SweetHeart escrita por Mihaell


Capítulo 1
SweetHeart


Notas iniciais do capítulo

Primeira história de Adventures Time!
Espero que curtam~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/647235/chapter/1

– O que você...

– Quietinha, Marcy.

– Mas...

– Quietinha.

OneShot
SweetHeart

O dia estava absurdamente quente e o horizonte dançava feito serpente a mando de seu mestre. Era domingo e as pessoas escondiam-se na aconchegante sombra de suas casas. O trânsito parado, o que era novidade para a cidade grande que era Atlanta.

Bonnibel trabalhava em um ar-condicionado para seu quarto, com um jaleco branco e grosso, o que fazia suor escorrer a pele, que era mais rosa que a de qualquer outra pessoa ou criança fofa. Amava ciências e possuía o sonho de ser uma brilhante inventora reconhecida.

Terminou de apertar o último parafuso e colocou ambas as mãos nos quadris, com um sorriso vitorioso. Capturou o cabo de força e o ligou a tomada; uma luz azul-marinho. Ajustou as configurações e logo a bugiganga começou a trabalhar, puxando todo o ar quente do cômodo para si.

As pessoas diziam que Bonnibel era uma espécie de gênio de dezessete anos e que tinha um enorme futuro pela frente, mas seus pais não chegavam a tanto. Queriam que a filha voltasse a pisar em terra firme, largasse a ideia de ser inventora e procurasse cursar uma faculdade para garantir seu futuro.

A garota sentou na cadeira do quarto, finalmente tirando o jaleco e o óculos, limpando o suor de sua testa. Era seu aniversário e somente Finn e Jake, antigos amigos da escola, a haviam procurado para desejar os parabéns.

O ar arejado fez sua mente trabalhar voltar a trabalhar sem tanta dor. Fechou a janela do quarto e pensou no que deveria fazer o resto do dia. Tinha alguns cálculos para fazer e uns protótipos para terminar, mas estava com fome. Eram quase quatro horas da tarde e ainda não tinha almoçado.

– Talvez... Eu devo sair comer espaguete – comentou consigo, feliz com a ideia.

Bonnie tomou um banho rápido, molhando o cabelo rosa recém-pintado. Escolheu um vestido branco e de tecido leve, que não passava dos joelhos. Arrumou alguns dólares dentro da carteira e saiu, ignorando o interrogatório de seus pais.

Havia um restaurante ótimo na quinta avenida, não longe dali. Caminhou sem pressa e logo chegou.

– Boa tarde, Bonnibel. O de sempre? – a garçonete perguntou.

– Sim, por favor – respondeu – e depois me traga um sorvete, sim?

– Claro.

Pensava seriamente se era tão antipática assim, para ninguém mais lhe procurar em seu aniversário de dezoito anos. Se devia estar com as amigas em algum tipo de balada ou shopping. Achava aquilo tudo perda de tempo mesmo.

Seu almoço então finalmente chegou e logo em seguida o sorvete.

Estava um dia razoável; voltou seu percurso de volta para casa, onde iria passar o resto da semana terminando uma experiência.

– Bonnibel!

Levou um susto, quando dobrou a esquina onde ficava o apartamento onde morava. Uma garota de chapelão de palha gritava, aparentemente com raiva, seu nome.

– Bonnibel, eu vou te matar se você não aparecer em dois segundos!

Era Marceline Abadeer, uma garota estranha que carregava um baixo vermelho com formato de machado para todo o lugar que ia. Haviam estudado juntas nos últimos seis anos. Na verdade, era a pessoa mais próxima que Bonnibel tinha para chamar de amiga. Apesar das ideias, sonhos e ideologias completamente opostas, a convivência era boa.

– Eu vou escalar até aí e...

– Estou aqui, Marcy – a garota rosa sorriu – você vai flutuar e...?

– E sugar o vermelho do teu lindo rosto rosa – ela sorriu, apertando a bochecha de Bonnie.

– Isso é estranho, Marcy. O que veio fazer aqui? – questionou, abrindo a porta da casa.

– Vamos entrar, então eu explico.

Ambas as garotas subiram para o quarto. Havia uma pedra no chão e o vidro da janela estilhaçado.

– Bom, eu posso explicar! – Marceline se adiantou – como você não atendia, eu pensei, “poxa, ela deve estar dormindo! Vamos acordá-la!”, então tive a brilhante ideia de jogar uma pedra pra te acordar, mas...

– Mas então você matou minha janela! Marceline!

– Ah, vamos lá Bonnie – a morena tirou o chapelão de palha que usava para se esconder do sol quente e atirou-se na cama – uma janela a mais, uma a menos. Que diferença faz?

Bonnibel sentiu seu sangue quente, mas suspirou fundo e sentou na cama, observando sua amiga. Marceline era uma garota de pele claríssima e sensível ao sol; um longo cabelo rebelde e negro, olhos carmim – o que intrigava muito Bonnibel; como alguém tinha olhos assim? – e roupas largadas, como jeans rasgado e regata de algodão cinza.

Há alguns anos, Bonnie tinha ganhado uma camisa da banda que Marceline tocava e cantava. Bonnibel amava aquela blusa.

Era uma pessoa que intrigava muito Bonnibel. Durante as aulas, lhe tirava a atenção do professor e a deixava preocupada quando era chamada para a sala do diretor, porque tinha aprontado mais alguma. Certa vez, quando uma tempestade muito forte atingiu Atlanta e destruiu o fornecedor de energia da região, Bonnie ficou muito tempo deitada, no escuro, pensando em sua amizade com a garota excêntrica; podia abrir seu coração para Marceline e receberia conselhos arrasadores e bem humorados.

“posso abrir meu coração para ela”, pensou Bonnibel.

– Agora diz o que quer, Marcy...

– Ah é! Bom, sei que hoje é seu aniversário, então trouxe isto – tirou de dentro da mochila uma caixa branca e com um laço diagonal vermelho. Coçou a nuca e olhou para o lado, com o rosto num tom de vermelho adorável – feliz aniversário, Bonnie.

Bonnibel ficou surpresa com o presente. Abriu a caixa e observou seu conteúdo com um sorriso bobo nos lábios: eram chocolates redondos e de diversas cores diferentes, portanto, sabores diferentes.

– Obrigada, Marcy... – agradeceu, enquanto mastigava uma das bolinhas, que era de chocolate ao leite com recheio de tutty-frutty – como é doce...

– É?

– Sim. Você não experimentou?

– Hm... Não.

Bonnie pensou; pensou mais um pouco e pensou mais. Se deveria, se não. O que aconteceria. Imagens de seis anos atrás rondaram sua cabeça como raio e imagens de um futuro alternativo sem Marceline, devido uma única e pequena ação estúpida. Mas mesmo assim...

Deitou ao lado de Marcy, segurou-lhe o rosto e a beijou. Imagens do futuro alternativo lhe ameaçaram novamente, mas não o suficiente para parar. Bonnie abriu a boca de Marceline de modo calmo e vagaroso, e logo foi correspondida. Beijaram-se como namoradas de anos, beijaram-se como antigas amantes. Mas só tinham dezoito anos e só se conheciam há seis. E eram duas garotas.

Mas quem se importava? Elas não.

Quando o beijo cessou, Marceline sentou na cama, com a mão na boca e o rosto ligeiramente vermelho; talvez tão vermelho quanto seus olhos. Bonnibel desatou a rir da situação, nervosa.

“E agora?”.

– Meu Deus... – a garota de cabelos negros sussurrou.

– É doce, não é? – Bonnie continuava rindo.

– É, é doce, Bonnie – Marcy desatou a gargalhar junto.

O coração de Bonnibel demorou a voltar para o circuito normal, tanto quanto o rosto de Marceline demorou tomar sua coloração comum.

O silêncio tomou conta do cômodo; somente ouvia-se a respiração de ambas.

– Está calor, não é? – Marcy comentou. A pergunta ficou morta no ar, mas foi respondida com a atitude de Bonnie, que levantou e ligou o ar-condicionado que tinha construído. A dona das mechas negras tossiu um pouco, como se quisesse atenção. Bonnie a olhou e sorriu; Marceline tinha se levantado e pegado um violão junto à parede – que, por acaso, só ela tocava.

– Bom... Estava lembrando... De uma música que fiz pra te irritar no primeiro ano. Lembra-se dela?

– Que dizia que você era meu problema? – Bonnie riu.

– Essa mesmo. Queria lembrar o ritmo dela. Me ajuda, Bonnie – pediu. Ela começou a tocar o ritmo no violão, o que acordou algumas memórias enterradas de Bonnibel.

Mas Marceline se recordou primeiro de como começava a música.

– Sorry I don't treat you like a goddess, is that what you want me to do?

“Desculpe se não trato como deusa
é isso que você espera de mim?”.

– Sorry I don't treat you like you're perfect, like all you little loyal subjects do.

“Desculpe se não chamo de perfeita
como todos os seus súditos assim”.

Bonnibel então se lembrou da letra e começou a acompanhar.

– Sorry I'm not made of sugar, am I not sweet enough for you?

“Desculpe se não sou de açúcar
se não sou doce o bastante pra você”.

– Is that why you always avoid me? I must be such an inconvenience to you!

“Por isso que sempre me evita
sou um incomodo enorme pra você, bem...”.

Well, I'm just your problem... – foi cantada em couro por ambas.

A música parou e Marceline tinha um sorriso radiante no rosto.

– Nossa, Marcy. Você tinha ficado bem chateada aquele dia, certo?

– Nah – ela deu de ombros. Largou o violão e sentou-se ao lado da amiga mais uma vez.

Bonnie não negava o sentimento dentro de si. Era esperta demais para isso. E sabia de uma coisa: queria beijar Marceline mais uma vez, um beijo cálido. Queria sentir o gosto de seus lábios e a textura de sua pele.

Finalmente havia entendido, aquele sentimento de proteção; aquele sentimento de apego; aquele sentimento era amor e paixão.

– Marcy... – Bonnie chamou, se aproximando mais um pouco.

– O que você... – tentou questionar. Só tentou mesmo.

– Quietinha, Marcy.

– Mas...

– Quietinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Well, eu não acompanho a série de Adventure Time, então se errei na personalidade alguém, peço que me perdoem. Estou em um projeto, escrevendo uma oneshot de cada um dos meus casais preferidos. Quando vejo que os leitores curtiram meu modo de escrita, entro na categoria de vez e passo a escrever mais oneshots e long-fics! Peço então, se você curtiu a história, deixe um comentário lindo, para que eu possa estar escrevendo mais~
P.S¹: a história da caixa de bombom como presente, veio de uma tirinha/fanart delas que vi há um bocado de tempo. Não lembro o autor (procurei, mas não há assinatura), mas caso achar, vou postar aqui. (Aliás, se alguém souber de qual fanart estou falando e souber o nome do autor, me contate, please!).
P.S²: a tradução da música é a letra da música em PT-BR, portanto não bate com a original em inglês.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "SweetHeart" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.