Patience escrita por Evil Queen 42


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, como vão ? Eu estou ótima, fui no show do a-ha no sábado e foi lindo *-*
Bem, já tenho 47 pessoas acompanhando a história, devagar vai chegando gente *-*
Espero que gostem do capitulo.
Boa leitura.



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Confesso que nunca tinha passado tanto tempo na frente de um espelho. Eu parecia até uma mulherzinha, mas queria estar bonito e apresentável para a Sakura, mesmo que o local do nosso encontro fosse uma sorveteria.

Fiquei horas ensaiando a melhor forma de contar as coisas para ela, mas ninguém pode prever o que vai acontecer, portanto, foi apenas tempo perdido. Não sei dizer com exatidão quando eu mudei da água pro vinho, mas, quando me dei conta, eu já era outro Sasuke... Um Sasuke diferente, mais maduro e apaixonado.

Parei de frequentar festas, parei de beber, parei de andar com pessoas que só me faziam regredir. No início foi por que eu sempre me sentia cansado, uma vez que estudava em tempo integral e não podia dormir durante a tarde; também por que eu estava tomando todo o cuidado do mundo para não aborrecer a minha mãe, já que ela fez ameaças de me entregar para o meu pai e eu não queria isso.

Mas, com o passar do tempo, essas coisas fúteis simplesmente pararam de fazer falta. Estudar passou a ser uma prioridade para mim, um rapaz que não queria ir mal na escola justamente para não correr o risco de ver a mãe possessa de raiva.

- Vai sair ? - A voz da minha mãe me tirou dos meus pensamentos justamente quando eu estava elaborando mentalmente uma declaração de amor. Ah, claro, ela não bateu na porta antes de entrar.

- Mãe, bate na porta - Resmunguei.

- "E se eu tivesse pelado ?" - Ela imitou a minha voz e fez uma careta.

- Pois é - Bufei - A senhora já conhece o discurso todo - Falei enquanto me jogava de barriga pra cima na minha cama.

Fitei o teto, parecia transtornado, como se estivesse me torturando. Nunca tinha me apaixonado daquela forma, consequentemente nunca precisei me declarar para ninguém. As meninas com quem eu ficava geralmente ficavam com todos da minha roda de amigos, não eram moças decentes como a Sakura.

- Sasuke, você tá preocupado com alguma coisa ? - Minha mãe perguntou enquanto se sentava ao meu lado.

- Mãe - Me sentei, passei a mão pelos meus cabelos e encarei a minha progenitora - Lembra daquela garota que eu te falei ? - Ela assentiu com a cabeça - Chamei ela pra sair hoje...

- Ai, que bom ! - Minha mãe ficou toda alegre, parecia até criança quando se empolga com alguma coisa - Eu vou querer conhecer essa moça incrível que mudou o meu filhote.

- Mãe, não é assim - Revirei os olhos - Nem sei se ela gosta de mim... Vou ter que arriscar a nossa amizade.

- Confia em mim, você vai ver que vai dar tudo certo.

O sorriso da minha mãe realmente me transmitiu confiança, foi como quando eu era criança e tinha medo do monstro do armário, mas ela sorria e dizia que ele nunca me pegaria e, bem, até hoje o tal monstro nunca apareceu.

Peguei as chaves do carro e fui direto para a casa da Sakura, não demorou muito para ela me aparecer linda como sempre, ou melhor, mais linda do que o de costume, uma vez que uniformes escolares não são as roupas mais bonitas do mundo, não é verdade ?! A rosada usava um vestido tão verde quanto os seus olhos, ele marcava a cintura e ia até o meio das coxas. Calçava sapatilhas vermelhas e seus cabelos estavam soltos, apenas uma pequena presilha vermelha os enfeitava.

Seguimos para a sorveteria e tivemos uma conversa bastante amigável, consequentemente nos conhecemos melhor. Falamos sobre diversos assuntos e descobrimos coisas em comum.

- Hum... E música, qual é o seu estilo ? - Perguntei já esperando que a resposta fosse música clássica ou algo do tipo.

- Bem... - Sakura olhou para a sua taça que continha sorvete de morango e sorriu, inicialmente fiquei confuso. Ela me encarou, ainda com um sorriso lindo estampado em seu rosto - Pode parecer estranho, mas... Eu adoro ouvir um rock.

- Jura ? - Meu queixo estava no chão, afinal, você nunca espera que uma bailarina diga que é fã do bom e velho rock'n roll - Mas, rock de verdade, tipo Iron Maiden, Metallica, Nirvana ?

- AC/DC, Guns'n Roses, Black Sabbath... - Ela completou - Não é brincadeira, Sasuke.

- Você é uma menina tão delicada, não pensei que gostasse desse tipo de música... Juro que esperava que você preferisse música clássica - Levei uma colher com sorvete à boca, nunca gostei muito de doces, mas aquilo estava realmente divino.

- São clássicos - Ela falou como se fosse óbvio.

- Mas eu estava falando de clássicos diferentes, tipo essas músicas que você dança - Expliquei.

- Acho que música é realmente um alimento para a alma. Quando estou dançando, definitivamente me sinto nas nuvens e deixo o ritmo da música me levar - Ela sorriu daquele jeito que eu adorava ver, formando covinhas em suas bochechas - Mas, quando eu estou em casa, deitada na minha cama e coloco os fones de ouvido... Não tem nada melhor do que um rock para relaxar.

- Eu nunca dancei nada, então estou sem argumentos - Meu comentário arrancou uma gargalhada gostosa de Sakura - Mas, quanto ao rock, eu concordo em gênero, número e grau.

Sakura realmente me surpreendeu naquele dia, eu jamais pensei que tivéssemos tantas coisas em comum e uma delas era o gosto para música. Me lembro até que cheguei a vestir uma camisa do Iron Maiden para sair com ela, mas decidi trocar, com medo de que ela achasse o Eddie -um zumbi que é mascote da banda- muito feio. A minha mãe sempre o achou horroroso e dizia que iria queimar minhas camisas, mas, para a minha sorte, ela nunca chegou a fazer isso.

Conversamos bastante, foi ótimo bater um papo fora do ambiente escolar. Sakura era divertida, bem humorada e super meiga, eu realmente estava apaixonado por ela, não havia mais dúvida alguma quanto a isso.

Tentei tomar coragem de todos os jeitos, me senti um verdadeiro covarde, admito, mas ela mexia muito comigo. Infelizmente isso faz parte, principalmente na adolescência... Esse medo, essa ansiedade. Vontade de fazer logo as coisas e, muitas vezes, agir por impulso, mas ainda assim com aquele receio de que tudo dê errado.

Eu nunca tinha me apaixonado antes, era tudo muito novo, muito diferente. Várias dúvidas surgiam em minha mente, ao mesmo tempo que apenas uma certeza prevalecia. Sakura era o amor da minha vida.

...

A tentativa de me declarar na sorveteria falhou, mas eu tinha prometido para mim mesmo que não passaria daquele dia, portanto, eu tinha que tirar coragem de algum lugar.

Estávamos caminhando juntos numa pracinha que ficava perto da sorveteria, ficamos em silêncio. Eu não sabia o que dizer e Sakura estava ocupada demais olhando para o céu. Parecia deslumbrada, como se algo muito interessante estivesse ali junto com aquelas nuvens que se moviam de acordo com o vento.

- Por quê você tanto olha para o céu ? - Não consegui conter minha curiosidade.

- Olhe para o céu, Sasuke - Ela pediu, ainda observando as nuvens. Então, olhei para o céu como ela fazia, mas não vi nada de diferente - O que você vê ?

- Nuvens brancas no céu azul.

- E o que você sente ?

- Sinceramente, não sinto nada.

- Sasuke - Ela falou risonha e me encarou, com aqueles olhos verdes brilhantes que tanto mexiam comigo - Não sente vontade de sair voando junto com elas ?

- Hum... - Levei o dedo indicador até o queixo e olhei novamente para as nuvens - Seria uma experiência muito louca, realmente nunca pensei nisso.

- Você não é do tipo de pessoa que observa os detalhes das coisas mais simples, não é mesmo ? - Sakura arqueou a sobrancelha e eu permaneci calado. O meu silêncio respondeu por mim - O pôr do sol, as nuvens e até mesmo uma pequena borboleta voando... São coisas tão pequenas que muitas vezes passam despercebidas aos nossos olhos, mas que são tão belas que mereciam ser admiradas, você não acha ?

- Nunca tinha pensado nisso - Cocei a nuca meio sem jeito.

- As nuvens voam tão livres - A rosada olhou para o céu novamente, logo rodopiou devagar na ponta dos pés; claro não foi definitivamente na ponta, afinal, ela usava sapatilhas comuns - Quando eu fecho os olhos e sinto esse vento gostoso, imagino que estou dançando em meio às nuvens...

- Você tem uma imaginação bem fértil - Ela riu do meu comentário - Infelizmente não é algo que possamos fazer de verdade, só na imaginação mesmo.

- Quem sabe um dia - Sakura olhou novamente para o alto e suspirou antes de fechar os olhos. O vento soprou mais forte, fazendo seus longos cabelos rosados ficarem um pouco bagunçados - Quem sabe um dia eu possa realmente voar com as nuvens e dançar entre elas.

- Pra uma garota tão inteligente e estudiosa, você está mandando um belo de um "dane-se" para as leis da física.

- Você não entenderia - A Haruno me olhou e sorriu de canto.

Embora tenhamos nos aproximado bastante desde o início do ano, Sakura ainda era uma verdadeira incógnita para mim. Era como se ela camuflasse algo que não queria deixar transparecer aos meus olhos.

- Sakura, eu... - Respirei fundo e contei até dez, não podia mais perder tempo - Eu queria te dizer uma coisa que eu já devia ter dito há muito tempo, mas que não tinha conseguido.

- O que é, Sasuke ? - Ela ficou nitidamente preocupada comigo, visto que meu nervosismo era quase palpável.

- Primeiramente eu queria agradecer - Sorri de canto e ela retribuiu o gesto. Eu não queria simplesmente ir despejando em cima dela que a amava, queria fazer tudo direitinho e também agradecê-la pelo que ela fez por mim, afinal, a gratidão não expressada é pior do que a ingratidão - Eu era chato, marrento e sequer falava contigo, mas ainda assim você aceitou me ajudar com a maior boa vontade. Tirei boas notas e deixei minha mãe orgulhosa de mim, descobri que essa sensação é ótima.

- Que bom, Sasuke - Um sorriso doce se formou em seus belos lábios - Fico muito feliz em ter lhe ajudado dessa forma.

- Sakura, eu... - Senti um imenso frio na barriga, um nó se formou em minha garganta, minhas mãos suavam e eu fazia um enorme esforço para não gaguejar - Eu quero que você saiba que é muito, muito, muito especial para mim... Muito mais do que uma amiga - Respirei fundo mais uma vez, tentando controlar a minha vontade de sair correndo e me trancar no meu quarto pela eternidade - Eu te amo, Sakura.

Ela arregalou os olhos e levou uma mão até sua boca. A Haruno parecia incrédula diante daquilo e uma sensação de "pisei na bola" tomou conta de mim.

- Sasuke... - Ela suspirou, permanecia com a mesma expressão.

- Desculpa - Falei cabisbaixo, profundamente arrependido do que acabara de dizer - Eu sabia que provavelmente você não sentiria o mesmo, mas eu não conseguia mais conviver com isso.

- Não é isso, Sasuke - Foi como se uma espada tivesse sido fincada no meu peito quando uma imensa expressão de tristeza se formou naquele rosto angelical - Não é isso... Eu só... Eu não posso me envolver com você.

- Mas, por que ? - Fiquei confuso, sem entender direito o que ela sentia - O que te impede de se envolver comigo ?

- Me perdoa, Sasuke - Sakura começou a derramar grossas lágrimas, eu senti um nó se formar na minha garganta e uma culpa imensa tomou conta de mim pelo fato que eu a fiz chorar daquela maneira - Nós realmente não podemos ter nada e eu não quero te envolver mais nisso...

- Do que você está falando ? - Segurei em seus ombros, mas ela se afastou de mim.

- Sasuke, eu não quero mais ser sua amiga - Bradou em prantos - Se afasta de mim, Sasuke !

A rosada saiu correndo pela pracinha, rumo à casa dela. Fiquei totalmente sem reação, pensei até em sair correndo atrás dela, mas não queria assustá-la e nem nada do tipo; embora a minha vontade fosse de explodir, sabia que o melhor a fazer era dar um tempo para ela se acalmar.

...

Sequer fui pra aula no dia seguinte, não sabia como iria encará-la depois da minha declaração de amor frustrada, sem falar que sentávamos um ao lado do outro, ou seja, ficaria um clima super tenso entre nós.

Pensei em mil teorias para explicar o porquê de tal reação por parte da Sakura, mas nenhuma fazia sentido para mim. Ela, uma pessoa tão doce, poderia ao menos continuar sendo minha amiga e agir como se nada tivesse acontecido, mas não, ela simplesmente acabou com a nossa amizade.

- Querido ? - Minha mãe entrou no meu quarto, ambiente que estava totalmente escuro e eu me encontrava completamente enrolado no edredon - Sasuke ? - Ela me chamou novamente.

- Oi mãe ? - Eu ainda me encontrava coberto pela minha fortaleza, mas logo senti a minha mãe puxar meu edredon tão rápido que não tive tempo nem para segurá-lo. Claro que isso me deixou fervendo de raiva, uma vez que eu estava só de cueca - Pelo amor de Deus, deixa de ser inconveniente ! - Berrei irritado, ainda com os olhos um pouco fechados por conta da claridade pois minha mãe acendeu a luz.

- Eu só vim saber se você está passando bem, já que não foi pra escola.

- Mãe, me deixa sozinho - Vociferei antes de puxar meu edredon de volta e me enrolar nele novamente.

Embora estivesse claro que ela queria me dar um sermão, dona Mikoto apenas assentiu e saiu do meu quarto, acho que percebeu que eu realmente queria ficar só e que aquele não era um bom momento para tentar puxar assunto comigo.

...

Naquela noite eu regredi. Mandei uma mensagem para o Kabuto, um colega da minha antiga escola, ele morava sozinho, portanto, sempre rolava farra na casa dele e naquela noite não seria diferente, ia rolar uma social lá.

Saí escondido assim que a minha mãe dormiu, agradecendo mentalmente por ela sempre dormir cedo. Chegando lá, me deparei com um ambiente que antes era comum para mim, mas que se tornou estranho.

Eu já não me sentia mais à vontade ali, no meio daquela gente bêbada, sentindo aquele cheiro de álcool e cigarro, ouvindo aquela música alta... Aquilo realmente não me fazia falta, percebi que eu já não pertencia mais àquele mundo.

- Olha quem deu as caras - Ouvi a voz de Kabuto e logo me virei para vê-lo. Ele estava acompanhado por Shikamaru e também pelo Kiba, todos pertenciam à mesma turma que eu - Quanto tempo, Sasuke.

- Por que nunca mais apareceu nas nossas reuniões ? - Kiba perguntou e sorriu de forma maliciosa - Sabe, tem umas meninas que sentiram muito a sua falta...

- Pois é, mas ele andou sumido - Shikamaru me encarou - Fizeram uma lavagem cerebral em você naquele colégio religioso ? Vai dizer que agora pretende virar padre ou pastor ?

Os rapazes riram do comentário ridículo que o Shikamaru fez, mas eu apenas revirei os olhos.

- Ora essa, vocês nunca mais me convidaram para as festas - Dei de ombros.

- Sasuke, você é da turma - Kabuto escorou o cotovelo no meu ombro - Você não precisa ser convidado, é só chegar que será bem vindo, sacou ?

Acho que naquela festa devia ter umas dez garotas para cada rapaz, sempre era assim. As festas eram apenas para os mais chegados, só que todas as garotas bonitas da escola eram convidadas, independente de serem conhecidas por nós ou não, simplesmente bastava ser bonita.

Eu acho que já cheguei a ficar com mais de dez numa festa, e sempre escolhia a dedo quem queria levar para a cama. Não é algo que eu me orgulhe, mas aconteceu, eu era assim e me achava um máximo por isso.

Me sentei num sofá e fiquei apenas olhando aquilo... Recusei toda e qualquer bebida que me ofereceram, assim como a companhia daquelas garotas oferecidas que praticamente se jogavam pra cima de mim.

Era como se eu fosse um peixe fora d'água, eu realmente não estava gostando daquilo; aquela festa, que antes seria um prato cheio para mim, estava sendo insuportável, o barulho e o cheiro estavam me dando enjôo e dor de cabeça.

- Servido ? - Shikamaru me ofereceu uma bebida, mas o simples fato de ele ter aproximado aquele copo de mim já foi o suficiente para o meu estômago embrulhar.

Sem dizer uma única palavra, me levantei e saí dali, arrependido de ter colocado os pés naquele lugar.

Minha mãe estava tão orgulhosa por eu finalmente ter tomado jeito, ter me afastado daquela gente fez um bem enorme para mim e eu me senti a pior pessoa do mundo por ter ido naquela festa daquele nível.

...

No dia seguinte, durante o café da manhã, notei que a minha mãe estava séria demais e cheguei a pensar que pudesse ser por causa da forma como a tratei quando ela entrou no meu quarto e puxou meu edredon.

- Mãe... - Chamei com receio de levar uma bronca - A senhora está brava ?

- Brava não - Ela, que passava manteiga numa torrada, me encarou com a face séria - Decepcionada.

- Comigo ?

- Ontem à noite eu levantei para beber água e aproveitei para ir ver como você estava - A mulher colocou a faca por cima do pote de manteiga e largou a torrada no prato - Só que a sua cama estava vazia, eu olhei pela janela e vi você saindo no carro.

- Mãe, foi só ontem, eu juro.

- Quantas vezes, Sasuke ? - Pela expressão no rosto dela, percebi que estava profundamente magoada comigo - Quantas vezes você me esperou dormir para ir curtir com aqueles seus amigos que não valem nada ? Porque eu tenho certeza de que você estava com eles, caso contrário teria me dito que ia sair.

- Mãe... Eu estava... É que... - Respirei fundo, tentando me controlar, entretanto só me enrolava ainda mais - A senhora não entenderia.

- Sasuke, se você começar a me dar problemas novamente, eu juro que entrego você para o seu pai - Vociferou.

- Não ! Por favor, não faz isso - Implorei - Eu não quero ir morar com ele, juro que nunca mais vai acontecer. Me perdoa.

- Eu sou muito boba pra você, Sasuke, muito boba mesmo. Eu já devia ter te entregado para o Fugaku há muito tempo, quem sabe assim você andasse na linha - Minha mãe parecia arrependida, aquilo não era da boca pra fora e eu me senti muito mal - Eu nunca consegui ter pulso firme com você, sempre deixava passar ou fingia que não estava vendo. Eu não queria brigar com você, eu queria que a nossa relação fosse boa, principalmente depois que o Itachi foi embora e ficamos só nós dois, mas acabei sendo boazinha demais, acabei te soltando demais. Quando abri os olhos, você já tinha se envolvido com as pessoas erradas, acabou tendo péssimas influências e se tornou um garoto rebelde que eu não consegui mais controlar - Notei que minha mãe começou a chorar assim que abaixou a cabeça. Eu não tinha noção do quanto o meu comportamento a machucava - Filho, você se tornou um estranho pra mim, sempre me tratando mal... Aquilo machucava demais - Ela fungou e limpou as lágrimas, o que foi em vão, já que novas lágrimas começaram a cair - Você não tem noção de quantas noites de sono eu já perdi quando você estava com aqueles seus amigos, eu morria de medo de te acontecer alguma coisa, mas não adiantava eu falar nada, porque eu sempre era a chata, a careta... Mesmo assim, Sasuke, eu não queria te entregar para o seu pai, porque sei que ele não teria a paciência que eu tive durante esses anos. Eu sabia que ele ia acabar te castigando, te batendo e não queria que isso acontecesse, mas era eu quem devia ter feito isso ! - A mulher cobriu o rosto com ambas as mãos e derramou mais lágrimas ainda - A culpa é minha... Eu falhei na criação do meu filho, que tipo de mãe faz isso ?

Senti meu coração apertado e logo as lágrimas rolaram. Eu sabia o meu comportamento entristecia a minha mãe, mas não sabia que ela se culpava tanto por isso. Realmente acho que se meu pai tivesse me criado as coisas teriam sido diferentes, uma vez ele jamais permitiria que as coisas tomassem o rumo que tomaram. Mas a minha mãe sempre foi muito boazinha, eu a desobedecia e ela geralmente deixava passar, até que eu fui me acostumando com isso e, com o tempo, nem ligava quando ela passou a me dar broncas por chegar tarde em casa, por exemplo.

Por mais que a minha mãe não tenha tido pulso firme comigo, eu também fui culpado, já que tive a mente fraca. Percebi que aquelas pessoas não eram boas influências, mas me deixei levar por elas. Infelizmente isso acontece com muitos adolescentes.

- Mãe - Me levantei da cadeira onde estava sentado, caminhei até a minha mãe e a abracei forte - Mãe, não fala isso... A senhora é a melhor mãe do mundo. Me perdoa, por favor... O culpado sou eu.

- Por quê você saiu de casa escondido ? - Ela perguntou enquanto enxugava as lágrimas após separar o nosso abraço.

- Eu estava com raiva e queria esquecer... - Passei a mão pelo meu rosto, enxugando-o - A garota por quem sou apaixonado simplesmente ficou com raiva quando eu contei o que sentia.

- Querido, eu sinto muito - Minha mãe passou a mão pelos meus cabelos, fazendo um leve carinho.

- Eu não fiquei nem meia hora na festa, voltei rápido pra casa - Expliquei - Mãe, eu percebi que não sinto falta disso e não sei como conseguia frequentar aqueles lugares. Prometo que não acontecerá de novo.

- É tão bom ver que você está amadurecendo - Um sorriso doce se formou em seus lábios e ela me puxou para outro abraço.

Foi doloroso, mas também me senti aliviado. Era como se a minha mãe precisasse desabafar o que ficou preso em sua garganta por anos e eu não fazia nem idéia. Mas eu mostrei para ela o quanto mudei e amadureci, o que a deixou feliz e a mim também.

Só que outra coisa me deixava aflito... O simples fato de saber que precisaria encarar a Sakura no colégio.


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Notas finais do capítulo

Comentários ?
Beijinhos e até o próximo :*



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