SeuSegredo. Com escrita por Panda Chan


Capítulo 17
... Se uma delas estiver morta


Notas iniciais do capítulo

Olá bolinhos, como vocês estão?
Ah, oi Nick, Como disse, capítulo dedicado a você ♥
Espero que estejam bem açucarados, é crucial que estejam açucarados antes de continuarem lendo esse capítulo.
Prevejo emoções fortes, entçao preparem seus copos de água com açúcar.
Lembrando, o título desse capítulo é um complemento do anterior.
Boa leitura.

Obs: A música citada no cpaítulo é Amianto da banda Supercombo



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Os passos de Lucca ressoam pelo cômodo deixando o clima ainda mais tenso.

Assim que a ficha caiu sobre a bomba que descobrir, liguei para ele e pedi que viesse o mais rápido possível para a minha casa.

— Até que faz sentido – ele murmura. A mão direita está segurando o queixo e sei que é para parecer mais “inteligente e observador” – O Jeremy sempre esteve envolvido em escândalos sexuais, ele pode ter usado a Secret para mascarar sua paixão secreta por garotos.

— Muito obrigada Lucca – reviro os olhos – Agora estou me sentindo pior.

— É apenas uma teoria.

— Eu sei.

Lucca se joga na cadeira de rodinhas da minha escrivaninha e suspira longamente.

— Estamos em um impasse dos grandes.

— Nem me diga.

Jeremy merece ser desmascarado e ter seu segredo revelado para todos da cidade. Porém, Beth seria considerada culpada e não quero imaginar as ferramentas de bullyng que ele usaria na garota para se vingar.

— Já sei! – digo empolgada – E se eu revelar a história do Jeremy afirmando que um dos caras que ele pegou mandou a fofoca?

— Se aprendi algo com os filmes adolescentes é que caras assim não fazem isso com quem pode revelar.

— É verdade.

Estou deitada com a barriga para cima na cama observando o teto do quarto que ainda tem algumas estrelas e planetas adesivos que brilham no escuro.

Meus adesivos deixaram de brilhar há anos.

— O melhor agora é você guardar essa informação – sinto parte da cama ceder com o peso dele – Vamos nos focar em desmascarar o Bill.

Ergo meu corpo apoiando o peso nos cotovelos.

— Sobre isso, eu tive uma ideia.

Lucca ergue uma sobrancelha e dá um sorriso maroto como o que sempre aparecia em seu rosto antes de colocar tachinhas nas cadeiras dos colegas de sala.

— Que seria?

— Um baile.

Lucca me olha confuso e sei que o surpreendi.

— Um baile? – certo, ouvi-lo dizer isso com descrença impressa em seu tom de voz não é muito encorajador.

— Pense comigo – de uma hora para a outra a barra da minha camiseta parece ser muito interessante e meus dedos começam a brincar com ela – O Bill coloca as rosas na escola na véspera do dia dos namorados, talvez seja durante a noite – e mesmo vigiando a escola na véspera nos últimos dois anos não o encontrei, completo mentalmente – Então se a escola estiver cheia durante a noite temos maiores chances de pegá-lo em flagrante.

— O único problema é que o diretor Gregory não gosta de gastar a verba da escola com eventos como bailes.

— Se um casal de pais famosos apoiar o baile tenho certeza de que ele vai aceitar.

Sorrio amarelo enquanto Lucca revira os olhos.

— Finalmente vamos arrumar uma utilidade para a fama dos meus pais.

— Achei que ganhar muito dinheiro já fosse uma.

Lucca encara a parede por alguns segundos.

— É, acho que é sim.

Não sou vidente, mas sei que meu dia vai ser péssimo quando percebo que consegui pisar em uma canetinha preta que estourou e manchou minha pele, tropeçar no meu All Star favorito e bater o dedo mindinho no box do chuveiro tudo em menos de cinco minutos.

Passei a boa parte da madrugada lendo e-mails e mensagens com possíveis pistas sobre o Bill sem encontrar nada útil.  Gostaria que fosse mais fácil achar informações, a Gossip Girl sempre fez parecer tão simples.

Termino de me vestir e pego o celular da Secret que ainda não carregou.

— Parece que hoje você vai ficar em casa, parceiro.

Suspiro abandonando o aparelho na escrivaninha e desço as escadas.

Minha mãe não está em casa, um alívio. Preparo rapidamente um bolo de caneca que termina transbordando da caneca e manchando o micro-ondas. Não me dou ao trabalho de praguejar por isso, com sorte minha mãe não volta do trabalho antes do final do dia e terei tempo de limpar antes que ela veja.

Ouço Lucca buzinar e saio com o bolo de caneca em mãos e a mochila de guaxinins nas costas.

— Bom dia flor do dia – ele cumprimenta sorridente.

Dou meu melhor olhar de “oi, eu sou um zumbi” para ele como resposta.

— Amo ver sua animação nas manhãs de quinta-feira – ele pega meu garfinho sem cerimonia e usa para tirar um pedaço do meu café da manhã – Você já fez bolos melhores.

— Testei uma nova receita – resmungo roubando o garfo dele.

— Ual, quatro palavras antes das nove horas. É um recorde – ele continua sorrindo.

— Por que está tão contente?

— Meus pais conseguiram falar com o diretor ontem e ele aceitou. Vamos ter o baile e desmascarar o Bill!

Talvez eu fique animada como ele quando tiver terminado de comer meu bolo e o açúcar fizer efeito.

— Desculpe, não demonstro sentimentos como animação antes da hora do almoço.

Lucca revira os olhos, mas posso vê-lo sorrindo de canto.

O carro do Lucca já pertenceu a seu pai, Andy, quando ele estava no ensino médio. Pode-se dizer que o veículo é um museu recheado com as mais variadas fitas de bandas de rock – mesmo que Lucca tenha instalado um rádio de última geração e mal ouça as fitas.

Uma canção começa a tocar e ele imediatamente a reconhece e canta junto, esse é um dos muitos talentos ocultos de Lucca: conhecer diversas músicas.

Moça, não olha pra baixo— ele vira o volante fazendo a curva no estacionamento dos alunos – Aí é muito alto pra você se jogar.

— Que música depressiva – aperto o botão e troco de estação. Uma canção indie preenche o interior do carro.

— Já viu música sobre suicídio animada?

Admito, ele me deixou sem reação. Retorno a estação e ouço a canção até o final.

Sinto um arrepio passar pelo meu corpo quando a última frase é dita – “somos programados pra cair”. É claro que a música é triste, mas a letra é genial. Fico realmente encantada com a forma como conseguiram uniram um assunto pesado como o suicídio de uma garota com a melodia que varia entre animada e triste.

Lucca abre a porta do passageiro para mim e só então percebo que ele já encontrou uma vaga e estacionou.

— Aqui está cheio – ele comenta.

Todas as vagas destinadas aos alunos estão ocupadas e mesmo assim somos os únicos no estacionamento.

— Bizarro – murmuro – Sobre o baile, precisamos criar um plano para espionar os corredores sem que fique óbvio.

Chuto uma lata vazia de refrigerante pelo caminho. O estacionamento fica atrás da escola e é necessário caminhar até a entrada do outro lado.

— Podemos usar algumas das câmeras do Gustavo novamente.

— Mas aí’ precisamos ficar vigiando tudo pelos smartphones e isso pode chamar atenção.

— Huum, é verdade – ele passa o braço por trás do meu pescoço e toca o ombro – Somos Anna e Lucca, vamos dar um jeito nisso.

— Claro que vamos, senhor Way.

Chegamos até a frente da escola e o que encontramos nos surpreende.

Viaturas de polícia estão espalhadas pela frente do prédio, uma faixa amarela com as palavras “cenas de crime” repetidas diversas vezes cria um muro que impede os alunos de passarem. O diretor Gregory está conversando com alguns professores enquanto alunos choram, correm com seus celulares em mãos ou vomitam.

Algo tão grande assim pode significar que Bill revelou quem eu sou.

Balanço a cabeça. Ninguém choraria pela Secret.

— O que tá’ acontecendo? – pergunto tentando ver algo sem sucesso.

Existe um mar de pessoas curiosas e altas atrapalhando minha visão.

— Vamos tentar ver mais de perto – Lucca segura minha mão com força e caminha entre a multidão.

Lucca para e aperta minha mão com força enquanto começa a murmurar “ai meu deus” sem parar.

— O que? – tento ficar na ponta dos pés e mesmo assim não consigo ver nada além das costas de um garoto.

— Você não vai querer ver isso, Anna.

— Diga logo o que é!

— Anna, eu... – ele me encara com a boca aberta sem nenhum som saindo dela.

Dou um pulo e passos meus braços pelo pescoço dele, Lucca entende o que quero fazer e me ajuda segurando as minhas pernas. Uma das vantagens de ser amiga da mesma pessoa há mais de dez anos é saber montar cavalinho com perfeição.

A cena que vejo me faz perder o equilíbrio, por sorte meu melhor amigo me segura e ajuda a recompor.

O ângulo do corpo está esquisito e errado – aquilo é um osso saindo pra fora? – Os óculos foram para longe, estão destacados pela placa ao lado que a polícia colocou. Se não fossem pelas tranças, não saberia que aquele corpo na verdade é uma garota chamada Beth. Um número invisível.

Não tem sangue para todos os lados nem órgãos espalhados pela gramada, só o corpo dela retorcido de formas dignas de arte abstrata.

Ela conseguiu se matar sem chamar a atenção.

Olhar aquele pedaço branco que acredito ser um osso atravessando a pele e saindo da perna dela como uma bandeira me faz querer vomitar.

Lucca parece ler minha mente, ele me coloca no chão e guia até ficarmos longe da multidão.

— Eu seguro seu cabelo.

Ele afasta os fios do meu rosto ao mesmo tempo em que me inclino para frente e revejo o bolo de caneca.

“A única questão que não pude resolver ainda é: alguém vai sentir minha falta?

Será que meu pai vai se perguntar onde estou quando não chegar em casa essa noite para que ele me bata? Minha mãe vai sentir minha falta quando ele bater nela para descontar a frustação por não me ter por perto para ser abusada?

Durante a vida inteira fui a garota invisível e esquecida, a que você não via sofrer porque não prestava atenção. Há anos peço socorro sem que ninguém perceba. Há anos...

Não encontro paz em casa e nem na escola, não encontro paz em mim e isso me frustra. Talvez meu corpo seja uma prisão e esteja na hora de me livrar dela.

A paz deve estra além da minha casca de pele.

É tão assustador aqui em cima.

Sou covarde até para me matar.

Sempre tive o poder de acabar com a minha vida só nunca vi motivo, minha família acabou com ela sem que eu percebesse.

Quando me tornei um zumbi que respira e fala? Quando perdi a confiança em mim? Quando surgiu esse desejo de sumir? Quando comecei a querer morrer?

Eu encontro conforto na confusão, nos pensamentos perdidos e nos sonhos não realizados.

Encontro conforto nas palavras não ditas enquanto grito “socorro” em silêncio.

Sou uma dessas pessoas que quer ser salva, mas não deixa que ninguém saiba.

E agora, encontro conforto no ar frio balançando minhas tranças.

Vou encontrar conforto quando partir. Sim, eu vou.

Adeus,

Elizabeth W.”

Texto encontrado no bolso da saia da Beth pela polícia, não perguntem como eu o consegui só saibam que é real.

Beijinhos, Secret.

 


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo? Querem me matar?
Bem quando estava escrevendo a carta suicida meu padastro entrou no quarto eleu alguns trechos, acho que alguém vai visitar o psiquiatra weeee
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Beijos açucarados jovens bolinhos de caneca.