She Stole My Heart escrita por Fucksoo


Capítulo 5
Culpa


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa o atraso. Estava sem net no meu pc esses dias e tava difícil postar aqui.
Então fiz um capítulo um pouco mais grandinho recompensando aquele última capítulo que ficou pequeno demais.
Peço perdão pela minha falta com vocês ç-ç Espero que me perdoem ♥
E só mais uma coisinha. Peço que vocês, leitores lindos fantasminhas, apareçam. Pelo amor de deus ♥ Quero conhecer vcs ♥
Enjoy!



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–Doug! Cara, corre! Estamos MUITO atrasados! -Gritava a voz esganiçada de Victor enquanto eu corria pelo quarto na procura do meu terno. Quando o achei, comecei a vesti-lo enquanto repassava toda a coreografia de boas-vindas que Ben fez com muito orgulho. Apesar de estar bem nervoso, achava eu que iria me sair bem.

–Victor, pega rápido essa caixinha cor magenta que está em cima da cômoda. -Avisei a Victor que, quando a capturou em suas mãos, me lançou um olhar cúmplice. -Sim, é isso, pare de fazer essa cara pra mim. -Declarei meio sem jeito.

Victor era um cara meio baixinho. Filho do Chapeleiro Maluco, herdou cabelos encaracolados de um tom laranja bem forte, e assim como seu pai, era muito branco, e tinha olheiras, como se fossem pintadas, abaixo do seus olhos que davam á ele uma aparência de pirado. Usava roupas bregas e destacantes, e isso nunca lhe incomodou -nem mesmo quando Audrey lhe fazia piadinhas-, além disso, como nasceu convivendo com os amigos do Chapeleiro, ficou com uma mania irritante de olhar para as horas á todo tempo. Não havia uma vez em que faltasse 30 minutos para um compromisso e ele dissesse "está tarde, está tarde!". Mas desta vez, realmente estávamos atrasados e isso o atiçou ainda mais.

–Vamos Doug! Sabe que sou encucado com essa coisa de hora e compromisso. -Revelou ele, um tanto ansioso, quase me fazendo arrancar os cabelos com a ansiosidade contagiosa.

–Calma cara, é apenas um almoço com o pessoal da escola. -Declarei um pouco incomodado. Não necessitava tanta arrumação, mesmo assim...

–Sim! Mas a coroação é a poucos dias também. Uma festa antes da coroação exige elegância e estilo. -Disse ele rodando para mostrar seu conjunto totalmente colorido e destacado como se fosse um estilista de moda.

–Ok ok. Agora para com isso, porque me faz desconfiar se você realmente é hétero. -Rimos um pouco e logo saimos do quarto.

Nos encaminhamos ao jardim do colégio, onde os pais de Ben resolveram festejar, para que todos os alunos fossem se divertir um pouco naquela semana turbulenta de provas e eventos. Nada como amenizar um evento com outro por cima.

Lembrei-me que ao mesmo tempo que todos os alunos iriam, Evie também iria. Comecei a sentir um nervosismo incomum que me fez quase dar meia-volta e pegar um saco de papel e enfiar na cabeça antes de aparecer na festa. Depois daquele "Vamos ficar juntos!" dela, nunca mais consegui realmente falar com ela sem gaguejar, ou suspirar fundo, reparando na beleza tão natural e brilhante que ela tinha. O medo de encontrar-la no mesmo segundo que entrássemos na festa começou a me corroer cada vez mais, e quando estávamos na porta do jardim, minha mão jorrava suor e eu tremia mais do que um pincher filhote diante de um pit bull feroz.

Ao perceber meu nervosismo e a caixinha quase escorregando da minha mão quando entrei, Victor começou uma série de risos, que chamaram a atenção de muitos, me enfiando mais vergonha alheia do que nunca. Ralhei com ele antes que todos na festa olhassem para ali e fui de encontro ai Ben, que se comunicava com todos os "dançarinos" que ele tinha chamado.

Cumprimentei á todos e segui escutando Ben, que repassava muitos passos, e a maioria eu quase não me lembrava, como se eu nunca tivesse ensaiado. Então, esperamos algum tempinho para chegar mais gente, e logo depois Ben chamou-nos para estar em nossas posições e começamos á dança ao som de Be Our Guest.

Sinceramente, eu nunca mais quis dançar de novo depois dessa coreografia. Claro, eu acertei vários passos, animei a galera com os carismáticos sorrisos... Mas eu esqueci metade da música. De alguma forma me senti empolgado demais e esquecia muitos passos. Acabei por ser a piadinha do grupo.

Com a cara no chão, me arrastei para um canto, a fim de observar quem estava presente. Eu estava torcendo com todas as minhas força que Evie não tivesse visto as palhaçadas que eu fiz, mas era tarde demais. Ela estava lá, rindo mais do que nunca da coreografia, conversando alegremente com Mal, esboçando seus dentes perfeitamente alinhados e brancos como a neve enquanto sorria.

–Além de tropeçar no próprio pé na música, vai ficar babando pro nada também? Depois sou eu que passo vergonha alheia não é mesmo Doug? -Debochou Victor e me deu uma vontade assassina de arrancar todos os fios de cabelo da rala barba dele na linha, só para ver a dor e o sofrimento passados em seu rosto.

–Vai se lascar Victor. -Murmurei e caminhei um pouco pro lado contrário. Observei de longe que Ben apresentava Mal e seus amigos para seus pais de uma forma um tanto formal.

Ah, claro, eu havia esquecido. Ben havia terminado com Audrey -o que era ótimo- e agora estava com Mal. Pela expressão de seus pais, eles ficaram um tanto surpresos com o que Ben falava.

Vi também Jay e Carlos atacando a mesa de doces e vi, aos poucos, a fonte de chocolate secar e me perguntei se eles nunca ficam com dor de barriga comendo tantos doces. Logo do lado deles estava Evie, com o Dude no colo, acariciando como se fosse um bebê. Quem me dera se fosse eu recebendo esses carinhos...

–Doug! Meu amigo, quanto tempo! -Destacou-se uma voz um pouco longe de mim, que reconheceria á kilometros de distância. Como toda aquela cara de falsiane, chegou perto de mim e estendeu a mão em um cumprimento.

Passei um bom tempo mirando aquela mão. Aquela mão suja de traição. Aquela mão que tocou em Rebecca sem o meu consentimento. Aquela mão que eu queria arrancar por completo.

Antes que ele retirasse da minha frente, estendi a minha rapidamente para cumprimentá-lo. Não daria o gosto ao seu ego de que eu ainda estava magoado -não que estivesse ao ponto de sentir ódio... claro que não- , e ele logo esboçou outro sorriso e me puxou para um abraço. Audrey se juntou á nós antes que eu começasse a me irritar com a presença do ser.

–Olha, alguns pais e avós de nós estão aqui. Então eu peço que não causem nenhum escândalo. Ouviu rapazes? -Disse, prevendo o que aconteceria. Estreitei os olhos para Audrey e logo depois Chad, e me retirei á largos passos. Ouvi os dois cochichando algo que eu não podia ouvir.

~*~

Depois de algumas músicas e horas de conversa, o rei e a rainha fizeram um jogo de Croquet para todos os jovens e adultos. No qual foi muito divertido, pois os adultos venciam por saber jogar esses jogos da época medieval, enquanto nós nos desenrrolávamos para descobrir e memorizar as regras.

Evie jogava animadamente contra Jay, e aquela alegria me contagiou pro dentro -mais do que a pontada de ciúmes que eu estava sentindo- . Ela era uma das poucas garotas que sabia usar Croquet, e isso a orgulhava e muito, pois se sentia mais da "realeza" do que nunca havia sido.

Mal jogava com uma velha senhora de aspecto elegante, e estava perdendo feio. Mesmo assim, as duas desfrutavam de boas risadas e piadinhas que uma fazia com as outras. Percebia-se então que na verdade, nenhum deles são maus. São até mais bondosos que muitos de nós.

Audrey estava aproximando das duas, e deu um longo e terno abraçado na senhora, que exclamou um "minha querida netinha!" com orgulho. Como se quisesse estragar a tarde de Mal, declarou para a avó quem Mal era. Ao saber disso, ela começou a se irritar com Mal, que não entendi muito bem pra que tudo aquilo, e começou a se sentir insegura. Lágrimas começavam a se formar em seus olhos, enquanto a senhora já chorando á tempos. Audrey continuou alfinetando Mal, enquanto Chad e os outros se aproximaram de Audrey. O mesmo acontecia com os amigos de Mal. Me aproximei para presenciar aquilo.

–Vocês são todos uns traidores! -Gritou Chad, apontando na cara de cada um. -Você é só um cara pulguento, que só deve pensar em sacrificar Dude para fazer um casaco de pele. -Vociferou para Carlos, que fez uma cara de poucos amigos, porém não se manifestou. -Essa daí quer ver o sofrimento de todos recitando feitiços. -Mirou para Mal. -Você, garota metida, é uma falsa! Só quer saber de posses e não se importa com quem te admira. -Olhou para Evie, que estava com os olhos vermelhos de raiva, e logo após olhou para mim, como se eu fosse vítima. E eu não entendia, Evie sempre pareceu sincera na minha presença. -E você... É só um ladrãozinho de quinta! -Concluiu, o que fez Evie revidar. Mirou o espelho para Chad e falou uns bons xingamentos.

Quando ele debochadamente riu da situação e jogou o espelho no chão, Evie pegou um frasco e borrifou na cara de Chad, que o fez desmaiar. Ele caiu na minha frente e me senti obrigo a sustentá-lo em meus braços.

Antes que os meninos se retirassem dali, Evie me olhou com dor, e aquilo me atingiu profundamente.


~*~

Estávamos na praça, uma mesa atrás deles. Mas eu não conseguia ficar quieto. Andava de um lado para o outro, meu coração tentando entender o que tinha acabado de se passar naquela tarde. Evie estava de frente pra mim, mas mantinha os olhos baixos. Estavam vermelhos e marcas de lágrimas secas por todo rosto. Eu queria confortá-la, eu queria ficar ao lado dela. Mas algo me prendia.

Olhei para a mesa dos meus supostos "amigos", e eles riam da cara deles. Eu estava confuso. Eu não sabia para que lado eu iria.

Olhei de soslaio quando Evie terminou de falar com os amigos baixinho e tentei ir em direção á ela, mas só consegui dar um passo e mais nada. Olhei em seus olhos, procurando algum vestígio de alegria que eu estava vendo no começo da festa, mas só encontrei tristeza e solidão. Eu queria protegê-la.

–Evie... -Murmurei, chamando a atençao dela. -Eu só queria dizer que..

–Doug! Não. -Chad disse atrás de mim. Como se me controlasse, senti coagido a parar de falar.

–Doug... Foi culpa minha. -Balbuciou Evie com a voz falha.

–Olha, eu não queria...

–Doug! -Gritou Chad atrás de mim. Olhei na direção dele com irritação e murmurei um "tá bom".

–Não dá Evie. -Olhei em seus olhos, com dor no coração e disse. Ela desviou o olhar para o gramado abaixo dela, e vi mais algumas lágrimas descendo. Senti-me sem chão. Culpado, era o que eu era. Culpado por não estar ao lado dela, mas só ela estava sofrendo dessa forma. Ela não merecia.

–Ela merece Doug. -Sussurrou Chad para que só eu o ouvisse, e eu lhe direcionei um olhar raivoso, que ninguém da mesa suportou olhar tempo o suficiente e não sentir medo.

Com este olhar, minha deixa estava dada. Retirei-me dali, vendo logo após os meninos saírem por lados opostos. Dirigi-me para o quarto, e afoguei minha cara no travesseiro. Senti os olhos umedecidos e deixei que eles expressassem o que eu sentia. Olhei para a caixinha magenta nas minhas mãos e a dor piorou.

Eu sou o culpado.


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