Lost: Redemption Island 1ª Temporada escrita por Swan


Capítulo 4
Presos em uma rede




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Tudo que podia se ouvir eram os passos de Clint. O rapaz corria desesperadamente, amassando todas as folhas no chão. Sentia necessidade de respirar, mas não tinha tempo pra isso. O grito de Charlie ecoou em seus pensamentos por quase uma hora. A noite já caíra e ele ainda não tinha a achado, o que causava-o ainda mais desespero e medo pelo que teria acontecido com a garota.

Ele havia circulado por todo o perímetro da floresta de bambus, mais adiante próximo das montanhas e mesmo assim não a achava. Continou correndo, sem rumo e sem pausa por mais alguns minutos até ser parado quando tropeçou em algo, caindo no meio de alguns bambus e uma poça de sangue. Levantou sua cabeça e pela nova visão de ângulo, via Charlotte caída. Suspirou de alívio por acha-la, mas voltou a preocupar-se quando viu a grande quantidade de sangue que ela havia perdido. Estava desacordada, mas ferida. Sua batata da perna estava atravessada por um pedaço afiado de bambu. Não era grande, mas podia infeccionar e causar um problema.

Clint sabia que tinha que tirar o pedaço de bambu, mas não queria machucar a garota, não mais do que já estava machucada. Sem pensar ou esperar, puxou o pedaço de bambu da perna de Charlie, que acordou no mesmo instante enquanto gritava novamente. Clint a olhou com certa dor, deixando de perceber que ao tirar o pedaço de bambu, a perna dela voltou a jorrar sangue. Ele pensou que talvez seria bom se Jack tivesse vindo.

– Clint! - gritou ela enquanto segurava o rosto do rapaz com ambas as mãos , que estavam sujas de sangue.

– Me desculpe. - ele parecia atordoado e congelou. Sabia que tinha que parar o sangue, mas não conseguia agir de maneira nenhuma.

– Não! Não é isso. Olhe para lá. - dizia ela enquanto virava o rosto de Clint para trás. O rapaz se deparou com o corpo o qual ele aparentemente tinha tropeçado e não percebera. Aquilo era um cadáver humano e provavelmente estava ali antes deles.

Os dois se olharam por um instante. O medo no olhar de ambos era intenso.

– Me tira daqui. - gritou Charlie, instantaneamente sendo pega nos braços de Clint. O loiro correu com a morena em seus colos para o mais longe dali. A perna dela ainda sangrava e deixava um pequeno rastro.

Os dois seguiam sem direção. Clint não conseguiria correr mais do que isso com a garota no colo. Na verdade, não sabia bem para onde estava correndo e sabia que tinha que parar o sangramento da perna dela a qualquer momento.

Ele corria e pisava em várias folhas. Ouviu-se um clique. Folhas não fazem "click".

No mesmo instante, os pés de Clint pisaram em uma espécie de armadilha, que desencadeou uma série de eventos e cordas sendo puxadas. Uma rede caiu sobre os dois, logo prendendo-os e erguendo-os no ar.

– Puta que pariu! - gritou Charlotte.

A rede apertou os dois um contra o outro. O espaço era minúsculo e a perna de Charlotte não parava de sangrar. No mesmo instante, Clint levou suas mãos até o cinto de sua calça, tirando-o.

– O que está fazendo? - Charlie estava assustada.

– Um torniquete. - ele parecia despreocupado no momento. Ajustou o cinto na perna de Charlie e logo o sangramento estancava. Charlie observava em silêncio, olhando para a rede e toda estrutura da possível "armadilha".

– O que é isso? - ela perguntou, curiosa.

– Um torniquete é uma espécie de curati...

– Não isso, idiota. - ela o cortou. - Isso. - disse enquanto apontava para a rede, seus mecanismos e diferentes tipos de nós.

Os dois se encararam por um longo tempo. Ambos estavam morrendo de medo de quem poderia ter colocado a rede ali. Tinham medo do cadáver que viram e tinham medo dos outros sobreviventes entrarem em contato com o resgate e eles continuarem presos naquela rede para sempre.

– Eles vão vir, você sabe. - Clint tentou puxar assunto depois de horas tentando desfazer a armadilha.

– Ninguém está vindo. - Charlie parecia emburrada.

– Não seja ingênua, o mundo inteiro viria até aqui pra te resgatar.

Ela não o respondeu.

– Ainda está magoada pelo que disse antes, não é? - ele insistiu.

– Talvez.

– Me desculpe.

Ela o ignorou por alguns minutos até cair no sono nos braços dele. Pelos cálculos de Clint, o amanhecer estava a poucas horas de acontecer. Não fechou os olhos por um segundo enquanto esperava alguém aparecer ali e tira-los daquela rede.

O dia amanheceu claro e úmido. Joshua e James acordaram juntamente com o Sol e esperaram uma hora para alguém aparecer.

Ninguém voltou para o ponto marcado, na floresta de bambus. Não havia nenhum sinal de Seraphine ou Kwon. Charlotte e Clint, que deveriam ter passado a noite ali, não apareceram. James e Joshua continuaram com seu caminho rumo á praia. Estavam preocupados com o que tinha acontecido com os outros. Não voltavam com nada a mais em suas malas sem ser poucas, talvez 30 mangas que conseguiram achar.

– Será que aconteceu alguma coisa com eles? - perguntou Joshua, totalmente ingênuo e preocupado.

– Eles provavelmente encontraram algum motivo pra voltar pra praia mais cedo. - respondeu James. - Vamos lá.

Eles permaneceram mais alguns minutos andando floresta afora, em direção à praia até pararem no caminho ao ouvir gritos chamando por seus nomes.

– Você ouviu isso? - perguntou James, virando-se.

– Parecem ser o casal britânico. - respondeu Joshua

– Eles não são um casal, ele trabalha pra ela. - James comentou enquanto ria.

– E como você sabe disso?

– Gemma é britânica e conhece tudo sobre os famosos. - James respondeu, seguindo o som dos gritos.

– Famosos? - Joshua parecia confuso, mas seguia o novo amigo em direção ao som dos dois.

– Não conhece a menina?

– Charlie?

– Sim.

– Não.

– Americanos... - James comentou enquanto ria, mas logo correu junto á Joshua em direção aos gritos.

O som ficava mais alto a medida que se aproximavam. Joshua e James deparam-se com Clint e Charlie presos em uma rede suspensa. Era um tipo de armadilha e, pelas cordas da rede, estava ali há um bom tempo. Os dois aparentavam estar bem, apesar da quantidade de sangue na blusa de Clint e o torniquete improvisado na perna de Charlie.

– What the hell! - exclamou Joshua enquanto coçava a cabeça.

– Vocês estão bem? - James parecia preocupado.

– Estaria melhor se estivesse no chão. - Charlie não suportava mais um minuto naquela rede.

– Como vocês foram parar ai? - Joshua subia em uma árvore e tentava desamarrar a corda que prendia a rede.

– A questão não é como viemos parar aqui... - disse Charlie.

– É quem nos fez ficar presos aqui... - completou James.

Joshua passou bons minutos tentando desamarrar a corda que prendia a rede da árvore, mas, enfim, conseguiu.

O peso do corpo de Clint segurou Charlotte, facilitando a queda para ela. Não se machucaram na queda, mas estavam exaustos por causa da noite passada. Ele seguiram caminho com Joshua e James.

– Let's go to the beach, bitch. - resmungou Charlie enquanto andava com dificuldade. Na maioria do caminho ela teve de se apoiar em Clint para andar. Andava apoiada nele, com seu braço ao redor dos ombros do loiro enquanto o braço do mesmo segurava seu corpo pela cintura. Ela desejou que aquele momento não acabasse e se sentiu estranha por isso.

Infelizmente, para Charlie, eles já estavam de volta á praia.

Algumas pessoas correram para os ver e outros ficaram preocupados com o estado do grupo. Charlie machucada, a camisa de Clint cheia de sangue, os rapazes, Joshua e James, exaustos e a ausência da iraquiana e da coreana. Mesmo assim, muitos pareciam felizes e esperançosos ao vê-los.

Stacy correu para os braços de Joshua quando o viu, dramatizando uma cena típica de cinema. O policial girou sua amada em seus braços e logo beijou-a por um longo tempo.

– Eu senti sua falta, Barbie. - disse Joshua no ouvido de sua esposa.

– Eu sabia que você ia voltar bem. Você sempre volta a salvo, oficial. - ela brincou, beijando-o novamente.

Gemma estava dormindo, mas logo ouviu um barulho vindo das pessoas na praia. Uma das irmãs que estavam perto dela comentou alguma coisa sobre o grupo estar de volta. No mesmo instante ela levantou e correu até a multidão, procurando por James. Ela se sentiu aliviada quando viu seu companheiro a salvo e de volta. Ela sorriu para ele, logo abraçando-o de um modo intenso.

– Ainda não acredito que você está inteiro. - dizia Gemma entre o abraço. - Inteiro e meu, meu James. - ela dizia aquilo de modo meigo, o que ele gostava muito nela quando não estava sendo uma completa vadia em seu comportamento com as outras pessoas.

– Senti sua falta. - disse James enquanto abraçava Gemma, mas olhando diretamente para Jack, que estava em pé junto à multidão. Ela sorriu timidamente para ele, logo saindo do local de modo sutil, voltando para o barco onde guardavam o que tinham nas poucas malas que achavam.

– Eu também senti. - respondeu Gemma.

Naquela manhã, mais coisas chegaram com a maré. O navio tinha afundado, com toda certeza, mas a maré trouxe muita coisa que estava com ele. Algumas portas, mais malas, pedaços de madeira e ferro da parte superior do cruzeiro....

O grupo que ficou na praia ajudou a arrumar uma pequena enfermaria. Viraram um dos botes, formando uma larga superficie onde cabiam até duas pessoas deitadas. Ali, Jack arrumou os remédios e itens mais úteis para emergências como os itens cortantes que as irmãs acharam, assim como algumas bebidas alcoólicas e itens como acetona.

Jack havia percebido que uma, ou talvez duas, pessoas do grupo estavam feridas e achou melhor ir pra onde deveria ficar por mais alguns minutos. Sua ferida no abdomen estava melhor, não suportável para uma longa jornada ou corrida, mas suportável o suficiente para ficar de pé. Alguns minutos depois de serem recebidos por todos, o grupo foi até Charlie, onde se mantinham juntos. Por um momento, até Stacy e Joshua se separaram.

– Oi... pessoal. - Jack estava confusa do porquê o grupo todo foi até ela se não eram todos que estavam machucados.

– Jack... - James se aproximava com cautela enquanto Joshua e Clint colocavam Charlie em cima da maca improvisada que se tornara o bote. - Temos que lhe contar uma coisa antes de conversarmos com o grupo. - ele deu uma longa pausa enquanto Jack avaliava o ferimento e Charlie. - Tudo que falamos para eles é que voltamos mais cedo com algumas mangas e porque Charlie estava ferida, mas Seraphine e Kwon continuaram.

– E não foi isso que aconteceu? - Jack franziu a testa. Ao olhar para o ferimento de Charlie notou que não era tão mal quanto parecia. O bambu, que ainda deixou rastros, não acertou nenhuma veia ou artéria, apenas passou direto pelo músculo. Jack limpou o local com um pouco de Jack Daniel's, logo começando a dar alguns pontos no local.

– Que desperdício de Jack Daniel's. - Charlie queria chorar.

– Jack... - Joshua parecia preocupado. - Decidimos contar essa história ao grupo, mas vamos lhe contar a verdade.

– E por que eu mereço saber de tudo e eles não? - ela estava confusa.

– Porque você salvou metade deles e se preocupa com todos. Você tem que saber da verdade. - insistiu James.

Clint estava ao lado de Charlie sem pronunciar uma palavra, apenas ficava em uma posição formal e certificava-se de que ninguém chegasse perto naquele momento.

– Jack... - James parecia nervoso.

– Droga, mas o que aconteceu? Contem logo. - ela estressou-se, parando com os pontos pela metade.

James inspirou fundo e começou a contar-lhe o que realmente acontecera no percurso deles.

– Decidimos nos separar na metade do caminho. Kwon e Seraphine foram com o rádio para as montanhas. Joshua e eu fomos procurar comida e água enquanto Charlie e Clint ficaram na floresta de bambus para formar acampamento.... - iniciou James.

– Mas tivemos uma pequena discussão e eu fui procurar madeira ou folhas para fazer o acampamento e me separei de Clint. - Charlie falava com dificuldade, sua perna doía.

– Então, um tempo depois, eu ouvi Charlie gritando e corri imediatamente em busca dela. Quando a achei, estava ferida. - Clint respirou fundo ao lembrar do cheiro do sangue de Charlotte. - Havia um cadáver humano, quase totalmente decomposto no chão.

– O que? - Jack estava incrédula.

– Era alguém que já estava aqui antes de nós, Jack. - James tentou ser o mais calmo possível.

– Mas então, quando voltamos ao acampamento, não havia ninguém lá. Nem o casal britânico nem as coreanas/jamaicanas... - disse Joshua

– Iraquiana. - disseram quase todos juntos.

– Certo. Iraquiana. - corrigiu-se Joshua. - Ninguém estava no acampamento, então James e eu voltamos para a praia, mas no caminho encontramos os britânicos presos em uma rede.

– Presos em uma rede? - uma das sobrancelhas de Jack ergueu-se.

– Sim. Era uma armadilha. - James parecia estar se explicando de maneira formal.

– Quem a pôs ali? - ela estava incrédula.

– Não sabemos, mas o que sabemos é que já está ali há muito tempo pelo estado das cordas. - Joshua tentou explicar.

– Jack, o que estamos tentando te dizer é que... - James respirou fundo. O dava calafrios só de pensar naquilo. - Devem haver outras pessoas nessa ilha. Todos se silenciaram por um momento, até o silêncio ser quebrado pela voz de Gemma, que se escondia atrás de uma árvore.

– Vocês enlouqueceram? - exclamou a loira baixinha. - Se há outras pessoas aqui nos devemos procura-las e pedir ajuda. Seja lá qual for esse tipo de civilizaçãozinha de um país de terceiro mundo, talvez uma aldeia ao norte de Fiji, não importa. Temos que pedir ajuda.

– Gemma! O que está fazendo? Você estava ouvindo nossa conversa? - James parecia furioso.

– Você realmente acha que pode esconder de mim os segredinhos que compartilha com o Clube dos 5 e da Doutora Amor? - ela cruzou seus braços.

– Isso é algo importante. Você não pode contar a ninguém, entendeu? - perguntou James, agora ele estava preocupado com a instabilidade do grupo.

– Não entendo como isso pode ser algo ruim. - a loira retrucou.

– Gemma. - Jack levantou-se assim que terminou de fazer um curativo na perna de Charlie, que já conseguia andar melhor. - Você tem noção do que vão se tornar essas pessoas se eles souberem disso? - Jack estava parada frente a frente de Gemma com uma distância um pouco desconfortável.

– Esperançosos? - perguntou Gemma, inocentemente.

– Não. Desesperados. Desesperados porque podem saber que há outras pessoas aqui que podem a qualquer momento vir aqui e fazer mal á qualquer um deles. Um caos total, um contra o outro, um com opinião diferente do outro em relação ao que fazer em relação á isso. Por ora, até sabermos o que dizer á eles, vamos contar a história inicial: as meninas continuaram a jornada em busca do sinal.

– E se elas não voltarem até o amanhecer do dia de amanhã, iremos atrás delas e ver se tem ou não outras pessoas nessa ilha. - concluiu James.

– E o resgate? - perguntou Gemma.

– Esse é seu papel na história, princesa dos diamantes. - disse Charlie. - Você fica aqui e espera. Se voltarem, diga que há outras pessoas fora.

– E eu assumo que você esteja indo em uma nova aventura, princesa da cachaça? - retrucou Gemma.

– Me desculpe? - Clint se intrometeu, ficando a frente de Charlie assim que Gemma a insultou.

– Droga, Clint. Sai da minha frente, eu consigo lidar com uma briguinha de bar típica com uma vadia loira baixinha. - Charlie parecia agressiva.

– Gemma! - James parecia amedrontado de alguma forma, como se Gemma não devesse ter comentado tamanho insulto.

– O que está esperando, oxigenada? - Charlie abriu os braços como se estivesse convidando Gemma a um duelo.

As duas se encararam por um breve momento até partirem uma para cima da outra. Rolaram pela areia enquanto arrancavam o cabelo uma da outra. Mechas castanhas e loiras estavam espalhadas pela areia da praia. As duas inglesas continuaram rolando pela areia até para na beira da praia, onde uma onda pegou as mesmas. James e Clint foram rápidos ao segura-las.

– Já chega. - Jack gritou. - Qual é o problema de vocês? - Ela parecia exausta. - Vocês realmente querem brigar pra saber quem é a princesa da cachaça ou dos diamantes? Ótimo, briguem. Mas façam isso na terra de vocês, porque nessa ilha, não toleramos isso. Só tentamos sobreviver aqui e se vocês não conseguem fazer isso sem perder a mínima dignidade que parecem ter, peguem um bote desses e naveguem sem rumo por aí. - Jack irritou-se, logo saindo do local e andado em direção á parte leste da praia.


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