SeuSegredo. Com escrita por Panda Chan


Capítulo 4
A imperfeição é atraente


Notas iniciais do capítulo

Olá bolinhos, como vocês estão?
Quem escreve histórias sabe que às vezes TUDO parece dar errado para que um capítulo não saia, foi o que acontece com esse.
Quem acompanha a fanpage (Natchu Fics) viu o que aconteceu com meu notebook quando estava escrevendo esse capítulo. Me recuso a aceitar isso.
Fiz o ENEM hoje (estou na faculdade, mas fiz mesmo assim) e gente que tema divo da redação! Amei, apenas.
Um fato engraçado sobre esse capítulo: eu escrevi ele durante o ENEM. No primeiro dia, terminei a prova em uma hora e fiquei enrolando para sair com a prova da sala. Resultado, todos os espaços em branco estão rabiscados com as frases de SeuSegredo.
Espero que todos gostem desse capítulo ♥
Boa leitura.



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Dentre todas as mentiras que já ouvi, e acredite foram muitas, as melhores foram contadas pela mulher sentada à mesa com a xícara de café em mãos.

À essa altura você já percebeu que eu raramente uso meu primeiro nome – Nicole – e o motivo para isso é bastante simples: esse é o nome da minha mãe.

Nicole Sanderson trocou meu pai pelo emprego e as filhas pela promoção. Como advogada, ela sempre foi ocupada demais para ficar com a família e meu pai não gostou disso.

Meus pais se divorciaram e cada um deles lidou com a situação da sua própria maneira, ela trabalhando e ele saindo com uma mulher sete anos mais nova.

Minha irmã se aproveitou da turbulência do divorcio para conseguir fazer com que eles pagassem a viagem para o exterior, onde ela faz faculdade de arqueologia.

Só restaram minha mãe e eu, as sobreviventes de uma família que entrou em colapso.

— Olá, Nicole – ela diz, sem levantar o olhar da tela do celular.

— Olá, mãe – deixo a bolsa cair no chão, ao lado da porta, e caminho até a cozinha.

Minha mãe não gosta de olhar para mim, sei disso porque ela me disse. Sou um lembrete constante do homem que a deixou.

Por muitos anos desejei ter olhos castanhos como os dela e da Cath apenas para me parecer menos com meu pai.

— Estou surpresa por você não ter ido para a casa do seu amigo.

A forma como ela diz “amigo” é a mesma usada quando alguém fala sobre uma peste mortal que ameaça a vida de todos.

O espaço entre o suco de laranja e a manteiga nunca pareceu tão atraente. Um esconderijo seguro dos julgamentos e das palavras que me ferem.

Nicole consegue transformar uma palavra simples como “amigo” em uma ofensa horrível.

— Resolvi vir para cá estudar um pouco – minto.

A verdade é que estou cansada de assistir Star Wars com Lucca, mas minha mãe não percebe a mentira. Se ela prestasse mais atenção em mim ia saber que não preciso estudar para ser uma boa aluna porque estudo sozinha desde os nove anos.

— Isso é bom – algo no tom de satisfação que ela usa para dizer isso faz meu estomago revirar – Aquele garoto não é boa influencia para você, não me surpreenderia se ele fosse o vândalo das rosas.

— Lucca não é o Bill – digo, mais grossa do que queria. Odeio ser grossa com a minha mãe.

— Como sabe? – ela ergue o olhar da pequena tela do celular. Descrença é o que sua expressão facial me diz.

— Apenas sei – respondo – Vou subir.

Não trocamos mais nenhuma palavra e eu vou para o meu quarto.

Os números invisíveis são personagens secundários na vida de alguém, aqueles com quem você raramente se importa. É por isso que a Secret nunca falou sobre o divórcio dos meus pais ou o caso da minha mãe com o chefe. As outras pessoas não se interessam por isso, não precisam saber.

Mas eu sei, e essa é a pior parte.

Eu sou a Secret, ninguém esconde um segredo de mim.

“ A imperfeição é atraente.

Gostaria de entender porque o ser humano se sente atraído pelo errado, o proibido. Por que aceitar de volta algo que te machuca?

Vamos falar sobre Kelly, a namorada traída de Jeremy. A garota fez muito bem em terminar com ele depois de ser traída, de novo. Porém, agora há pouco o status de relacionamento ficou sério em todas as redes sociais anunciando a volta do namoro.

Sério, Kelly? Tu consegue coisa melhor que te valoriza muito mais que ele.

Se valorize, mulher!

Sejam venenosos.

Beijinhos, Secret.”

Postei um capítulo da minha fanfic e respondi alguns comentários sobre a volta de Kelly e Jeremy no SeuSegredo antes de receber o sms de Lucca.

Lucca: Abra seu e-mail.

Não me dei ao trabalho de responder perguntando porque deveria abrir o e-mail, imaginei que deveria ser alguma babaquice como o vídeo do gato vestido de freira tocando piano. Eu dei boas risadas com esse vídeo.

Como sempre, o e-mail não tinha assunto e nem mensagem apenas uma foto anexada.

— Filho da... – rosnei, porque a palavra de baixo calão que eu ia usar não deve ser dita em vão.

O muro recém pintado da escola ganhou um novo grafite do Bill e ele foi bem ousado nessa vez. Bill grafitou um trono de espinho com rosas negras, sentada no trono estava uma figura com corpo humano usando um vestido e a cabeça que era um notebook aberto no SeuSegredo. Com.

Bill desenhou a Secret.

“As rainhas não ganham rosas, porque já estão cheias de espinhos próprios. Não sejam venenosos. Sem beijinhos, Bill.”

Lucca atendeu o celular no segundo toque.

— Então você já...

— NÃO ACREDITO QUE ELE FEZ ISSO! – grito sem me importar com a minha mãe, ela nem deve estar prestando atenção no que ouve – COMO ELE OUSA ATACARA A SECRET ASSIM?

— Talvez você tenha escrito alguma matéria sobre ele e o cara se doeu.

Passo os nomes das pessoas que citei nos últimos artigos mentalmente. Todos já foram citados antes.

— Não – respondo – O Bill me atacou gratuitamente e vai ter volta.

— Não me diz que isso te incentivou a ferrar ainda mais com ele, por favor.

— Ele não sabe com quem mexeu.

Desligo a ligação e abro meu notebook na cama. Não demora muito para que eu abra uma guia e crie uma postagem no blog sobre o ataque do anônimo das rosas.

Minhas palavras podem ser armas se assim eu desejar e aqueles para os quais eu aponta-las devem temer. Me dê uma caneta e vou mostrar como palavras podem ferir mais que cem soldados armados.

Dê-me uma razão e vou mostrar como palavras podem transformar sua vida em um Inferno.

Não sou forte, bonita ou carismática, mas sou esperta e astuta o suficiente para compensar tudo isso.

Sou muito mais que um número invisível e não tenho medo de mostrar isso.

“ Saudações para nosso novo venenoso!

Olá Bill, como vai? É muito bom saber que você gosta do meu blog. Amei o trono que fez para mim, mas confesso que esperava espinhos de ouro porque eu mereço.

Sinceramente, não sei o que te motivou a me atacar. Contudo, garanto que as coisas não vão ficar assim.

Acha que pode me intimidar?Só quero dizer que esse seu pequeno ataque não causou nada além de cócegas e é bom que continue assim. Não pense que só porque a maioria não sabe quem você é, eu também não sei.

Se acha inalcançável, mas todo temos pontos fracos.Você tem segredos Bill, todos temos. Então, não me desafie porque mesmo tentando você não vai conseguir se manter anônimo para sempre.

Vou deixar aqui um pequeno aviso, espero que leve a sério.

Não tente esconder o seu segredo de mim.”

Lucca coloca o caderno em frente ao rosto e começa a rir.

— Qual a graça? – pergunto.

Meu humor não está dos melhores, só consegui dormir na noite passada quando desliguei a internet de casa. Todos só falam na pequena rixa entre Bill e Secret e isso me irrita.

— Você está fuzilando todo mundo com o olhar. Acho que nem o Ciclope, dos X-Men, consegue acertar tantos com raios como você.

Ergo uma sobrancelha para ele perguntando silenciosamente se isso devia ter graça.

— Anna – ele sussurra – Se continuar emburrada assim, alguém pode associar seu mau-humor a Secret.

Gelo no mesmo instante. Não é só porque sou um número invisível que posso me dar ao luxo de expressar reações como raiva quando a Secret é desafiada.

— Trouxe o celular? – pergunto com a voz o mais calma que consigo.

— Agora está falando como um robô – ele faz careta e eu dou uma risada sem querer – Aqui está – ele me entrega o aparelho branco que eu imediatamente guardo na minha mochila.

— Obrigada Lucca, fico te devendo uma.

— Você me deve umas mil – ele revira os olhos e passa o braço direito pelos meus ombros.

Começamos a andar assim pelo corredor. É estranho como um gesto mais comum entre namorados perde o significado quando é feito com alguém que é quase seu irmão de outra mãe.

— O que você vai fazer sobre o Bill? – ele pergunta em voz baixa.

— Vou às floriculturas hoje em busca de alguma informação.

— Está se preparando para atacar? Isso é tão infantil, Nana.

— Não me chame de Nana – sinto as bochechas corarem.

— Você está corada – Lucca me encara sorrindo – Que linda, Nana. Você fica muito beijável quando fica corada.

— Cala a boca, Lucca – soco ele com força na barriga. Infelizmente, eu sou sedentária e não tenho muita força então ele não sente dor.

— Que lindinha, deixa eu te morder! – ele começa a rir e para de súbito.

Olho para a frente e encontro Icaro com cara de paisagem nos olhando.

— Ham... Oi – o loiro diz, encabulado – Não queria atrapalhar o momento de vocês, só quis dar um “oi” – ele mexeu na touca e olhou os sapatos com manchas coloridas – Oi.

— Oi – respondo.

— Não sei quem é, então não vou dar “oi” – Lucca diz e bem, faz sentido.

— Esse é o Icaro – digo – O cara que quebrou meu celular.

— O cara que você quer matar? – Lucca olha Icaro de cima a baixo, analisa e depois se vira para mim – Acho que você consegue dar uma surra nele, pode ir.

Os olhos de Icaro parecem tentar sair das órbitas, não aguento e começo a rir.

— Você sabe rir – Icaro sorri – Sinto muito mesmo pelo celular.

— Cara – Lucca se aproximava dele e coloca a mão em seu ombro – Foge. Você quebrou o celular dela e abandonou na calçada como uma bala que cai da boca. Essa anã é muito agressiva e pode te matar por isso.

— É verdade – sigo sorrindo – Sou um perigo para a sociedade.

Ergo o braço e mostro meus músculos tamanho bisnaguinha. Icaro ri.

— Talvez eu possa te compensar pelo celular – ele morde o lábio, sinal de ansiedade – Podíamos sair qualquer dia desses.

Não tenho tempo para responder ou processar as palavras do loiro, Lucca segura meu braço e me puxa pelo corredor gritando algo sobre estarmos atrasados para a aula.

— O que foi isso? – pergunto quando já estamos longe.

A fica caiu e parece que o Icaro estava me convidando para sair.

— Acho que você está arrasando corações, Nana.


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Notas finais do capítulo

Quem ainda não curtiu a fanpage:https://www.facebook.com/NatchuFics.
Sempre que acontece algum imprevisto com a história, eu aviso por lá.
Alguém mais sentiu o ciúmes do Lucca atacando? Huuum, o que será que isso significa?
Icaro está bem saidinho hein, tomara que as suas "asinhas" não derretam antes da hora haha
Me avisem sobre qualquer erro de português, às vezes digito rápido e termina passando despercebido kkk
Beijos com nutella jovens bolinhos de morango ♥