Lost: Redemption Island 1ª Temporada escrita por Swan


Capítulo 5
Assombrações




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Jackeline estava exausta. Mal se lembrara da última vez que havia fechado seus olhos para mais que uma hora de sono. As constantes brigas entre os sobreviventes a deixavam com os nervos á flor da pele, fora o fato de ter que aturar Gemma com ciúmes inexistentes entre ela e James e também o mínimo fato de que estava se recuperando de pontos do que chamaria de uma cirurgia de emergência, porém aquilo não podia ser chamado de procedimento cirúrgico.

Por incrível que pareça, apenas alguns dias após os pontos de James, a ferida estava cicatrizando bem. Jack se impressionava com o fato de Jack Daniel's ser bem efetivo em relação á não infecção de ferimentos, porém, algo ainda a preocupava. Sabia onde o estilhaço havia a cortado, o corte próximo ao seu útero era profundo e exposto. Uma das coisas que jamais tirava da cabeça era o fato de, provavelmente, nunca ser mãe depois daquilo. Não era uma coisa que ela pensava constantemente, mas é um desejo futuro. Ou era.

Jack corria mata adentro, sem rumo, apenas querendo esvaziar sua cabeça de todas as brigas e todos os conflitos que circulavam na ilha naquele momento. Ela podia sentir as folhas das árvores batendo em seu rosto, sua garganta seca deixava sua voz rouca e sua respiração ofegante. Ela pisava em diferentes tipos de solo, mas o mesmo estava um pouco seco. Deduziu que não chovia naquela ilha há um bom tempo. Tudo que Jackeline via eram árvores, árvores de longo porte por todo o lugar. Havia outro tipo de vegetação desconhecida típica de ilhas tropicais.

A médica estava exausta, logo parou para recuperar seu fôlego, mas uma voz doce e infantil ocupou seus ouvidos.

– Olá, doutora Swan. - disse um menino pálido, sem cabelo algum em sua cabeça. Ele vestia roupas hospitalares e ainda tinha marcas de acessos em seus pulsos. Jack piscou duas vezes ao observa-lo parado em sua frente, na ilha.

– Alucinações, possíveis alucinações por causa da desidratação e falta de sono... - Jack conversava com si mesma enquanto andava em círculos. Não se assustou com a imagem do menino, mas não estava se sentindo bem com aquilo. - Volte à praia, Jack. - murmurou para si mesma.

– Não, não volte. - o menino implorava e se aproximava dela. Não usava sapatos, seus dedos dos pés eram tão brancos quanto o resto do corpo, sua estrutura magra e fraca era de aterrorizar alguém. Jack continuou ignorando-o enquanto andava em círculos. Suas mãos em sua testa mostravam um sinal de preocupação.

– Não volte, Jackeline. - um homem alto, moreno e bonito apareceu atrás de Jack. Ela parecia pálida. O rapaz vestia um terno caro, parecia ter uns 30 anos. Tinha olhos de uma cor bela e peculiar, talvez uma mistura entre as cores verde e azul, era uma cor única e bela. Seus sapatos caros de couro pisavam no chão da ilha, a areia terrosa da floresta grudava em baixo dos seus sapatos e isso parecia deixa-lo desconfortável

– Como... - ela perguntava-se. Jackeline estava confusa, tentava buscar uma opinião concreta sobre aquilo. - Quase cinco dias sem água, um ferimento perigoso, perda de sangue excessiva, mudança na dieta habitual, calor extremo... Alucinações, apenas alucinações.

Ambos, o menino e o homem, se olharam e no mesmo momento correram na mesma direção. Instantaneamente Jack correu atrás dos dois, sem pensar duas vezes onde estava indo.

Depois do pequeno discurso de Jack, as coisas se acalmaram um pouco entre Charlie e Gemma. Charlotte tentava cortar suas unhas do pé em uma pedra, perto do litoral da praia. O horizonte banhado pelo mar parecia acalma-la. Clint, como sempre, estava atrás dela em uma posição estranhamente formal. Todos na ilha perguntavam-se se os dois eram um casal, mas ninguém tinha contato com eles, exceto o pequeno grupo o qual anteriormente saíram juntos.

Gemma, pelo contrário, estava sentada na areia, tentando meditar, mas era algo impossível, aparentemente. James sabia como controlar sua "quase noiva" e Clint, obviamente, tinha Charlotte em seus melhores portes quando tentava. Gemma evitou discutir com James. Ela gostava do parceiro, mas não sentia que ele era o Josh de sua Stacy. Toda vez que olhava para o casal apaixonado ela sentia inveja e todos conseguiam perceber isso, inclusive James. Ela sabia que seu futuro casamento com James era armado mas, no fundo, gostava de se gabar pelas empresas e posses que ele tinha. Era o ponto alto de seus chás da tarde com as amigas. Gemma tinha muito do que se gabar, jóias, dinheiro e diamantes á mercê. Foi namorada de curta data do Príncipe George de Cambridge, o que era um "up" a mais em seu currículo de vida. Adorava gabar-se de tudo, mas ela sabia que, na verdade, não tinha nada.

O fato de ter se formado um grupo especial de heróis no meio dos sobreviventes deixava Gemma furiosa, expressivamente furiosa. Sentia-se excluída e indesejada, como se não fosse importante naquele meio. Sua meditação não serviu para nada. O modo como descobriu a notícia de possíveis habitantes nativos da ilha deixou-a incompreensível em relação à reação dos outros sobreviventes. Ela simplesmente não conseguia entender como aquilo poderia ser algo ruim. Podiam ser nativos, mas talvez tivessem algum tipo de contato com o mundo exterior, como se fossem uma pequena ilha do pacífico, mas ainda assim, civilizados.

A loira não conseguia tirar a raiva de sua mente. Levantou do lugar que estava e caminhou um pouco mais á oeste da ilha, longe de todos. O som das ondas do mar fez ela se acalmar um pouco, mas mesmo assim, ainda sentia-se revoltada com o fato de não ser incluída em tudo que aquele grupinho fazia.

Cerca de 10 minutos de caminhada á leste, encontrou uma praia vazia, sem sobreviventes, sem destroços e sem barulho algum. Aquele parecia ser um lugar o qual ela conseguiria relaxar. Ainda assim, sentia-se mal. Sentou-se na areia com toda força, logo bufando. Alex, o loiro bronzeado e musculoso, sempre silencioso entre os sobreviventes, "lia" uma revista pornô próximo a um tronco e logo se incomodou com a presença de Gemma.

– Docinho, toma cuidado. - ele dizia, sem tirar os olhos do que lia.

– Com o que? - Gemma parecia assustada, pensava que era a única naquele lado da ilha, mas aparentemente, aquele já era o refúgio de alguém. Reconheceu Alex Norwell de cara, sabia que ele era o mais calado de todos e apreciava a calma dele mediante a todo desespero da ilha.

– Não pode expressar que está perdendo seu namoradinho pra Doutora Amor desse jeito. Vai virar notícia número um na internet da ilha.

Gemma levantou-se bruscamente no mesmo instante, avançando em cima de Alex com toda sua brutalidade. Pegou a revista que o loiro lia, rasgando-a em mil pedaços sem dizer uma palavra. Alex riu alto, aplaudindo.

– Muito bem, sabia que por trás de uma baixinha sempre tem uma fogosa... - ele aproximava-se dela, mas logo foi surpreendido por um tapa no rosto. - Hmm, adoro agressivas. - levou outro tapa logo em seguida, mas tudo que fez foi rir. - Não sabia que a doutora e o seu namoradinho a deixaria assim.

– Não é isso que me deixa estressada. - Gemma sentou-se no tronco que Alex estava sentado anteriormente, o loiro acompanhou-a. Ela estava incomodada com sua presença. Alex era sujo, em todos os sentidos.

– O que a deixa assim então, docinho? - ele parecia curioso.

– Quer saber? Vou lhe contar e não ligo pro que o James ou Jack, ou o clubinho dos cinco deles vão dizer.

– Clubinho dos cinco?

– Jack, James, Charlotte, Clint e o policialzinho de cidade pequena, Joshua. - ela parecia indignada.

– Mas olha só. Nem pensaram em me convidar pra festa. - ele ria histericamente da reação da loira baixinha.

– O meu ódio não é por isso. - ela o fuzilava com os olhos.

– É pelo que então, coração? - ele fazia expressões únicas, típica de um cara que gostaria de conquistar 200 das 100 de uma balada.

– Há... - ela olhou ao redor para certificar-se que estavam sozinhos. Aparentemente aquele lugar era pra ser só seu, mas Alex encontrara-o primeiro. Além dos dois, não havia ninguém ali. - Há outras pessoas nessa ilha. Bom, não de verdade... Ninguém nunca as viu...

– Está se drogando, loirinha? - ele não engolia uma palavra do que ela dizia.

– Lembra-se quando o Clubinho dos 5 saiu em missão com a coreana e a indiana?

– Iraquiana.

– Eles contaram a todos uma grande mentira. - ela soltou a verdade, sentindo-se aliviada em fim.

Alex estava muito mais interessado agora. Ele aproximou-se dela, sem segundas intenções e lhe deu sua total atenção.

– Jack ficou aqui, não sabia de nada, mas eles contaram tudo pra ela depois. Se eles contaram pro resto do grupo? Não, não contaram. Aparentemente Jack é mais importante que todos nós...

– E como você sabe disso então, Barbie? - ele ainda tinha um pouco de desconfiança na história da loira.

– Porque eu estava escutando atrás das paredes... Ou atrás das ávores. De qualquer modo... James e Joshua foram procurar comida, Charlotte e Clint fizeram acapamento e as panteras foram sozinhas em busca do sinal.

– Disso todos sabem. - Alex revirou os olhos.

– O que ninguém sabe é o que eles acharam... Charlotte se machucou porque se assustou ao ver um cadáver no chão. Daqueles bem....

– Mortos? - ele perguntou.

– E não é só isso. - ela deu uma pausa e logo continuou. - Eles também ficaram presos em uma armadilha. Feita com uma rede com fios podres, aparentemente bem antiga, o que faz o fato de que não pode ter sido feita por um de nós.

– Está tentando me dizer que haviam pessoas aqui antes de nós? - ele pareca confuso.

– Ou ainda há. - ela sorria estranhamente.

– Loucuras.

– Loucuras ou não, eu não quero ser mais uma ninguém no meio deles. Eu quero achar essas pessoas antes deles, Alex. Jack já surtou e saiu sem rumo em meio a floresta, acha que ela foi passear pra esvaziar a mente? Mas é claro que não. Ela foi em busca de fama e glória procurar essas outras pessoas. Ela se acha esperta, Alex. Mas eis a verdade: sou tão esperta quanto ela.

– Vocês são todos lou... - Alex não teve tempo de completar sua frase, já podia ver a baixinha longe, mata adentro e sem rumo certo. Gemma estava cansada de parecer louca ou uma ninguém. Ia procurar essas outras pessoas agora e ninguém ia impedi-la disso. No mesmo momento Alex levantou-se e foi atrás dela. Puxou-a por um braço, logo parando-a. - Onde pensa que vai?

– Eu vou achar os nativos e pedir ajuda antes que a Jack os ache. - Gemma parecia convicta.

– É mesmo, Super Girl? E onde esses nativos estão? Sabe o endereço da casa deles? - Alex era sarcástico constantemente, mas ele não era louco de deixar uma jovem desnorteada e brava correr floresta a fora sem rumo.

– Estou planejando em procurar. - ela soltou seu braço das mãos grossas de Alex e voltou com sua caminhada sem rumo.

Alex estava sem camisa, pegando seu bronzeado natural em mais um dia naquela ilha. "Lia" sua revista pornô sem ser incomodado. Nunca havia falado com Gemma antes, nem trocado olhares, mas sabia que não era o certo a se fazer deixando uma mulher indefesa como ela sozinha e sem rumo naquela floresta. Ele foi atrás dela, sem pensar duas vezes.

– Tem algo muito estranho acontecendo aqui. - concluiu Stacy, que estava abraçada a seu marido, Joshua. - Jack sai sem rumo por aí, logo em seguida Gemma e aquele cara estranho somem. Há algo estranho.

– Me desculpe, mas acho que a herdeira de bijuterias se cansou do, literalmente, "Jackass" do namoradinho dela e resolveu se aventurar no mato com o gigolô. - comentou Charlotte, já andando depois de seu ferimento de bambu. O dia já estava se pondo e a ausência de alguns sobreviventes incomodava alguns.

– Como chama uma pessoa de gigolô assim? - Stacy parecia perplexa.

– Porque essa é a profissão dele, professora. - Charlie dava um sorrisinho sem graça para Stacy. Ela não era de fazer amizades.

– Mas isso não é uma opção. Gemma gosta e respeita o James. Ela não sairia assim sem avisa-lo, ainda mais com um gigolô. - dizia Joshua, tentando acalmar seu novo amigo. Ele dava batidinhas no ombro de James. Gostava do rapaz que conhecera a pouco menos de 5 dias. Sua aventura na floresta deixou-os conectados e aquilo havia criado um bom laço entre os dois.

James observava toda conversa em silêncio. Estava preocupado com Gemma, mas também se preocupava muito mais com Jack e isso deixava-o confuso.

– Talvez ela apenas não saiba com que ela foi dar um passeio no bosque...- Charlie, se intrometeu novamente.

Vários sobreviventes se encaravam de modo questionável. Haviam três membros desaparecidos, sem contar com Kwon e Seraphine que saíram em busca de sinal.

– Temos que colocar ordem nesse lugar, essa é minha opinião. - Charlie continuou a falar.

– Vocês querem ordem? Ótimo, vamos por as coisas em ordem. - Joshua se estressou, largando Stacy dos braços e colocando-se ao meio da discussão. - Jack discutiu com vocês duas... - disse enquanto apontava para Charlotte e procurava Gemma, mas lembrou que ela também estava sumida. - Bom... Com Gemma e Charlotte... E simplesmente entrou na floresta e sumiu. Provavelmente foi dar um passeio e deve voltar até a noite. Gemma e.... Como é o nome dele? - ele parecia confuso.

– Alex... - disse Charlie. Seu tom de voz tinha um certo prazer ao lembrar-se da noite que tivera com o gigolô antes do naufrágio.

– Alex... Gemma e Alex estão sumidos desde o começo de tarde e Seraphine e Kwon ainda estão perdidas em busca de sinal. Isso é tudo. Apenas isso.

– Me desculpe, não estou acompanhando... - disse Stacy.

– Eles estão sumidos. Ponto final. Jack sabe voltar, então não há porque se preocupar com ela, fora o fato de que ela saiu porque quis, o contrário de Gemma e Alex. Já pararam pra pensar que talvez Gemma tenha se irritado com o universo e saiu para uma caminhada e Alex, sem motivo algum, também foi, separadamente?

– Ok, Sherlock Holmes. Mas e as panteras que ainda estão sumidas? Elas deviam ter voltado há, pelo menos, dois dias. Qual é sua explicação pra isso? - Charlie estava sendo extremamente sarcástica e não queria mais participar daquela discussão.

– Elas devem voltar até o amanhecer. Se não voltarem até o amanhecer de amanhã, iremos atrás delas, como combinado. - lembrou Joshua.

– Mas por que Gemma não voltou ainda? E Alex? Se foi só um passeio eles deviam estar de volta. Já é noite. - Charlie não engolia nenhuma história. - Não é como se eles fossem comidos por algum bicho ou algum nativo canibal por aí, é? - ela revirou os olhos, brincando, mas logo ela trocou olhares com James, Clint e Joshua, preocupados.

– Pessoal, é hora de descansar. Se os que sumiram hoje não voltarem até amanhã, nós iremos os procurar. Chega por hoje. - concluiu Joshua.

Já passaram boas cinco horas desde o anoitecer. Os sobreviventes reuniam-se em suas "barracas" improvisadas com alguns botes e destroços que foram trazidos de volta para a costa. As barracas eram o mais simples possível. Tinha estrutura precária que, na primeira ventania, derrubaria todas em efeito dominó. Destrossos cobriam o teto, que era sustentado por vigas e bambus. Haviam cinco dessas, que eram divididas por vários sobreviventes como um abrigo a noite.

Não ouvia-se um barulho sequer os passos de James, que estava preocupado com todos que sumiram na tarde anterior. O desaparecimento de sua quase noiva Gemma e sua amiga Jack o deixava louco. Ele sabia que se preocupava muito mais com Jack e se sentia mal por isso. Saiu a noite, quase amanhecendo, sem levar nenhum tipo de comida ou bebida. Estava exausto e sedento como todos na ilha.

Há exatos cinco dias eles naufragaram ali e todo líquido que consumiram veio dos poucos frascos de sucos que voltaram com a maré e o líquido em alimentos como peixes e frutas. James suspeitava que todos que sumiram, acabaram desidratando-se e desmaiando por aí, inclusive Jack, que estava ferida.

James seguiu o mesmo caminho que Jack seguira um pouco mais cedo. Conseguiu seguir sua trilha, mas em um momento, parecia que ela estava andando em círculos. Felizmente ele agradeceu pelos 5 anos que passou como escoteiro quando criança, logo percebendo onde a trilha de Jack estava indo. Andou floresta adentro por mais meia hora até achar o corpo de Jack caído no chão, perto de uma pedra. Na verdade, ela parecia estar descansando e fazendo a pedra de travesseiro, mas o desespero de James não o fez perceber isso.

– Jack! - ele gritou enquanto pegava a morena em seus braços. - Jack? Jack?! - ele gritava enquanto dava leves batidinhas em seu rosto. No mesmo instante, Jack acordou do que parecia um breve cochilo. Ela olhou-o, assustada, logo levantando.

– O que está fazendo aqui? - ela estava confusa. Olhou ao redor e tentou se lembrar de todo seu percurso.

– Eu... vim te resgatar. - ele parecia estranho com suas palavras. Jack franziu a testa.

– Não preciso de resgate. - ela parecia preocupada com outra coisa.

– Não? Então quer me dizer que sabe como voltar para praia? - James cruzou seus braços enquanto observava a mulher desnorteada. Jack ouvira um barulho, como alguém pisando em folhas. Olhou para todos os lados mas não conseguia ver ninguém.

"Aqui em cima", ela ouviu, logo percebendo o menininho que tinha visto mais cedo pendurado em uma árvore, logo se jogando no chão.

– Ei! - Jack gritou, desesperada, logo correndo na direção do menino, que se levantou e correu com um rumo pela floresta. Jack, obviamente correu atrás dele. James não entendia nada do que estava acontecendo, não podia ver as alucinações de Jack, mas certamente sabia que tinha algo de errado. No mesmo momento, saiu atrás da médica enquanto ela corria para algum lugar. Depois de breves minutos de caminhada, James puxou Jack pelo braço ao observar a beirada de um penhasco o qual, Jack aparentemente ia cair.

– Jack? Você é sonambula? Jack, você quase caiu de um penhasco. O que está acontecendo? - James sacudia a jovem enquanto falava com a mesma.

Naquele momento, de repente, Jack começou a chorar. Era um choro forte, do tipo de choro que seu rosto ficava vermelho, suas lágrimas caiam por todo rosto, ela chorava de modo intenso e interminável. James afagou seus cabelos e teve o rosto dela em seu peito, o que deixava sua camisa completamente molhada.

– O que...? - ele perguntava-se.

Ela suspirou, tentando segurar o choro mas logo soluçou. Olhou para James, que agora observava seus olhos ficarem vermelhos.

– Quando eu estava em meu segundo ano como interna, tive que passar pela área oncológica. Eu conseguia lidar com tudo, aquilo não era tão difícil quanto meu tempo na área cirurgica... - Jack tentava falar enquanto soluçava. - Uns meses depois, descobrimos que meu irmão Ted estava com câncer. Ele tinha um tumor do cérebro, dos terminais e estava se espalhando. Teddy tinha 8 anos. Era meu irmão mais novo e eu o amava. Perdi Teddy meses depois que descobrimos o tumor. Anos depois, em minha residência, ocorreu um acidente de carro que trouxe um menino de 10 anos em tratamento de quimioterapia. Seus ferimentos não eram tão graves, mas... - ela começou a chorar de novo, continuando sua história. - Mas ele precisava de cirurgia. Quando ele estava em minha mesa, eu fiz algo errado. Ele morreu porque eu cometi um erro, James. E eu nunca contei isso pra ninguém. - ela parecia aliviada, mas magoada. Ainda chorava um pouco, mas agora se tornara algo controlável.

– Eu... Eu sinto muito. - começou James. - Mas não entendo porque está me contando isso agora...

– Porque estou vendo esse menino logo atrás de você. - disse ela enquanto observava o olhar de terror nos olhos de James. O rapaz virou-se sutilmente, olhando o penhasco, mas não vendo ninguém. Não ousou ver o que tinha embaixo daquele penhasco.

James ignorou o modo como tudo aquilo parecia ilusão de Jack. Ele realmente não conseguia entender como alguém tão sã, inteligente e madura como Jack podia estar vendo aquilo. Até ele ver. Um menino com aparência muito doentia estava parado a beira do penhasco. A cor de James mudou instantaneamente. Ele deu alguns passos para tras, atordoado. Ele sabia que aquilo era real e que estava acontecendo em frente a ele.

O menino acenou, como se estivesse chamando Jackeline e, sem pensar, a morena começou a andar para frente.

– O que está fazendo? - James quase gritava.

A imagem do menino continuava chamando-a, até que o mesmo pulou do penhasco e, instantaneamente, sem pensar e sem cogitar em usar um pingo de razão, Jackeline pulou atrás dele.

– Jack! - James gritou, correndo até a beira do penhasco.

Na parte mais baixa havia uma cachoeira. A beirada do penhasco era composta por um relevo provavelmente fraco, que deslizaria caso uma tempestade forte ocorresse. Mais a leste havia a fonte a qual uma cachoeira jorrava água até um lago, na parte mais funda do penhasco, onde Jack estava boiando agora. A médica ria da situação, menos despreocupada com vultos ou com qualquer outra coisa. James pulou junto, rindo juntamente com ela.

Naquele momento o Sol já coloria a atmosfera com um tom de laranja irreconhecível e belo. Ambos voltaram ao acampamento na praia em plena luz do dia e extremamente molhados. Haviam algumas frutas e água de coco que alguns sobreviventes dividiam. Ao verem Jack, todos correram em seu encontro.


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