Cosmos escrita por Deusa Nariko


Capítulo 7
Capítulo VII: Madara


Notas iniciais do capítulo

Até que demorei menos dessa vez... Acho. Hahaha
Sétimo capítulo de Cosmos que eu dedico à Geo Vitória pela linda recomendação que fez! Espero que goste!
...
Boa leitura!



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Cosmos

 

Capítulo VII

MADARA

⊱❖⊰

ANTES

— Francamente, Madara, não pode esperar que concordemos com um absurdo desses — grunhiu o mais velho dos anciãos do clã, de cenho franzido e boca repuxada para baixo, censurando-me com o olhar.

Cerrei os dentes e cogitei matá-lo bem ali. Jamais o suportei, mas a tentação nunca fora tão forte quanto agora. Estávamos há horas naquele debate: eu tentava inutilmente convencer aqueles cabeças duras de que não voltaria atrás na minha decisão enquanto eles, por sua vez, declaravam com toda a certeza do mundo que minha decisão não seria acatada dentro do clã.

— Tatsuo está certo, Madara — completou outro dos anciãos, a cabeça coberta por fios ralos e alvos movendo-se para cima e para baixo em concordância. — Com tantas mulheres mais adequadas...

Cerrei os punhos dessa vez, moendo os ossos de minhas juntas, e o fulminei com meu olhar. Os três velhos decrépitos me encaravam com ares de superioridade ainda que eu fosse o detentor da posição mais elevada ali. Nunca me pareceu um título tão frívolo quanto agora.

— Seiji concorda comigo, Madara. Essa... — ele ponderou a escolha da palavra que usaria: — Essa camponesa não é digna da posição de matriarca do clã Uchiha, muito menos de ostentar o título e as obrigações que implicam ser sua esposa. Eu apoiaria a sua decisão se a mulher em questão fosse uma princesa ou a herdeira de uma kekkei genkai rara que poderia beneficiar o nosso clã. Mas essa garota não trará absolutamente nada para nós. Está terminantemente fora de questão permitir que nosso líder estimado se una a uma mera camponesa.

Finalmente o meu Sharingan se manifestou, eclodindo junto da minha raiva como uma força destrutiva e imparável. Mirei os três velhos, sentados sobre o tatame, e finalmente abandonei a minha fachada suplicante e dócil.

— Eu recomendaria que medissem melhor as suas palavras. Nunca fiquei tão tentado a extinguir o Conselho do clã como agora — ameacei-os com uma expressão maníaca e uma vontade incontrolável de fazê-los sangrar.

— I-isso é um ultraje, Madara! — Tatsuo balbuciou. — Nós só desejamos o melhor para o nosso líder! Seu pai sempre buscou pelos nossos conselhos, assim como seu avô buscou pelos conselhos dos nossos antecessores! Só queremos guiá-lo para que você possa guiar nosso clã com sabedoria. E não é o caso dessa sua decisão repentina de se unir a uma moça que não pertence a clã algum! Pior: nem mesmo um nome de prestígio está vinculado a ela!

— Vocês estão senis, velhos decrépitos, se acreditam que possuem algum controle sobre a minha vida — murmurei num timbre baixo, porém incisivo. — Se acham que podem me empurrar para qualquer outra mulher então são ainda mais tolos do que achei.

— Você é o nosso líder! — Seiji apelou, tremendo sob a fúria que emanava de mim e que enchia todo o cômodo com uma tensão tangível. — Precisa pensar no bem do clã acima de tudo! E também precisa assegurar que a nossa valiosa linhagem sanguínea será passada adiante. Se a ideia de se unir a uma mulher do próprio clã é inconcebível, então deveria ao menos procurar por uma parceira mais adequada, Madara.

Por um momento, idealizei fechar as minhas mãos em torno das gargantas enrugadas daqueles três. Eram tão frágeis, poderia quebrar seus pescoços com um mero torcer do meu pulso. Mas, não, não valia a pena. Não mancharia as minhas mãos com sangue daqueles decrépitos.

— Estou farto de todos vocês — declarei, pondo-me de pé e desativando meu Sharingan. — Estou farto de tentarem controlar a minha vida.

— Aonde pensa que vai?! — Tatsuo urgiu e Seiji se uniu a ele no apelo para que eu ficasse para que terminássemos aquela discussão.

O único que não se manifestou em nenhum momento, embora em seu silêncio taciturno também me repreendesse, era Yasushiko: plácido e calvo, com as mãos escondidas nas mangas do quimono que usava enquanto cruzava os braços sobre o peito.

Dei as costas àqueles três e atravessei o cômodo em cinco passadas longas e rápidas. Abri a porta, deslizando-a com força, e causei um estrondo. Minha saída dramática não contribuiu para a minha relação com o Conselho do clã, é óbvio, mas o mero pensamento de voltar àquele cômodo e ter de aturar aqueles velhos por mais cinco minutos que fosse me encheu de ódio e de desprezo.

A discussão tinha começado quando fui chamado à presença do Conselho só para que os velhos senis me relatassem que estiveram, nas últimas semanas, tentando negociar o meu noivado com a herdeira de um clã prestigiado do país da Água.

— Ela é jovem, muito bonita segundo os rumores, e está mais do que disposta a vir até Konoha para lhe conhecer — disseram-me, um ecoando a aprovação do outro, e deixando-me cego de raiva.

Não tinha sido a melhor ocasião para contar a eles que eu já tinha uma mulher em mente para o papel de minha esposa. E quando declarei enfaticamente que só desposaria aquela mulher os três exigiram saber quem era ela e a que clã pertencia.

Pouco havia importado para os três que Koyo estivesse trabalhando na clínica de Konoha atualmente, que estivesse fazendo milagres com seus dons de cura e com os remédios que produzia a partir de ervas e plantas. Inferno, o único detalhe que eles haviam se atentado era o fato de ela não pertencer a nenhum clã e de não possuir nem mesmo um sobrenome prestigiado.

— Uma camponesa, isso é um absurdo, Madara — tinham decretado. — Jamais permitiremos que essa mulher seja aceita em nosso clã. Se você se deitou com ela e se sente responsável de alguma forma pelo seu bem-estar agora, recomendo que a esqueça.

Saí da casa, sorvendo o ar puro como se nos últimos minutos tivesse sido sufocado. E, de fato, havia algo me sufocando. A raiva continuava entalada na minha garganta. Atravessei as ruas tranquilas, sem rumo aparente. Queria espairecer, tirar aqueles pensamentos homicidas da minha mente.

Teria procurado Hashirama para conversar, mas descartei a ideia no último momento; ele estava sempre ocupado recentemente, cuidando de todos os preparativos e pormenores para se tornar o primeiro Hokage da vila. E Tobirama estava sempre ao lado do irmão. Era melhor que não cruzássemos o caminho um do outro por enquanto.

Desse modo, segui para a clínica. Era o único lugar possível onde eu poderia acalmar meus pensamentos tempestuosos agora. Mas, uma vez que cheguei lá, não entrei. Encostei-me ao muro de uma casa de braços cruzados sobre o peito e esperei, carrancudo.

Ao pôr do sol, na mesma hora de sempre, Koyo despontou sob a entrada da clínica, acenando vigorosamente para uma senhora mais velha e para o seu filho — as pessoas que trabalhavam junto a ela no momento e aprendiam tudo o que podiam sob a sua tutela —, murmurando sua despedida com um sorriso gentil.

Ao se virar e me ver ali, seu sorriso diminuiu num primeiro momento, para então se aprofundar e lhe chegar aos olhos cor de âmbar.

— Madara-kun, pontual como sempre — elogiou-me ao se aproximar com uma expressão suave.

Dei de ombros, omitindo dela o fato de que a esperei por horas. Certos pormenores não valiam ser mencionados, afinal.

Seguimos para a sua casa como sempre, imersos num silêncio que para mim pelo menos era deveras agradável.

Uma vez que chegamos à sua casa, eu me acomodei na modesta sala de estar que também fazia as vezes de sala de jantar, e Koyo me informou a respeito do seu dia e enquanto me servia chá. Mais tarde, jantamos e Koyo pousou sua tigela vazia sobre a mesa com um baque acompanhado de um suspiro.

— Muito bem, agora me diga o que está te incomodando.

Olhei-a com uma sobrancelha erguida e comi mais um punhado de arroz sem lhe dar sinais de que me abriria.

— Eu te conheço, Madara-kun. Algo está te perturbando, conte-me o que é e talvez eu possa ajudá-lo. Se não for o caso — argumentou com um dar de ombros —, ao menos você terá tirado um peso dos ombros.

Engoli a comida e também pousei minha tigela e os hashis sobre a mesa. Não tentei poupar Koyo da verdade. Seria uma tolice de qualquer maneira subestimá-la, então simplesmente despejei a verdade sobre os seus ouvidos, quer eles estivessem preparados para ela, quer não estivessem.

— Os velhos no meu clã querem que eu me case com uma mulher do país da Água.

— Ah — ela anuiu de uma forma estranha, vaga, talvez até um pouco distante.

Sua mão alisou uma mecha do cabelo vermelho. Eu conhecia todos seus trejeitos e momices; Koyo estava desconfortável agora. Mas então seus olhos chispantes voltaram a pousar sobre o meu rosto.

— Você recebeu uma proposta de casamento? — perguntou-me.

Uma pessoa menos perceptiva não teria notado o modo como sua mão tremeu de um jeito muito sutil antes que ela a escondesse sob a mesa, pousando-a sobre o colo. Não teria notado a forma como ela mascarou a mágoa no seu timbre com uma coragem frágil, mas nem um pouco menos admirável.

— Não, não recebi uma proposta de casamento ainda — disse-lhe, fitando-a. — Mas os velhos querem que eu a conheça e estão me importunando com isso.

Koyo mordiscou o lábio e abaixou o olhar, possivelmente para me esconder seus verdadeiros sentimentos.

— Deve ser uma mulher incrível — comentou num tom falho.

— Pouco me importa quem ela seja, não vou me submeter a isso — esclareci e ela tornou a erguer o semblante, agora lívido, para me encarar.

— Mas é sensato que você desacate uma decisão dos anciãos do seu clã, Madara-kun?! Podem tentar te prejudicar no futuro, talvez até mesmo minar a sua autoridade como líder!

Dei de ombros, fazendo pouco caso. Koyo torceu o tecido do seu quimono entre os dedos.

— Eu me preocupo contigo, mais do que qualquer coisa. Não acho que seja sábio contrariar os conselhos deles. E, além do mais, Hashirama-kun parece não ter tido problemas com seu matrimônio arranjado.

Hashirama era diferente de mim. E havia um detalhe crucial que ela estava deixando escapar: Hashirama estava apaixonado pela esposa. Eu jamais seria capaz de me sujeitar a isso, tanto por meu orgulho como por já haver uma mulher em minha vida.

— Eu estou a ponto de mandar aqueles velhos para o inferno — cortei-a. — Já disse: não vou me submeter a eles, não darei a eles controle algum sobre a minha vida, especialmente no que diz respeito ao meu direito de escolher se e quando desejo me casar.

Koyo suspirou de forma profunda.

— Entendo, Madara-kun.

Ela abriu-me um sorriso falso, recolheu sua tigela vazia sobre a mesa e tentou se levantar com o pretexto de que ia lavar a louça suja. Detive-a antes que ela sequer tivesse chance, segurando seu pulso. Koyo soltou a tigela pelo meu gesto inesperado e ela caiu no chão com um estardalhaço. Mesmo assim, não dei atenção, mantendo meu olhar travado no dela.

— Eu só aceitaria me casar com você — declarei com sinceridade e isso a pegou de surpresa de verdade.

Lágrimas brotaram dos seus olhos e escorreram desimpedidas pelas suas faces. Koyo as secou, constrangida.

— Eu só quero o melhor para você. Quero que seja feliz, mesmo que eu não esteja incluída na sua vida. E se essa estranha for o melhor para você...

Cerrei os dentes, fulminando-a com meu olhar e Koyo se silenciou. Sua mão tocou minha face de forma terna. Sua pele era quente e cheirava maravilhosamente bem.

— Eu não sou uma tola, Madara-kun, sei que o seu clã jamais me aceitaria como sua esposa. Não tenho um nome de prestígio, muito menos possuo um clã renomado no qual possa me escorar. Estou sozinha no mundo, estive assim por muitos anos.

— Então você vai desistir com tanta facilidade assim? — escarneci num bufar e Koyo esbugalhou os olhos.

— Não! — apressou-se em negar. — Enquanto puder, ficarei ao seu lado. Enquanto você me quiser, estarei aqui. Mas o mundo é cruel demais, Madara-kun, não podemos fazê-lo funcionar da forma como queremos. É mesmo viável, eu me pergunto? — desviou o olhar, quebrando nosso contato visual. — Será que não estaríamos apenas adiando o inevitável? Em algum momento, o clã dobrará a sua vontade e eu não estou te culpando nem nada parecido.

Soltei seu pulso e me afastei do seu toque com uma expressão fechada.

— Tem tão pouca fé assim em mim? — perguntei-a e Koyo se encolheu.

— Talvez não se trate de ter fé ou não, Madara-kun. Talvez seja uma questão de resignação.

Ela voltou a aproximar de mim, de um jeito comedido a princípio, como se estivesse testando as águas. Colocou-se ao meu lado e estendeu a mão para afastar o cabelo do meu rosto para poder enxergar melhor a minha expressão.

— Mas se o futuro está contra nós e o presente é tudo o que temos — murmurou num timbre baixo, suave, arrisco dizer: até sedutor.

Sua mão recuou e se moveu até o obi do seu quimono, desfazendo os laços. Enrijeci e a olhei enquanto suas mãos muito habilmente despiam seu corpo para mim. Koyo desnudou um ombro, mas antes que pudesse desnudar o outro eu a detive, agarrando seu pulso. Precisei lutar contra o reflexo de ativar meu Sharingan. O que infernos ela achava que estava fazendo? E por que diabos meu corpo já estava reagindo a ela?

— O que está fazendo? — interpelei e a urgência na minha voz não me passou despercebida. Maldição.

Koyo apartou os lábios e exalou o ar devagar. Seus olhos fitavam-me, asseguravam-me de sua certeza e ousadia. Sua mão sobrepôs a minha.

— Eu quero viver tudo o que puder contigo, Madara-kun, enquanto ainda posso — ciciou com a respiração descompassada.

O peito subia e descia a cada inspiração e expiração superficial, a pele do seu colo estava à vista, bem como os ossos delineados da sua clavícula, a curva suave demais de um ombro nu. Sem que pretendesse, imaginei como seria o restante do seu corpo, que formas ainda estariam ocultas sob a sua vestimenta, o quão macia seria a sua pele ao toque.

Demônios, aquela mulher seria a minha ruína. Seus olhos eram ouro líquido naquele momento, ardiam abrasadores nos meus, tentando-me a sanidade, apelando para aquela onda causticante de luxúria que agora corria pelas minhas veias como lava.

— A decisão é sua, Madara-kun — completou, sentando-se ereta com as mãos pousadas sobre o colo.

O pensamento de recusá-la jamais atravessou a minha mente. De tantos questionamentos e incertezas, o que eu sentia por Koyo sempre me foi transparente como a água. Tinha tanto do meu futuro que eu desconhecia e tanto que ainda se ocultava de mim, se tínhamos, de fato, apenas o presente para nós... Bem, dane-se.

Impulsionei-me até o seu corpo, envolvendo-a e colidindo nossas bocas; Koyo me recebeu em seus braços, afoita. Suspirou contra mim quando segurei mechas do seu cabelo para me impor sobre ela, estremeceu quando minha mão deslizou até a pele macia do seu ombro. E foi para lá que eu direcionei os meus beijos, sorvendo do perfume sutil da sua pele.

Despi-a lentamente, apreciando seus gemidos contidos, o modo como se contorcia quando eu descobria e a acariciava num ponto novo. Depois de um tempo, rumamos para o quarto dela e eu a deitei sobre o futon para terminar de despi-la.

As mãos dela não demoraram a se tornar impacientes e a empurrar para longe as minhas próprias vestimentas. Contive-as, suspendendo seus braços acima da sua cabeça e sussurrei-lhe ao pé do ouvido num timbre rouco, tomado pelo desejo:

— Não seja impaciente. Tudo ao seu tempo.

E mesmo desgostosa, ela pareceu me acatar.

Procurei gravar na minha memória a visão que ela era naquele momento: cabelos vermelhos espalhados pela brancura da manta que tocava sua pele nua. Olhos entrecerrados, lábios apartados e respiração errática. Os seios macios estavam nus e à vista. Quis tocá-los e não me neguei esse impulso. Antes de soltar seus pulsos lhe lancei um olhar de censura para que não tentasse apressar as coisas outra vez.

Koyo não demorou a se contorcer com maior entusiasmo sob o meu corpo conforme eu me empenhava mais e mais em arrebatá-la com minhas carícias e beijos. Ao invés de minhas roupas, dessa vez suas mãos se agarraram ao meu cabelo quando minha boca se ocupou de acariciar a pele do seu quadril.

Ela implorou por mim um tempo depois e eu finalmente cedi: permiti que me despisse de minhas roupas. Koyo se sentou e puxou minha blusa para cima, tirando-a pela minha cabeça e a descartando com um ímpeto que não ousei questionar.

Seus olhos recaíram sobre o meu corpo e sobre as cicatrizes que eu carregava. A maior parte delas tinha conseguido de Hashirama... Bem, a quem eu estava querendo enganar? Ele foi o único que já conseguiu me acompanhar durante as lutas. O resto havia sido apenas escória.

Koyo as tocou, contornando-as com as pontas dos dedos. Olhou-me com ternura, mas seja o que for que tenha pretendido dizer não disse. Ao invés disso, inclinou-se até mim e me beijou. Suas mãos desceram impacientes para o cós da minha calça e eu sorri torto contra os seus lábios.

Mais tarde, tornei a deitá-la sobre o futon e me curvei sobre o seu corpo. Olhei dentro dos seus olhos e ela olhou dentro dos meus. Nada foi dito tanto por mim quanto por ela quando enfim consumamos aquela loucura. Koyo desviou o olhar e mordeu a própria mão num primeiro momento para abafar seu lamento.

Tirei sua mão do caminho e afundei meus lábios nos dela; suas unhas afundaram na carne das minhas costas quase ao mesmo tempo. Cerrei os olhos com força porque a partir dali foi impossível manter o controle sobre o meu Sharingan, eles queimavam escarlates com a prova do meu total descontrole.

Escondi meu rosto na curva do seu pescoço e me entreguei ao prazer, àquele sentimento dentro de mim, a ela. Não lembro ao certo qual de nós dois encontrou o apogeu primeiro, tudo o que consigo me lembrar é do quão devastador ele foi para mim, inundando-me depois com uma letargia benquista e duradoura.

Koyo adormeceu depressa, a expressão doce e sonhadora, ao meu lado. Antes, tinha sussurrado no meu ouvido com toda a sua candura que me amava. Acomodei-me junto a ela, compartilhando do seu calor e tentei imitá-la, dormir parecia mesmo uma boa ideia agora.

Por que eu teria pressa de voltar para o clã? Para ter de aturar aqueles velhos decrépitos me azucrinando com aquela história de casamento outra vez? Não. Não deixaria que eles estragassem o meu humor. Fechei os olhos e procurei relaxar.

Aquela foi só a primeira de muitas noites agradáveis que tive com Koyo. Passei a dormir todas as noites na sua casa, junto a ela, com seu corpo enrolado ao redor do meu depois de estarmos ambos saciados. Os velhos estavam cada vez mais insatisfeitos com a minha atitude irreverente, embora não tenham tido coragem de me confrontar desde aquele dia. Até mesmo eles sabiam até que ponto seria saudável me pressionar.

E quando parecia que minha vida entraria enfim nos eixos, de uma forma não convencional, é claro, fui posto à prova outra vez.

Certo dia, afastei-me mais do que deveria da vila. Queria treinar e queria tentar colocar meus pensamentos em ordem. Não disse a ninguém aonde iria, tampouco a Hashirama e à Koyo. Queria me livrar daquela sensação de inquietude e aquela floresta me pareceu um bom lugar para descarregar as energias que me sobravam.

O único som presente era o da água corrente, oriundo de uma pequena cachoeira ali por perto. As árvores estavam silentes, e mesmo a brisa mais suave se fazia ausente naquele dia. Uma claridade pálida atravessava a ramagem densa das árvores de copas entrelaçadas. O ocaso se aproximava e talvez fosse hora de voltar para a vila, para casa e para Koyo. Mas antes...

Virei-me para as sombras que se avolumavam com a expressão desgostosa. Fitei uma sombra em particular, uma dentre muitas, mas que diferentemente de todas as outras estava viva.

— É melhor se revelar, seja quem for — murmurei apático. — Sei que esteve me espiando durante todo o dia e se se revelar agora, prometo ao menos lhe conceder uma morte rápida e indolor.

Ouvi uma risada abafada, sarcástica. Ativei meu Sharingan, irritado.

— Muito bem. Esqueça a promessa da morte rápida e indolor — acrescentei, dando passos em direção aos arbustos densos que cerceavam aquela clareira.

— De fato, como esperado do prodigioso Uchiha Madara-sama. — Uma voz cheia de malícia murmurou de dentro da escuridão. — Sabia o tempo todo que eu estava aqui, Madara-sama?

— Você me toma por um tolo — devolvi-lhe, esquadrinhando a escuridão com meu Sharingan atrás do seu chakra.

— De forma alguma, Madara-sama — a sombra se defendeu, mas a voz continuava soando cheia de malícia.

— Não me chame assim — rosnei. — E eu ordeno que se revele.

Fez-se silêncio, exceto pelo som da cachoeira. Finalmente, ouvi o som de passos na relva. E da escuridão, uma sombra se revelou. Era humanoide com membros compridos e finos, mas as semelhanças com uma pessoa comum terminavam ali. Aquela coisa parecia ser feita de treva pura. Os olhos pareceram-me duas órbitas vazias. Não... Eu me enganei. Os olhos eram dois poços de malícia e fitavam-me sem medo. A boca se abriu de um jeito estranho, num sorriso cheio de dentes.

— Não precisa me tratar como seu inimigo, Madara-sama — a sombra me disse, mas todos os meus instintos de autopreservação me diziam o oposto.

— Então como devo lhe tratar? O que demônios é você? — inquiri num timbre ameaçador que deixava claro quem estava no comando ali.

A sombra tombou a cabeça para me olhar com olhos faiscantes. Cerrei um punho para me impedir de matá-lo naquele mesmo momento.

— Pode me tratar como seu mais fiel e humilde servo, Madara-sama — ele murmurou com insolência, completando em seguida: — O que eu sou não vem ao caso, mas eu me chamo Zetzu Negro.

E de repente eu estava curioso a respeito daquela criatura saída da própria escuridão. Podia ouvir o que ele tinha a me dizer. Depois, eu o mataria sem dúvida. Mas só depois.

 

 


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Notas finais do capítulo

Não me matem, mas a alegria não podia durar muito por aqui mesmo, uma hora ou outra a praga do Zetzu Negro ia aparecer X'D. Próximos capítulos é só angst e a história do Madara está perto do fim! Estou muito ansiosa para contar a história do Indra e da sua parceira!
...
Muito obrigada a todos pelos comentários e favoritos!
Até a próxima! o/



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