Liars and Killers escrita por A Lovely Lonely Girl


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal. Sinto muito por ter demorado tanto para postar, houveram muitos imprevistos e já estava ficando desanimada, admito, mas cá estamos novamente, né? Afinal, "Liars and Killers" não vai se escrever sozinha, e eu amo essa fanfic de todo o meu coração negro.

Só queria esclarecer umas coisinhas aqui antes. A primeira é que este é o capítulo mais longo que já escrevi e postei, geralmente não ultrapasso nem três mil palavras e este chuchuzinho de capítulo 12 passou das sete mil.
É porque eu fui aperfeiçoando aqui e ali e também porque quis dividir o capítulo em Steve/Pietro/Loki, em consideração às leitoras fãs do Capitão América.
Outra coisa super importante: queria deixar claro que respeito todas as opiniões, seja em questão de política, time de futebol, religião e etc. e peço que por favor não problematizem a fic. Não quero ofender ninguém neste capítulo, e acredito que deva ressaltar que isto é narrado do ponto de vista da personagem; ou seja, pode ser que vocês se identifiquem com ela ou não. Isto não vale apenas para ações, como para pensamentos e opiniões também.
Obrigado a todo mundo que está acompanhando a fic ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/647604/chapter/13

Steve e eu deixamos Lucas e Hill para trás e seguimos até o elevador. Assim que entramos e as portas se fecharam, senti que o elevador começou a subir. Franzi o cenho pensando aonde iríamos antes de ir à sala de treinamento. Os estandes de tiro ficavam no subsolo, não teria sido mais fácil terem colocado as salas de treinamento lá também?

— Os estandes de tiro são mais protegidos, por isso ficam no subsolo. - Steve respondeu à pergunta que não havia pronunciando. Minha expressão havia delatado meus pensamentos, sem dúvida.

— É por causa do colapso da SHIELD? Ainda pode haver traidores na organização? - Perguntei.

— Isso é sempre uma possibilidade. A HYDRA pode estar infiltrada ainda, temos que ser cautelosos.

— HYDRA?

— É uma organização nazista a qual venho ajudando a combater desde que coloquei o uniforme. - Steve disse com as mãos nos bolsos da calça de moletom.

— Eles querem acabar com a SHIELD? Com o senhor? - Ele me olhou com uma cara de divertimento.

— Me chame de "você", Katherine. Não sou seu superior... Bom, na verdade eu sou, mas não precisa de tanta formalidade assim.

— Mas tipo, você tem uns cem anos, né? Minha mãe disse que isso é um sinal de respeito com os mais velhos. - Tagarelei nervosamente. Steve riu e ergueu uma sobrancelha:

— Eu pareço velho para você, Katherine? - Por um momento fiquei atônita olhando em seus olhos azuis, tentando não ruborizar como um tomate, depois o olhei de cima a baixo e pelos deuses, eu iria direto para Hell pelos pensamentos que ocuparam a minha mente. Ergui uma sobrancelha e sorri, dando de ombros:

— Não importa, o Thor é mais velho que você, Steve. Ele deve ter uns mil anos. - O loiro franziu o cenho com uma expressão pensativa.

— Olha, até que você está certa. Nunca tinha pensado nisso, na verdade.

— Eu já pensei nisso várias vezes. Tipo, imagina quantas gerações de humanos um deus já viu em toda a sua vida. Poder ver isso de perto, alguém nascer, crescer e morrer, e depois começar tudo de novo... - Comecei sorrindo, com um ar filosófico e esperançoso, Steve parecia absorto em minhas palavras. Depois fechei a cara e fiquei séria. - Deve ser um verdadeiro porre. - O Capitão riu.

— O que quer dizer? - Ele perguntou, rindo. As portas do elevador se abriram e saímos, mas continuei conversando.

— Exatamente o que eu disse. O ser humano gasta tanto tempo pensando na razão de sua existência, pensando sempre nos mesmos porquês, só para não aceitar que a resposta seja uma que ele não quer ouvir. - O loiro ergueu uma sobrancelha. - Não existe uma razão, ou um propósito divino para estarmos aqui agora. A única coisa que dá sentido à vida é a morte. Saber que seus dias estão contados, que um dia tudo o que conhece vai se esgotar... É isso o que nos motiva a viver o presente, nem sempre viver bem ou plenamente, mas simplesmente viver.— Parei de falar quando senti o peso de minhas palavras. Infelizmente, elas eram a verdade; pelo menos a que eu conhecia, por falta de uma melhor.

— Pensei que você acreditasse em seus deuses. - O Capitão disse depois de alguns minutos de silêncio. Ele provavelmente havia refletido sobre minhas palavras, mas não ousou me contradizer. Balancei a cabeça.

— É complicado. Minha cabeça ainda está girando por saber que eles realmente são reais. Não é algo intencional, mas não consigo deixar de me sentir um pouco... Desapontada. - Ele franziu o cenho me encarando por um momento, depois parou em frente a uma porta de metal e deslizou seu crachá no identificador. - Você acredita em Deus, certo? - Perguntei hesitante, pois sabia que religião era um tópico muito delicado para se tratar. O loiro apenas assentiu brevemente, curioso para ver aonde eu queria chegar. - Imagine que Deus aparecesse na Terra. Ele afirma que é Deus, mas não tem como ninguém ter certeza se ele está mentindo ou não... Ele tem uma aparência x, mas há também as pessoas que acham que para ser Ele deve ter a aparência y... Para tentar provar que é verdade, Ele mostra seus poderes, e alguns acreditam, outros não. Ah, e não se esqueça que há também os povos de outras religiões, que podem não aceitar essa como uma verdade absoluta. Todos começariam a se questionar quem está errado e quem está certo, e isso só geraria mais conflitos, brigas e guerras. E no fim, ninguém iria saber a verdade, porque não existe uma. - Steve apenas me encarava fixamente de braços cruzados. Suspirei cansada. - Viu? Por isso minha cabeça está girando.

— Está me dizendo que você perdeu a fé? - Perguntou ele docemente, não havia sarcasmo em sua voz. Dei de ombros.

— Eu só não sei mais no que acreditar. - Rogers dirigiu seu sorriso perfeito a mim mais uma vez e se aproximou um pouco ficando a cinco passos de mim, em seguida colocou a mão em sua nuca olhando na linha do horizonte, pensando no que diria em seguida.

— Bom, acho que é uma questão de interpretação, acima de tudo. - Suas orbes azuis se fixaram em meu rosto. - Você pode procurar em mais de uma religião ou pode ser incumbido a crer por uma tradição, por exemplo; mas no final, sempre vai depender de si mesmo, do que você sente em seu coração, independente se for verdade ou mentira; afinal, você mesma disse que não há como saber qual seria a verdade. - Fiquei em silêncio observando as feições do loiro, ele estava certo. Naquele momento entendi o porquê da opinião de Steve ser tão importante para eles. O Capitão não era apenas mais um soldado, era um homem justo que defendia a liberdade, não importava qual fosse. - Desculpe se disse alguma besteira, não costumo falar sobre isso.

— Não, tudo bem. - Lhe dirigi um pequeno sorriso. - Só... Obrigada, Steve.

— Ao seu dispor. - Respondeu ele cordialmente com um leve aceno de cabeça. Observei a sala um pouco mais atentamente, era realmente ampla - haviam tatames, sacos de areia pendurados no teto, alguns aparelhos de academia para levantar pesos no canto com os pesos do lado, um ringue mais ao fundo, algumas luvas de boxe penduradas nas paredes brancas ao lado de cordas de pular, uma cômoda simples abaixo delas, além de um armário que parecia prateleiras com divisórias na parede ao lado da porta. Cada porta do armário era de vidro fosco com o símbolo da SHIELD além de um identificador pequeno onde ficaria a fechadura. Ele se aproximou de uma das portas com o símbolo, passou o crachá em um identificador e a porta se abriu, depois se virou para mim. - Pode colocar suas coisas aqui, junto aos seus sapatos. - Fiz conforme ele pediu, depois subi no tatame e comecei a me alongar enquanto o loiro ia verificar algo na cômoda. Quando voltou, ficou me observando esperando pacientemente que eu acabasse, só então começou a explicar, com um pequeno rolo branco em sua mão. - Estas são bandagens mexicanas. São um pouco mais confortáveis na minha opinião por serem semi-elásticas e não tão grossas. Vamos usá-las para proteger suas mãos. - Assenti levemente e estiquei minha mão em sua direção, que a enfaixou avaliando meticulosamente o trabalho que havia feito, quando decidiu que estava bom, ou "aceitável" conforme o próprio Steve sussurrou avaliando, enfaixou a outra mão também e depois me liberou.

— Minhas mãos estão tão grandes que parecem dois pãezinhos. - Falei baixo me aproximando do saco de areia, e ouvi a risada do loiro mais uma vez, logo atrás de mim.

— O que faremos daqui em diante chama-se treinamento de força relativa. - Encarei Steve com a maior cara de paisagem esperando que ele continuasse, porque não estava entendendo nada. O Capitão continuou, percebendo a minha ignorância sobre o assunto. - Você vai ganhar mais força sem ganhar massa muscular. Será importante porque dependemos muito da mobilidade para este trabalho, entende? - Assenti lentamente enquanto tentava assimilar o que ele estava me ensinando. - Atletas profissionais também fazem isso, é fundamental para a melhora do desempenho.

— Então eu vou ficar mais forte sem ficar mais... Marombada?

— É, esse é o plano. - Disse ele enquanto se posicionava em frente ao saco de areia. - Agora preste atenção, principalmente na minha postura. - Ele afastou um pouco os pés e se manteve ereto, em seguida deu alguns socos no saco. Quando parou, voltou a olhar para mim. - ura. - Ele afastou um pouco os pés e se manteve ereto, em seguida deu alguns socos no saco. Quando parou, voltou a olhar para mim. - Essa é a posição que você sempre deve voltar. - O loiro ergueu os pulsos dobrando os cotovelos e fechou as mãos em punhos, como se continuasse pronto e alerta. - Suas mãos sempre devem voltar a se erguer ao menor sinal de perigo. Entendeu?

— A não ser que eu tenha uma arma, não é? - Perguntei, e Steve parou por um momento, depois continuou:

— Bom, vamos considerar que por enquanto nosso oponente não esteja armado.

— Hmm... Okay. - Me aproximei do saco e tentei ao máximo imitar a posição que o Capitão havia acabado de me mostrar, depois comecei a dar os socos no saco de areia. Estava concentrada em melhorar o socos, só parei quando senti uma mão empurrando minha lombar e a outra puxando meu ombro, o que me fez congelar.

— Tem que melhorar essa postura, Katherine. - Steve me advertiu, e só então se deu conta do que havia feito. - Ah, sinto muito se te assustei. - Balancei a cabeça, depois que me recuperei de meu choque inicial.

— Não, tudo bem. Os russos do Balé Bolshoi fazem a mesma coisa. Não se preocupe com isso. - Disse e voltei a socar o saco de areia, dando um pouco mais de atenção à minha postura.

[...]

O treinamento prosseguiu até a hora do almoço, quando Lucas e eu fomos liberados para irmos a um restaurante fora do prédio ou nos juntarmos aos Vingadores que iriam se encontrar na cafeteria. E obviamente, o Luke praticamente me arrastou pelo prédio inteiro até que esbarramos com Banner no caminho e ele nos acompanhou até lá, por algum motivo mantendo uma distância segura de mim. Quando chegamos lá, Bruce se sentou ao lado de Tony e se encolheu, como se ele quisesse desaparecer no meio de todos ali. Ele não parecia fazer isso quando eu não estava por perto, na verdade, o doutor sempre parecia à vontade com o restante sem a minha presença, o que me deixou meio (muito) brava.

— Hey, Bruce! - O chamei, ou melhor, quase gritei, minha voz parecia carregada de veneno. Por que sempre tinha essa impressão? Parecia que os tempos de cheerleader não estavam tão distantes, afinal. O moreno congelou, assim como todos à sua volta, que pareceram estar repentinamente interessados. Banner não ousou se virar para mim, então apenas disse, furiosa. - Só pra constar, não vou te morder não, e garanto que, seja lá a doença que você acha que eu tenho, não é contagiosa. - Lucas me encarou me repreendendo com o olhar, mas o enfrentei. - Ah, o que é agora? Nem vem, você sabe que eu sou louca. - O deixei para trás e andei até uma mesinha mais afastada, me sentei em uma das cadeiras e cruzei os braços com uma expressão irritadiça. Se deixasse, brigaria até com o vento.

— Me desculpe por isso, doutor Banner. - Disse o loiro.

— Não venha pagar de santinho agora, Singer! E nem tente resolver as minhas merdas por mim! - Eu gritei, e ele se virou olhando em minha direção.

Cala a boca, sua demente!— Ele sibilou para mim. - A humanidade não tem culpa da sua TPM!

— Vá se foder, babaca.

— Vá se foder você, sua maluca psicótica.

— É senhorita maluca psicótica para você, rolha-de-poço. - Ele respirou fundo e revirou os olhos, como se eu fosse uma criança.

— Vê se cresce, Kohls.

— Eu vou crescer quando você abaixar esse narizinho que anda muito empinado pro meu gosto. - Ele riu com amargura.

— Olha só, parece que alguém aqui não tem espelho em casa.

— O cara que usa a mesma camiseta por um mês inteiro está mesmo tentando me dar conselhos sobre vaidade? - Perguntei com uma sobrancelha arqueada e o meu melhor sorriso irônico.

— Pelo menos sou mais responsável que você. Acha que isso aqui é brincadeira, Katherine?

— Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. Só estou aqui pelo almoço, e aqui — indiquei tudo à minha volta em um gesto rápido. - pela besteira que você fez.

— Se não está satisfeita, vá embora. Ninguém está te obrigando a ficar, acho que ainda é livre para tomar suas próprias decisões. - Respirei profundamente, me controlando ao máximo, já que havia me lembrado do verdadeiro motivo de estar ali. Olhei para Luke, mais calma, e lhe respondi:

— De fato. - Concordei, depois me levantei e andei até atrás do balcão, onde encontrei muitas caixas de pizza. Peguei um pedaço de uma que estava aberta no canto e o mordi. - Mas também devemos considerar que o ser humano é uma criatura extremamente egoísta, e isso praticamente está nos genes. - Dei outra mordida e voltei a olhar para Luke. - Agora é quando você se pergunta aonde quero chegar com isso. Permita-me explicar: bom, até onde sei, sou tão humana quanto é possível que um humano seja, sendo assim, o egoísmo também está implícito em meus genes, já faz parte de minha natureza. Além disso, também sou uma pessoa extremamente e perigosamente possessiva, seja com ou sem interesses românticos, seja com namorado, amante, amigo, família, animal de estimação, inimigo, objeto, vegetal, animal, mineral ou imaginário; o que é meu, é meu.— Alguns Vingadores ficaram me encarando fixamente enquanto Lucas cruzou os braços. Mordi mais uma vez o pedaço e apontei o loiro com a ponta da pizza enquanto falava. - Você é o meu melhor amigo, o que significa que só eu posso brigar, bater, pisar e até te matar, se eu estiver a fim. - Ele franziu o cenho, e sabia que não estava mais bravo comigo.

— Você tem uma maneira muito estranha de enxergar as coisas.

— Pois é, acertou em cheio quando me chamou de maluca psicótica. - Rimos levemente e voltei a morder a pizza, depois continuei. - O que quero dizer é que, já que eu tecnicamente sou a única pessoa que pode te estrangular, também significa que eu tenho que evitar que outra pessoa te estrangule, sendo assim eu meio que tenho que te proteger. Bom, eu quero te proteger, assim como a todas as pessoas que me pertencem, que tem algum tipo relação comigo. - Fiz uma breve pausa, admirando o pequeno sorriso que pairava nos lábios de Luke. - Menos os inimigos, é claro, quero mais que eles apodreçam no inferno. - Ele riu mais uma vez e se aproximou do balcão, pegando a caixa com o resto de pizza, não dando ouvidos às queixas de Clint sobre ainda estar comendo aquele sabor. O Gavião só parou de falar quando Stark abriu outra caixa e todos começaram a se servir dela. O loiro se aproximou de mim e seguimos até a mesa, nos sentamos e começamos a devorar a pizza enquanto conversávamos.

— Então, como foi até agora? - Perguntei o analisando. - Não tem nenhum hematoma ou cicatriz, Natasha está pegando leve com você?

— É tão difícil assim acreditar que eu seja realmente bom nisso? - Ele respondeu cheio de pose, como se eu houvesse ferido seu orgulho, ergui uma sobrancelha e ele logo desceu de seu pedestal, encurvando os ombros dramaticamente enquanto falava de uma maneira miserável. - Ela só não danificou o meu rosto. Ainda. As marcas estão todas por baixo dos panos, literalmente. Só tem hematomas e cicatrizes em lugares discretos. É bom porque não vai chamar a atenção depois. E você, como foi com o Capitão? - Sorri.

— Ah, muito bem, eu acho. Foi divertido até. E bem interessante, não fazia ideia que o cara era tão... Diferente do que eu imaginava. Ele é bem legal. Não é à toa que a mulherada fica suspirando por ele, Steve com certeza não é só um rostinho bonito.

— E você também fica suspirando pelo Capitão, Kate? - Ele perguntou com um sorriso malicioso. Dei de ombros:

— Eu só gosto de notar a beleza alheia. E também, entendo a fascinação. - Terminei meu pedaço de pizza e, quando estava pegando outro, uma garrafa de Coca-Cola surgiu na mesa e um copo logo ao seu lado, depois Pietro apareceu ao lado da mesa segurando mais dois copos com um sorriso no rosto.

— Posso me sentar aqui com vocês? - Ele perguntou com seu sotaque característico.

— Você tem a credencial? - Luke perguntou, e o Vingador franziu o cenho.

— Credencial? - O loiro ficou sério:

— É, aqui é a área VIP, não tá vendo? Eu e a Kate somos clientes exclusivos V-I-P-S porque temos credenciais. - Sua voz estava grave, suas feições estavam sérias e quando o encarei me lembrei do segurança da TMC. Lucas cruzou os braços. - Cadê a tua credencial, filho? - Pietro continuou de cenho franzido encarando o Luke, que permanecia sério, até o momento em que explodiu em gargalhadas desmanchando a imagem de segurança machão que havia criado anteriormente. Revirei os olhos e indiquei o assento à minha frente, me virando para o platinado:

— Claro, fique à vontade. E sinto muito por esse idiota.

— Ah, cale essa boca, Kohls. Você sabe que a gente é assim. - Meu amigo disse, em seguida abriu a garrafa de Coca-Cola e serviu nos copos.

— É, eu sei. E é por isso que acho que vamos ser expulsos daqui em breve. - Respondi, e o garoto riu, enquanto Pietro pegou um copo e tomou um gole de refrigerante.

— Hm, eu não teria tanta certeza. - Ele disse, e tanto eu quanto Luke o encaramos.

— Por que diz isso? - Perguntei, o fitando curiosa.

— A SHIELD não parece ser o tipo de organização que investe em uma causa perdida. - Mercúrio sorriu para mim, o que automaticamente me fez sorrir de volta. Ele queria mesmo me encorajar a ir até o final.

— Pega um pedaço. - Luke disse apontando a pizza.

— Obrigado. - O herói pegou um pedaço e começou a comer com a gente.

— Então, de onde você é? - Luke perguntou. Observei o platinado, que parecia bem... Normal, na medida do possível. Quando o vi daquele jeito, simplesmente comendo um pedaço de pizza e conversando, quase dava para esquecer que ele era um dos Vingadores e que tinha habilidades extraordinárias. Parecia um cara bem normal, humano, se é que eu poderia chamar assim.

— Eu nasci em Sokovia. - Olhei atentamente suas feições, não parecia haver nenhum traço marcante que indicasse sua descendência, pelo menos nenhum traço que eu conhecesse. Já havia ouvido sobre aquele país antes, em mais um dos discursos do Luke sobre os Vingadores, se não me falhava a memória. Senti minha canela ser chutada por baixo da mesa, o que me fez sobressaltar deixando meus devaneios de lado e olhar para quem aquele pé pertencia. O loiro estava com uma expressão nada contente, e seus lábios formularam um "Pare de encarar" sem sair nenhum som. Franzi o cenho não entendendo direito, até que me dei conta de que realmente estava encarando Pietro. Minhas bochechas ruborizaram, porém assenti levemente baixando o olhar e focando no meu copo de refrigerante.

— E como os Vingadores te encontraram? Você e a sua irmã, na verdade. - Lucas perguntou. Pietro fez uma pausa, avaliando tanto o meu amigo quanto eu, depois começou a falar:

— Nós ficamos do lado errado por um tempo, queríamos destruí-los por vingança, até que enxergamos as verdadeiras intenções daquele que nos havia prometido nossa vingança. E então tentamos reparar o nosso erro ajudando os Vingadores a salvar o mundo de um exército de robôs.

— Sério? - Perguntei, com as sobrancelhas arqueadas em surpresa. O platinado assentiu com um sorriso.

— Saiu nos jornais, nas redes sociais também. Como da primeira vez que os Vingadores salvaram o mundo.

— Eu te disse, não disse? - Luke se dirigiu a mim com um amplo sorriso.

— Yeah, você disse. - Falei e cruzei os braços. - Me desculpe se eu não sei quase nada sobre eles. Bom, o Thor é uma exceção, claro. - Dei de ombros.

— Você realmente gostou de conhecê-lo, não é? - Pietro perguntou com as feições sérias, e não entendi o motivo de sua mudança repentina de humor.

— Sem dúvida. - Respondi o observando atentamente. - E também gostei muito de conhecer o doutor Banner, apesar da minha pequena explosão agora há pouco.

— E o Capitão? - Pietro perguntou no mesmo tom de voz, e por mais que eu tentasse, não conseguia entender qual eram os sentimentos por trás de suas palavras.

— O Steve é bem legal, embora não estivesse tão ansiosa para conhecê-lo. - O encarei por um momento. - Também gostei de te conhecer. - Disse, o que o fez ficar surpreso. Sorri levemente e bebi mais um gole de refrigerante, tentando disfarçar o rubor de minhas bochechas. Okay, eu não deveria ter falado aquilo. Ou deveria? Meus pensamentos começaram a girar em minha cabeça, e não sabia se isso era bom ou ruim. Por que me preocupava tanto com o que dizia ao cara de cabelos brancos que estava sentado à minha frente? Não queria causar uma má impressão, claro, mas por algum motivo sentia que a opinião dele sobre mim contava mais do que a dos outros. - E eu tenho medo da sua irmã. - Acrescentei rapidamente, querendo quebrar o gelo. Deu certo, porque o platinado riu.

— Por que você tem medo dela? Não é como se você fosse uma inimiga ou coisa assim. - Dei de ombros com um pequeno sorriso.

— Sei lá, tenho a impressão de que ela não gosta de mim. Ou que tem medo de mim, pelo jeito que ela me olha. - Ele ergueu uma sobrancelha, como se perguntasse "de que jeito?"; então continuei. - Como se eu tivesse chifres, garras, asas e presas que só ela consegue ver.

— Não se preocupe com isso. Wanda logo vai deixar isso de lado quando entender que você também é uma de nós. - Luke pigarreou, o que me fez rir e Pietro acrescentou rapidamente, meio sem jeito. - E você também, Lucas.

— Obrigado. - Agradeceu o loiro com uma expressão esnobe, como se fosse um metido. Mostrei a língua para ele, o que o fez sorrir.

— Há quanto tempo vocês se conhecem? - O herói perguntou.

— Não sei. Parei de contar já faz alguns anos. - Respondi, e me virei para Luke. - E você? - Ele balançou a cabeça.

— Nem me lembro mais. Desde a terceira série? - Ele deu de ombros. - Estou chutando.

— Também não me lembro. - Dei de ombros e olhei para Pietro. - Resumindo, faz muito tempo.

— E vocês são amigos... Quero dizer, só amigos? - O Vingador parecia um tanto constrangido por fazer essa pergunta, porém percebi que ele não a faria se aquilo não estivesse perturbando-o de verdade.

— Não. - Respondi, o que o fez paralisar com os olhos arregalados e as mãos ao redor de seu copo com refrigerante. - Somos BFF's, super-ultra-mega-amigos-para-sempre-ao-infinito-e-além. - Luke me olhou com uma cara de pouco caso.

— Não exagera, Kate. - Ele terminou seu pedaço de pizza e se virou para o platinado ao seu lado. - Ela é como uma irmã pra mim, se é o que quer saber. Nunca tentaria outras coisas com ela. - Ele fez uma careta, que refleti ao pensar no que seriam as "outras coisas". - Credo, me arrepio só de pensar. Enfim, não há nenhum perigo aqui, pelo menos não no meu caso. - Olhei para as minhas mãos tentando pensar em qualquer outra coisa, quando na verdade tinha vontade de sair gritando e dando pulinhos porque parecia realmente que o cara que eu gostava estava interessado em mim. Caso contrário, Pietro não perguntaria aquele tipo de coisa, certo? Eu gostava de pensar que a resposta seria "sim".

— Então garotos, já terminaram aqui? - Uma voz masculina interrompeu, e ergui a cabeça. Steve estava ao lado da mesa, olhando despreocupadamente para nós três.

— Pensei que teríamos mais tempo de almoço. - Luke disse em tom de lamentação.

— Não, vocês têm. - Steve respondeu rapidamente e seu olhar caiu sobre mim. - Só ia propor a Katherine que nos adiantemos nesse horário, assim conseguirá avançar mais rápido. Você aceita, Katherine?

— Yeah, acho que não tem problema. - Falei olhando para o Capitão, em seguida me virei para os meninos e sorri. - Então, até mais tarde, pessoal. - Me levantei e segui o loiro sem esperar uma resposta deles, até porque, algo me fazia acreditar que o Mercúrio não gostou do Steve ter interrompido a conversa e me levado embora. Balancei a cabeça levemente com um pequeno sorriso - eu com certeza estava imaginando coisas.

[...]

Eu estava completamente esgotada ao final do dia, nunca havia desejado tanto me esparramar em minha cama antes. Algo me dizia que no dia seguinte eu estaria bem pior. Respirei fundo enquanto terminava de refazer meu rabo de cavalo olhando para o espelho do banheiro feminino. Chequei em minha bolsa o que eu teria para ajudar em meu estado - só haviam maquiagens, balinhas, meu celular, o carregador e os fones de ouvido. Fiz uma nota mental de levar um desodorante da próxima vez, já que me sentia estranhamente pegajosa. Claro, aquilo era devido ao fato de que havia suado por lugares que nem sequer sabia da existência até então. Quem diria que o ser humano poderia ter tantos poros no corpo. Encontrei alguns lenços no fundo da bolsa e tentei me virar para tirar a maquiagem do meu rosto, que milagrosamente conseguiu permanecer intacta, porém resolvi retirar mesmo assim já que passei a me sentir ridícula daquela maneira.

Quando terminei de remover a maquiagem, guardei todos os meus pertences de volta na bolsa e saí do banheiro. Steve estava conversando com Lucas no saguão, quando me aproximei colocando a alça da bolsa sobre o ombro.

— ...E então aquelas naves menores começaram a cair do céu do nada. Mas como vocês derrotaram aquelas larvas flutuantes gigantes? - Luke parecia bem empolgado.

— Bom, o Hulk ajudou bastante no começo, mas o Tony conseguiu enviar um míssil para o espaço e destruir o que estava comandando o exército. - Franzi o cenho quando ouvi a conversa. Luke abriu um enorme sorriso e se dirigiu à mim.

— Ah, olá, Kate. Eu e o Capitão estávamos falando sobre o ataque alienígena a New York em 2012. Capitão, por que não conta a ela aquela parte que o Hulk deu uma surra no "Homem-Rena"? - Singer parecia uma criancinha de cinco anos falando sobre seu videogame favorito, todo sorridente e com olhos brilhantes.

— Bom, foi assim que conseguimos derrotar definitivamente o...

— Capitão. - O interrompi, e Steve parou de falar imediatamente. - Sinto muito por isso, mas é que realmente preciso ir para casa. Daqui a pouco vai escurecer e não gosto de andar pelas ruas à noite. Por que não me conta mais sobre isso amanhã? - Sugeri com um sorriso, tentando consertar minha rudeza do momento anterior, quando o interrompi.

— Claro, podemos falar sobre isso amanhã. Quer que eu a acompanhe até a sua casa? Posso te dar uma carona em minha moto. - Balancei a cabeça em negativa:

— Obrigada, Steve. Você já fez muito por mim hoje.

— Por favor, eu insisto. New York pode ser bem perigosa a essa hora. - Ele parecia seriamente preocupado. Mantive o meu sorriso no rosto, ele estava tão fofinho daquele jeito.

— Agradeço pela oferta e pela preocupação, mas consigo me virar. São só algumas quadras, nada vai acontecer. - Steve franziu os lábios com uma expressão de quem não aprovava a minha decisão. - Até amanhã, Steve. - Me virei, transpassando a alça pelo meu torso colocando-a sobre meu outro ombro e comecei a andar para a porta de saída. Andei a passos largos, passei pelo pórtico, segui para a calçada e só então coloquei meus fones de ouvido, dando play em uma das playlists que eu estava ouvindo anteriormente. Sorri ao ouvir a melodia da música começando, pois era uma das minhas favoritas. Não consegui me controlar e comecei a sussurrar a letra junto enquanto a voz de Billie Joe se tornava presente.

"I walk a lonely road
The only one that I have ever known
Don't know where it goes
But it's only me, and I walk alone"... — Balancei a cabeça conforme seguia meu caminho, pensando no quanto essa música significava para mim. Era viciante, claro, mas a letra se encaixava perfeitamente na minha vida, na parte amorosa, pelo menos. Não chegava a ser tão profunda, era mais simples e direta, eu amava aquilo. Eu estava sozinha e às vezes desejava que houvesse alguém ao meu lado, e até acontecer eu continuaria sozinha. Respirei fundo tranquilamente, já que estava certa de que seguiria meu caminho de qualquer maneira. Tentava sempre respirar fundo e aguentar firme para que meus anseios não se tornassem uma obsessão. Meus passos seguiam o ritmo da música, não estava tão preocupada com o futuro, só conseguia pensar no treinamento da SHIELD. Sabia que com o tempo as coisas se tornariam mais intensas e complicadas, e esperava que conseguisse atingir as expectativas. Fiquei grata pelo meu treinamento anterior de cheerleader, caso contrário, não conseguiria lidar com a pressão. Mais um fator contribuinte para a minha permanência na SHIELD que fora desenvolvido nos meus tempos de cheerleader era que constantemente tentava melhorar, sempre tentando chegar à perfeição. Eu certamente me aproveitaria disso em minha nova "missão" para o meu progresso.

Já havia escurecido quando entrei no meu prédio, para minha sorte a vizinhança não era tão perigosa. Me dirigi aos elevadores calmamente, pensando mais em fazer o meu caminho até o chuveiro e depois desmaiar na cama. Será que Sage tinha feito o jantar? Eu esperava que sim, e torcia para que fosse macarrão com almôndegas e muito molho de tomate. Só de pensar naquilo já senti minha boca se encher de saliva. Billie Joe ainda cantava a mesma música pela quinta vez quando saí do elevador e finalmente tirei os fones de ouvido. Segui pelo corredor até o número do apartamento, peguei a chave, destranquei a porta e a abri, encontrando o ambiente iluminado apenas por um abajur alto do canto da sala e pela luz da lua cheia que pairava no céu.

A vista da sacada era incrível, as luzes dos prédios contrastavam com a noite magnífica. Me aproximei da sacada quando vi um vulto negro sentado tranquilamente ali, e pela silhueta reconheci instantaneamente de quem se tratava. Sorri amplamente e o chamei:

Pss, Loki!— A criatura virou a cabeça em minha direção e seus lindos olhos verdes se fixaram em mim. Ele se aproximou de mim e ficou à minha frente, as orbes fixas em mim, e um semi inaudível miado escapou de sua boca. - Bem-vindo de volta. - Ele se aproximou de mim e se esfregou em minha perna, o que me fez rir levemente. - Vem, vou colocar um pouco de comida para você. - Segui até a cozinha, abri o armário ao lado do balcão, peguei sua tigela, um Whiskas sachê, o abri e o despejei na tigela, logo depois segui até a área da sala e coloquei no chão, ao lado do Cam. - Hoje só é sachê porque você voltou. Não se acostume a esse mimo. - O felino se aproximou da tigela e começou a devorar seu conteúdo. Peguei o controle da televisão, que Sage sempre deixava em cima do piano para que eu não revirasse o apartamento em busca do objeto, e liguei a televisão, mudei para o Universal Channel, bem a tempo de pegar um episódio de Grimm no começo.

— Se importaria de abaixar um pouco? Estou tentando me concentrar neste livro.

AAH! - Gritei de susto e atirei o controle sem pensar na cabeça do deus antes de reconhecê-lo. Ele desviou segundos antes de acertar sua cabeça e depois se virou para mim, com uma expressão irritada.

— Ficou louca? Por que jogou isto em mim?

— QUE MERDA, LOKI! EU ESQUECI QUE VOCÊ ESTAVA AQUI, OKAY?! - Suspirei com alívio enquanto tentava me acalmar um pouco, meus batimentos estavam acelerados. O deus apenas continuou me encarando, impassível. Ele estava sentado em uma poltrona em um canto mais escuro da sala, com um livro aberto sobre suas coxas e parte do cabelo preso por um elástico. Sua roupa era casual, uma calça preta e uma camisa preta com botões dourados, as mangas estavam dobradas até os cotovelos, o que deixava à mostra algumas pequenas cicatrizes em seus braços. Respirei fundo balançando a cabeça, segui até ficar ao lado da poltrona, me abaixei e peguei o controle remoto. - Desculpe, eu levei um susto.

— Eu notei. - Ele disse rispidamente, em seguida segurou o livro e voltou a ler, ignorando completamente a minha presença. Bufei e desliguei a televisão, quando ouvi um miado familiar. Olhei para o sofá, Loki estava sentado na guarda, com seu rabo indo de um lado a outro como uma cobra e seus olhos grandes fixos em mim. - O que foi, sua bola de pelos? - Sentei-me no sofá e o gato logo desceu e se aninhou em meu colo, o que me fez rir levemente. - Malandrinho. - Comecei a acariciá-lo, cantarolando pacificamente, e logo o ouvi ronronar. Deixei o animal cuidadosamente ao meu lado, vendo que ele continuou dormindo, e me levantei, olhei para o homem, que se encontrava absorto em seu livro. - Quer que eu ligue a luz para que você possa ler melhor? Pode acabar forçando demais a sua vista se continuar assim.

— Tenho o prazer de informá-la que enxergo perfeitamente bem, muito obrigado pela sua preocupação. - Revirei os olhos, segui até o interruptor e o pressionei, as luzes da sala se acenderam.

— Não precisa agradecer, Sua Alteza. - Disse com um alto tom de ironia nas duas últimas palavras, satisfeita por ver o olhar letal que Loki dirigiu a mim. Segui até a cozinha, abri a geladeira, peguei a Coca-Cola e procurei por um bom tempo por alguma tigela tampada em algum canto da geladeira, em vão. Nada de tigela lá. Abri o microondas e também não encontrei nada. No forno, o resultado foi o mesmo. Respirei fundo e girei em meus calcanhares, voltei para a sala e parei, encarando o alienígena. - Loki, Sigyn sempre deixa um pouco de comida para que eu esquente quando ela sai, por um acaso você não viu uma tigela em algum lugar da cozinha?

— Sigyn não me avisou que deixaria nada para você, se é o que está perguntando. - Ele respondeu, cínico. - Porém, durante a tarde esta forma mortal acabou precisando de alimento, e encontrei algum dentro do armário com gelo que vocês têm na cozinha.

— VOCÊ ESTÁ DIZENDO QUE COMEU A ÚNICA COISA QUE SIGYN DEIXOU NA GELADEIRA PARA QUANDO EU CHEGASSE AQUI MORRENDO DE FOME?! - Gritei, o que fez com que o gato despertasse. Loki não pareceu se abalar com o meu humor, apenas abaixou o livro o colocando sobre suas coxas mais uma vez e olhou no fundo dos meus olhos.

— Estou. - Cruzei os braços, mantive o olhar fixo no dele, como se esperasse que conseguiria lançar raios pelos olhos e matar o assassino sentado à minha frente. Ele não desviou o olhar do meu, muito pelo contrário, manteve seus olhos verdes fixos nos meus, até que comecei a sentir o formigamento em minha nuca.

Pára com isso! Se quiser saber no que estou pensando, por que não pode fazer como uma pessoa normal e simplesmente me perguntar?! — Imediatamente senti o formigamento parar, porém os olhos do deus permaneceram fixos em mim, até que ele piscou, atônito, e um segundo depois voltou à sua fachada de "deus superior" de sempre:

— Porque não sou como vocês, patéticos mortais. Sou mais poderoso, mais forte, mais sábio e bem mais habilidoso; portanto, superior a qualquer um de vocês.

— Pode até ser tudo isso, mas nada muda o fato de você ter a maturidade de uma criança de dois anos!

Como ousa se dirigir a mim de tal maneira? - Ele se levantou e se aproximou de mim, como uma fera selvagem à espreita para atacar. - Para provar que consigo ser misericordioso, deixarei que viva pois hei de supor que ainda não saibas o teu lugar, jovem mortal. Porém, devo avisar-lhe que não serei tão compreensivo caso isto ocorra uma próxima vez.

— "Que ainda não saibas o teu lugar"? Você está realmente dizendo isso a mim? — Balancei a cabeça. - Inacreditável. Você se acha superior de verdade. Você subestima as pessoas ao seu redor, como se elas nunca fossem conseguir chegar ao seu nível, como se elas não fossem nada além de pedras no caminho ou insetos nos quais ocasionalmente terá que pisar para conseguir alcançar os seus objetivos. Não sou capaz de expressar a minha indignação em palavras, até porque, esperava que "o grande Loki, deus da mentira e das travessuras" fosse um cara esperto, no mínimo. Estou profundamente desapontada em descobrir que ele não passa de um babaca facínora, metido, arrogante, presunçoso e mimado com um traseiro real que não  pensa em nada além de si mesmo! - Dei-lhe as costas e comecei a caminhar a passos largos em direção ao meu quarto, quando ele segurou meu braço com força e me obrigou a ficar de frente para ele. O verde de seus olhos parecia faiscar, demonstrando sua fúria.

Quem você pensa que é? - Ele sibilou apertando mais o meu braço.

— Eu? Eu sou só alguém com coragem o suficiente para falar o que você não tem coragem de ouvir. Você é o deus da mentira, então sabe quando estão lhe contando uma. Me diga, você sente que eu estou mentindo? Que tudo o que eu te disse foi uma mentira? - Olhei firmemente no fundo de seus olhos, sua tática de intimidação não fazia efeito comigo. O moreno grunhiu algo ininteligível e soltou o meu braço, depois voltou para a poltrona, enquanto eu segui para o banheiro. Tranquei a porta, me despi, liguei o chuveiro e entrei embaixo sem pensar duas vezes. Estava exausta, faminta e raivosa, uma combinação nem um pouco saudável independentemente da ocasião. Se eu me sentia vingada por desafiar a morte em jogar umas verdades na cara daquele deus esnobe? Sem dúvida, sentia como se houvesse lavado a minha alma. Se aquilo tinha adiantado alguma coisa? Sinceramente, tinha a impressão de ter deixado as coisas muito piores. Respirei fundo quando finalmente cheguei àquela conclusão, logo deixei o meu orgulho de lado e decidi que me desculparia pela minha verdadeira, porém má, conduta.

Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha, segui até o meu quarto, coloquei meu pijama e minhas pantufas de unicórnio. Passei algum tempo secando meu cabelo com a toalha, depois a pendurei em um cabide atrás da porta do quarto e penteei o cabelo. Caminhei até a sala e o encontrei da mesma maneira que havia ficado, concentrado em seu livro, perdido em seu próprio mundo e ignorando tudo em volta. Parecia ser bem calmo, pacífico e... Solitário. Quase como se ele estivesse em uma bolha.

— Vai ficar aí me observando ou veio para insultar-me mais um pouco? - Ele abaixou um pouco o livro, só deixando-me ter a visão de seus olhos, não de todo seu rosto. Aquela era a minha deixa. Respirei fundo, me sentei no sofá mais próximo da poltrona, que ficava de frente para a mesma, e comecei:

— Não vim aqui para te insultar. Não quero comprar uma briga, começar uma guerra ou o que quer que seja. Não em minha própria casa. - O moreno fechou o livro, deixou-o sobre suas coxas, apoiou o cotovelo no braço da poltrona, apoiando o rosto na palma de sua mão, o polegar por baixo de seu queixo, o indicador pressionando sua bochecha apontado para cima enquanto o dedo médio roçava suavemente seu lábio inferior. Seus olhos estavam em mim, eu havia conseguido chamar sua atenção. - Eu só... Me desculpe pelo meu comportamento, eu definitivamente sou a pior anfitriã do século. - Ri levemente de nervoso, em seguida suspirei. - Você está aqui porque precisa, apesar de eu não saber o motivo exato, eu não deveria deixar as coisas piores. - Houve uma longa pausa, seus olhos claros fitaram cada traço do meu rosto, procurando algum resquício que provasse que eu estava mentindo, provavelmente, porém não encontrando nada. Eu não estava mentindo, até porque, só um idiota tentaria mentir para o deus da mentira em pessoa. - Bom, é isso. Não vou tomar mais do seu tempo, com licença.

Me levantei, fui até a cozinha, peguei uma lasanha congelada no freezer, a descongelei e a comi inteira. E comi uma caixa de bombons inteira depois, tamanha era a fome que eu estava. No retorno até o quarto, desejei uma boa noite ao deus, que não respondeu, escovei os dentes, segui até o meu quarto, me deitei na cama e fiquei encarando o teto por um longo tempo. Eu tinha que pensar em tantas coisas, tomar tantas decisões, fazer tanto...

Respirei fundo.

Por que tinha a sensação de não estar pronta para o futuro? 

Fechei os olhos.

Sempre tinha esse mesmo sentimento, todas as noites antes de dormir - Ansiedade. 

Foquei em minha respiração, em deixá-la mais lenta.

Depois de algum tempo, finalmente me deixei abater pelo cansaço, submergindo nos mares imprevisíveis de meu subconsciente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então pessoal, o que acharam do capítulo? Por favor, comentem! MUITO OBRIGADA POR ACOMPANHAREM LIARS AND KILLERS!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Liars and Killers" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.