Get Back escrita por Mags


Capítulo 1
The Moth and The Dragonfly


Notas iniciais do capítulo

A MÚSICA DO CAPÍTULO É ALL I NEED - RADIOHEAD
https://www.youtube.com/watch?v=wUL8NklXDsw

E EU QUERIA AGRADECER A RAMONA (https://fanfiction.com.br/u/260134/) ESSA LINDA QUE INDICA AS MÚSICA QUE SUITS NOS CAPÍTULO MESMO SEM SABER
BRIGADAO.
AMO VOCÊ.
AH, E JÁ AGRADEÇO PRA VOCÊ AÍ DO OUTRO LADO QUE VAI DEIXAR UM REVIEW TODO CHEIO DE GLITTER PRA EU FICAR TODA VERMELHINHA. VAAALEEEUS.
CONSIDERO CÊS TUDO BAGARAIO



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Jojo balançou os pés dentro da piscina suja e as ondulações azuladas afastaram os cadáveres de insetos e folhas alaranjadas caídos na água morna. Ele encarava Saturn com a profundidade do oceano enquanto ela, estirada preguiçosamente sobre uma cadeira de praia enferrujada e com os olhos presos em uma libélula que pousara na borda da piscina, murmurava alguma canção de rock progressivo marcando o ritmo com o som abafado de suas galochas amarelas batendo sobre a grama seca. (O porquê das galochas em um dia de sol ácido como aquele Jojo nunca chegaria a perguntar.)

— A gente devia fugir – ele jogou a ideia no ar com a naturalidade de como se estivesse sugerindo que se comprasse mais um pacote de papel higiênico.

Ela desviou os olhos da libélula e sorriu com dentes desalinhados e lábios cor de ameixa para Jojo, se divertindo com suas bizarrices.

— Assim do nada? – ela perguntou.

(A verdade é que já se faziam meses que a ideia de ir embora inundava constantemente cada ranhura de seu crânio. O único departamento de seu cérebro que não era reservado aos planos de fuga tinha o formato do sexto planeta do sistema solar. Porque quando os devaneios de Jojo não viajavam por ensolaradas estradas californianas, eles com certeza faziam expedições bem mais longas pelos cabelos esverdeados de Saturn.)

— Assim do nada – mentiu - Mas é sério.

— Claro que sim, claro que sim. – ela respondeu com uma careta de deboche e Jojo já a conhecia há tempo suficiente para saber que a partir daquele momento ela não estaria mais prestando atenção.

Mesmo assim, continuou falando:

— Não seria tão impossível assim, sabe? Minha mãe com certeza não daria a minha falta até eu já estar longe demais e consegui juntar uma grana pra sobreviver uns dois meses, que é mais ou menos o tempo de eu achar algum trabalho...

— Ei, acho que é melhor você ir - Saturn o interrompeu - Eu tenho que me arrumar pra festa do Stephen e meus pais estão chegando, de qualquer jeito.

— É, eu devia ir embora mesmo – disse com ironia sútil e a risada de Saturn soou tão aguda e infantil que Jojo sentiu uma súbita vontade de bagunçar seus cabelos tingidos de Diesel Green e a apertar contra suas costelas (mas não o fez).

— Vem, eu te levo até a porta.

Jojo limitou-se a franzir os lábios em um quase-sorriso enquanto a seguia pela escada, os pés escorregadios e descalços fazendo com que calafrios percorressem sua espinha a cada vez que tocava os degraus de pedra. Alguma coisa no modo como parte das nádegas alvas de Saturn apareciam por debaixo do shorts jeans e em como seus cachos verdes e curtinhos balançavam conforme ela subia a escada faziam Jojo suspeitar que os calafrios não eram singularmente por causa de seus pés molhados.

— Te vejo na festa, Jo? – ela perguntou enquanto destravava a fechadura dourada da porta de entrada.

— O seu namoradinho meio que me odeia e tal, não sei se você se lembra.

— Você é quem sabe... – ela disse (com uma indiferença tão dolorosamente sincera que rasgou o peito de Jojo em dois) – Se você for, não esquece de levar bebida. Como você mesmo disse, o Steph não gosta muito de você e tal.

— Ta, tanto faz.

...

Os pensamentos de Jojo serpenteavam entre os bichinhos atraídos pela lâmpada de seu quarto abafado e o que Saturn estaria fazendo/pensando/vendo.

Seus braços começavam a ficar dormentes sob sua cabeça e borrões violetas manchavam sua visão por causa do tempo gasto encarando a luz incandescente sem sequer piscar.

Ainda estava cedo demais para ele sair de casa (para ver Saturn de novo), mas assistir os insetos rodopiando atordoados em volta de sua lâmpada estava perturbando-o um pouco. 

Ele se levantou em um salto e deslizou pelo corrimão. As fotografias penduradas ao longo da escadaria de madeira pareciam distantes, quase como fantasmas.

— Mãe? - ele chamou. Talvez conseguisse um pouco de dinheiro para comprar um engradado de cerveja - Mãe?

Jojo apertou o botão da secretária eletrônica para ouvir os recados.

— Joffrey - a voz formal e distante de sua mãe parecia mais cansada do que o normal - Aconteceu um imprevisto e terei que ir para uma conferência de emergência em Ottawa. Deixei dinheiro suficiente para uma semana dentro do pote de biscoitos e o telefone do hotel para você ligar em casos de extrema necessidade - a ênfase na palavra "extrema" fez Jojo afastar um pouco o telefone do ouvido - Não sei em quanto tempo eu volto. Não dê festas enquanto eu estiver fora, não gaste todo o meu dinheiro com idiotices e lembre-se de regar as plan...- um bipe a interrompeu.

Ele deu de ombros. Há algum tempo Jojo desconfiava que o hobby predileto de Olivia, sua mãe, era ligar para casa do aeroporto e deixar um recado vazio para o filho advertindo-o sobre o que não fazer no tempo em que ela estivesse fora.

Antes ela costumava mandar cartões postais, mas desde o último surto do filho ,- onde Jojo havia rasgado sua coleção imensa e a espalhado pela cama com lençóis de seda de Olivia e entupido o vaso sanitário de sua suíte com o Louvre e o Time Square - ela nunca mais o fizera.

"Ora, Joffrey, se você não gostava dos cartões era só me dizer", ela disse depois de um longo suspiro e ele nunca a odiara tanto "Não espere que eu vá limpar essa bagunça".

Ele abriu o pote de cookies e apanhou cinquenta dólares do bolo de notas que sua mãe havia deixado enquanto tentava se convencer de que não precisava de mais do que isso e uma voz entrecortada presa em uma secretária eletrônica.

...

A música alta fazia o asfalto vibrar sob seus pés e seu coração acelerar mesmo há duas quadras da casa de Stephen.

Ele tinha um pacote de cerveja em uma das mãos e uma garrafa de vinho barato pela metade na outra. Não fora o suficiente para embaçar sua vista ou fazê-lo tropeçar, mas Jojo com certeza estava minimamente mais feliz.

Acabara de alcançar o gramado de Stephen quando um borrão de cabelos verdes saiu correndo pelos fundos até atingir em cheio sua caixa torácica.

— Satty? - ele perguntou atordoado. Jojo sentiu os braços de Saturn o abraçando com toda a força e lágrimas quentes molhando sua camiseta branca.

— Me tira daqui - ela sussurrou soluçando


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