Asas escrita por Micaia Sama


Capítulo 9
Asas indecisas


Notas iniciais do capítulo

Yoooooooooo!
Demorei, eu sei ;-; mas esse capítulo foi difícil de escrever, quase choro.
Bom, não tenho mais nada para dizer, podem ler.
Ps: Se encontrarem algum erro, avisem-me. Eu não reli pois queria postar logo.



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A situação era um tanto cômica se observada de longe. Uma garotinha de cabelos pretos atacando um monstro enorme com correntes de ar* enquanto outra garotinha, de cabelos brancos, fazia um terremoto*. E tudo isso sendo assistido por quatro jovens presos em uma espécie de rede gosmenta que sugava seus poderes mágicos.

– Maru! Moro! Podem se controlar? Estamos presos aqui!- Atsushi gritou, mas foi ignorado.

Lucy, que estava completamente perdida e machucada, perguntou-se como chegaram naquela situação.

Era somente uma missão simples, onde teriam que derrotar um monstro que estava sequestrando crianças em Peace Village. Tudo estava correndo bem (conseguiram tirar as crianças da caverna onde o monstro os levara e já se preparavam para ataca-lo durante o sono, pois ele dormia durante o dia e atacava a noite) até que ouviram um rugido ensurdecedor.

O monstro apareceu, os olhos gigantes expressando o mais puro ódio, e cuspiu nos magos, antes que estes pudessem ataca-lo. O cuspe se tornou uma rede, os prendendo. Atsushi, Gina e Lucy tentavam sair ou danifica-la , enquanto Yamori fazia uma tentativa falha de acalmar as gêmeas, que gritavam.

De repente, o monstro parou. Olhou curioso para os magos e então puxou Maru e Moro, que gritaram ainda mais alto, para fora da rede, colocando-as no chão. Sua expressão mudou rapidamente para animada. Foi quando Lucy gritou.

“Distraiam-no! Ele gosta de crianças, então arrumem alguma forma de mantê-lo concentrado em vocês!”. As gêmeas então, depois de olharem para Lucy com medo, começaram a falar besteiras e a fazerem movimentos fofos. Mesmo estando bem tensas, o monstro pareceu se levar pelo show.

Mas quando Yamori finalmente conseguiu fazer algum tipo de efeito na rede, o monstro pareceu nota-los. Deixou as gêmeas de lado e atacou Lucy, que foi a primeira (e única) a sair. Ela foi jogada contra uma parede, batendo no chão logo em seguida. Foi uma surpresa ela não ter desmaiado. Mas o monstro logo cuspiu novamente nela e nos outros três, ignorando as gêmeas atrás de si. Grande erro.

A caverna começou a tremer e o ar ficou denso. Lucy logo voltou os olhos para as meninas, completamente surpresa.

“Você vai pagar pelo que fez a nossa Onee-chan!” As duas disseram juntas. As vozes ecoando alto pela caverna, mesmo que não gritassem. O monstro se virou, logo sendo atacado por diversas pedras. Rajadas de ar eram mandadas em sua direção. Lucy assistia tudo petrificada.

Aquelas duas garotinhas tinham grandes poderes na mão.

Quando Atsushi gritou, fazendo Lucy voltar ao presente, o monstro já se encontrava tonto. A maga também notou que a caverna parecia que desmoronaria a qualquer momento.

“Faça alguma coisa Lucy, antes que todos morram esmagados!”

Pegou sua Fleuve d'étoiles* e lançou contra a rede, não causando efeito de imediato. Continuou lançando, até que abriu um buraco. Conseguiu sair e foi até os outros três. Pegou uma de suas chaves.

– Portão da Donzela, abra-te. Virgo!- Uma luz forte quase a cegou e logo o espírito apareceu. Antes que Virgo pudesse falar sua frase costumeira, Lucy gritou- Arrume algum jeito de libertá-los. E rápido! Estou sem poder mágico.- Virgo confirmou e logo tratou de tentar soltá-los.

Lucy se virou para a batalha, segurando sua Fleuve d'étoiles novamente, preparada para ajudar as gêmeas, quando Atsushi chamou seu nome.

– Você não pode se meter nessa briga! Elas estão descontroladas e se te machucarem, só as deixará arrasadas.- Ele disse quando Lucy voltou sua atenção para o mesmo.- Tente trazê-las de volta para nós!

– Como?

– Sendo você!

Lucy assentiu depois de alguns segundos. Correu até as magas e começou a gritar.

– Maru! Eu vou comprar um bolo inteiro de chocolate para você. E um de morango para Moro! Mas vocês precisam parar de lutar!- As duas nem ao menos deram sinal de estarem ouvindo.- Eu durmo com vocês uma semana inteira! Eu...- Nada que ela falava parecia fazer efeito sobre as meninas.

A caverna parecia a um momento de desmoronar sobre eles e Lucy estava perdida.

Algo que possa distraí-las, pensa sua estúpida!” E como um click...

– SE EU ESTIVESSE COM A WENDY, ISSO NUNCA ACONTECERIA. ELA É TÃO FOFINHA!

Foi instantâneo.

– Quem é essa Wendy?- Maru estava a sua frente com uma expressão insana.

– Nós somos fofinhas! Nós e somente nós!- Moro parou ao lado da irmã, com a mesma expressão. Lucy não teve tempo de achar graça, pois o monstro já se preparava para ataca-las. Colocou as gêmeas atrás de si, pegando uma de suas chaves.

– Lâminas de som*!- Yamori apareceu na sua frente, cortando o monstro com vibrações.

– Hime! Precisa de mais alguma coisa?- Virgo perguntou, aparecendo de repente ao seu lado.

– Não, pode voltar.- Um luz forte apareceu e Virgo desapareceu. Logo Atsushi e Gina apareceram ao lado de Lucy.

– Agora as coisas vão ficar divertidas!- A voz animada de Gina não combinava nada com a situação.- Explosion*!- Se a caverna estava a um momento de desmoronar antes, agora pedras caíam por todo lugar, sinalizando que era hora de cair fora.- E a diversão acabou.

– Por que você fez isso?- Atsushi gritou, preparando-se para puxar Yamori, que ainda lançava lâminas em direção do monstro.

– Vamos embora! Essa caverna vai desmoronar sobre ele, então não temos com o que nos preocupar!- Lucy gritou. As gêmeas abraçaram Lucy, assustadas.

Atsushi puxou Yamori e todos correram em direção à saída. O monstro os perseguia, mas estava muito machucado para alcança-los.

– Eu nunca mais aceito uma missão que o Yamori tenha escolhido!- Gritou Gina.

– Eu juro que vou fazer mais exercícios a partir de agora!- Lucy, mesmo ofegante, conseguiu dizer.

– Vamos matar essa tal de Wendy!- Maru e Moro gritaram juntas.

– Eu nem tive meu primeiro beijo!- A voz de Yamori soava desesperada.

– Que tal vocês calarem a boca e correrem?- Atsushi gritou e, como resultado, todos começaram a correr ainda mais rápido.

Continuaram correndo mesmo quando saíram da caverna, que desmorou no mesmo segundo. A luz da lua iluminava a floresta, onde algumas crianças se escondiam, com medo.

– Parem!- Todos pararam quando Gina gritou.- Ele não está nos seguindo.

Os destroços do que há trinta segundos foi uma caverna. Ainda podia-se ver um dos braços do monstro jogado pelo chão.

– Okay, depois dessa eu quero um banho quente e sorvete.- Gina riu ao ouvir o comentário de Lucy. Atsushi andou até ela.

– Você está bem? Foi uma bela surra.- Ele analisou seu rosto, depois deu a volta em seu corpo.- Você parece bem.

– Eu estou ótima. Pode parar de olhar meu corpo agora.- O mago corou levemente, fazendo Lucy rir. Nessas duas semanas Lucy encontrara essa divertida brincadeira que era deixar Atsushi corado. Era estranhamente fácil, embora Gina tenha comentado que ela era a única que conseguia essa proeza.- Vamos?

– Sim. Só precisamos pegar a recompensa e amanhã cedo voltamos para a guilda..- Atsushi olhou em volta, deparando-se com duas dúzias de crianças.- Err... Vamos ter que leva-las antes.- Lucy riu da expressão perdida no rosto do mago.

– Criança, sigam-nos! Vamos leva-los aos seus pais.- Lucy gritou. Logo as crianças foram se aproximando, formando um grupo. – Okay, por aqui.

Enquanto andavam pela floresta, algumas crianças conversavam entre si, outras enchiam os magos de perguntas. Uma garotinha de no máximo sete anos se agarrou em Lucy, o que gerou ataques de ciúmes em Maru e Moro.

Foi um espetáculo de lágrimas quando chegaram em Peace Village. Foram agradecidos de todas as formas possíveis. Desde bolos (que Maru e Moro aceitaram e comeram em alguns minutos) à dinheiro e jóias (que foram recusadas, claro). Depois de pegarem a recompensa, o grupo foi até o hotel onde estavam hospedados. Não houve diálogo, cada um tomou seu banho e dormiu. Maru e Moro com Lucy, Gina na cama ao lado. Já os meninos arranjaram o próprio quarto.

Na manhã seguinte, o caminho de volta para Laforier foi animado.

– Eu nunca me perguntei qual era a magia de vocês.- Lucy comentou.

– Não achamos necessário comentar. E agora você já sabe.- Gina disse, fazendo pouco caso.

– Não o de Atsushi.- Lucy olhou para o mago ao terminar a frase, o que o fez sorrir.

– Vai me encarar assim até eu falar, não é?- Lucy confirmou com a cabeça. Atsushi suspirou.- Darkness magic*.

Lucy arregalou os olhos, completamente impressionada.

– Isso... Isso é incrível! Mas como você consegue ser tão calmo?

– Esse aí era monge quando criança!- Respondeu Yamori, rindo em seguida. Lucy olhou confusa para Atsushi, que deu um tapa na cabeça de Yamori.

– Faz muito tempo, só esqueça.- A maga deu de ombros, segurando a curiosidade até um momento mais oportuno.

Quando chegaram em Laforier, pararam na mansão dos magos somente para guardar seus pertences, indo para a guilda logo em seguida.

– Estão todos bem?- Evie os parou, inspecionando o corpo de cada um. Caiu sentada no chão, uma expressão aliviada no rosto.- Ufa! Estávamos pirando aqui.

– Corrigindo: ela estava. Nós sabíamos que vocês se safariam.- Caius disse, aparecendo repentinamente. Atsushi o cumprimentou e sentou em uma das cadeiras, pegando um salgado na mesa. Maru e Moro sentaram ao lado dele. Já Yamori continuou ao lado de Lucy, junto com Gina.

– Valeu pela confiança Evie-chan!- A ironia de Gina era óbvia.

– Ei! Não me culpem. Eu fiquei preocupada quando senti o perigo que todos estavam passando.

Lucy ficou confusa.

– Como assim sentiu o perigo?- O grupo olhou para ela.

– Você não sabe?- Caius perguntou e Lucy negou.- Pensei... Que falta de atenção.- Ele virou para Atsushi.- Você devia falar, é o melhor nisso.

O mago estava de boca cheia, por isso somente negou com a cabeça.

– Alguém fala, não importa quem. Só tira essa curiosidade de mim.- Lucy disse, fingindo estar desesperada. Os outros magos riram.

– Temos sangue de lobo nas veias.- A voz de Elric soou alta, chamando a atenção dos magos em volta. Piscou para Lucy quando esta virou o corpo para olhá-lo.

– Sangue de lobo?

– Sim. Acha que nós dissemos ser uma alcateia só por charme?

– Exatamente isso.- Todos riram.- Mas isso ainda não explica porque podem sentir quando outro membro está em perigo.

– Sente-se, minha querida Lucy. Vou explicar desde o começo.- Maru puxou Lucy para se sentar.

– Adoro quando ele conta essa história.- Moro disse animada.

– Vinte anos atrás, eu decidi criar uma guilda. Mas não uma guilda qualquer. Queria uma verdadeira família. Forte e imbatível.

“Conheci uma velha maga, que hoje já não pertence a esse mundo, infelizmente. Ela me mostrou um mundo completamente diferente. Mostrou o universo dos lobos. Era fascinante como todos eram unidos, sempre sendo úteis em suas funções. Era aquilo que eu queria para minha guilda.

“Depois de dois anos estudando o mundo dos lobos, eu consegui a fórmula perfeita para conseguir pelo menos a base de uma alcateia.

“Sangue de lobo. Uma pequena quantidade no organismo humano é o suficiente para causar um belo efeito. Cada membro trabalha para o bem da alcateia. Cada um tem sua função. E como ainda temos sentimentos humanos, essa união só se fortalece. E um pequeno adicional que é esse alarme em nossos sistemas quando um membro está em perigo.

“Assim, cada membro que entra deve estar disposto a se entregar eternamente à nossa família. E, se decidir sair, ainda estará ligado por sangue. E essa é a Wolfblood.- O mestre terminou orgulhoso, pegando um copo de uísque que Evie segurava.

– Isso... É maravilhoso.- Lucy deixou o comentário escapar, recebendo sorrisos como respostas.

– Sim, é maravilhoso.- Maru repetiu.- Somos um família para a vida toda.

Uma família para a vida toda. Uma família que nunca te abandonaria Lucy. Imagina o quão bom seria nunca mais ser esquecida. Imagina como seria se você fosse uma loba ao invés de fada.”

Se alguém lhe dissesse seis meses atrás que Lucy pensaria em sair da Fairy Tail, ela riria e chamaria a pessoa de louca. Mas ali, cercada de lobos, sentindo a força de cada laço ali, Lucy não conseguiu segurar o desejo em arrancar suas asas.

Gina deu um pequeno sorriso, quase imperceptível, como se pudesse ler os pensamentos de Lucy.

– Bom, que tal comemorarmos a volta de nossos magos e o fato de sermos a maior alcatei de toda Fiore!- Elric gritou. A cidade de Laforier toda pôde ouvir os uivos de alegria daquela curiosa guilda.

– Você tem que parar de arrumar qualquer desculpa para embebedar nossos membros.- Evie comentou, o olhar de repreensão evidente. Elric somente riu.

– Você devia aproveitar um pouco Evie-chan.- Respondeu e piscou, deixando a maga corada.

– Vamos dançar Lucy.- Filipa gritou e puxou a maga celestial para a pista.

E, como todos os dias desde a fundação da guilda, a festa durou até a madrugada, com muitas garrafas de cerveja e objetos quebrados espalhados pelo salão.

~•~

Em Magnólia, mais precisamente dentro do prédio da Fairy Tail, Mira limpava o balcão do bar. A guilda estava quase vazia, com somente dez membros no máximo. Uma deles (uma adolescente pequena demais para a idade, cabelos azuis, tendo um livro como companhia) olhava para nada específico, pensativa.

– Levy-chan, você está bem?

Levy pareceu despertar de um transe.

– Só estava pensando... Parece que a Lu-chan não faz mais tanta questão da nossa companhia quanto antes, não é?- Mira olhou para baixo, tentando fingir que não estava triste.- E tudo isso é nossa culpa.

– Eu ainda não sei como pude simplesmente ignorá-la esse tempo todo.- Mira parecia perdida.- Se não fosse você eu provavelmente ainda estaria ignorando-a. Era como se ela não... não...

– Existisse.- Levy completou. Mira assentiu.- Não acha estranho isso?

– Sim,

Levy pareceu despertar.

– Pode ser que...- Mira perguntou do que a maga estava falando, mas Levy somente ignorou.- Preciso ir. Tchau Mira-chan!

E assim Levy deixou uma Mira perdida para trás.

~•~

– Lembra como ela ficava irritada quando nós aparecíamos pela janela, mas logo preparava algo para comer?- Happy disse.

– Sim. E como ela sempre ficava vermelha quando a víamos pelada, mesmo que não fosse novidade.- A voz de Natsu saía sonhadora.

– E ela sempre comprava peixe, mesmo quando dizia que não iria mais comprar.- O gato continuou.

Passaram quase que o dia todo falando da maga celestial. Não conseguiam segurar as saudades que sentiam. Happy choramingava de vez em quando, enquanto Natsu somente olhava algumas vezes para o quadro onde possuía algumas lembranças de missões passadas. Não saíra da rede nem para comer.

– Lembra daquela vez que a Phantom sequestrou ela? Aí ela pulou do topo da torre e gritou meu nome.- Happy somente confirmou choroso, enquanto dava uma mordida em seu peixe.- Ela podia gritar qualquer nome, mas ela gritou o meu.

Happy largou o peixe e deitou no peito de Natsu.

– Né, Natsu... Eu sinto falta dela.

O dragon slayer suspirou.

– Eu também Happy.

~•~

– Está tudo indo como planejamos.- A voz grossa do homem fez a maga se arrepiar. Mesmo com a lareira acesa, tudo parecia frio ali.

– Mas alguns magos começaram a nota-la.

O homem sorriu.

– Não se preocupe. Ela irá sair da guilda, tenho certeza.- Andou até o meio da sala, sentando-se na grande cadeira.- Logo poderei tê-la em minhas mãos. E ninguém poderá impedir.


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Notas finais do capítulo

*Maru e Moro dominam, respectivamente, magia do ar e de terra;
*Yamori domina magia do som e da paralização de corpos, embora ele só tenha usado nesse capítulo a primeira;
*Gina domina rapture magic e magia da ilusão, embora ela também só use a primeira nesse capítulo;
*Darkness magic é uma magia onde o usuário pode manipular uma energia obscura, a própria escuridão;
*Fleuve d'étoiles, como vocês sabem, é aquele chicote que se estende que Lucy ganhou da Virgo no arco de Edolar.
Bom, gostaram? Eu não achei que ficou tão bom quanto eu queria que ficasse.
Até o próximo,
Kissus de dangos!