Se eu pudesse te dizer escrita por arodasnep


Capítulo 1
Pensamentos


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais uma história,espero que gostem!



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Era Agosto de 1974,Rio de Janeiro.Renato e Alice voltavam para casa depois de um longo dia na faculdade,como sempre faziam.Se conheciam desde a infância,quando estavam na segunda série,e era uma amizade de muitos anos.De longe encontraram seus outros amigos,Juliana,Raul,Amanda e João.Logo eles cumprimentaram todos.

— Oi,tudo bem com vocês?— cumprimentou Alice.

— Aqui todo mundo está bem — respondeu Juliana.

— E então,como anda a vida?— perguntou Renato.

— A minha vida está ótima — respondeu Raul.

— Bom,tudo anda como sempre para mim — disse Amanda.

— A minha está do mesmo jeito que a sua,Amanda — disse Juliana.

— A vida está como sempre — disse João.

— Vocês não querem voltar comigo e com o Renato?— perguntou Alice.

— Claro,eu quero — disse Amanda.

— Eu também vou com eles,e vocês dois,topam vir com a gente?— perguntou Raul para Juliana e João.

— Vamos,Juliana?— perguntou João.

— Vou também,afinal precisamos colocar os assuntos em dia — respondeu Juliana.

Logo foram andando pela cidade,onde conversavam sobre os assuntos do dia-a-dia.Notas da faculdade,namoros e outros assuntos.Depois de andarem bastante,Amanda,Raul,João e Juliana foram para suas casas,e Renato e Alice seguiram em frente,pois eram vizinhos e seguiam para o mesmo destino.Logo chegaram até o endereço de suas casas,e se abraçaram.

— Renato,você está livre este fim de semana?— perguntou Alice.

— Bom,não terei nenhum compromisso,por quê?

— É que eu estava pensando em chamar você e o pessoal para vir aqui em casa.

— Estou livre e poderei ir,agora só falta perguntar para eles.

— Amanhã vou me encontrar com eles e os convido.

— Vai ser no sábado ou no domingo?

— No domingo.

— Então está combinado.

— Já está ficando tarde,é melhor entrarmos,até!

— Até!

Alice entrou em sua casa e Renato também.Estava confuso com seus sentimentos,confuso com a vida.Estava revoltado com a Ditadura Militar,e achava um absurdo as pessoas não poderem falar o que pensavam ou fazer o que bem entendiam.

Também pensava em Alice,se lembrando de sua infância e também dos comentários dos colegas e amigos,dizendo que eram namoradinhos.Naquela época ele não ligava,tinha apenas oito anos,mas com o passar dos anos sua admiração por Alice só aumentava.

Em sua casa,Alice estava deitada em sua cama,lendo um livro.Também se revoltava com a censura,em seu pensamento,todos tinham que ter liberdade,e ninguém era obrigado a se calar por causa disso,queria ter liberdade para dizer o que pensava.

Se lembrava também dos momentos que viveu com Renato.Ela o conhecia desde os oito anos,e ficava feliz pela amizade ter durado tanto tempo e queria que durasse para sempre.Mas seria sempre uma amizade?Poderia existir algo mais forte?Sua cabeça imaginava mil coisas ao mesmo tempo.

No dia em que haviam combinado de ir à casa de Alice,estavam todos lá,e Alice fez o que tinha dito,convidar os outros para vir em sua casa.Todos entraram lá e foram recebidos por Alice e sua família.Foram para o quarto de Alice,e lá havia um rádio toca fitas.

— Vamos ligar o rádio e colocar uma música — disse Amanda.

— Eu trouxe algumas — disse Raul.

— Qual fita querem que eu coloque?— perguntou Alice.

— Põe aquela do Geraldo Vandré,tem a minha música favorita — disse Juliana.

— Boa,Juliana — disse João.

— Alice,quer ajuda para achar a fita?— perguntou Renato.

— Não precisa,já achei — disse Alice,pegando a fita.

Ligou o rádio e colocou a fita para tocar,e logo começou a música,chamada “Pra não dizer que não falei das flores”,que era a favorita de Juliana.

“Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não

Nas escolas, nas ruas

Campos, construções

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Pelos campos há fome

Em grandes plantações

Pelas ruas marchando

Indecisos cordões

Ainda fazem da flor

Seu mais forte refrão

E acreditam nas flores

Vencendo o canhão

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Há soldados armados

Amados ou não

Quase todos perdidos

De armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam

Uma antiga lição

De morrer pela pátria

E viver sem razão

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas

Campos, construções

Somos todos soldados

Armados ou não

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não

Os amores na mente

As flores no chão

A certeza na frente

A história na mão

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Aprendendo e ensinando

Uma nova lição

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer.”

Assim que a música acabou,Alice tirou a fita.

— Vocês querem continuar com essa fita ou querem outra?

— Vamos ir variando nas músicas,assim fica melhor — disse Renato.

Assim passaram aquele domingo,uma tarde boa com os amigos.No fim do dia,Raul,Amanda,João e Juliana despediram-se e foram embora.Renato resolveu ficar até mais tarde.

— Vou ficar até mais tarde aqui,você se importa?— perguntou Renato.

— Claro que não,você sempre será bem vindo aqui,pode ficar o quanto quiser.

— Obrigado por tudo o que tem feito por mim.

— Eu é que agradeço,meu amigo,por tudo o que fez por mim,espero que nossa amizade dure para sempre.

— Assim espero também.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos.

— Renato,o que você acha disso?

— O que seria?

— Dessa ideia de censura que o governo está fazendo com as pessoas.

— Eu acho um absurdo,na minha opinião,as pessoas devem ter liberdade de expressão.

— Eu também concordo contigo,mas será que um dia isso tudo terá um fim?

— Não sei lhe dizer isso,mas tenho esperanças de que um dia tudo isso acabe.

— Eu também.

Logo ele reparou em Alice,vendo como era bonita.Ela também reparou nele.

— Alice,o que você faria se estivesse sentindo alguma coisa por um amigo de infância?— perguntou Renato.

— Por que essa pergunta,está apaixonado por alguma amiga de infância?— perguntou Alice.

— Não,é que eu queria saber como você agiria se isso acontecesse com você — disse Renato,sem graça.

— Bom,se eu não sentisse nada por ele,falaria a verdade e tentar não partir o coração dele,mas se eu estivesse sentindo alguma coisa por ele também,aceitaria se pedisse para namorar.

— Obrigado pela resposta,me desculpe fazer uma pergunta tão imbecil.

Alice riu.

— Não precisa pedir desculpa,seu bobo!— disse Alice,que,em seguida,beijou a bochecha de Renato.

Ele não disse nada,mas estava morrendo de felicidade por dentro.

— Acho que já tenho que ir,está ficando tarde.

— Eu te acompanho até a porta.

Alice o acompanhou até a porta e os dois se despediram.Ele foi para dentro de sua casa,pediu benção aos pais,tomou banho e se deitou.

— É,eu realmente a amo — disse para si mesmo,enquanto estava abraçado ao travesseiro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse capítulo.



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