Lost: Redemption Island 1ª Temporada escrita por Swan


Capítulo 6
Mudança




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O dia estava quente. Pelos cálculos de Alex, já podia ser meio dia ou mais naquela ilha. Ele não tinha certeza pois o tempo ali era diferente, desde que eles não sabiam exatamente onde estavam.

Alex e Gemma passaram o dia anterior procurando qualquer vestígio de vida, além da deles, naquela ilha. Nada. Após anoitecer, decidiram montar um acampamento improvisado de forma que conseguissem passar a noite e voltar á praia no dia seguinte.

O loiro havia achado umas mangas por perto, o que serviria de quebra galho como café da manhã até retornarem à praia. Sem pensar duas vezes em ser delicado ou não, Alex jogou uma das mangas na cabeça de Gemma enquanto a mesma dormia.

– Bom dia, flor de mel. - ele tinha um sorriso sarcástico no rosto.

– O que diabos é uma flor de mel? - Gemma estava furiosa. Odiava ser acordada bruscamente e pedaços de manga estavam em seu cabelo agora. Ela detestava mangas.

– Não sei. Achei que devia chama-la de algo doce. Foi a única coisa que me veio em mente. Pronta pra ir pra casa? - por casa, ele dizia a praia a qual estavam acampados.

– "Casa." - ela revirou os olhos e logo Alex ajudava-a a se levantar.

Os dois cortavam caminho mata afora. Dentro de 10 minutos deviam chegar a qualquer praia até andarem por mais alguns minutos, talvez horas, para chegar em sua praia.

Os dois não apreciavam tanto a companhia que tinham. Alex achava que Gemma tinha cheiro de diabetes e Gemma achava que Alex tinha cheiro de chiqueiro, mas mesmo assim, os dois estranhamente se suportavam. Caminhavam para fora da floresta de modo que já conseguiam ouvir algumas ondas.

– Ótimo, já ouço o mar. Depois é só seguir leste por uns dois quilômetros. - Alex guiava a loira, que já estava furiosa por tantas picadas de inseto.

– O que você é...? Na vida real? - ela perguntou, curiosa. O loiro riu tão alto que sua risada ecoou pela praia que quase alcançavam.

– Um homem de negócios. - ele respondeu.

– Que tipo de negócios?

– Sou um gigolô.

A areia já estava sobre os pés dos dois. Gemma parou no meio do caminho. Já estava diante da praia. Paralisada, não tinha mais sua atenção para lugar algum sem ser o que estava a sua frente.

– Deus salve a rainha... - ela estava boquiaberta.

Uma enorme estátua de pedra com formato de um pé gigantesco estava sobre rochas na beirada de uma das praias da ilha. Os dois observavam pasmos sem saber o que fazer.

– O que é isso? - perguntou Gemma.

– Como nós nunca vimos isso? - Alex estava tão surpreso quanto Gemma. Era uma estátua enorme.

Os dois passaram a noite inteira fora, procurando vestígios de vida naquela ilha e o que procuravam estava apenas a dois metros de sua praia.

Eles marcaram bem o local, contaram até os passos até retornar à praia. Por algum motivo, todos circulavam Jack e aquilo deixava Gemma com inveja. Era notável seu rosto vermelho de raiva. Ao vê-la, James aproximava-se mas a raiva de Gemma falava mais alto.

– Pense bem no que vai fazer, coração. - disse Alex no ouvido de Gemma, logo se ausentando.

Sem pensar duas vezes, a loira dirigiu-se ao ponto alto da praia, como se fosse uma mini montanha de areia branca. O mesmo lugar que as agentes Kwon e Jarrah fizeram seu discurso de resgate antes de sumirem na floresta. Ela tomou uma pose autoritária e audaciosa. Suas roupas de grife rosa já estavam desbotadas desde o naufrágio, mas mesmo assim ela não perdia a postura.

– Prestem bastante atenção! - ela começou, tomando fôlego. - Vocês foram enganados esse tempo inteiro. - algumas pessoas se assustavam e trocavam olhares confusos. - Jackeline e seu Clube dos Cinco esconderam toda a verdade de vocês. - ela fez uma pausa dramática. - Nós não estamos sozinhos nessa ilha. - ela gritou e dezenas de bocas foram abertas, assustadas com expressões confusas. - É isso mesmo. Eles provavelmente sequestraram as agentes, fizeram uma armadilha pra princesinha cair e não só isso, mas construíram uma estátua enorme á poucos quilômetros daqui. Eu mesma vi. - ela dizia cada palavra com total segurança. - Estamos sendo vigiados com canibais nativos... - ela mal conseguiu terminar e já foi puxada por James.

– O que pensa que está fazendo? Você enlouqueceu? - seu noivo gritava com ela enquanto segurava-a pelo braço.

– Só estou fazendo o que acho justo. Contando a verdade para essas pobres pessoas. - Gemma ainda gritava para todos ouvirem. Um certo caos tomou conta dos sobreviventes.

– Gemma, isso não é o certo a ser feito. Não há canibais nativos sequestrando pessoas nessa ilha. - Jack tentava acalmar a situação.

– Você está negando, doutora? Está negando que não estamos sozinhos? - um silêncio tomou conta do local.

– Gemma...- Jack não sabia o que dizer. As pessoas só se assustavam mais. O cas era completo e não havia mais volta.

– Calem a boca. - Charlotte apareceu em meio a multidão. - Se vocês acham que assim é que as coisas vão se resolver, ótimo. Já podem montar sua própria comunidade primitiva. Agora, se querem fazer isso como cidadãos civilizados, parem de gritar. - pela primeira vez, Charlotte parecia ser digna de ser levada a sério.

– O que me sugere, vossa majestade? - Gemma parecia irônica.

– Nós omitimos sim algo de vocês e isso não foi honesto. Haviam... ou ainda há pessoas nessa ilha. Encontramos poucos vestígios como redes e um corpo decomposto há muito tempo nada além disso. Não são ou eram canibais. Talvez eram sobreviventes, como nós. Mas tenho certeza que eles conseguiram escapar se foram mais inteligentes que nós e não se mataram por discutir. - concluiu Charlotte.

– Eles são nativos canibais primitivos e... - Gemma comçava.

– Cale a boca. - Charlotte ordenou.- James... Pode ir com sua noiva onde ela assumiu ver uma estátua canibal ou algo do tipo?

– Estátuas canibais são estátuas que comem estatuas? - Joshua perguntava á Stacy. Ela o ignorou.

– Não acho que isso seja necessário. - James parecia indisposto a ficar no mesmo lugar que Gemma. - Mas tudo bem, irei.

– Eu posso ir junto. - voluntariou-se o novo amigo de James, Joshua.

– Você sabe que não vou deixar você ir á lugar algum sem que eu vá junto, não é? - Stacy já se posicionava ao seu lado.

– E eu não perco nenhuma possibilidade de entrar em perigo. - Jack se voluntariou também. Já eram pessoas demais pro gosto de Gemma.

Passaram o resto do dia sem discutir muito sobre quem de fato ia e quem não iria. Não era como uma supermissão, eles apenas iriam andar dois quilômetros a oeste da praia para procurar a tal "estátua do pé" que Gemma jurava ter visto. Todos encaravam aquilo como uma excurssão em grupo.

Stacy e Joshua Stones, James, Alex, Gemma e Jack se uniram no cair da tarde e começaram a sua peregrinação. Não levavam muito pois sabiam que iriam voltar no mesmo dia e não teriam trabalho algum. Boa parte da caminhada foi em silêncio, mas as vezes Stacy gostava de puxar assunto com Joshua, seu marido.

O sol se punha devagar, o que fazia-os pensar que quando voltassem, ainda estaria claro.

– Olá. - disse Stacy para Jack, que estava bem mais a frente do grupo. - Não sei se lembra de mim... Eu me afoguei no primeiro dia. Você me salvou.

– Stacy Stones. - afirmou Jack. Ela se lembrava de cada paciente que já tivera. - Você só perguntava sobre seu marido. E parece que o encontrou. - ela disse enquanto Stacy sorria para Joshua.

Stacy era a imagem típica da boa moça que foi rainha do baile de formatura da escola, a diferença era que ela era amável. Stacy tinha cabelos longos e loiros, meio ondulados nas pontas, aquilo lhe dava um ar angelical e bondoso. Ela vestia-se impecavelmente como uma professora de jardim de infância, o que ela era. Não era magra, mas era esbelta. Tinha seus braços e pernas finos e longos, mas também era provida de curvas avantajadas e talvez uma pequena barriga, ao reparar de Jack.

– É que... Nunca tive a chance de agradecer pelo que fez por mim... No primeiro dia... Salvando a minha vida. - Stacy parecia envergonhada, mas seu sorriso era gentil e amável.

– Não é necessário. - Jack retribuiu o sorriso á menina. Jack não conseguia ser simpática, não porque não queria, mas porque não era de sua natureza.

– Eu insisto... Obrigada.

– Mantenha-se longe de confusões por mim, ok?

Stacy concordou com um sorriso ao balançar a cabeça. Gemma havia parado estranhamente no meio do caminho enquanto dava voltas.

– Não é possível. - ela gritou.

– O que? - Jack aproximou-se dela, curiosa.

– Não está aqui... Era pra estar aqui... Eu juro.. - Gemma não terminou sua frase e James já estava impaciente. O rapaz chutou a areia de modo infantil, logo aproximando-se dela com certa agressividade.

– O que há de errado com você, Gemma? Não consegue perceber que o mundo não gira em torno de você? Por que fez aquilo com aquelas pessoas? Por que você tem que ser o centro das atenções sempre? - podia-se sentir a fúria e a vergonha na voz de James.

– Eu... eu.. - Gemma estava confusa. - Alex... Você estava lá comigo, você viu a estátua. - disse Gemma, mas Alex permaneceu em um estranho silêncio.

– Isso é loucura sua. - continuou James. - Não existe tal coisa como estátuas de pés canibais, Gemma. Tudo que você quer é chamar atenção.

– Alex... - Jack se aproximava com tamanha curiosidade. Seu rosto tinha uma expressão séria. - Você viu alguma "estátua de pé canibal" por perto? - perguntou. Jack achava ridículo o modo como aquilo soava. Alex deu uma longa pausa enquanto observava a reação de todos.

– Não faço a mínima ideia do que seja uma estátua canibal de pés. Nunca vi uma estátua canibal de pé. - Alex respondeu e, ao ver dos demais, ele parecia ser sincero.

– O QUE?! - Gemma gritou, exclamou e se irritou. Ela pulou em cima de Alex, que era quase o dobro do seu tamanho. - O que há de errado com você? Você estava aqui. Você viu! - ela batia nele agora. Era tapas e arranhões de menininha que mal faziam cóssegas em Alex.

– Gemma, já chega. - Jack gritou com a mesma. - Não acha que já deu seu show por hoje? Nos fez perder tempo em vir aqui. Causou um caos nas pessoas da praia e agora está agredindo o Alex?!

– Eu juro que tinha uma estátua de pé bem ali. Por que ninguém acredita em mim? - ela fez uma pausa dramática enquanto olhava a reação de todos. Stacy e Joshua permaneciam parados, quietos e duvidosos, apenas observando-a. - James...? - perguntou Gemma, em busca de que pelo menos seu noivo acreditasse em sua história.

– Creio que se formos pela floresta podemos achar algumas frutas no caminho de volta. Pelo menos a viagem não vai ter sido em vão. - disse James para os demais, ignorando Gemma por completo.

Eles seguiram floresta adentro por bons minutos. Todos se mantiveram em silêncio e Gemma mantinha-se distanciada do grupo por seus próprios motivos. Jack e Stacy tomavam frente enquanto recolhiam algumas mangas do chão, James e Joshua recolhiam galhos secos para uma possível fogueira para quando voltassem para a praia. Todos continuavam com seu caminho normal, até Jack reparar algo no aparente silêncio.

– Estão ouvindo isso? - ela perguntou, logo silenciando-se novamente. Jack sabia o que estava ouvindo e estava certa que não estava louca como Gemma.

No mesmo instante, todos começaram a perceber o som. Água corrente. Todos se olharam e, por instinto, correram até o som. Os seis sobrevivenetes depararam-se com uma espécie de caverna. Não uma, mas várias. Eram escuras e no meio da floresta, incrivelmente perto do acampamento dos mesmos, o que os fazia ficar boquiabertos pelo fato de nunca terem descoberto isso antes. Tinham um clima refrescante e úmido. Eram rodeadas pela vegetação do local que o faziam ser intimidante e fechado. Em instantes todos estavam observando tudo a sua volta e Jack, como sempre uma observadora nata, reparou em detalhes únicos.

– O que é isso? - sussurrou a médica. Todos estavam muito assustados com o que viam. Os olhos arregalados de Jack demonstravam tamanha surpresa.

– É a casa dos canibais. - Gemma brincou, mas sua voz demonstrava tamanha surpresa como a de qualquer um deles.

Os seis estavam assustados pelo fato daquelas cavernas parecerem uma mini sociedade. A água corrente das pequenas fontes e cachoeiras das cavernas estavam bem distribuídas por uma espécie de duto, algo engenhoso e aparentemente tecnológico, porém, feito de bambu. Mais adentro das cavernas, pequenas espécies de macas ou camas se espalhavam. Duas ou três. Jackeline entrou no lugar impulsivamente. Uma espécie de armário guardava dezenas de medicamentos e objetos em geral. Ela estava pálida.

– O que é isso? - ela repetiu, enquanto observava tudo ao seu redor.

– Parece que alguém já viveu aqui. - comentou James.

– Não alguém... São várias coisas, várias.... camas. - Stacy observou.

– Ao que parece, a sociedade de canibais de Gemma é real. - Alex comentou, sentindo-se mal por ter mentido anteriormente. Ele havia visto a estátua, mas não queria se passar por louco ou odiado junto á Gemma.

– Era. - Jack comentou enquanto saia de uma das cavernas. - Esse lugar foi abandonado. Há muito tempo. Seja lá quem viveu aqui já morreu ou já saiu dessa ilha. O lugar está abandonado.

– Poltronas de avião... - comentou Alex. - eles com certeza não eram canibais.

Gemma ainda estava muito irritada com Alex. Ela sabia que ele tinha visto a estátua do pé, só não assumia isso.

– Uma pequena sociedade... Um abrigo. Tem seu charme. - disse Stacy enquanto observava o resto dos objetos que via.

– Já vai escurecer, temos que voltar pra casa. - Joshua se preocupava com a segurança de todos, inclusive a de sua esposa.

– Essas cavernas são abrigos naturais... - Jack observava.

– O que está querendo dizer com isso, Jack? - James não estava entendendo o interesse da médica naquilo tudo. Jack olhou James nos olhos com um sorriso um tanto estranho, apenas pronunciando poucas palavras.

– É hora de nos mudarmos.


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