Liars and Killers escrita por A Lovely Lonely Girl


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos favoritos, muito muito obrigada pelos comentários e por acompanharem a fic. Agora, espero que gostem do sétimo capítulo de Liars and Killers.



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Saí das instalações da SHIELD correndo, mas não recebi nada além de olhares depreciativos e agentes me chamando de louca. Peguei o celular que estava dentro da sacola e digitei o número de Sage enquanto continuava correndo pelas ruas até o apartamento. Parei abruptamente de correr quando me lembrei que precisava de um ponto de referência. Não sabia exatamente onde o prédio da SHIELD no qual estive ficava. Olhei em volta, procurando algum local que me parecesse familiar. 

Encontrei uma escola de arte que ficava a umas vinte quadras do apartamento. Suspirei aliviada: ainda estava em New York. Coloquei a chamada em viva-voz, porém chamou várias vezes até cair na caixa postal. Fechei os olhos, sentindo que havia algo errado; Sage nunca perdia uma chamada, principalmente minha, já que ela, por ser mais velha, se sentia responsável por mim. Respirei fundo e desliguei, em seguida voltei a correr, embora tivesse certeza que não possuía o condicionamento físico necessário para tal coisa. 

As pessoas na rua me encaravam, porém eu as ignorava, até que acidentalmente esbarrei em um cara que surgiu literalmente do nada; o esbarrão não foi nem um pouco sutil, principalmente porque eu teria caído de cara no chão caso o homem não tivesse reflexos rápidos, pois ele segurou a minha jaqueta com muita força, ajudando-me a manter meu equilíbrio. 

— Desculpe. - Ele disse apressadamente - Eu não a vi. - O homem soltou a minha jaqueta, só então ergui os olhos e encarei seu rosto:

— Obrigad... - Arregalei um pouco os olhos, com certeza conhecia aquele homem, que obviamente me reconheceu e sorriu amplamente, dizendo com seu característico sotaque britânico:

— Ah, olá, Katherine. Aproveitando muito a vida em New York? - Retribuí seu sorriso:

— Oi, Henry. O que está fazendo aqui? 

— Uma pequena turnê com a banda, estamos aqui há alguns dias, sabe como são essas coisas. - Ele deu de ombros. Conhecia Henry Richard Wright desde antes do coma, era um universitário que sempre aparecia no colégio, e às vezes tocava com sua banda, The Wild Hunters. Nos tornamos amigos desde então, principalmente porque, além de Lucas, Henry era o único amigo que eu tinha que não estava no "círculo social das cheerleaders". 

Ajeitei minha jaqueta, só então reparando no celular que havia colocado no bolso. Meu sorriso se desfez no mesmo instante; por um momento tinha me esquecido da razão pela qual havia deixado o prédio da SHIELD. Olhei para o homem de cabelo escuro com pinta de Rockstar:

— Sim, eu sei. Eu... Estou com um pouco de pressa agora, tenho assuntos urgentes a resolver. Henry, me ligue quando souber onde será o próximo show, okay? - Ele sorriu e colocou as mãos nos bolsos de seu jeans escuro:

— Pode deixar, Kohls. Será a primeira a saber. Não suma outra vez, certo? - Assenti rapidamente, já voltando a andar:

— Te vejo em breve. - Andei até a esquina mais próxima, gradativamente acelerando os passos, depois voltei a correr. Tentei ligar mais uma vez para Sage, porém ela não me atendia. Acabei desistindo de tentar ligar e resolvi tentar me preparar para o que poderia ter acontecido - o que eu simplesmente não fazia ideia do que era, então só me restava me preparar para qualquer tipo de coisa. Estranhamente, isso não seria tão difícil. Afinal, havia acabado de conhecer super-heróis de verdade, além de espiões e uma agência de segurança super secreta. O que poderia ser mais surpreendente do que isso? 

Entrei no prédio e segui diretamente para o elevador, porém, como o mesmo estava demorando muito para parar no andar em que eu estava, segui até as escadas. Corri subindo os andares, o que sem dúvida alguma me surpreendeu, já que não sabia que sequer teria o fôlego necessário para correr tantas quadras sem ficar com as pernas trêmulas depois. Com certeza o meu medo por Sage havia feito adrenalina disparar em meu organismo, ou não conseguiria estar de pé naquele momento, muito menos correndo pelas escadarias em sentido contra a gravidade terrestre.

Assim que cheguei ao andar do apartamento, respirei fundo para tentar controlar a adrenalina, já que poderia estar ocorrendo alguma coisa bem perigosa lá dentro. Andei pelo corredor o mais silenciosamente que consegui, em seguida chequei a maçaneta da porta - estava aberta. Fechei os olhos respirando fundo e clamando em silêncio à Hela que, caso morresse, me deixasse ir à Valhalla para aproveitar a eternidade junto aos guerreiros e heróis que sempre admirei. Abri os olhos e expirei, repentinamente sentindo que eu conseguiria lidar com quem quer que fosse que estivesse atrás daquela porta.

Mantive-me calma, fria, enquanto abri a porta de modo quase automático olhando prontamente para todos os cantos, que, para a minha sorte, estavam vazios. Não havia ninguém lá dentro. Suspirei aliviada enquanto fechava a porta da sala e pendurava minha jaqueta no cabide atrás da porta. Balancei a cabeça tentando aliviar todo o stress pelo qual havia passado nos últimos dias. Suspirei ficando irritada repentinamente - minha autoestima já não era das melhores, agora também tinha que ficar preocupada com bandidos e heróis e todas essas coisas que haviam me sobrecarregado.  

— Ótimo. Agora além de insegura, virei paranoica. - murmurei repentinamente sentindo um peso enorme nos meus ombros; joguei a sacola de plástico no sofá e suspirei com um pequeno sorriso ao vislumbrar o Cam. E tinha, claro, uma frase "motivacional" presa num quadro em cima dele, talvez a única cujo significado eu nunca compreendera completa ou corretamente: "Eventualmente todas as coisas caem aos pedaços". 

Cam era o nome que dei ao meu piano branco estrategicamente projetado para ocupar um pequeno espaço, a combinação perfeita, já que assim o apartamento não ficaria apertado e eu não ficaria sem música. Claro que foi em homenagem ao Cameron Briel, da saga Fallen, já que esse era um dos meus livros favoritos. Na casa dos meus pais eu tinha mais alguns instrumentos que também eram batizados, incluindo um violão chamado Peeta por Jogos Vorazes e um violino chamado Morfeu por O Lado Mais Sombrio. Isso sem contar com a bateria "Lestrange" por Harry Potter, o banjo "Magnus" por Instrumentos Mortais e uma gaita de fole que John me deixou batizar de Prior, por Divergente.  

Me aproximei de Cam e sorri ao ver os pequenos "autógrafos" em tinta permanente do lado. Era uma brincadeira que John fazia desde quando eu era criança, sempre que comprávamos um instrumento novo, ele colocava uma bandana, um tapa-olho e um cachimbo apagado nos lábios, enquanto eu usava uma cartola, óculos escuros e um palito de dentes (já que logicamente minha mãe não deixaria uma menina de cinco anos colocar um cigarro na boca, mesmo que apagado). Depois que nos "fantasiávamos", agíamos como se fôssemos rockstars dando autógrafos e assinávamos com nossos nomes de astros. Ao lado do piano podia se ler: Johnny Pirate & Kat Hatter. 

Sentei na banqueta do piano e comecei a tocar Fiction, da Avenged Sevenfold, e sorri enquanto assistia meus dedos dançarem pelas teclas fazendo a melodia fluir pelo ar. Desde pequena tinha uma superstição tola que rondava meus pensamentos, embora só me lembrasse dela quando estava tocando - enquanto houvesse música, ficaria tudo bem. Enquanto houvesse música, ainda haveria esperança. 

Quando parei de tocar, ouvi o som do meu toque de celular tocando, era a música do Blackbear, Idfc (sigla para I don't fucking care). Me levantei e peguei o celular no bolso da jaqueta que havia pendurado no cabide, olhei no identificador de chamadas e logo atendi:

— Pelo amor de Freya, Sage Hollister, onde você está? Tentei te ligar umas mil vezes! 

— Eu sei, sinto muito. - Ela começou a dizer com um ar despreocupado porém em seguida apressou-se em perguntar, senti um certo pânico em sua voz - Kate, onde você está? Você chegou ao apartamento? - Eu andava pelo apartamento enquanto conversava, como a maioria das pessoas fazem quando estão tranquilas.

— Claro que cheguei, Sage. Eu passei, tipo, TRÊS DIAS FORA e você não me ligou nem para me dar um sermão. O QUE RAIOS ACONTECEU COM VOCÊ?! - Okay, eu estava surtando com Sage por ela não ter surtado comigo. Mas era basicamente assim que a nossa relação funcionava, ela era como uma irmã mais velha para mim, provavelmente um dos únicos motivos que levou minha mãe a me deixar morar com Sage.  

— Katherine, saia daí agora, está me ouvindo? Vá ao apartamento do Luke ou à casa de Elise, mas SAIA DAÍ IMEDIATAMENTE! 

— Mas por quê? Eu estou sozinha aqui, e estou segura... - Justo quando queria tranquilizar Sage, observei pelo canto dos olhos um enorme vulto surgir das sombras. Os acontecimentos seguintes pareceram ocorrer em câmera lenta. 

Observei com olhos arregalados quando um homem de cabelos negros e quase o dobro da minha altura saiu do corredor que dava para os quartos vindo em direção à sala. Meu corpo estremeceu e me senti entrando em um estado de choque o encarando, quando seus olhos pousaram em mim e sua expressão tornou-se ferina. Uma adaga subitamente surgiu em suas mãos e fora arremessada em minha direção e um milésimo de segundo antes dela provavelmente atravessar o meu crânio meus instintos agiram antes de minha mente, e me esquivei, escapando com um corte em minha têmpora direita.  

Meu celular deslizou de minha mão e se estatelou no chão enquanto me virei para observar a adaga; era muito bem-feita e sofisticada, com letras em rúnico. Virei meu rosto de volta para o homem, que já estava se preparando para pegar outra adaga, embora seu rosto demonstrasse que eu o havia impressionado. Quando vi a adaga em sua mão, franzi o cenho. Eu não estava mais em pânico, e sim irritada.

— Hey cara, qual é o seu problema? - Ele parou e me observou por um segundo, seus olhos verdes estudavam meticulosamente meu rosto. Oh. My. Gosh. Que olhos eram aqueles? Não eram apenas claros, mas também hipnóticos ao extremo. Não sabia se era por ter corrido tanto, pela adrenalina que ainda corria pelo meu corpo ou pelo brilho assassino daqueles olhos verdes penetrantes, só sabia que o meu ritmo cardíaco estava acelerado. Ergui as mãos cuidadosamente as afastando da adaga que estava presa à parede: 

— Olha, eu... Eu não sabia que haveriam testes fora da organização, eu ainda não aprendi nenhum tipo de luta. - Disse rapidamente, enquanto meus olhos reparavam nas roupas do homem: uma calça preta com uma camisa de linho verde-escura com o estilo idêntico aos filmes da Idade Média, quando os cavaleiros estavam sem armadura.

— Por quê está aqui? - O homem perguntou rispidamente enquanto ainda segurava a adaga em mãos. 

— Eu moro aqui. - Respondi rapidamente olhando nos olhos dele. Seu olhar mudou em um instante, parecia que ele estava tentando descobrir a verdade por trás de minhas palavras. Só então senti o formigamento na nuca, de maneira bem mais intensa e violenta do que havia sentido antes, quando Wanda havia tentado entrar em minha mente. Um grito agudo escapou pelos meus lábios e meus joelhos foram de encontro ao chão, enquanto minhas mãos seguravam minha cabeça e lágrimas surgiam nos meus olhos. A dor era realmente insuportável, e piorava cada vez mais. Olhei desesperada para o homem, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto.  

— Por favor, pare. - Para a minha surpresa, eu não havia pronunciado tais palavras, era novamente a voz dos meus pensamentos. A dor subitamente passou, porém o homem se aproximou de mim e me ergueu pelo pescoço, fazendo com que meus pés saíssem do chão. 

— O que você é? - Ele sibilou furiosamente.

— D-Do que está falando? - Perguntei sem ar. Quando estava quase desmaiando, direcionei desesperadamente minhas mãos trêmulas à dele a fim de fazê-lo me soltar, mas assim que minhas mãos tocaram a sua, sua mão gradativamente tornou-se azul, em seguida seu braço e eu consegui ver com a consciência que me restava quando a cor subiu até seus olhos, que se tornaram vermelhos. Comecei a enxergar manchas negras, o que, eu sabia, significava que me faltava oxigênio e que estava prestes a desmaiar.  

Depois disso, vi uma mão surgir no ombro do homem, seguido de um grito, que para mim parecia abafado e distante: 

— PARE COM ISSO! SOLTE-A AGORA! - O homem não me soltou até que seu olhar fitou seu próprio braço, que estava azul. Então ele abruptamente me soltou e se afastou de mim, obviamente mais preocupado em fazer com que seu braço voltasse ao normal. Quando caí no chão, ouvi passos apressados se aproximando e vi Sage se ajoelhando ao meu lado, enquanto eu tossia e tentava puxar algum oxigênio para dentro dos pulmões. A voz dela me dizia para respirar mais profundamente, e foi exatamente o que fiz. As manchas negras sumiram aos poucos e minha visão ficou menos turva. Logo ouvi a voz arrogante do homem, carregada de desprezo: 

— Deixe-a, Sigyn. - Franzi o cenho olhando para a criatura que acabara de me estrangular. Sigyn? A Sigyn, deusa nórdica da fidelidade? Sage respondeu: 

— Não irei deixá-la, sou responsável por ela. - A ruiva me ajudou a levantar e me levou até o sofá. A fitei seriamente: 

— Sigyn? - sibilei de forma mordaz. Ela balançou a cabeça afirmando e em seguida olhou para mim:

— Sim, esse é o meu nome verdadeiro, Katherine. Mas essa é uma conversa para outra hora. - Ela disse apressadamente em seguida se virou para o assassino e cruzou os braços - Suas roupas estão nas sacolas ao lado da porta. - Ele olhou para as sacolas ao lado da porta da entrada e em seguida voltou a olhar para a ruiva: 

— Há um número insignificante de sacolas ali. - O rosto de Sage se contorceu em sua clássica expressão para sermões enquanto ela colocava suas mãos na cintura: 

— O que mais esperava? Vim às pressas quando soube que Katherine viria ao apartamento porque você também estava aqui. Por sorte cheguei à tempo de te impedir de assassinar a minha melhor amiga. Agora pegue suas roupas e vá se trocar. - O homem a encarou da mesma maneira ferina que havia feito comigo, porém a ruiva retribuiu seu olhar com um de causar calafrios. O moreno pegou as sacolas a contragosto e caminhou em direção ao quarto, batendo a porta como uma criança mimada. 

Sage se levantou, foi até a cozinha, voltou com uma gaze e se sentou ao meu lado, limpou meu ferimento na têmpora e fez um pequeno curativo, enquanto balbuciava mil desculpas pelo comportamento daquele cara. 

— Eu sinto muito mesmo, Kate... Esqueci de avisá-lo que não morava sozinha. Não era para isso ter acontecido... 

— Não importa, Sigyn. - Disse cruzando os braços. - Soube desde o começo que "Sage Hollister" não era seu nome verdadeiro mesmo. - Dei de ombros, desconsiderando, em seguida falei baixinho. - Às vezes queria não saber quando as pessoas estão mentindo. - Houve uma breve pausa, antes de la femme fatale perguntar: 

— O que disse? - Franzi os lábios, um sinal claro de que não ia falar, mas ela insistiu chamando o meu nome da forma que os pais chamam quando querem que os filhos lhes digam a verdade, não importando qual seja ela. - Katherine. 

— Eu sempre sei quando mentem para mim. Não comentei nada com você porque achava que Sage era seu nome artístico ou coisa parecida. - Respondi e suspirei. Olhei com um ar introspectivo para a lua que pairava no céu, adorava a vista do apartamento, minha mente conseguia vagar e ficar em um estado de transe pelo tempo que eu quisesse. - Então, quem é o nosso novo hóspede? - Sigyn respirou fundo antes de finalmente dizer:

— O nome dele é Loki.


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Notas finais do capítulo

E então pessoal, o que acharam deste capítulo? Críticas são sempre bem-vindas, okay? Um beijo, e obrigada por continuarem acompanhando Liars and Killers.



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