Nossa Canção escrita por Day Marques


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Oiiii Cookies!!! Agradeço a todos que voltaram, leram, comentaram. Vocês são demais para mim.
Olha, tem algumas pessoas que ainda estão com dúvidas em relação ao que estou fazendo. Vejam bem, eu estou reescrevendo a fic, mas não estou descartando tudo o que já escrevi. Algumas coisas eu estou reaproveitando e inserindo no meio da nova escrita. Então não deixem de ler, mesmo que achem que já leu aquilo antes, prometo que não é tudo repetitivo, tem conteúdo novo sim. Não deixem de ler.
Vamos la? E lembrem-se: os capítulos estão ficando maiores.



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Sou tirada da cozinha ao escutar a campainha tocar repetidas vezes, me fazendo bufar impaciente.

 

— Estou indo, ainda não virei o The Flash – Grito e enxugo as mãos no pano antes de abrir a porta.

— Oi! - Rose grita e pula em meu pescoço. Meu corpo é jogado para trás com tamanha força que ela caiu por cima de mim.

— Caramba, Rose, você quase me derruba – Ela faz cara de desentendida e entra.

— Também senti sua falta – Agora sou quem me jogo sobre ela.

— Senti a sua falta, Rose – Ela me aperta – Mas o que está fazendo aqui?

— Ah, você sabe. Estava cansada de trabalhar, deixei minha loja nas mãos da minha funcionária mais confiável e peguei o primeiro voo para Boston. E claro, estava te devendo uma visita.

— Chegou quando?

— Cheguei hoje de manhã, mas passei primeiro na casa do Edward para deixar minhas coisas.

— Onde está o Dior?

— Ele ficou com a babá que nos acompanhou na viagem. Mas está louco para te ver, foi um duro danado convencê-lo que eu precisava ficar a sós com você primeiro.

— Sempre que as pessoas falam isso, me dá um medo danado.

— Não fique, tudo ao seu tempo. Contudo, se ele não decide o que fazer, eu faço. Dane-se as regras.

— Você está começando a me deixar bem confusa. Podemos conversar agora?

— Se for sobre o que eu estou pensando, não - Fala – Antes, vamos preparar alguma bebida, você e eu vamos precisar – Ela sacode umas duas sacolas em minha face, que não tinha reparado antes e segue para a cozinha.

 

A ajudo, passando para ela os ingredientes necessários para o nosso drink favorito. Pegamos alguns aperitivos e voltamos para a sala, sentando no chão.

 

— Agora me conta, como vai a sua vida? Sinto-me uma péssima amiga por não ter vindo assim que soube, me desculpe mesmo.

— Rose, corta esse papo furado. Eu vou enlouquecer se você não me contar o que está acontecendo – Ela me encara – Por favor, eu não vou conseguir fazer outra coisa enquanto não souber.

— Você tem certeza? Bella, você e o Edward acabaram de passar por uma péssima tubulação, eu não quero ser a pessoa que vai ferrar tudo de novo.

— Ele me traiu? - É a primeira coisa que passa em minha mente.

— Não! - Fala apressada – Ficou maluca? Claro que não, credo.

— Que bom – Respiro aliviada – E o que é então? - Ela faz silêncio – Fala, Rose! - Perco a paciência.

— Quero deixar bem claro que me sinto péssima por estar contando uma história que não pertence a mim. O Ed vai me odiar por isso, mas é que estamos tão preocupados.

— Estou escutando, prometo que não vou contar a ele.

 

Ela toma todo o seu drink de uma vez e toma fôlego antes de começar.

 

— Vou começar bem do início, mas de uma forma resumida, porque não lembro muito de tudo. Então, não me interrompa ou vou perder o raciocínio. Guarde suas perguntas para depois

— Ok – É tudo que digo e faço que fale.

— Você lembra da Gail, certo? - Faço que sim com a cabeça – Bella, o Edward é um romântico nato. Por mais que ele esteja cercado de garotas de todos os tipos, de todos os lugares, ele sempre procura ter apenas uma. Você não sabe, mas deve imaginar o quão difícil é arrumar uma namorada de verdade quando se está nesse mundo. Você nunca sabe se ela está com você por fama, dinheiro ou se realmente te ama. Tantas vezes ele pensou em desistir de sua carreira por causa disso, porque ele via a falsidade nas pessoas, o que elas queriam dele. Sugar sua vida para engrandecer as delas. A fama é boa, claro, entretanto tudo tem seu preço a ser pago. Uma coisa que ele sempre odiou foi a invasão dos paparazzis, eles não têm limites, você sabe. Ele não tinha privacidade nem para ir na esquina comprar seu café preferido.

 

Deve ser horrível— Penso.

 

— Sua vida estava tão corrida que mal o víamos mais. Quando eu o queria por perto, viajava com ele em sua turnê pelo país todo. Comecei a observar que ele tinha perdido peso, tinha adquirido o hábito de fumar, bastante, e logo veio o álcool. Como ele dizia: era algo que o deixava são – Ri – Vai entender, né? Cheguei a suspeitar que ele estava usando drogas, porém nunca tive confirmação disso. Aos poucos, ou até de repente, ele começou a melhorar um pouco, foi gratificante ver isso. E descobrimos o motivo de tudo isso. Um dia ele ligou para a Esme e pediu que ela fizesse um grande almoço, pois ele estava indo para casa e trazia com ele uma surpresa. Foi ai que conhecemos a Gail.

 

Sua expressão não diz muita coisa sobre o que ela está sentindo no momento.

 

— Mamãe disse que não foi com a cara dela no mesmo minuto – Sorri porque sei pelo que a Gail passou – Papai fez de tudo para que o clima não ficasse tenso e até tivemos um dia bacana. Fazia tempo que não víamos o Edward tão leve, tão feliz em nossa vida – Confesso que senti um pouco de ciúmes.

 

Era mesmo muita coisa para absorver. E eu sei que ela nem chegou na parte principal.

 

— Tudo estava as mil maravilhas, até o Edward contar para minha mãe que estava pensando em pedir a Gail em casamento. A história você sabe, mamãe ofereceu dinheiro, ela aceitou e por ai vai. A Gail foi uma maldita pilantra que entrou na vida do meu irmão, o fez feliz até onde pode, mas o dinheiro falou mais alto e ela saiu de sua vida e o devastou – Ela suspira – Sabe, eu não a odeio, ela fez mesmo o meu irmão feliz, até certo ponto. Eu só queria que ela tivesse sido mais fiel a ele do que a sua ganância.

 

Eu fico feliz que ela foi embora. Ele tinha que ser meu.

 

— Foi ai que as coisas começaram a desandar mais uma vez, e desta vez para muito pior. Ele sumiu por um tempo e tentávamos o contatar, mas ele nos ignorava completamente. Até o Dior tentava entrar em contato, mas ele o dispensava sem dó. Tudo o tirava do sério, tudo o irritava, até mesmo o barulho de uma gota batendo no chão em um começo de chuva. Se tornou agressivo, possessivo – Suspira com tristeza – Definitivamente aquele não era o irmão que eu conhecia.

 

Meu coração fica cada vez mais apertado quando as palavras saem de sua boca. O Ed é tão cheio de vida, tão alegre que não consigo o ver assim.

 

Em pensar que eu quase acabei com ele também.

 

 

 

— Chegamos ao ponto de ver ele perder o controle da sua vida e passava o dia todo sobre o efeito do álcool, às vezes até o encontrávamos são durante a manhã, nos seus bons dias. Mas nunca passava disso, logo ia se embebedar. Ele perdeu a fé nas pessoas, na vida. Achava que o mundo estava pronta para traí-lo na primeira oportunidade. Você sabe como ficamos quando temos nosso coração partido, perdemos o sentido de tudo – Sorri sem humor.

 

— Foi por isso que ele se transformou em outra pessoa totalmente diferente quando viu aquela foto – A interrompo mesmo ela pedindo para não o fazer.

— Deve ter passado em sua cabeça que ele teria que passar por tudo aquilo de novo. E sinceramente não sei o que seria dele, juro.

— Eu quero me bater por ter causado essa dor a ele, Rose. Que tamanha idiota eu fui.

— Bella, põe na sua cabeça que você não fez nada. Foi tudo um mal entendido e está tudo bem, chega com isso.

 

Não falo nada.

 

— Pois bem… Nós tentamos o ajudar. Pedimos que ele desse um tempo na carreira, que tirasse férias e viesse ficar um tempo na casa dos nossos pais, entretanto ele ficava agressivo, gritava em nossa cara que queríamos tirar dele a única coisa que ele conquistou de verdade. Uma vez o Carlisle tentou ligar para ele e o mesmo não atendeu, então papai foi até sua casa e entrou em desespero ao ver a mesa de centro do Edward branca de pó e o Edward caído no chão, se afogando no próprio vômito.

 

Minha mão vai de encontro a minha boca e a tapo, chocada. Tudo que vem em minha mente é a cena da Lyne desmaiada em meus braços. Consigo sentir o desespero do Carlisle e empurro essa lembrança para longe.

 

— Carlisle cuidou dele, e esperou até o outro dia para conversarem. Ele disse que se o Edward não parasse com isso, se não procurasse ajuda, ele o internaria a força. Eles brigaram feio e o Edward disse que se ele se atrevesse, nunca mais o perdoaria. Por mais doloroso que fosse o pensamento, eu fiquei do lado do meu pai. Eu não queria ver o Edward desgraçando a sua vida daquele jeito, Bella. Ele era jovem, bonito e estava cheio de vida antes dessa vida dele começar. Eu não poderia deixar ele fazer tal coisa, tenho filho, se o Dior um dia entrasse numa situação como essa, eu juro que enlouqueceria. Não saberia lidar.

 

A única coisa que quero agora é encontrar o Edward e o abraçar forte. Eu agora entendo a preocupação dos Cullens com ele. Ele está começando tudo de novo, as idas aos bares, as vezes em que o vi fumando. Ah não, Deus, não permita que isso aconteça com ele.

 

Rose está mais tensa, sua postura mudou e ela engole em seco repetidas vezes até me encarar e eu perceber que seus olhos estão marejados.

 

— O quê, Rose? - Seguro em suas mãos.

 

— Ele entrou em um estado em que eu pensei que fosse perdê-lo para sempre. Começou a achar que ninguém gostava dele, que todos só queriam seu dinheiro, serem sugadores de fama. A única diferença é que ele não me excluiu, ligava para mim, sempre de madrugada, dizendo que se sentia sozinho, que queria morrer – Não consegui conter as lágrimas ao escutar isso. É muito duro saber que alguém que você ama passou por tudo isso – Você não tem ideia do quão desesperador foi ao receber uma ligação dele as 23:00 da noite, dizendo que me amava, mas não estava mais aguentando o fardo que carregava desde que entrou para o mundo da fama. No mesmo minuto eu soube que ele tentaria alguma coisa. Enquanto o distraia no telefone, corri casa a fora e minha sorte foi que ele estava em NY naquele dia. Entrei no hotel onde ele estava hospedado e parei em choque na porta ao vê-lo na beirada da varanda, olhando para baixo e uma garrafa de Wisky na mão esquerda, enquanto se segurava com a outra.

 

Solucei com horror e Rose segurou minhas mãos, enquanto chorava comigo.

— Eu pedi, gritei, implorei que ele não pulasse, falei que iria ajudá-lo, que a Gail não merecia o que ele estava fazendo. Porém ele já estava decidido a pular. Sem ele perceber, por estar de costas para mim, fui me aproximando pouco a pouco e na sua primeira distração, pulei e me agarrei com seu corpo. Pensei que ele fosse lutar para que eu o soltasse, só que foi totalmente o contrário.

 

Levanta-se e se põe a andar.

 

— Até hoje tento entender de onde tirei tanta força, porque ele deixou que eu o puxasse de volta e ao cairmos os dois no chão, ele se abraçou a mim e pediu que eu o ajudasse. Foi a cena mais horrenda que já presenciei, tive pesadelos terríveis durante muito tempo. Edward estava em um nível de depressão que não tinha mais forças para nada, ele só queria vegetar e deixar esse mundo tão rápido quanto entrou nele. Contudo, graças a Deus, finalmente ele aceitou meus conselhos e se afastou por tempo indeterminado do mundo da fama, deu uma pausa na carreira, e viajou para a casa dos nossos pais. Contratamos um psicólogo particular, ele se tratou e foi melhorando com o tempo. Foi tudo muito complexo, parecia que ele não se ergueria nunca mais. Mas ele se tornou forte, decidido a mudar. Ele lutou, pediu que eu o ajudasse e não sai de perto dele por um bom tempo. O Dior também foi um grande remédio, fazia o dia do Edward com suas loucuras de profissões, o Edward se divertia com as baboseiras dele…

 

Ri entre as lágrimas.

 

— Quando vocês se conheceram, acho que fazia uns cinco meses que o Edward tinha decidido a voltar para os palcos. Ele estava bem, mas ter conhecido você, o fez uma pessoa muito melhor. Ele voltou a ter brilho, mas não o brilho que tinha antes da fama, nem o brilho que a Gail lhe deu quando se conheceram, foi um brilho diferente, maior. Eu soube quando ele ligou para mim no meio da madrugada para falar de você, que realmente você era a pessoa que o ajudaria a superar tudo isso.

 

Não tenho nada a dizer. Ela também ficou quieta por um tempo.

 

— Vocês brigaram na primeira vez em que você foi com ele para NY, ele ficou mal, você o deixou e voltou para Boston e ele correu para minha casa, mas o tranquilizei dizendo que tudo ficaria bem, que ele te teria de volta. Ele aceitou bem e eu fiquei em seu pé, o velando, para que ele não tivesse nenhuma recaída.

— Sinto muito por isso. Era tudo tão novo para mim, e eu já estava com problemas demais em casa…

— Eu entendo – Ela volta a se sentar perto de mim – O problema agora é que não se trata mais de coração partido, agora o estresse do trabalho está fazendo o trabalho completo e sozinho. Eu já vi isso acontecer, eu sei que ele está no começo de mais uma crise, Bella. E é por isso que eu precisava ter essa conversa com você. O Ed não enxerga, eu liguei para ele e o mesmo disse que estava bem. Mas eu sei que não é tão simples assim.

 

Ergo sua cabeça e limpo suas lágrimas.

 

— Escuta bem o que vou te dizer: eu vou fazer o meu melhor para ajudá-lo, só que ele também precisa querer se ajudar, Rose. Você mesmo viu que não adianta nada forçar algo se a pessoa não colabora. Eu vou cuidar dele, por você e por sua família. Não vou permitir que ele se afogue no mar de bosta que a muito tempo foi enterrado. Eu vou fazer com que ele abra os olhos, ele é um homem crescido, precisa saber o que quer da vida. Mas também entendo que questões de vícios é completamente diferente. Lutar contra um vício não é fácil, imagine três. Não vai ser fácil estar sempre de olho nele, tenho meu trabalho e tudo o mais, porém prometo que vou fazer o meu melhor, ok?

 

Ela me abraça apertado.

 

— Muito, muito obrigada mesmo, Bella. Deus te abençoe e te pague no céu por tudo o que você tem feito.

— É o que fazemos quando amamos alguém, cuidamos dela custe o que custar – Sorriu dando de ombros.

 

Do nada ela levanta e começa a se ajeitar e limpar o rosto.

 

— Ufa, isso foi tenso, mas foi bom colocar tudo para fora.

— Obrigada por isso.

— Tá, tá – Caramba, ela muda de humor rápido, né? Tá pior que eu – Agora tenho algo para nós.

 

Fico a observando fazer seja lá o que ela esteja fazendo e limpo meu nariz na fronha do travesseiro. Eu vou lavar, não se preocupem.

 

— Aliás – Fala enquanto mexe na bolsa – Como estão as coisas entre você e sua mãe?

— Ah – Suspiro – Sabe, ainda não estamos muito bem. Nem sequer tive cabeça para conversa com ela com tudo isso acontecendo. Mas ela me ligou algumas vezes e tentei agir do melhor modo possível.

— Tudo é questão de tempo, ela te magoou de verdade. Nem sei o que faria se minha mãe fizesse tal coisa. Ela sempre teve lá suas preferências, por mais que não admita, mas não fez tal coisa – Alisa meu braço – E a Lyne, entrando nos eixos?

— Essa daí eu dei uma trégua a minha mesma, do jeito que estou, sou capaz de matar ela e no outro dia não saber onde escondi o corpo. Ela me desgasta mais que o normal, não está facilitando as coisas, não mesmo. E sei bem que anda gazeando aulas, recebi reclamações. Mas, não tenho saco para isso agora. Meu pai falou que ela voltou a beber, e sair com algumas companhias que eu havia proibido. Deixa estar, ela vai ter o que merece logo, logo.

— Que dó de você, e nem te falo da sua aparência – Esse é o lado bom da Rose, ela não se preocupa em esconder sobre o quão ferrada você está. Sorriu para ela e ela me abraça de lado.

— O que posso dizer? - Encolho os ombros.

— Você precisa tomar um sol, está mais pálida que um defunto, suas olheiras estão te matando. E esse cabelo? - Pega uma mecha e deixa cair de volta aos poucos – Estão sem brilho, sem vida. Jesus, como te deixei sozinha por tanto tempo?

— Eu não tenho tempo para essas coisas, Rose. O trabalho vem consumindo minha vida mais que o normal. O que é estranho, é como se eles estivessem fazendo um teste comigo e eu não tivesse tendo muito êxito. Mas enfim, acho que eu quem estou ficando maluca, afinal de contas.

— Eu sei. E é por isso que eu vou te levar para dar uma repaginada nessa sua vida. Temos que mudar essas roupas, esse cabelo. Podemos fazer um bronzeamento artificial, o que acha?

— Ficou maluca? Nem pensar – Ela me olha feio.

— Tudo bem, sem bronzeamento. Mas vou te arrastar para um shopping e salão nem que eu pague cinco seguranças bombados para te carregar daqui.

— Não…

— Calada! Não vai voltar para o trabalho com essa cara de morta.

 

Reviro os olhos.

 

— Já marquei uma hora para você no salão e depois de lá, iremos para o shopping.

— Você marcou sem falar comigo antes?

— E você é maluca de recusar? Sabe que não pode comigo.

— Isso é uma grande besteira, sabia? Tão mulherzinha – Resmungo e tomo um gole do meu drink.

— O quê?

— O que você está fazendo comigo. Não quero fazer essas coisas, não tenho paciência. Não force demais ou me mudo de país.

— Mas você não vai mudar de país – Rolo os olhos.

— Não, não vou.

— Podemos ir nos embelezar agora? - Resmungo.

— Ok – Levanto.

— E você vai assim – Olho para minha calça jeans e minha blusa xadrez azul com uma blusa preta por dentro.

— Qual o problema?

— É que não está muito legal.

— Puta merda, será que podemos ir? - Ela levanta os braços em sinal de rendimento – Estou começando a me arrepender de ter aberto a porta para você – Murmuro ao chegar no hall do prédio.

— Droga, esqueci a chave do carro – Falo.

— A gente acabou de beber drinks fortíssimos, acha mesmo que vamos dirigir? Venha, tem um táxi nos esperando – Poxa, ela pensou em tudo mesmo. O taxista nos olha de cara amassada, acho que dormiu, coitado, e Rose diz onde queremos ir. Bem, onde ela quer ir, eu não me importo com nada no momento. Mas estou feliz de ter a Rose comigo, ela é uma parte minha que está em falta e isso me anima, mesmo eu não gostando de muita coisa.

 

 

 

 

Entramos na rua 111 High St e paramos em frente ao salão “Advantage Hair Stylistis”. Ok, não é um lugar muito caro, posso pagar. Entramos o recinto e uma mulher alta e morena nos recebeu.

 

— Boa tarde, em que posso ajudá-la? - Sorriu simpática.

— Pelo amor de Deus, dá um grau na minha cunhada. Ela está precisando de uma repaginada nesse visual sem graça. E de uma ótima manicure também, por favor – Empurrou-me de modo que cai sentada na cadeira.

 

E começou a jornada do dia. A Jean, sim, esse era o nome dela, eu gostei, ela me mostrou um livro com vários cortes e cores legais. Eu não quis mexer muito no tamanho, então só renovei o corte e pintei de um castanho mel claro. Ela deu uma boa hidratação, cortou e então escovou. Sobre muitos protestos meu, amo meu cabelo natural. Logo a Becky se aproximou e começou a fazer minhas unhas do pé e da mão. Foi gostoso, recebi até uma massagem deliciosa.

 

Esperei a Rose terminar de fazer suas unhas também e na hora do pagamento ela praticamente me fez de cachorra, me mandou pro canto e ficar quieta, pois ela que chamou então ia pagar.

 

Entramos na Subway que vimos na esquina e comemos alguma coisa, a Rose me contando que teria me levado em um salão mais chique e caro, só que sabia que eu iria surtar com isso. Sorriu, ela se preocupa mesmo comigo.

 

Paramos outro táxi e ela pediu que nos levasse ao Copley Place, o shopping mais chique de Boston. Também, no lugar que era localizado, não poderia ser diferente. Back Bay é o lugar mais nobre de Boston, lá é tudo muito chique, lojas que eu nem sonho em entrar e restaurante que nem ouso sentar para beber um copo de água.

 

— Rose, lá é tudo muito caro – Falo para que só ela ouça.

— Fica tranquila, hoje é tudo por minha conta.

— Não quero que gaste dinheiro comigo – Resmungo e ela se faz de ofendida.

— Eu tenho sido a pior amiga do mundo – Põe a mão no peito – E agora você está me privando de tentar me redimir?

— Sério, que drama é esse? - Ela faz que limpa uma lágrima no canto do olho direito – Eu te odeio – Mudando da água para o vinho, ela volta a se animar e bate palmas por ter me convencido.

 

 

 

O Shopping está lotado, aqui as pessoas não ligam se está muito frio parar pôr a cara na rua, elas gostam é de gastar. Rose me puxou para uma loja de vestidos e entrei contra gosto.

 

— Rose, pela milésima vez: eu não gosto de vestidos para trabalhar.

— Bella, é chique e super provocante.

— Quem eu vou querer provocar no meu trabalho?

— Sei lá, mas tem que estar sempre preparada – Faz piada.

— Está pedindo que eu desista do seu irmão? - Ergo as duas sobrancelhas.

— Ficou maluca? Eu te mato se fizer isso – Vai entender essa mulher.

 

Uma atendente veio até nós e Rose tomou a frente de tudo. Com muita discussão, eu consegui fazê-la desistir de levar 10 vestidos para mim. Peguei apenas dois e ela os outros oito para ela e saímos.

 

— Ah meu Deus, precisamos entrar nessa loja – E eu ando atrás dela já choramingando.

— Para mim já deu, escolhe você e vou ficar te esperando aqui – Ela me olha feio, mas não reclama.

 

Amém!

 

Avistei um sofá no canto da loja e não pensei duas vezes antes de ir até lá e sentar largada. Dane-se os bons modos, meus pés estão morrendo.

 

Olho de relance para cima e vejo um cara, que está esperando a atendente voltar com sua roupa, ficar me encarando entre um minuto e outro. Por mais que eu não esteja interessada, eu não consigo não olhar. Eu me sinto tão incomodada quando sei que tem alguém me olhando, que acabo retribuindo os olhares mesmo não querendo.

 

Além do mais eu sou péssima em paquerar.

 

Falo sério, eu sou a única pessoa no mundo que levaria zero na matéria da paquera. Um dia eu vi um garoto bem bonito do mesmo lado da calçada que eu, vindo em direção oposta e ele mexia no celular. Então eu tive a ideia de pegar o meu celular e andar “as cegas” pela calçada e causar um esbarro entre nós dois, como nos filmes, e ele olharia para mim, bateria a química e ele me chamaria para sair. Bem, não foi exatamente isso que aconteceu. A gente se esbarrou sim, mas diferente dos filmes, o celular do menino voou longe e rachou toda a tela dele. Ele me olhou sim, mas com puro ódio nos olhos e me xingou de tudo quanto era nome e até me convidou, mas não para jantar, mas sim para lhe pagar um celular novo. Até peguei o número de telefone dele, mas depois que lhe paguei o prejuízo, esse menino nunca mais quis ouvir minha voz. Então, caros leitores, já dá para ver que não sou boa nisso e é um grande zero no meu boletim.

 

Quando ele vê que não ia sair coelho desse mato, paga suas coisas e vai embora, dando uma última olhada para trás. Desculpe queridinho, mas depois do que aconteceu com o Sebastian, todo cuidado é pouco.

 

 

 

 

Abro a porta do apartamento já me escorando nela. Meu pai, tudo o que não andei esses dias, eu andei essa tarde. Já são 19:00 da noite e eu não sinto minhas pernas. Acho que o solado do meu tênis já era!

 

Consegui fazer com que a Rose fosse para casa e que eu tivesse alguma paz. Pelo menos por hoje, porque eu bem sei que amanhã ela estará aqui, e dessa vez com o Dior. Que saudades desse garoto!

 

Nem me preocupo em comer, tiro meus sapatos, roupas e caiu na cama.

 

 

 

 

Estava arrumando a casa e quis beber alguma cerveja. Estava na primeira lata quando escuto minha campainha tocar. Levanto cambaleante, diminui a música e fiz meu caminho até a porta.

 

O que a Rose quer tão cedo?

 

— Oi, Bella – Meu coração salta ao ver quem é.

— O que você está fazendo aqui?

— Você não acha que a gente precisa conversar?

— Tudo bem, Renee, acho que já adiamos isso demais. Entra – Saiu da frente da porta e ela entra.

 

Olha ao redor e seu rosto está retorcido ao me encarar.

 

— Você agora bebe tão cedo, são apenas 08h50min da manhã.

— Tenho certeza que a senhora tem muito mais com o que se preocupar do que a hora que bebo ou deixo de beber – Ainda estou muito magoada com ela. Ela solta um suspiro cansado e senta na beirada do sofá.

— Querida, eu sinto sua falta. Sinto tanto em ter te causado dor, não era minha intenção – Em momento algum me aproximei dela. Peguei minha bunda e a sentei no sofá do outro lado.

— Ficar sem falar com você está me matando, você é minha filha, meu amor. Não podemos ficar assim.

— É mesmo? Então, por que fez aquela merda quando simplesmente pedi que ficasse longe?

— Bella, o que é isso – Aponta para as garrafinhas vazias a sua frente – Desde quando está bebendo desse jeito?

— Não estou bebendo, só estou estressada. Não sei se percebeu, mas ultimamente estou levando uma vida de merda. Tudo tem dado errado, sinto que estou perdendo o controle de tudo, mãe. Já não sei mais o que fazer, o que vai acontecer quando o dia amanhecer. Eu acho que vou enlouquecer – Desabafo.

— É por causa da Lyne?

— Por isso e outras coisas. Acorda, Renee! O que eu tenho que fazer para ganhar sua atenção, para que você me note? Eu tenho que virar uma rebelde, uma drogada igual a Lyne? - Ela não fala nada, apenas me encara – Você não sabe de nada que acontece na minha vida.

— Você não precisa disso, Bella.

— Então, o que você quer que eu faça? Minha vida está tão ferrada, que quanto mais eu tento consertá-la, mas eu ferro com tudo.

 

Eu não chorei, não tinha mais lágrima para isso. Todo meu reservatório foi esvaziado enquanto eu ouvia a história do Edward.

 

Eu me diverti ontem com a Rose, mas tive pesadelos durante toda a noite e madrugada. Não consegui atender as ligações do Edward, porque eu sabia que desabaria quando ouvisse a voz dele.

 

— Pare de falar tais coisas, sua boba. Querida, você era tão focada no seu trabalho que não vivia. Só que agora você está, e essa é a vida. Infelizmente você está vendo que nem tudo é perfeito, que nem tudo vai sempre dar certo. A gente mais se ferra do que se dá bem – Abre um pouco os braços e sorri fraco – Bem-vinda ao mundo real, onde tudo conspira contra você.

— Eu não acredito em mundo perfeito, Renee.

— Mas fingia viver em um.

— Como ousa falar tal coisa? Eu não acredito nessa merda.

— Desculpe ter que te dizer isso, mas a sua vida já estava ferrada. Só você não viu – Abro a boca, mas não consigo formular uma frase.

— Tem razão, minha vida perdeu o sentido no momento em que a senhora colocou a Lyne no mundo. Aliás, eu nem a culpo de ter nascido. Eu só tenho pena dela ter tido uma mãe como você – Espero Renee partir para cima de mim, gritar, fazer alguma coisa. Entretanto, tudo o que ela faz é correr para cima de mim e me abraçar.

No começo fico sem reação, porém sinto que ela chora sobre mim e enlaço sua cintura, descansando minha cabeça sobre seu ombro. Ela é minha mãe, droga. Não importa o que ela faça, não importa o quanto eu tente magoá-la e ter raiva dela, eu vou sempre perdoá-la.

 

Minutos depois, ela se afasta e pega um lenço dentro de sua bolsa e enxuga as lágrimas derramadas. Enxuga também meu ombro e me encara séria.

 

— Eu sou uma péssima mãe, nunca soube fazer isso direito. Seu pai foi o que mais se saiu bem, tão confiante, tão sábio em como agir com vocês três – Funga – Eu vim aqui porque estava preocupada com você, porque sentia e sinto sua falta e porque preciso que me perdoe.

— Renee, você é minha mãe. O que mais eu posso fazer? - Dou de ombros. Ela fica por um tempo calada, até que pega sua bolsa em silêncio e caminha para perto da porta.

— Estou saindo do seu caminho – A olho sem entender.

— Como é?

— Eu disse que não me meteria na sua vida, e fracassei com você. Eu quero que você me ajude com a Lyne e não vou mais intervir nos seus modos de cuidar das coisas.

— Mãe...

— Querida, não é sua obrigação. Você não tem que cuidar da Lyne, claro.

— Eu quero ajudá-la, mãe. Mas você também precisa mudar seus modos, não adianta eu fazer de um jeito e quando eu estiver longe, você fazer de outro.

— Esse é o problema, eu não sei se consigo. Vou ficar observando e tentar aprender com você. Quero ser firme e forte como você, quero poder ajudar a educar da forma correta a minha filha. Não é sua obrigação cuidar dela, porém fico feliz que o queira fazer.

— Não é fácil, a Lyne é uma pessoa com um gênio bem ruim, mas vou tentar.

— Obrigada, querida. E nunca duvide que você é tudo para mim, eu te amo tanto.

— Eu também te amo, você sabe.

 

Ela vem até mim e deposita um beijo em minha bochecha e sai sem falar mais nada. Fico ainda em pé, perto da porta, sem conseguir me mexer ou falar qualquer coisa.

 

 

Ok, eu sou maluca, mas tudo bem, vou aceitar mais essa na minha vida. O que tem demais? É só mais um desafio adicionado a minha lista de “Coisas Para Fazer Antes De Me Matar”. Essa é minha primeira lista, a segunda é a lista de coisas que tenho que fazer caso eu consiga passar por tudo isso. Que eu confesso que nem comecei ainda. Eita que autoestima maravilhosa eu tenho!

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que não tenha ficado grande demais a ponto de se tornar chato, cookies. Deixem-me saber, por favor, o que estão achando. Grande beijo para vocês



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