Liars and Killers escrita por A Lovely Lonely Girl


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá, gostaria de agradecer aos acompanhamentos da fanfic, isso foi muito importante. Bem, espero que gostem desse capítulo, um beijo.



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Luke entrou na rodovia e pegou um desvio entre algumas ruas movimentadas demais para o meu gosto. Virei-me para ele:

– Luke, para onde estamos indo? – Ele me encarou e depois disse:

– Eu não sei você, mas eu tô morrendo de fome. E não é dos bolinhos da Starbucks não.

– Cupcakes, brownies, scones... – Provoquei.

– Não, nem vem. A gente tá indo pra um lugar real, onde tem comida de verdade que enche a barriga e te faz engordar com um sorriso no rosto. Agora tira essa bosta daí – ele tirou meu pen drive e jogou em cima de mim – que eu vou colocar no rádio. – Ele apertou alguns botões e começou a tocar algumas músicas de balada, mas eu sabia que era só questão de tempo até o Luke perder a paciência. Não deu nem um minuto de um remix da rádio que o cara já mudou de estação, resmungando da música sem nexo. Deixou em uma onde só tocava músicas ultrapassadas porém famosas, e logo reconheci a melodia. Era uma das músicas que Luke mais elogiava da Bonnie Tyler, Total Eclipse of the Heart. Quando começou o refrão nós cantamos juntos até o final da música, eu me diverti vendo as expressões no rosto de Luke e ouvindo sua voz desafinada acabar cantando com falsetes também.

Ele entrou em uma rua mais perto do centro, eu logo pude ver a letra M em amarelo há uns quarenta metros de distância. Desatei a rir enquanto Luke fazia uma dublagem super gay da Madonna quando começou a tocar Like a Virgin. Só então me dei conta do horário e olhei para ele:

– Luke, já vão ser duas horas da manhã! Eu não acredito que você quer ir no Mc Donald’s às duas da manhã!

– Qual o problema? Meu estômago tá roncando e já que tu me obrigou a te buscar mesmo – Ele deu de ombros – Eu tava de boa lá em casa, se não tivesse me ligado, a gente tem tava aqui. Mas já que a gente tá, eu quero ir no Mc Donald’s. – Revirei os olhos.

– Nem vem querer colocar a culpa em mim, porque mesmo quando eu não te ligo, você pega o carro no meio da noite para caçar o que comer. É pior que os mendigos da praça da cidade. – Falei, segurando o riso. – Não, se bem que nem eles são trouxas de fazer isso. Credo, deve ser só mania de gordo mesmo. – Luke mostrou o dedo do meio para mim, enquanto seus olhos se fixavam na letra M brilhante ao longe. Eu ri, tentando aliviar o stress que havia acabado de passar na frente da TMC. Luke estava acostumado com as minhas brincadeiras e provocações, porém sempre ficava puto quando eu o chamava de gordo. Trauma de infância; ele me contou que sofria bullying na escola por ser cheinho. Ele cresceu e ficou bem longe de parecer gordo, na verdade ele era meio viciado em malhação, mas mesmo assim continuava comendo compulsivamente quando alguma coisa o chateava, ou quando estava feliz, ou entediado...

Luke sempre tinha uma desculpa quando eu o repreendia dizendo que ele ia engordar. A resposta geral dele para todas as minhas provocações era sempre a mesma: ele simplesmente mostrava o dedo do meio, às vezes acompanhado de um palavrão; depois mudava de assunto. Olhei para o rosto dele enquanto dirigia, concentrado na estrada, então voltei a reparar em suas feições: Cabelo loiro-escuro, olhos claros, a pele pouco bronzeada destacando seus olhos, seu queixo quadrado com a barba de dois dias, os lábios cheios e o nariz com uma pintinha que todo mundo sempre confundia com um piercing. Luke percebeu que eu o fitava, então olhou para mim e ergueu a sobrancelha.

– Eu sou muito atenta aos detalhes. Você sabe disso. – Ele assentiu e sorriu para mim:

– Isso é legal. Quando vai aparecer no meu cafofo pra gente jogar FIFA?

– Pela milésima vez, Luke: EU. NÃO. SEI. JOGAR. VIDEOGAME. Não os com controle, pelo menos. E nem de luta. Quem dirá os de futebol!

– Mas tu arrasa no Just Dance, né? Tô ligado. Eu devo ter um Xbox por lá também, aí a gente joga, beleza? – Ele deixou a palma da mão no ar, e eu bati, nós dois gritamos:

High Five! – E rimos por alguns segundos como idiotas; em seguida entramos no estacionamento do Mc. O carro parou e nós descemos, o estacionamento completamente deserto exceto pelo carro do Luke. Andamos até a porta e entramos, ele praticamente voando para perto do balcão do caixa.

– Se prepara que o pedido vai ser grande! – berrei correndo para o caixa. Luke riu:

– Ah, mas pode ter certeza que vai. – Ri também e me virei para a garota que estava praticamente dormindo no balcão. – Anota aí: quero dois Big Mc, quatro CBO e três Mc Fish, pra começar. – A garota arregalou os olhos:

– Nove lanches?

– Náh, esse aí é só o desjejum. E me vê quatro copos de refrigerante grande. E tu, Kit Kat, vai querer o quê? – Luke se virou para mim.

– Aquele lanche com queijo cheddar e um copo de refrigerante também. Batata pequena, por favor. – Fizemos os pedidos, Luke pagou e ficamos esperando na mesa. Peguei o meu celular e mostrei para o Luke algumas fotos dos desenhos que fiz de Sif, Frigga e Freya.

– Nossa, muito lindos, Kate. Agora o que tá tentando desenhar, hein? Gostei daquele passarinho que tu fez uma vez, com o rabinho comprido.

– Era uma fênix. Agora eu estou tentando desenhar o Thor, mas é complicado. As imagens do Google não ajudam muito.

– E desde quando tu desenha cachorros? – “Dai-me paciência com essa criatura”; pensei.

– É o deus nórdico do trovão, Luke. – Disse baixinho, cruzei os braços. Ele começou a rir muito alto e depois pegou o meu celular. Começou a mexer nele até que riu mais ainda e olhou para mim com um olhar malicioso:

– Hmm... Quem é esse Michael aqui?

– Meu primo que não é; por quê?

– Tá te mandando um oi aqui. Tudo bem se eu responder? Ah, que se foda, tu sabe que eu vou responder de qualquer jeito mesmo. – Ele começou a digitar no meu celular. Tamborilei os dedos na mesa enquanto, entediada, via a televisão que passava o desenho do Tom e Jerry em plena madrugada. De repente, o desenho apagou e apareceu o plantão de notícias do jornal do canal:

– Interrompemos esse programa para uma notícia urgente. A famosa boate de New York conhecida como “The Midnight Club” acabou de ser incendiada agora há pouco. Policiais locais acreditam que seja por causa de um vazamento de gás, porém o FBI não descarta a possibilidade de ser ação de uma força hostil até então desconhecida, provavelmente liderada por terroristas. Não houve mortes e ninguém se feriu, já que um grupo de clientes afirmou ter sentido o cheiro de gás e ajudou a evacuar a boate à tempo. Voltaremos em breve para mais informações. Por enquanto continuaremos com a programação normal.

A televisão voltou a passar o desenho animado enquanto fiquei completamente branca e paralisada com o choque. Olhei em desespero para Luke, que se colocou de pé em um pulo, segurou a minha mão e me fez levantar da cadeira:

– Vamos, Kate. – ele colocou meu celular no bolso da sua calça e segurou a minha mão muito forte, me puxando para fora do estabelecimento. Assim que a noite fria da madrugada atingiu o meu rosto eu acordei, puxando Luke de volta para dentro. Olhei para ele:

– Não terminamos. – Para minha surpresa, Luke segurou fortemente no meu braço e praticamente me arrastou para fora, olhando para os lados a todo instante. – O que está havendo, Luke?

Ele não me respondeu, apenas me guiou até o carro olhando em volta, nervoso. Luke abriu a porta e eu entrei sem questionar. Ele então deu a volta e sentou no banco do motorista, ligando o carro e acelerando muito para sair do estacionamento. Seguimos em silêncio até quando ele entrou por um caminho completamente estranho aos meus olhos e comecei realmente a ficar assustada:

– Luke... Por que saímos de lá? Para onde estamos indo? – Olhei para ele muito nervosa, enquanto ele se manteve sério e com o olhar fixo na estrada:

– Tu viu o noticiário. Agora sabe o que tava pra acontecer quando tu me ligou. É muito sério, Katherine. Terroristas. É perigoso. Eles podem estar seguindo a gente agora mesmo e a gente nunca vai saber. Sem contar que eles podem pensar que tu sabia de alguma coisa.

Me mantive quieta, refletindo sobre mil coisas em minha mente. Eu e o meu pressentimento idiota. “Merda, agora virão atrás de mim. Eles irão me caçar, tenho quase certeza; mas o problema é se chegarem ao Luke. Não quero que ele pague por um erro que eu cometi”. Olhei para as ruas fora do carro, para as janelas dos prédios desgastados daquele lado da cidade. Respirei fundo e pedi meu celular a Luke, que me devolveu enquanto estava completamente absorto na estrada. Desbloqueei a tela e pesquisei mais um pouco sobre o incidente, porém as informações dos sites não eram tão diferentes das que vi na televisão. Quando ia fechar a janela do quinto site, acabei ampliando a tela sem querer e o aparelho ameaçou a travar, então bloqueei-o novamente e suspirei cansada. Querendo ou não, Luke estava certo. Era perigoso demais e eu sabia disso. Tive plena certeza quando senti um arrepio e um calafrio através da espinha que me fez estremecer.

Como se contagiada pela paranóia de Luke, comecei a olhar cada janela, cada porta, cada telhado e cada pessoa que estava na rua, como se do nada elas fossem tirar uma arma de dentro do casaco ou algo assim. O calafrio não cessava de modo algum, então acabei desistindo de lutar contra isso porque tinha o pleno conhecimento de que seria inútil e apenas fechei meus olhos, cansada de toda aquela correria em tão pouco tempo. E tudo isso aconteceu só porque eu queria me divertir um pouco. Ouvi um barulho estranho ao meu lado, abri os olhos e fitei Luke, que estava simplesmente branco olhando para frente. Franzi o cenho e direcionei o olhar para onde ele estava olhando e arregalei os olhos. Estávamos em frente à boate novamente. Ela com certeza não estava mais em chamas, mas o que mais me chamou a atenção era que com certeza haviam pessoas lá dentro. Homens vestidos de preto estavam retirando os cadáveres.

– Katherine... – Luke sussurrou, sem fôlego e tão assustado quanto eu.

Simplesmente não consegui acreditar. Era impossível, não era? Quero dizer, já estava nos jornais, na internet e nas redes sociais, em todo tipo de site; todos diziam que ninguém saiu ferido, muito menos que alguém havia sido morto. “Não houve mortes e ninguém se feriu, já que um grupo de clientes afirmou ter sentido o cheiro de gás e ajudou a evacuar a boate à tempo” – As palavras do jornalista vem à minha mente. Um grupo de clientes havia salvado a todos, então o que eram todos aqueles corpos? O que estava acontecendo ali, bem à frente dos meus olhos? Agradeci à Deus pelo carro do Luke possuir um filme que não permitia que ninguém nos enxergasse de fora, caso contrário, nós dois já estaríamos mortos. Olhei atentamente para a porta do local, de onde saíam cada vez mais pessoas com roupas pretas, inclusive homens carregando maletas prateadas e... Inclinei-me mais para frente, não acreditando em meus olhos. A loira que estava na fila estava lá, com uma Glock na mão e verificando o conteúdo de algumas das maletas.

Um homem saiu de dentro do local e começou a conversar com a loira, que assentiu e entrou na boate recém-recuperada do incêndio. Por algum motivo, continuei olhando para o homem com aparência peculiar, desde as luvas de couro pretas até o tapa-olho em sua face. Ele me causava uma sensação estranha. Apesar do medo, meu lado curioso sentiu uma certa fascinação por aquela situação, acho que era devido ao fato de que nunca estivera tão perto do perigo como estava naquele momento, observando aqueles que eu achava serem terroristas. De fato, meu instinto estava correto mais uma vez. Sempre me surpreendia por ser algo tão certo. Fiquei completamente atônita quando vi a ruiva saindo de dentro da boate agora cinza. Ainda estava com o vestido preto, porém este estava rasgado e haviam cortes e hematomas em seus braços e pernas.

Sim, era Natally, sem dúvida. E a loira era a mesma que havia entrado na boate com ela. Elas estavam com os homens sérios vestidos de preto. Meu calafrio desapareceu no mesmo instante em que liguei os pontos. De fato, senti um alívio quando o calafrio cessou, mas isso não diminuiu nem um pouco o medo que senti no fundo da minha alma. Se saíssemos dali, era como assinar a nossa sentença de morte; se ficássemos, seríamos os próximos a entrar nos sacos pretos de cadáver. Não havia uma saída. Luke e eu morreríamos de qualquer maneira. Tinha absoluta certeza disso.


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Notas finais do capítulo

A Katherine meio que tem um sexto sentido muito estranho. Quando ela sente que alguma coisa importante vai acontecer, ela sente uns calafrios muito tensos e ela simplesmente sabe quando estão mentindo para ela. Gostaria de saber o que vocês estão achando, por favor, comentem. E obrigada por lerem a fic, um beijo.



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