Avatar - A Lenda de Asuz escrita por Hyrohn


Capítulo 4
Capítulo 04 -Travessia.


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao fim dessa historia!



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Eu sou o fruto da loucura. Nada sei que ele já não saiba, mas apenas pensa não saber e acredita em minha utilidade, bem como minha existência. Sou invisível perante os olhos de quem não pode enxergar e entender no mais fundo âmago o que se passa em sua mente.

– ?

Uma mulher corria pelas ruelas estreitas e onduladas de Shikara. Estava sendo perseguida por quatro homens de cartola, um deles tentando abotoar as calças.

Aos poucos ela foi criando vantagem, estava acostumada a fugir, e nem se deu conta de onde foi parar. Estava bem próxima a Opirus, e seu perfume lhe atraia. “É bobagem relembrar o passado” pensou. Mas mesmo assim deitou-se ao pé da arvore magnifica e observou as nuvens.

“O mundo mudou. Nada está mais como naquele tempo”.

Devagarinho seus olhos foram ficando pesados e Penora adormeceu.

Cerca de dez minutos depois, foi encontrada pelos mesmos homens que a perseguia pouco atrás.

– Essa desgraçada! – falou um deles.

Ele aproximou-se e com uma corda amarrou seus pulsos e suas canelas ao tronco da arvore de modo que escapar seria impossível. Depois disso deu tapas no rosto da mulher e os outros três rapazes a rodearam.

– Acho que você ainda me deve um servicinho, garota – falou puxando o queixo de Penora.

– Vá pro inferno!

Os homens riram.

– Acho que não sabe quem somos. Pertencemos ao grupo dos escolhidos – e levantou a manga da camisa revelando uma extensa tatuagem em forma de iguana.

– Isso quer dizer que temos permissão para fazermos o que quisermos, nós somos a lei.

– Eu sei quem vocês são. E é por isso que os roubei – rebateu a mulher amarrada.

O homem socou a arvore.

– Escuta aqui, não estou brincando. Quero minha chave, sua megera.

Penora se negou a falar mais.

– Vamos nos divertir, rapazes. Talvez assim ela abra a boca.

Nesse momento o chão onde estavam cedeu. Penora por estar amarrada não caiu no buraco, o que a salvou da morte, pois logo em seguida o buraco foi preenchido por magma e os homens nem tempo tiveram para gritar de dor.

– Ora, ora. Não é assim que se trata uma mulher, não é mesmo Kripp?

Um homem surgiu de cima da arvore e pulou, aterrissando levemente no chão. Sua aparência era terrível. Cicatrizes grosseiras se encontravam ao redor de todo o corpo. Seus olhos eram de um azul intenso, como se fosse robótico e o cabelo era negro, parecido com uma moita. Da mão pendia uma corrente de ferro e na outra mão estava um buraco.

Nenhuns dos dois foram capazes de se reconhecer, ambos haviam mudado demais.

– Irei tirá-la dai.

Penora estava assustada. A maioria das pessoas ficam agradecidas com seus salvadores, mas não naquela ocasião.

Asuz se ajoelhou cochichou alguma coisa. Depois disso saiu andando em direção ao centro.

– Espere! Quem é você? – falou Penora abatida – acho que o conheço de algum lugar.

– Deve estar se confundindo, moça. Eu não me pareço com ninguém deste mundo.

E Asuz partiu. Mas na verdade sentia que algo o conectava aquela mulher, mas não importava, só queria estar longe dela, pois ela cheirava a luxuria e se fosse tomado por seu perfume perderia tudo. Ele tinha que manter o foco em seu objetivo.

Pouco tempo de caminhada encontrou um pequeno vilarejo e logo atrás dele umas amontoações rochosas onde o seu lobo o aguardava.

– Tem certeza que é aqui?

O lobo fez que sim com a cabeça, mas o homem ao lado pensou que o homem a sua frente falava com ele e se interpôs.

– Quem diabos é você? Pode ir dando meia volta, ninguém pode entrar aqui.

O lobo graniu, mas Asuz o acalmou.

– Calma, não precisamos mata-lo, não se esqueça de que só temos um dia de vida. Irei fazer um ataque direto e chamar a atenção do Kyromaggu’s e acabar com ele. Esse homem, posso ver que no fundo já está amedrontado só por minha forma – e aos poucos foi liberando uma energia negra e disforme – se visse como eu realmente sou, iria desmaiar com certeza.

O guardião do submundo desmaiou. Ali seria o inicio da ultima batalha, onde não importava o que acontecesse, ele já sabia o resultado.

Para quem não sabe o segredo, aquele lugar é apenas uma caverna absolutamente normal. Mas para quem possui os olhos como de Asuz sabia exatamente o que era ali. Seguiu seu caminho até que se deparou com o final da caverna, era ali que o submundo residia.

Existem três maneiras de se entrar. Com o preço de sangue, o preço da dobra ou o preço do auto sacrifício. É exatamente a mesma coisa para se entrar no mundo espiritual. Na verdade o pedágio é necessário para se atravessar os planos.

Joras estava sendo manipulado por Kyromaggu’s a fazer Asuz pagar o preço do auto sacrifício, mas o governante, mesmo tendo sua mulher como refém, fez o avatar pagar o preço da dobra e perdeu seus poderes, porem com a possibilidade de ficar mais forte no mundo espiritual. No entanto ao retornar é preciso pagar a taxa novamente e tudo o que se aprende é perdido, pois sua consciência não pertence a esse plano. É basicamente um imposto, é impossível sair ganhando.

Todavia é possível negociar. Asuz pagou o sacrifício próprio. Geralmente se paga com uma parte do corpo, mas ele entregou inteiramente a sua vida, mas com uma condição. Ele viveria mais um único dia, sendo capaz de atravessar os planos livremente e com sua consciência de cada mundo no mesmo ser. Normalmente não se pode ter uma divida tão alta, mas no caso do avatar... Ele é valioso demais, suas vidas passadas estão conectadas e isso fez com que esse acordo fosse possível.

A parede da caverna tornou-se fina como areia e permitiu a passagem de Asuz. Ali dentro o mundo era quente. Tudo tinha tons avermelhados e apenas um caminho havia a sua frente. Correu e correu até encontrar edificações, das quais condensou o ar em torno delas e esmagou os prédios. Não sentiu sinal de vida em parte alguma, então saiu destruindo o que via pelo caminho.

– Não pensei que apareceria aqui. Depois de anos o procurando.

– Kyromaggu’s!

A figura era negra e um capuz cobria suas costas extremamente elevadas, como se levasse algo nelas. Tinha um cetro em suas mãos e o seu sorriso era vermelho seco.

– Veio atrás de seus pa...

Asuz se moveu rapidamente e lhe acertou com a mão enluvada por fogo. Logo em seguida aumentou a pressão do ar, fazendo o inimigo permanecer no chão. Jogou sua corrente e a dobrou, aprisionando completamente o desordeiro.

Mas ele virou fumaça e desapareceu. Imediatamente Asuz pulou.

– Que esperto. Se tivesse ficado no chão, iria apunhala-lo.

Kyrommaggu’s ressurgiu das sombras do avatar.

– Voce quer encontrar seus pais, garoto?

Aquilo o fez ter algumas recordações. Mas as conciencias de cada mundo se chocavam e ele realmente não se lembrava do que ele falava, mas sentia que devia descobrir.

– Seus pais, amigos... todos do seu vilarejo estão aqui. Se me derrotar sem usar dobra, eu lhes digo onde estão.

– Fique aqui, Kripp. Não irei demorar muito.

Kyromaggu’s ergueu seu cetro e uma luminosidade fez Asuz ficar cego.

– Agora vamos começar a brincar.

O desordeiro era velho, mas ágil para sua idade. Da luz de seu cajado fez sombras surgirem de todo o lado e agora ele as controlava.

Asuz não era mais capaz de ver, mas podia sentir o perigo. Seu corpo aos poucos foi se transformando no monstro que ele se tornara. Sua pele lembrava terra e suas mãos eram longas e afiadas. Liberou uma onda de sombra que lançou contra o desordeiro e apagou a sua luz.

Ele sentiu o medo.

– Estou cego, mas mesmo assim consigo o ver. Voce é a fraqueza, Kyromaggu’s. mas porque?

Se vendo derrotado, uma alma saiu do corpo do inimigo e voou para longe.

“ele era apenas um portador. Agora consigo ver com clareza. Ele sempre foi tido como escoria, e em momento de fraqueza o espirito o fez uma oferta: força em troca do seu corpo. E ele aceitou. Deve ter sido difícil suporta-lo”.

– Cumpra sua promessa! Eu não dobrei nada, aquelas sombras são apenas parte do meu corpo.

– Eles estão presos no calabouço. Basta seguir por três quilômetros.

Na esperança de se lembrar de algo, Asuz viu pessoas aprisionadas. Infelizmente ele não poderia fazer nada por elas. Estavam vivas, mas não possuíam almas.

“ele pagava o preço do sangue”.

Percorreu os olhos por cada pessoa. Via alguns rostos familiares e se fixou neles. Pouco a pouco começou a chorar.

“no que eu me tornei, não sou capaz mais nem de reconhecer minha própria família”.

E ali ele passou boas horas de seu ultimo dia. Lembrou-se da moça que ajudara mais cedo e sorriu.

Asuz não mais existia em nosso mundo e nem em nenhum outro, simplesmente fora apagado, sem nenhuma chance de retorno. Já Kyromaggu’s sempre poderá se apoderar de humanos fragilizados.


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