que a emoção dominava na minha.

- Vamos com calma - Sakura respirou ofegante, com os lábios levemente inchados por conta do beijo.

- Desculpe - Desviei o olhar, meu rosto devia estar vermelho de vergonha.

- Tudo bem - Ela também estava meio sem jeito diante do que quase aconteceu - Não é você... É que...

- Eu sei - Olhei para ela e sorri. Sabia que Sakura era virgem e não queria apressar as coisas, mesmo que eu a desejasse muito - Não se preocupa, eu não vou te pressionar.

- Não me entenda mal - Falou meio envergonhada, ficando ainda mais fofa - Não é que eu não queira... - Ela esboçou um sorriso torto - Eu só não quero agora...

- Relaxa, Sakura - Dei um beijo em sua testa - Eu posso esperar o tempo que você quiser.

- Nunca pensei que aquele ogro pudesse se tornar um príncipe - A rosada falou com a voz divertida, me fazendo rir.

- É bom saber que você pensa isso da minha pessoa - Fingi tristeza, o que fez minha namorada rir mais ainda.

- Nossa, como é sentimental - Sakura começou a fazer cócegas na minha barriga, pegando no meu ponto fraco, me fazendo gargalhar feito criança.

- Ai, Sakura, golpe baixo !

Pois é, foi uma tremenda covardia da parte dela, eu sempre senti cócegas e sempre fiquei descontrolado nessas situações. Naquela hora, não sei nem como não caí da cama dela e me espatifei no chão.

- Fala que me ama - A rosada ordenou com a voz risonha - Anda, Sasuke, fala.

- Eu te... - Não consegui completar a frase, eu já estava deitado na cama dela e esperneava por causa das cócegas. Mal consegui falar - Ai, para !

- Só quando você disser ! - Ela estava se divertindo e eu estava, literalmente, chorando de tanto rir.

- Eu te amo ! - Berrei em meio a gargalhadas e finalmente ela parou - Ai minha barriga !

- Eu também te amo - Falou com um sorriso meigo e me deu um selinho.

É, a sessão de cócegas valeu a pena, pois vê-la sorrir daquela forma era algo que eu apreciava e que valia qualquer sacrifício, inclusive uma crise de risos.

- Se eu fizesse xixi na sua cama de tanto rir, você ia achar ruim com certeza - Falei ofegante após rir tanto.

- Eu ia secar com o seu nariz - Sakura apertou meu nariz de leve e sorriu.

- Minha nossa, minha namorada é um ser maquiavélico ! - Arregalei os olhos, fingindo surpresa.

- Sim, eu sou um ser muito maquiavélico - Ela assentiu com um sorriso de canto - Por exemplo, o que me impede de te matar de cócegas agora mesmo ?

- O que te impede ? - Levei o dedo indicador até o queixo e fiz uma expressão pensativa - Saber que eu sou o amor da sua vida e que não é legal me torturar desse jeito.

- Argumento inválido !

E assim, Sakura deu início a mais uma sessão de cócegas e, dessa vez, eu caí da cama dela e ainda fui pra casa com uma marca roxa no braço.

Todavia, independente da crise de risos, da queda da cama e do braço machucado, aquela tarde foi realmente memorável, terminamos dando gargalhadas deitados no chão do quarto como duas crianças bobas.

Bem, acho que quando estamos realmente apaixonados acabamos mesmo nos tornando crianças bobas.

...

- Você vai sim, quero te ver de biquíni ! - Falei convicto enquanto tentava convencer minha namorada a ir comigo num parque aquático.

- Sasuke ! - Ela jogou uma almofada cor de rosa em mim - Eu namoro um tarado, que horror !

- Você não namora um tarado, você simplesmente namora um ser humano do sexo masculino.

- O que dá no mesmo - Revirou os olhos - Sasuke, o parque aquático fica na cidade vizinha.

- Quarenta minutos de carro, é pertinho - Dei de ombros - Não se preocupe, pedi permissão pra sua mãe assim que ela foi atender a porta quando eu cheguei.

- E ela deixou numa boa ? - Indagou desconfiada.

- Sim - Mentira - Sua mãe só finge que não vai com a minha cara, no fundo ela deve pensar "Eu não podia querer um namorado melhor para a Sakura".

- Convencido...

- Então, vamos ? - Chamei animado.

- Vaza daqui pra eu vestir meu biquíni.

- Ah, pode fingir que eu nem tô aqui.

- Sasuke ! - Dessa vez ela jogou um porquinho de pelúcia em mim - Vaza do meu quarto !

Saí do quarto morrendo de rir e encontrei com a minha sogra no corredor. Ela me encarava com a face séria, eu não compreendia por que ela parecia não gostar de mim.

- Não se preocupe - Falei - Eu vou cuidar bem da Sakura e voltaremos cedo de lá.

- Você realmente gosta da minha filha, garoto ? - Questionou desconfiada e eu fiquei sem entender o porquê da pergunta. Se Sakura e eu estávamos namorando, era óbvio que eu gostava muito dela.

- Sim, eu a amo.

- Tsc. O que um pirralho como você sabe sobre amar ?

- Eu não sei... Só sinto - Sorri sem graça - E o que eu sinto pela sua filha é muito forte, acredite.

- E você ficaria ao lado dela em qualquer circunstância ?

- Sim, claro - Assenti.

- Qualquer circunstância ? - Questionou com a voz severa e eu até senti um pouco de medo.

Sinceramente, cheguei a pensar que fosse um pouco de exagero. É normal uma mãe sentir ciumes da filha quando está namorando, querer que ela encontre um rapaz que a faça feliz, que cuide bem dela e que esteja sempre ao seu lado. Mas Mebuki era, sem dúvidas, exagerada.

- Sim - Respondi convicto, mas, pela expressão no rosto de Mebuki, percebi que ela não acreditou totalmente em mim.

- Falar é fácil, Sasuke... - A mulher virou as costas e saiu, me deixando sozinho e confuso.

Eu realmente me sentia mal com isso, mesmo que Mebuki tivesse concordado com o namoro, ela parecia não gostar da idéia e eu não conseguia pensar num motivo pra esse desgosto todo, uma vez que ela sequer sabia sobre o que eu aprontava antes de conhecer a Sakura.

- Vamos ? - A voz doce da minha namorada me fez voltar para a realidade.

Ela usava um vestido azul floral com um biquíni preto por baixo, calçava sandálias cor de rosa e segurava uma bolsa da mesma cor.

- Você tá linda - Sorri ao vê-la. Sakura poderia estar vestida num saco de estopa, sempre estaria linda aos meus olhos.

- Obrigada - Disse animada - Podemos ir ?

- Sim.

Fui caminhando com ela até o carro, tivemos uma tarde pra lá de divertida juntos, mas eu não conseguia tirar as palavras de Mebuki da minha cabeça. Era como se algo me dissesse que não era uma simples implicância comigo.