Pov Evie

Estávamos no início de fevereiro, e desde o Réveillon eu senti que devia ficar bastante com a Mal, eu tinha pressentimento ruim...

Agora eu estava no quarto de Bella (já que Mal estava com Ben), estávamos conversando.

— Você acredita que um tempo atrás Doug implicou comigo porque usei aquela blusa de estrela que você adora? – falei.

— Por que ela mostra sua barriga? – ela perguntou.

— Exato. – falei.

— Sabe o que isso significa? – ela indagou.

Neguei com a cabeça.

— Vingança vermelha. – ela disse e seus olhos se tingiram de vermelho.

Acho que esqueci de dizer que Bella tem poderes...

— Com certeza! – falei e meus olhos ficaram azuis – Porcaria...

É. Eu tenho poderes, magia, macumba... O que quiserem.

— Já contou para a Mal – Bella perguntou.

— Não. Nem você saberia, se não fosse enxerida. – falei.

— Foi difícil descobrir... Não sei como você consegue. Você nunca deixa as pessoas verem seus olhos ficando azuis, e eu não quero nem saber o que aconteceria se eles ficassem pretos... Falando nisso, conseguiu descobrir o porque de você ter poderes? – disse Bella.

— Não... Só que é relacionado com o meu pai, mas eu não sei quem ele é, então continuo na mesma... – falei.

— Entendi... Deve ser um mago ou algo assim... – disse Bella.

— Ok. Não precisamos falar disso. – falei.

Seguimos conversando até que bateram na porta, e Bella se levantou para abrir.

— Ah! Você... – ela disse.

— Vamos, Evie? – disse Mal.

— Vamos! – falei e abracei Bella – Tchau!

— Tchau! – Bella respondeu.

Assim que Bella fechou a porta, continuamos a andar.

— Por que você não pode sair com o Doug ao invés de ficar com essa daí? – perguntou Mal.

— Mal... Ela é minha amiga! – falei.

— Ela é ridícula! Tenho certeza que nem se importa tanto assim com você!

— Isso tudo é ciúmes? – provoquei.

— Que?! Eu nem sinto ciúmes! – falou ela, enquanto suas bochechas esquentavam.

— Ah, tá. Sei... – falei.

Fomos rindo até o nosso quarto, e Mal insistia em negar que estava com ciúmes...

Pov Bella

Hoje eu colocaria meu plano em ação. Capei a voz de Mal com aquele simples “Vamos, Evie” e pronto, já poderia manipular toda uma frase. Tenho que lembrar de agradecer a Úrsula pelo presente... Agora eu iria escrever umas páginas falsas no diário da Mal e tudo pronto!

Fiz o áudio com a voz de Mal e invoquei o diário dela. Sinceramente, achei que ela teria colocado um feitiço de proteção envolta, mas foi mais fácil que roubar doce de criança... Escrevi as páginas falsas, devolvi o diário e rumei para o quarto de Evie.

Pov Evie

Faziam mais ou menos 30 minutos que Mal havia saído e eu estava qquietinha lendo. Até que Bella chegou, invadindo o quarto, e me matou do coração.

— O que é isso?! – falei.

— Desculpa, Evie... É que eu vi uma coisa e... – ela disse.

— O que? – perguntei, preocupada.

— Você vai ficar arrasada, mas... Eu ouvi a Mal falar umas coisas... – ela disse.

— Que coisas? – perguntei.

— Veja por si mesma... – ela disse, me entregando um aparelho.

— Que é isso? – perguntei.

— Só aperta o play. – ela disse.

Apertei o botão e a voz de Mal ressoou pelo quarto.

“Que bom que a Bella chegou! Não vou mais precisar aturar aquela idiota da Evie... Cheia de dramas e frescuras... Por enquanto eu ainda faço o teatro de amiga ciumenta, mas daqui a pouco isso acaba! Como ela é bobinha... Realmente acredita que somos amigas? A verdade é que não a suporto mais...”

Foi mesmo a Mal que disse isso? Então... Ela não gosta de mim? É a voz dela. Não tem erro. Passo a mão em meu rosto e percebo que já o inundei com lágrimas...

— Calma, Evie, vai ficar tudo bem! – disse Bella, me abraçando e passando as mãos em minhas costas.

— Eu confiava nela... Ela era minha melhor amiga... – falei.

— Eu sei... Vai melhorar... – ela prometeu.

— Eu não posso ficar nesse quarto mais... – falei.

— Você pode ficar no meu quarto, eu estou sozinha. – ela disse, sorrindo.

— Tudo bem, vou arrumar minhas coisas, - falei, com um sorriso triste.

— Quer que eu te ajude? – ela perguntou.

— Não. Pode deixar que eu te encontro lá. – falei.

Então ela me deu um beijinho na bochecha e saiu.

Assim que ela saiu, eu desabei. Mal era como uma irmã para mim. E eu achei que fosse para ela também. Bom, pelo visto, achei errado.

Quando, depois de um tempão, venci o choro, comecei a arrumar as malas. E então Mal chegou e disse:

— Evie? O que você está fazendo? Por que está chorando?

— Estou mudando de quarto. Você não vai mais ter que aguentar a chata, fresca e dramática aqui. – falei.

— Do que você está falando? – ela perguntou.

— Não finja que não sabe! – falei.

— Não estou fingindo, eu não sei. – ela disse, com sua impaciência de sempre.

Ouvir ela falando com aquele tom de impaciência, como se eu ainda estivesse errada fez meu sangue ferver.

— Ah, não?! Não sabe que disse que não me suporta mais? Que me chamou de chata, fresca e dramática? Que não gosta de mim e não somos amigas? – berrei, já chorando de novo.

— Eu... O que?! Não fiz isso! – ela disse.

— Eu ouvi, Mal! Não tem como confundir sua voz! Aposto que está escrito no seu diário! – falei, indo até o armário dela.

Ela empalideceu.

— N-não tem nada n-no meu d-diário... – ela disse.

— Pela sua cara, tem sim. – falei, já com o caderno na mão.

Abri o diário, e vi que haviam algumas páginas que eu não havia lido. Comecei a ler e... o diário caiu das minhas mãos.

— VOCÊ E O BEN TIVERAM A PRIMEIRA VEZ E VOCÊ NÃO ME CONTOU?! — BERREI.

— E-eu ia contar... – ela disse, corando.

— Ah! Ia sim. Com certeza... – falei, pegando o diário.

As outras páginas realmente me machucaram. Li milhares de xingamentos horríveis em voz alta. No final, nós duas chorávamos. Parece que Mal é uma boa atriz...

— Evie, eu não escrevi isso! – ela disse.

— Aham... Outra pessoa escreveu no seu diário com a sua letra? Conta outra... – falei.

— Eu não fiz nada! Você é como uma irmã para mim! – ela disse.

— Mal, não minta! Bella me mostrou o áudio! Não tem como confundir sua voz... – falei.

— Bella... Aquela piranha! Evie, ela deve ter armado para mim! – ela disse.

Cara de pau.

— Não venha culpar a Bella! Ela foi minha amiga de verdade, enquanto você... há! Melhor nem falar... – falei.

— É claro que foi ela! – ela berrou.

Eu fechei minha mala e me virei para ela. Rosto limpo e choro controlado.

— Mal Bertha, eu não me importo com a sua opinião. Você é mentirosa, suja e... Malévola. E, a partir de hoje, eu não te conheço. – falei o mais fria que pude e sai do quarto.

Fui em direção ao quarto de Bella, quer dizer, meu quarto.

Cheguei lá e Bella me consolou um pouco, mas logo se levantou.

— Já volto. – ela disse, e saiu.

Eu ainda esperava que fosse mentira.

Que Mal e Bella fossem entrar a qualquer momento pela porta dizendo que foi uma brincadeira de muito mau gosto.

Mas ninguém entrou.

E não era mentira...

Pov Bella

Parei em frente a porá e bati três vezes.

— Evie?! – disse Mal abrindo a porta do quarto.

— Olá. – falei, entrando no quarto.

— O que você quer? – ela perguntou, me fuzilando com os olhos.

— Te mostrar uma coisa... – falei.

Mostrei o áudio e ela ouviu atentamente.

— Achei que ia gostar de saber o que você fez. – falei.

— Mas eu não fiz isso. – ela disse.

Sorri para ela.

— Eu sei, você sabe, a Evie não.

Então saí dali, deixando uma Mal confusa e com sérias tendências assassinas...