SeuSegredo. Com escrita por Panda Chan


Capítulo 22
Proposta


Notas iniciais do capítulo

Olá bolinhos, todos estão congelados como eu?
Antes de tudo quero agradecer muito a todos que me desejaram parabens e aos surtos nos comentários do último capítulo.
Peço desculpas pela demora para responde-los, estou correndo muito na faculdade. Assim que ficar mais livre prometo que todos terão seus comentários respondidos, não desanimem ♥
Agora desejo a todos uma boa leitura.



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É como se um tijolo estivesse entalado na minha garganta me impedindo de respirar e falar.

A pessoa que estive atrás nos últimos quatro anos e me fez percorrer quilômetros em buscas de pistas, que me desafiou publicamente e propôs uma aliança está bem diante de mim com a expressão mais neutra que já vi na vida jogando na minha cara meu maior segredo como se fosse nada.

O que posso dizer? O que fazer? Devo negar ou aceitar? Fugir?

Meu corpo não segue nenhum comando além de respirar enquanto minha mente pensa em mil possibilidades por segundo.

Ícaro não é um garoto sorridente, ele é fatal e perigoso.

— Você está louco.

Minha voz sai fraca e quase gaguejo, não tem nada da confiança que gostaria. Estou me sentindo pequena e frágil como um coelho inocente diante de um leão faminto.

Droga, isso não deveria acontecer assim.

— Não acusaria se não tivesse certeza.

Acho que a última vez em que me senti tão abalada assim foi quando a Hannah Montana tirou a peruca e revelou sua identidade.

Sigo meu primeiro instinto.

— Pelo contrário, você não assumiria sua identidade para a Secret – retruco – Vocês são inimigos.

— Assumiria se quisesse vê-la quieta sem buscar por mim – ele suspira – Não adianta negar ou fugir, Anna. Eu observei cada movimento seu desde que entrei no Saintine, consegui até ver quando você recebeu as mensagens do Bill.

A lembrança dele na sala de aula debruçado sobre o livro de história me vem a mente. Ícaro não pode ser o Bill ou teria percebido quando ele me mandou a mensagem.

— Se eu fosse a Secret, teria percebido quando você digitava as mensagens.

Um minúsculo sorriso se forma no canto da boca dele.

Repasso minhas palavras na mente. O meu “se” estava na frase então por que ele parece satisfeito?

— Nunca disse que o Bill era apenas uma pessoa.

Se isso é um blefe tenho que assumir que ele é muito bom nisso.  O clima está tenso e hostil, exatamente como nos documentários do Animal Planet onde uma onça encurrala uma capivara.

Ergo meu queixo e o olho de forma confiante e desafiadora como já vi tantas garotas fazendo. Lucca chama isso de cara de vadia. É quando você cerra seus olhos como se estivesse com muita raiva e pressiona os lábios antes de dar um sorriso vitorioso ou jogar o cabelo e ir embora.

Está na minha hora de ser uma onça.

— E qual a certeza você tem de que eu sou a Secret e não uma ajudante dela?

Algo se ilumina no olhar dele.

— Uma ajudante não seria tão petulante quanto você.

Eu sou a capivara.

— Acha que a Secret seria tola de se deixar ser pega tão fácil? Você está errado, Ícaro.

Viro-me pronta para ir embora daquela maldita estufa perfumada e correr até a minha casa onde posso me trancar na segurança do quarto e pensar com calma no que fazer.

Talvez eu fuja para a Bolívia compre uma lhama, uma flauta e vire uma andarilha.

— Nicole Anna  Kaulitz, nasceu no dia primeiro de abril e é do signo de áries – travo no mesmo lugar – Sua cor favorita é roxo e é apaixonada por Gossip Girl desde sempre. Você gosta de pizza de muçarela, mas tem vergonha disso porque acha um sabor muito comum.  Seus pais se separaram e sua irmã te abandonou sozinha com a sua mãe porque foi abortar uma criança no exterior – sinto como se estivesse sendo sufocada, não consigo respirar enquanto assimilo cada verdade sobre mim que ele usa a seu favor – Você usa dois celulares iguais com as mesmas imagens nas telas de bloqueio, mas um deles tem um aplicativo externo que bloqueia o acesso a sua galeria e o outro não. O celular com o aplicativo possui lascas descascadas nas laterais, presumo que seja pela queda causa por mim.

Eu odeio ser a capivara. Odeio ser a presa. Sou uma caçadora, droga!

Como ele sabe sobre o aborto da Cath? Ninguém deveria saber disso, nem os meus pais sabem disso.

— Não tente esconder o seu segredo de mim – ele murmura.

Quero fazer algo contra ele. Talvez deva denunciar a polícia dizendo que a tia dele tem uma plantação de maconha nos fundos da casa e com essa quantidade de plantas eles nem perceberiam se eu jogasse uma muda no meio das rosas.

Ah, a vingança pelos espinhos.

Quero acertar um soco nos belos olhos acinzentados dele.

— Que se foda – desarmada, essa é a palavra que me define nesse momento.

Sem escolha ou saída, ele pesquisou sobre mim e soube o que dizer para me desestabilizar e deixar sem pensar com coerência.

Por que quando eu quero fico sem argumentos? Por que minhas palavras somem quando preciso delas para me defender?

— O que você disse?

— Que.Se.Foda – repito quase gritando – Eu sou uma garota venenosa, o que vai fazer sobre isso?

Por um momento ele fica sem reação, acho que não esperava que eu fosse assumir.  Na verdade, nem eu esperava.

Sinto algo substituir o medo inicial. Ele descobriu quem eu sou? Que bom, assim sabe o rosto de quem deve temer.

— Não posso fazer nada contra você, nem ameaça-la. Ninguém acreditaria que a Secret é alguém tão...

—... Invisível?  – completo por ele. Cruzo os braços diante do busto e o encaro frente a frente.

Olá novamente confiança.

— Sim, essa é a palavra que eu queria.

— Então por que teve tanto trabalho para descobrir quem eu sou?

— Preciso de ajuda, Secret.

É como ver um anjo fazendo pacto com o Diabo.

O sorriso no canto do meu lábio não expressa perfeitamente como isso é engraçado.

— Ajuda da garota veneno que merece um trono de espinhos? Quem sabe – descruzo os braços – Como me descobriu?

— Não peça para um mágico revelar seus truques.

Ora, ele quer fazer joguinhos agora? Não devia querer esconder algo de mim logo após revelar meu maior segredo.

— Então não peça ajuda para um demônio.

Jogo o cabelo quando me viro e caminho da forma mais confiante possível para fora da estufa. Caramba, pareço até uma modelo!

Nunca imaginei que fosse possível dar uma saída glamorosa, vou tentar mais vezes.

— Espera! – ele grita, interrompendo minha saída digna de modelo da Victoria Secrets – Sempre tive alguém te vigiando aqui em Oasis. Eu morava em Sparks com meu irmão e vinha apenas para o dia dos namorados por as rosas nos armários. Quando tive a certeza que você era a Secret pedi para morar com a minha tia e descobrir formas de te pegar.

— Por que sair da sua cidade para entregar rosas aqui?

— Eu não sou o primeiro Bill – ele desvia o olhar para uma rosa e depois foca em mim – Meu irmão foi o primeiro Bill, quando teve que ir para a faculdade deixou isso a meu encargo e quando eu tive que ir para outra cidade...

—... Deixou um ajudante aqui – completo – Então, sempre foi mais de um Bill.

— E só uma Secret. Como conseguiu fazer isso sozinha? Você praticamente manda na cidade usando um site.

— Da mesma forma como o Bill conseguiu ser idolatrado – respondo – Cativando as pessoas.

— Você as conquistou pelo medo.

— Às vezes é melhor ser temida do que amada. Agora continue com sua chata história de vida.

Ícaro me olha surpreso e devo dizer que eu também estou. É como se eu não fosse a Anna, mas sim a Secret.

— Minha ajudante se aproximou ao acaso e realmente se apegou quando soube quem você era. Contudo, você se protegeu bem demais. Pensei que podia tentar iludi-la criando uma paixonite para que ficasse ao meu lado e tive que desistir quando a vi com o Lucca.

Isso explica o comportamento forçado dele. Resolvo ignorar o que ele quis dizer citando o meu melhor amigo.

— É, foi um plano terrível.

— Pelo menos deu certo, por um tempo. Consegui derrubar seu celular ao ponto de danifica-lo para reconhecer quando você trocasse de aparelho, comprovei minha teoria e comecei a seguir a estrada de migalhas até sua identidade.

— Você me derrubou de propósito? Sabia que aquilo doeu muito?

Ele ri sem ânimo.

— Deu certo, isso que importa. Meu plano original era desmascarar você, Anna. Queria revelar a todos quem é a Secret e usar de exemplo para que parassem de maltratar e julgar os outros.

— Seu plano era— dou ênfase na última palavra – Por que não é mais?

— Depois que a Beth morreu minha visão sobre você mudou. Não é como se a Secret fosse alguém que você criou para causar o mal, é mais que isso. Eu percebi que você é uma boa pessoa Anna, só demonstra isso de uma forma ruim.

— Tenho certeza que alguém já falou isso pro Hitler – reviro os olhos.

— Existe humanidade na Secret e se chama Anna – Ícaro caminha até mim parando a menos de um metro de distância – Por isso decidi que você vai me ajudar.

— E por que eu deveria te ajudar? – ele segura uma mecha do meu cabelo – Ninguém vai acreditar se disser que a Secret sou eu e você não tem provas ou algo que possa usar contra mim.

Eu estou rindo na cara do perigo. É incrivelmente bom poder agir dessa forma, poder assumir quem sou. Agora sei como se sentiam as poderosas em Meninas Malvadas.

— Na verdade, eu tenho. Lembra que meu irmão era o primeiro Bill e foi fazer faculdade? Pois é, ele se tornou um grande hacker chamado Cyber, mas você deve conhecê-lo por outro nome.  Talvez como Augusto, o pai do filho que a sua irmã matou.

As lembranças invadem meu cérebro como uma enchente. Cath chorando ao telefone, dizendo sobre a gravidez. O garoto nerd buscando ela todos os dias. Cath me contando sobre tudo e como era importante manter segredo. Ela sangrando no banheiro quando eu a encontrei, aquela tentativa de aborto que não deu certo. Cath fazendo as malas no meio da noite e indo estudar no exterior. O garoto procurando por ela. Cath me confessando que tinha conseguido tirar o feto.

Eu tinha apenas nove anos não devia saber de tudo. Não devia saber de nada.

Porém, ninguém nunca tentou esconder o segredo de mim.

— Cyber tinha algo pessoal contra a Secret... Contra mim...

— Meu irmão odeia a sua irmã por ter matado o filho dele.

— Como ele soube?

— Ela contou para ele e disse que ia tentar abortar com remédios. Augusto não acreditou até que ela disse que não tinha conseguido e estava procurando outro método. Acho que ela encontrou.

— Cath sempre foi esperta.

— Você também, Anna – a indiferença voltou – É por isso que vai me ajudar ou todos vão conhecer o segredinho da sua irmã. Não tenho nada para usar contra você, mas e contra quem você ama?

Antes de tudo quero esclarecer que não sou a mocinha.  Criei a Secret para fugir da minha realidade e ajudar os outros foi um bônus que não previ.  Aceite o fato de que se você torce ou torceu por mim em algum momento, estava torcendo pela vilã dessa história.

Lucca passa como um furacão pela porta do meu quarto e posso ouvir os gritos da minha mãe no andar debaixo sobre ele estar invadindo nossa residência.

— Porra, Anna! – ele segura meus ombros e me balança – Que droga de mensagem foi aquela?

— Uma mensagem normal com informações de forma direta e bem organizada – arrisco.

— “Fui descoberta. Ícaro é o Bill. Preciso de absorventes” – ele encara meus olhos – Você não disse se com ou sem abas!

— Eu só gosto dos com abas.

Lucca solta meus ombros e joga a embalagem de absorventes em mim.

— O que rolou?

Conto brevemente a história e o pedido indecente que Ícaro fez pra mim.

— Ele quer que você ajude com as rosas? – Lucca repetindo isso torna ainda mais irreal.

— Exato.

Nunca quis ser uma mocinha, sempre lidei bem com meu posto de vilã.

Deito com a barriga para cima e encaro o teto.

— Por que ele teve tanto trabalho?

— Eram testes.

— Ele tem provas contra você?

— Não.

Sinto a cama ceder com o peso do Lucca.

— Vai ajuda-lo?

— Sim.

— Por quê?

Ele não esconde sua confusão. Fico virada de lado e o olho nos olhos avelã que sempre admirei.

— Estou cansada de ser a vilã.


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Notas finais do capítulo

Alguém mais percebeu que a Anna ficou diferente? Será que isso é bom ou ruim?
Bem, temos as respostas dos maiores enigmas da fic, mas para aqueles que em acompanham há mais tempo, acham que vou deixar só isso?
Huuuuum façam suas apostas :)
Beijinhos de calor jovens bolinhos congelados.